nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Handroanthus chrysotrichus
Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos
 
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Desmodium incanum
Desmodium incanum (Sw.) DC.
 
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Desmodium adscendens
Desmodium adscendens (Sw.) DC.
Pega-Pega
 
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Schizachyrium tenerum
Schizachyrium tenerum Nees
 
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Raddiella esenbeckii
Raddiella esenbeckii (Steud.) C.E.Calderón & Soderstr.
 
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Croton celtidifolius
Croton celtidifolius Baill.
Necorana
 
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Calophyllum brasiliense
Calophyllum brasiliense Cambess.
Jacareúba
 
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Syngonanthus nitens
Syngonanthus nitens Ruhland
 
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Physocalymma scaberrimum
Physocalymma scaberrimum Pohl
Pau-De-Rosa
 
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Raddia brasiliensis
Raddia brasiliensis Bertol.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Handroanthus chrysotrichus Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos
De acordo com Backes & Irgang (2003) e Lohmann et al. (2009), tratase de árvore de pequeno porte, com 3 a 10 metros de altura; a copa globosa e densa; tronco um pouco tortuoso e cilíndrico de 30-40cm de diâmetro; folhas opostas, compostas palmadas, três a cinco folíolos oblongos; folíolo terminal com 2 a 11cm de comprimento e 1,7 a 5,5cm de largura, com folíolos laterais menores, membranáceos a cartáceos, inteiros ou raramente denteados próximo ao ápice.A inflorescência em tirso ou fascículo muito curto apresenta flores subsésseis ou com pequeño pedicelo (5mm). O cálice tubular apresenta cinco lobos irregulares, com 10 a 20mm de comprimento, é viloso, densamente puberulento, com tricomas castanhos. A corola é afunilada, tubular-infundibuliforme, amarela com 4,0 a 7,5cm de comprimento; os lobos contêm tricomas estrelados. Os estames são didínamos; o ovário é cônico-oblongo, com 3 a 4mm de comprimento e 1mm de largura; disco anular-pulvinado.O fruto é do tipo cápsula linear cilíndrica, deiscente, com intensa pubescência castanha, com 11 a 38cm de comprimento e 0,8 a 1,2cm de largura, contendo muitas sementes. As sementes são aladas, com 0,6 a 0,9cm de comprimento e 1,7 a 2,9cm de largura, com alas hialino-membranáceas, bem demarcadas em relação ao corpo da semente.
Floresce durante os meses de agosto-setembro, geralmente com a planta totalmente despida de folhagem. Os frutos amadurecem a partir do final de setembro a meados de outubro (Backes & Irgang, 2003). É necessário colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Deixar secar ao sol para completarem a abertura e liberação de sementes. As sementes germinam logo que os frutos se abrem, devendo ser alocadas em canteiros sob sombreamento de 50% em solo arenoso rico em matéria orgânica. A germinação ocorre entre oito e 15 dias e após este processo, as plântulas devem ser transferidas para sacos plásticos ou tubetes. As mudas estão prontas para serem plantadas no campo em cinco meses. A viabilidade das sementes é mantida por mais tempo (3 a 5 meses), quando armazenadas em vidro hermético a 10ºC (Carvalho et al., 1976; Maeda & Matthes, 1984). Estudos realizados por Marques et al. (2004) e Santos et al.(2005) avaliaram o processo germinativo da espécie. Constatou-se que a germinação é inibida a 40°C, indicando que a temperatura máxima de germinação está na faixa entre 35° e 40°C e a temperatura mínima está localizada entre 10° e 15°C.
Borgo, M.; Petean, M. P.; Hoffmannn, P. M. <em>Handroanthus chrysotrichus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 768-771.
Desmodium incanum Desmodium incanum (Sw.) DC.
