nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Desmodium subsericeum
Desmodium subsericeum Malme
 
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Lippia origanoides
Lippia origanoides Kunth
 
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Adiantum dolosum
Adiantum dolosum Kunze
 
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Calathea elliptica
Calathea elliptica (Roscoe) K.Schum.
 
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Cuphea carthagenensis
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.Macbr.
 
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Cuphea calophylla
Cuphea calophylla Cham. & Schltdl.
 
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Eugenia involucrata
Eugenia involucrata DC.
 
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Schoenoplectus californicus
Schoenoplectus californicus (C.A.Mey.) Soják
 
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Adiantum lucidum
Adiantum lucidum (Cav.) Sw.
 
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Calopogonium caeruleum
Calopogonium caeruleum (Benth.) C.Wright
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Desmodium subsericeum Desmodium subsericeum Malme
Ervas perenes, ascendentes, ramos com até 50cm. Folhas pinado-trifolioladas, folíolos membranáceos a cartáceos, discolores, o central com 1,5-6,2 X 1,2-5,2cm, suborbicular a largo-elíptico, os laterais com 1,5-5,2 X 0,8-3,5cm, obliquamente ovados; estípulas livres, com 3,5 - 6,5mm de comprimento, estreito-triangulares, assimétricas na base, castanho-avermelhadas, estriadas, caducas; estipelas caducas. Racemos axilares e panículas de ramos racemíferos fasciculados terminais, laxos, multifloros, com 10 - 25cm de comprimento, pedicelos florais geminados ou solitários, três brácteas: - a mediana lanceolada, longamente atenuada, cimbiforme, estriada, caduca, as laterais, duas para cada pedicelo floral, menores que a mediana; flores lilás-claras a rosadas, com 10,5 – 11,0mm de comprimento. Lomento com 6 - 9 artículos, estipitado, sutura superior levemente sinuosa a inferior profundamente sinuosa, istmo submarginal a excêntrico, largo, artículos subtriangulares, com 3,5 X 2,3mm, densamente cobertos por pelos uncinados; sementes elípticas a reniformes, com 1,5 - 2,0mm de diâmetro, castanhas a marrom-escuras.
Segundo Burkart (1939), esta espécie é, seguramente, uma boa forragem, sendo resistente ao pisoteio. Durante muito tempo foi confundida com Desmodium uncinatum (Jacq.) DC., da qual se distingue pela forma dos folíolos, ausência de mancha branca na parte central da face adaxial dos folíolos, caule trissulcado, tamanho dos artículos do fruto que, em D. subsericeum são maiores e em maior número (Oliveira, 1983; Vanni, 2001). Ciclo: Espécie perene, de ciclo estival; Floração e frutificação: março a maio.
Miotto, S. T. S. <em>Desmodium subsericeum</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 380-381.
Lippia origanoides Lippia origanoides Kunth
Arbusto medindo entre 0,8-3,0 metros de altura, caules geralmente densamente estrigoso, raramente hispido ou ligeiramente estrigoso, entrenós (1-) 2-9cm de comprimento. Folhas geralmente opostas, às vezes trifoliadas; pecíolos com 0,1-2,4cm de comprimento, folhas raramente sésseis, pubescência estrigosa raramente hispida; lâminas 0,5-6,1 x 0,3-3,5cm, elípticas ou ovadas, cuneadas na base ou raramente arredondada, ápice agudo raramente obtuso, margem crenada, venação pinada acrodrodoma raramente perfeito, superfície adaxial estrigosa e superfície abaxial sericea. Inflorescências frondosas, (dois) 3-6 florescências por axila, pedúnculos 0,2-2,6cm de comprimento, estrigosos, raramente hispidos, inflorescência (0,3-) 0,4-1,2 (-1,5)cm de comprimento, brácteas 0,2-0,5cm de comprimento; ápice curvo ou reto; brácteas apicais livres; superfície abaxial ligeiramente estrigosa apenas na base e sobre a veia central, raramente superfície pubescente, superfície adaxial estrigosa. Cálice 0,1-0,2cm de comprimento, superfície externa estrigosa. Corola 0,2-0,6cm de comprimento, superfície externa ligeiramente estrigosa. Sementes 0,1-0,2cm de comprimento.
Vieira, R.F.; Silva, D.B.; Salimena, F.R.G. <em>Lippia origanoides</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 399-406.
Adiantum dolosum Adiantum dolosum Kunze
Segundo Zuquim et al., 2008, os indivíduos adultos desta espécie são terrestres, eretos, com cerca de 30 cm de altura, mas podem chegar até 50 cm. As folhas são pinadas, férteis e estéreis semelhantes na forma, porém as férteis um pouco mais longas, mais eretas e com as pinas mais estreitas. As pinas são alternas, com 3-5 pares, com a base reta. Em alguns indivíduos, as pinas da base formam uma projeção para baixo, parecendo um dedo. A pina do ápice maior do que as demais. As nervuras são irregularmente formando aréolas. O pecíolo e a raque são totalmente recobertos por pequenas escamas castanhas. Os soros formam uma linha contínua que acompanha as duas margens da pina, falso-indúsio avermelhado quando em desenvolvimento e castanho depois de abrir-se. Em microscópio é possível visualizar o rizoma recoberto por escamas lineares, castanhas ou pretas, com 3 mm de comprimento.Pode ser reconhecido pelos soros em linhas contínuas, pela folha pinadas e pela base da pina reta. Pode ser confundido com <em>A. lucidum</em>, porém este último possui mais pares de pinas (8 a 14) e a base da pina assimétrica.<em>Adiantum</em> é o gênero das avencas. Apesar de <em>A. dolosum</em> parecer muito diferente, pertence ao grupo das avencas.
Zuquim, G.; Costa, F.R.C.; Prado, J.; Tuomisto, H. Guia De Samambaias e Licófitas da REBIO Uatumã - Amazônia Central. Manaus: Attema Design Editorial, 2008. 320p.
Calathea elliptica Calathea elliptica (Roscoe) K.Schum.
Erva com 80 a 150 cm de altura, sem caule (A). Lâmina foliar cerca de 25 x 37 cm, arredondada (A). Face superior sem manchas, face inferior verde-acinzentada ou roxa, sem pelos. Pulvino (C) de cerca de 6 cm, sem pelos, não engrossado, sem anel. Pecíolo de cerca de 45 cm, sem pelos. Bainha não persistente. Inflorescência (F) frouxa, com as flores bem espaçadas. Pedúnculo longo, expondo a inflorescência no nível das folhas. Brácteas não persistentes. Flores com pedicelo, brancas (B) a creme (D,F). Frutos laranja, sementes azuis (H). Jovens: Nas plantas bem jovens, as folhas possuem faixas rosadas paralelas às nervuras secundárias (G). Conforme a planta cresce, as folhas passam a ter manchas brancas ou verde-claro de cada lado da nervura central (E), às vezes ainda entremeadas com faixas rosadas (E detalhe). Espécies semelhantes: Diferencia-se facilmente das outras espécies de <em>Calathea</em> da Rebio Uatumã pelas folhas arredondadas e frequentemente manchadas de branco ou com a face inferior roxa, que são boas dicas para identificar a espécie. (Costa et al., 2008)
Floresce entre outubro e início de abril, mas é possível encontrar alguns indivíduos com flor até junho. Possivelmente dispersa por pássaros, dado o grande contraste de cores entre o fruto e a semente. (Costa et al., 2008)
Costa, F.R.C.; Espinelli, F.P.; Figueiredo, F.O.G. Guia De Marantáceas da Reserva Ducke e da Reserva Biológica do Uatumã. Manaus: INPA, 2008.
Cuphea carthagenensis Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.Macbr.
As espécies desse grupo são representadas por plantas herbáceas ou subarbustivas eretas, muito ramificadas, de 20 a 60cm de altura, glandulosas e pubescentes. O caule é avermelhado, com a base algumas vezes lenhosa. As folhas são simples, opostas, discolores, elípticas a lanceoladas, com pecíolo curto e piloso na face inferior. A inflorescência é racemosa, com duas a quatro flores, partindo da axila foliar, com pedicelos curtos. As flores têm cálice pouco pubescente, com setas hirsutas esparsas, pétalas variando de rosadas a purpúreas ou violáceas, obovadas ou oblongas. O fruto é uma cápsula e apresenta-se inflado quando maduro, de formato similar a uma ampola, de base alargada, com estreitamento próximo do ápice. São encontradas entre três e cinco sementes por fruto, que são pardas avermelhadas, subcordadas, com ala estreita (Lourteig, 1969).