Ervas prostradas a ascendentes, às vezes, suberetas, radicantes nos nós inferiores, lenhosas e ramificadas na base, com ramos de até 50cm de comprimento. Folhas pinado-trifolioladas, as da base, unifolioladas, pecíolo com pulvino, folíolo central com 15-95 X 6-44mm, orbicular a estreito-elíptico a largamente obovado, os laterais menores que o central, às vezes, assimétricos, nervuras evidentes e salientes, folíolos discolores, glabrescentes a uncinado-pubérulos; estípulas concrescidas entre si até a metade e finalmente livres, com 5,0 - 9,5(1,1)mm de comprimento, lanceoladas, caudadas, estriadas; estipelas persistentes. Racemos axilares e terminais, brácteas e bractéolas presentes, com 2 a 4 flores por nó da inflorescência; flores lilás-azuladas, com 6,0 - 7,5mm de comprimento. Lomento com 4 - 6 artículos, sutura superior quase reta, a inferior sinuosa, istmo submarginal, largo, artículos semi-elípticos, com 4,0-6,5 X 3,0-3,5mm, com abundantes tricomas uncinados preênseis e esparsos tricomas glandulares; sementes elípticas, com 2,5 – 3,5mm, amarelas a castanhas.
De acordo com Burkart (1939), por sua abundância e resistência ao pisoteio debe ser considerada uma valiosa forrageira natural que desempenha o papel ecológico dos trevos-de-carretilha e do trevo-branco em áreas de pastagens cultivadas. Os frutos adesivos lhe asseguram uma ampla dispersão por via epizoica. Segundo Araújo (1940), apresenta grande resistência ao fogo. De acordo com Barreto & Kappel (1967), apresenta ótimo valor forrageiro. É uma das leguminosas mais frequentes nos campos da Região Sul do Brasil. Segundo Fernandez et al. (1988), produz uma forragem moderadamente tenra, muito consumida pelos animais. Em potreiros adubados com fósforo e com altas cargas animais foi onde se observou sua maior agressividade e produção de forragem. Análises químicas realizadas em plantas em estádio de floração deram valores de proteína bruta de 16% e conteúdo de fósforo de 0,16%. Em condições naturais, sua maior produção ocorre em anos com abundantes chuvas estivais. De acordo com Izaguirre & Beyhaut (1998), sem dúvida, é uma das espécies mais recomendáveis para a realização de ensaios com o objetivo de incluí-la nas práticas de melhoramento do campo natural no norte do Uruguai. Adapta-se aos mais variados tipos de solos, crescendo bem em solos de média acidez, podendo persistir e vegetar em solos muito ácidos (pH 4,5 ou menos), de baixa fertilidade. Não se conhece sua tolerância à salinidade (Bogdan, 1977 apud Marques, 1991). A espécie apresenta várias características desejáveis em plantas forrageiras, sendo moderadamente palatável, persistente (quando sob pastejo tem forte enraizamento nos nós, formando estolões) e prostrada. É uma espécie perene, facilmente estabelecida por sementes, sendo compatível com a maioria das gramíneas agressivas (Younge et al., 1964 apud Marques, 1991). Ciclo: Espécie perene de ciclo primavero-estival. Alcança seu maior crescimento em fevereiro-abril. Com a ocorrência de geadas e secas intensas sofre total desfoliação. O seu hábito de crescimento pode apresentar grande variabilidade entre populações distintas (Fernandez et al., 1988). Floração e frutificação: Apresenta dois períodos de floração e frutificação: no primeiro, ambas as etapas se concentram em novembro, com a presença de frutos maduros em dezembro. No segundo caso, floresce e frutifica em fevereiro, com a maturidade dos frutos ocorrendo em março (Fernandez et al., 1988). E uma espécie versátil, apresentando autofecundação e fecundação cruzada (Marques, 1991).
Miotto, S. T. S. <em>Desmodium incanum</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 377-379.
Desmodium adscendens Desmodium adscendens (Sw.) DC. Pega-Pega
Ervas prostradas a ascendentes, radicantes, ramificadas na base, ramos com até 75 cm de comprimento. Folhas pinado-trifolioladas, pecíolo com pulvino, folíolos cartáceos, o central com 0,5 - 2,1 X 0,6 - 1,7cm, largo-obovado, orbicular, tendendo a obovado, emarginado, margem lisa, bem marcada, os laterais menores; estípulas livres, com 3,5 - 6,0mm de comprimento, assimetricamente triangulares, longamente acuminadas, estriadas, castanhas; estipelas decíduas. Racemos axilares e terminais, laxos, com 3,5 – 25,0cm de comprimento, pedicelos florais geminados, com uma bráctea na base de cada par; flores lilases a lilás-rosadas, com 4,0 - 6,5mm de comprimento. Lomento com 2 - 4 artículos, curtamente estipitado, sutura superior reta, a inferior profundamente sinuosa, istmo submarginal, largo, artículos assimetricamente elípticos, tendendo a obovados, com 4 - 6 X 3mm, com abundantes pelos uncinados, preênseis; sementes elípticas a subreniformes, infladas, com 3 - 4mm de diâmetro, verde-amareladas a castanho-escuras.
Segundo Araújo (1940), foi submetida a cultivo em Montenegro (RS) e recobriu totalmente o terreno, apresentando extraordinária rusticidade e mantendo-se verde desde parte da primavera até a entrada do inverno. De acordo com Barreto & Kappel (1967), apresenta ótimo valor forrageiro. Segundo Oliveira (1983), esta espécie é semelhante a D. barbatum, da qual difere principalmente pela inflorescência que, nesta espécie, é maior e mais compacta. Além disso, ambas ocorrem preferencialmente em solos arenosos. De acordo com Vanni (2001), D. adscendens habita diversos ambientes desde o interior de mata a locais com solos modificados. É comum no centro e sul do Brasil, porém, é rara na Argentina. Juntamente com D. incanum, é uma das espécies de mais ampla distribuição do gênero. Ciclo: Espécie perene, estival; Floração e frutificação: Dezembro a maio (Oliveira, 1983).
Miotto, S. T. S. <em>Desmodium adscendens</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 372-373.
Schizachyrium tenerum Schizachyrium tenerum Nees
Planta perene, cespitosa, 30-80cm, colmos delicados, flácidos ou fracamente eretos, geralmente com ramificações nos nós superiores. Lâminas lineares a filiformes, de 3,5-30,0cm x 0,05-0,2cm, glabras, tricomas marginais de 5mm na porção basal, caducos; lígula membranosa, 0,2-1,0mm. Inflorescência com ramos floríferos solitários apicais ou em número de 2-15 ao longo de cada colmo florífero, distanciados entre si, parcialmente incluídos ou totalmente exsertos da espatéola, de 2-6cm de comprimento; entrenós da ráquis e pedicelos retos na maturidade, entrenós com tricomas na porção basal, pedicelos pilosos em apenas uma das margens no 1/3 superior ou em toda extensão; espiguetas sésseis 3,0-4,1mm, com arista de 10-14mm, ou múticas; gluma inferior glabra; espiguetas pediceladas desenvolvidas, 3,5-5,0mm, neutras, escabérulas, múticas.
Almeida (1995) classificou a espécie no grupo fenológico das espécies tardias, com florescimento concentrado nos meses secos. Leite et al. (1997) efetuaram a contagem de perfilhos vivos e mortos em diversas gramíneas, nas condições dos solos do Distrito Federal. Observou-se que S. tenerum apresentou maior sobrevivência de perfilhos até a 16ª semana, após o corte, aumentando a mortalidade dos mesmos a partir desta data, independentemente do tipo de solo de ocorrência. Quanto ao número cromossômico, a espécie apresenta citotipo hexaploide 2n=2x=60 (Peichoto, 2010).
Boldrini, I. I.; Miotto, S. T. S.; Valls, J. F. M. <em>Schizachyrium tenerum</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 350-351.Filgueiras, T.S.; Rodrigues, R.S. <em>Schizachyrium tenerum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 681-683.
Raddiella esenbeckii Raddiella esenbeckii (Steud.) C.E.Calderón & Soderstr.
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966). O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997).As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999).O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966). A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. BambusoiDeae<em>.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Croton celtidifolius Croton celtidifolius Baill. Necorana