Borgo, M.; Petean, M.P.; Hoffmann, P.M. <em>Cuphea carthagenensis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial:plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 599-600.
Cuphea calophylla Cuphea calophylla Cham. & Schltdl.
As espécies desse grupo são representadas por plantas herbáceas ou subarbustivas eretas, muito ramificadas, de 20 a 60cm de altura, glandulosas e pubescentes. O caule é avermelhado, com a base algumas vezes lenhosa. As folhas são simples, opostas, discolores, elípticas a lanceoladas, com pecíolo curto e piloso na face inferior. A inflorescência é racemosa, com duas a quatro flores, partindo da axila foliar, com pedicelos curtos. As flores têm cálice pouco pubescente, com setas hirsutas esparsas, pétalas variando de rosadas a purpúreas ou violáceas, obovadas ou oblongas. O fruto é uma cápsula e apresenta-se inflado quando maduro, de formato similar a uma ampola, de base alargada, com estreitamento próximo do ápice. São encontradas entre três e cinco sementes por fruto, que são pardas avermelhadas, subcordadas, com ala estreita (Lourteig, 1969).
Borgo, M.; Petean, M.P.; Hoffmann, P.M. <em>Cuphea calophylla</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 599-600.
Eugenia involucrata Eugenia involucrata DC.
Árvore mediana de 10 a 15 metros. Tronco retilíneo. Possui casca lisa, com deiscência em placas, variando de cor com a idade, passando do esverdeado até o castanho-acinzentado. A copa é longa, estreita e de ramificação ascendente, possui densa folhagem verde-escura-brilhante perenifólia ou semidecídua. As folhas são opostas, simples, membranáceas quando jovens e coriáceas quando adultas, variando de elíptico-oblongas a oblongo-lanceoladas. Pedúnculos unifloros, de 0,9-2,5cm de comprimento, delgados, sobre a base dos ramos novos; bractéolas grandes com cerca de 1cm de comprimento envolvendo o botão floral, ovadas, subcordadas, foliáceas. Frutos oblongos, lisos, coroado por sépalas foliáceas persistentes. Medem 2,5cm de comprimento e, na região de maior largura, atingem cerca de 2,0cm de diâmetro. Possuem, quando maduros, coloração negro-vinácea.
Segundo Raseira et al. (2004), a floração desta espécie, em Pelotas (RS), é mais rápida que a de outras mirtáceas frutíferas da região e, geralmente, começa na segunda semana de outubro e finaliza entre o final de outubro e início de novembro. Existem clones cultivados que apresentam ciclos de floração mais precoces e mais tardios, sendo que a maturação frutífera dos precoces ocorre no início de novembro e das cultivares tardias na segunda semana de dezembro, naquela região. Possui tempo médio entre o aparecimento do botão floral e a queda dos estiletes, em uma mesma planta, de 30 dias, e o tempo médio de desenvolvimento dos frutos, desde a antese até a maturação, é de 43 dias nas condições de Pelotas. Poucos são os estudos para as melhores condições de cultivo dessa fruteira. Apresenta potencial de cultivo em climas tropicais e subtropicais, sendo esta a melhor condição para a planta e sua produtividade. O solo adequado deve ser permeável, profundo, bem drenado, rico em matéria orgânica e com boa fertilidade. No entanto, esta espécie poderá se desenvolver e produzir frutos de boa qualidade em solos de média e baixa fertilidade (Raseira et al., 2004). A cerejeira-do-rio-grande possui um crescimento muito lento (Andersen & Andersen, 1989; Raseira et al., 2004) e começará a produzir a partir do quinto ano de vida. Como espaçamento adequado, é sugerido 4m x 4m até 5m x 5m (625 plantas/ha e 400 plantas/ha, respectivamente) (Manica, 2000). O plantio das mudas, em bloco ou torrão, deve ser feito no início do período de chuvas. A poda deverá ser realizada a fim de estimular a formação de uma copa aberta e arejada. Durante os primeiros anos de vida, recomenda-se 2 a 3 podas/ano para permitir o desenvolvimento de ramos bem espaçados, vigorosos e estimular a emissão de ramificações laterais. A colheita dos frutos deverá ser realizada fruto a fruto e de forma cuidadosa devido à grande fragilidade destes. A principal doença observada na cerejeira-do-rio-grande é a ferrugem causada por Puccinia sp., que se instala em folhas e frutos quando ainda imaturos, prejudicando drasticamente seu aspecto e diminuindo o valor para comercialização ou mesmo inviabilizando-a. Como pragas que atacam-na, são relatadas formigas-cortadeiras e mosca-das-frutas.