Árvore de seis a dez metros de altura, folhas de base rombiforme-ovada, ápice longo-acuminado e face inferior densamente pubescente, tricomas estrelados, com glândulas estipitadas na base do limbo. Flores femininas 4-bifidas, fruto capsula seca deiscente (Caruso & Cordeiro, 2007).
A Croton celtidifolius é uma espécie pioneira, colonizadora de solos alterados, heliófita e apresenta crescimento rápido. Prefere solos de baixa fertilidade. Possui potencial para ser utilizada na recuperação de ecossistemas degradados da Floresta Ombrófila Mista e da Floresta Ombrófila Densa da encosta Atlântica.
Biavatti, M. W. <em>Croton celtidifolius</em>. In: Coradin, L., Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 592-595.
Calophyllum brasiliense Calophyllum brasiliense Cambess. Jacareúba
Árvore perenifólia, comumente de 20 a 30 metros de altura, de fuste reto, com diâmetro à altura do peito de 40 a 60cm (Lorenzi, 1998). Folhas opostas em cruz (decussadas), simples, elípticas, coriáceas, verde-escuras, com numerosas nervuras laterais, paralelas e muito próximas. Possui flores unissexuadas (masculinas) e hermafroditas na mesma planta, reunidas em curtos racemos axilares ou panículas pequenas de 2,5 a 6,0cm de comprimento, ordenadas em címulos trifloros, brancas. O fruto é uma drupa globosa, de pericarpo verde lactescente quando madura. Cada fruto encerra uma semente (Carvalho, 2003). O olandi é polinizado principalmente por abelhas e diversos pequenos insetos. A dispersão dos frutos e sementes parece ser predominantemente zoocórica, sendo que os morcegos frugíveros são importantes dispersores desta espécie (Carvalho, 2003).
Reitz et al. (1978) consideram o olandi uma espécie heliófila, o que sugere serem possíveis os plantios a pleno sol. Entretanto, Lopez et al. (1987) apud Carvalho (2003) consideram-no espécie esciófila, que se regenera abundantemente à sombra. Por isto, Carvalho (2003) recomenda que sejam evitados plantios puros a pleno sol, sugerindo plantios mistos com espécies pioneiras a pleno sol ou em vegetação matricial arbórea em faixas abertas na floresta. Esta espécie é intolerante às baixas temperaturas, mesmo sob vegetação matricial arbórea, não sendo recomendados plantios em locais sujeitos a geadas anuais. O olandi apresenta crescimento monopodial com galhos finos, porém a desrama natural é fraca, sendo necessária a poda dos galhos para a formação de um fuste comercial (Carvalho, 2003). O crescimento em altura e diâmetro é lento a moderado. Em um experimento conduzido em Manaus-AM, essa espécie apresentou incremento médio volumétrico anual de 8,40m^^3^^ ha^^-1^^, aos nove anos de idade (Schmidt & Volpato, 1972 apud Carvalho, 2003). É importante lembrar que praticamente inexistem programas de melhoramento genético com as espécies arbóreas nativas e que existem muitas espécies madeireiras potenciais entre as espécies autóctones, uma delas o olandi, e que, se cuidadosamente pesquisadas e melhoradas, poderiam expressar produtividades comparáveis às espécies de Eucaliptus e Pinus. Mesmo sem melhoramento genético, o olandi se apresenta como uma espécie madeireira potencial, sendo que seu plantio pode ser realizado em áreas brejosas com pouca aptidão para a maioria das culturas agrícolas, valorizando essas áreas. Apesar da sua preferência por áreas alagadas ou brejosas, também pode ser plantado em solos mais enxutos, não apresentando limitações quanto à drenagem (Carvalho, 2003).
Schultz, J. <em>Calophyllum brasiliense</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 440-443.
Syngonanthus nitens Syngonanthus nitens Ruhland