Lisbôa, G.N.; Kinupp, V.F.; Barros, I.B.I. <em>Eugenia involucrata</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 163-166.
Schoenoplectus californicus Schoenoplectus californicus (C.A.Mey.) Soják
Caule é simples e ereto, de 60-200cm de altura, trígono com ângulos obtusos com cerca de um centímetro de diâmetro na parte basal; dimórfico, superfície lisa, glabra, de coloração verde-escura. Internamente os caules são preenchidos por tecido de aspecto esponjoso, apresentando bainhas foliares (Davidse et al., 1994; Cordazzo & Seeliger, 1995; Kissmann, 1997). Espécie dotada de um grosso rizoma horizontal com raízes fibrosas. As folhas reduzidas a bainhas, de coloração castanha, recobrem uma porção de 20-30cm de altura do caule. Apresenta inflorescências do tipo umbelas compostas, pendentes, as maiores com cerca de 10cm de comprimento e em geral ramificadas. Segundo Kissmann (1997), em uma planta bem desenvolvida podem ocorrer até 150 espiguetas. A espigueta é ovalada ou oblonga, com 5-18mm de comprimento, multiflora.
É uma espécie de hábito pioneiro e é altamente produtiva. Ela se expande com direção centrífuga a partir do centro, para áreas com coluna d’água de até 4m de altura. Este processo favorece a colmatação, deposição de matéria orgânica e minerais formando um substrato lodoso dos corpos d’água lênticos, sendo este um dos fatores determinantes na sucessão de comunidades aquáticas por terrestres (Rossi & Tur, 1976), sendo bastante tolerante à amplitude do nível da água. Em função de suas características ecológicas, o junco influencia os processos ecossistêmicos como contenção de margens, produção de biomassa, regulação do regime hídrico e abrigo para a fauna (Cabrera, 1968), além de suas sementes servirem de alimento para a avifauna (Irgang & Gastal, 1996; Kissmann, 1997). Sua presença tem grande influência nas áreas de ocorrência, as bordas de corpos d’água lênticos. Estas áreas são caracterizadas como ambientes de terras úmidas, também consideradas zonas de transição (ecótono) entre ambientes aquáticos e terrestres. Por sua grande importância na delimitação entre diferentes ecossistemas, as margens dos corpos d’água são consideradas áreas de preservação permanente, segundo a Resolução Conama n. 303 (Brasil, 2002). No que tange à sustentabilidade do uso do junco, alguns aspectos devem ser considerados. Em relação à importância dos juncais nos ecossistemas, estes se constituem em áreas chave para o desenvolvimento de espécies da fauna aquática. Segundo Silveira (2007), o corte em pequena escala (1m²) não afeta drasticamente a fauna de macroinvertebrados bentônicos no local avaliado, sugerindo o uso sustentável. No entanto, processos ecológicos importantes podem ser comprometidos, como o ciclo reprodutivo de peixes. Outro fator a ser considerado consiste na função do junco na estabilidade das margens, que na sua ausência pode influenciar a qualidade da água e acarretar em distúrbio nas margens devido ao impacto pela ondulação das águas. Além disso, é necessário saber qual a real quantidade necessária deste recurso para suprir o mercado. Por outro lado, a coleta tradicional caracteriza-se por: a) retiradas que permitem a manutenção do potencial de crescimento vegetativo da espécie; b) ser realizada em áreas restritas a beiras de lagoas, que, por serem continuamente manejadas, podem acrescentar heterogeneidade aos juncais, segundo a teoria do distúrbio intermediário (Connell, 1978); e c) diminuir a velocidade do processo de colmatação dos corpos lacustres, determinando a manutenção da biodiversidade de ambientes aquáticos.