A espécie é uma monocotiledônea caracterizada por uma roseta basal de folhas pouco pilosas, lineares a oblongas, com 1 a 4cm de comprimento e 0,1 a 0,2cm de largura, de onde saem de 1 a 10 escapos axilares brilhantes e dourados, portando inflorescências capituliformes, com brácteas involucrais de cor creme. As sementes são oblongas, com peso médio de 0,033mg, aproximadamente 0,89 mm de comprimento e 0,32mm de largura, possuem coloração marrom e estrias longitudinais. Estão dispostas no interior dos capítulos, geralmente em pares ligados às brácteas involucrais (Schmidt et al., 2008).
A floração ocorre de julho a agosto, com polinização realizada pelo vento. A produção de sementes acontece entre agosto e setembro, com dispersão pelo vento entre outubro e novembro. A espécie é policárpica com média de produção de 60 a 2.000 sementes por indivíduo ao ano (Schmidt et al., 2008). O extrativismo tradicional envolve a colheita das hastes, geralmente pelo capítulo, quesão armazenados sem passar por tratamento específico. Os artesãos mais experientes consideram que a época correta para o extrativismo dá-se após o meio de setembro (Figueiredo et al., 2006; 2010). Ainda, o manejo tradicional do capim-dourado envolve a queima bianual dos campos úmidos na época seca. A colheita das hastes florais de capim-dourado é regulamentada em todo o estado de Tocantins (Portaria Naturatins n°. 362/2007) e só é autorizada entre 20 de setembro e 20 de novembro, podendo ser feita apenas por extrativistas cadastrados por associações locais de artesãos e extrativistas. Adicionalmente, os capítulos (‘cabecinhas’, contendo as sementes) devem ser cortados e dispersados nos campos no momento da colheita (Schmidt et al., 2011).
Viana, R. V. R.; Schmidt, I. B. <em>Syngonanthus nitens</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1059-1063.
Physocalymma scaberrimum Physocalymma scaberrimum Pohl Pau-De-Rosa
Árvore medindo entre 3 a 25 metros de altura, casca espessa e fendida; caducifólia; ramos jovens pubescentes. Copa alongada ou piramidal, com tronco ereto e cilíndrico; Folhas com 5-12cm de comprimento, 3,5-8cm de largura, opostas, ásperas, pecioladas, às vezes acinzentadas, ápice obtuso, acuminado, margem plana, base obtusa, às vezes oblíqua, pubescentes a subvilosas; pecíolo com 1-1,5cm. Inflorescências medindo de 10-18cm de comprimento; racemos terminais; flores opostas, pediceladas, bibracteoladas; tubo floral atro-violáceo, sem epicálice, campanulado a urceolado, pubescente; pétalas rosa-magenta a arroxeadas; estames numerosos. Os frutos são cápsulas deiscentes com coloração castanha; sementes muito pequenas (6 x 4mm), aladas, arredondadas (Cavalcanti et al., 2001; Maranhão; Paiva, 2012).
Planta decídua, heliófila, seletiva xerófita, pioneira, produz abundante quantidade de sementes disseminadas pelo vento (Maranhão; Paiva, 2012). Os botões florais são visíveis entre os meses de julho a setembro. A florada ocorre entre os meses de agosto a novembro. No interior do estado de Goiás, tem sido relatada uma grande variação na tonalidade de rosa caraterístico das flores, variando entre rosa mais claro, praticamente branco ao quase violeta (Jardim, 2008). Frutos imaturos são observados no mês de setembro; frutos maduros em outubro, com alguma variação regional. É uma espécie hermafrodita, capaz de realizar autofecundação ou fecundação cruzada, com polinização por entomofilia, especialmente por Melipona compressips manaosensis (Romano et al., 2013a).
Camilo, J.; Viana, F. A. P. <em>Physocalymma scaberrimum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1050-1054.
Raddia brasiliensis Raddia brasiliensis Bertol.
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966). O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997). As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999). O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966).A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae.In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
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