Silveira, T.C.L.; Bassi, J.B.; Ramos, C.; Terme, C.M.; Fuhr, G.; Kubo, R.R.; Rodrigues, G.G.; Mello, R.S., Souza, G.C., Irgang, B.E. <em>Schoenoplectus californicus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 282-290.
Adiantum lucidum Adiantum lucidum (Cav.) Sw.
Segundo Zuquim et al., 2008, os indivíduos adultos desta espécie são terrestres, eretos, com cerca de 40 cm de altura, mas podem chegar até 70 cm. As folhas são pinadas, férteis e estéreis semelhantes na forma, porém folhas férteis um pouco mais eretas e com pinas mais estreitas. As pinas são alternas, 8 - 15 pares, com a base assimétrica, (a margem inferior da base é reta e a superior arredondada). As pinas da base podem se dividir em 2 ou 3 pínulas. O Pecíolo e a raque são parcialmente recobertos por pequenas escamas castanho-clara. Os soros formam uma linha contínua que acompanha as duas margens da pina, falso-indúsio castanho.Em microscópio é possível visualizar a maioria das nervuras livre, algumas formando aréolas, especialmente as próximas às margens. É possível visualizá-las em campo colocando a folha contra a luz.É reconhecida pelos soros em linhas contínuas, pela folha pinada e pela base da pina assimétrica. Pode ser confundido com <em>A. dolosum</em>, porém este último possui menos pares de pinas, de 3 a 5 e a base das pinas simétricas. <em>Adiantum</em> é o gênero das avencas. Apesar de <em>A. lucidum</em> parecer muito diferente, pertence ao grupo das avencas.
Zuquim, G.; Costa, F.R.C.; Prado, J.; Tuomisto, H. Guia De Samambaias e Licófitas da REBIO Uatumã - Amazônia Central. Manaus: Attema Design Editorial, 2008. 320p.
Calopogonium caeruleum Calopogonium caeruleum (Benth.) C.Wright
Trepadeira volúvel, perene, caules de vários metros de comprimento, ramos novos pubérulos a seríceos e maduros lenhosos; enraízam nos nós em contato com o solo. Folhas trifolioladas, pecíolo de 3-16cm de comprimento; folíolos cartáceos a coriáceos, face superior verde pubérula a serícea, inferior cinza serícea a velutina, mais densa, com nervura marginal, o terminal 5,7-8,1×3,2-3,5cm, elíptico-romboidal, ápice obtuso, os laterais oblíquos, assimétricos, 4,2-9,2×2,7-4,7cm; estípulas subuladas, caducas. Inflorescência axilar ou terminal, racemo alongado, 8-50cm de comprimento, com nodosidades, muitas flores agrupadas em 2-3; cálice 3-5mm, 5-lobado, seríceo a glabrescente, lacínias atropurpúreas; corola azul ou violeta, 1cm de comprimento, campanulada, glabra; 10 estames; ovário séssil, cerca de 10 óvulos. Legume coriáceo, deiscente, seríceo a glabrescente, com tricomas adpressos, canescentes, linear-oblongo, 4-8x0,7-0,8cm, reto ou curvado, compresso, margens onduladas, sulcado entre as 4-8 sementes. Sementes 4-6x4x2mm, orbiculares ou oblongas, testa dura, lisa, de cor castanho brilhante, hilo lateral (Tropical Forages, 2016; Queiroz, 2009; 2016). Distingue-se pelo caule, cálice e fruto seríceos a glabrescentes, tricomas adpressos, canescentes; fruto 7-8mm de largura, margens onduladas (Queiroz, 2016).
Adapta-se a várias texturas, pH >4, e a solos pobres, mas responde bem a fósforo e calcário, o nível crítico de saturação de Al é 6,8% e o de P disponível é 7ppm. Cresce melhor em solos bem drenados, mas no Pantanal ocorre em áreas inundáveis. Adaptada aos trópicos úmidos com precipitação anual de 1.000-3.000mm, mas persiste sob >700mm. É mais tolerante à seca do que C. mucunoides e Pueraria phaseoloides (Tropical Forages, 2016). Prefere temperatura diurna entre 18-25ºC, nos limites de 10-32ºC, superando C. mucunoides em condições frias. Quanto à luminosidade, observa-se que a produtividade é constante sob 60-100% de luz, a exemplo do que é observado quando a espécie é cultivada sob plantações de coco (60-70%), podendo ser tolerante a mais sombreamento (Tropical Forages, 2016). C. caeruleum floresce na 1a estação chuvosa, com produção moderada de sementes até a estação seca (Tropical Forages, 2016). No Pantanal ocorre em áreas com incêndios periódicos, onde se regenera por rebrota basal e por semente, que é grande e gera uma plântula vigorosa. Espalha-se por estolhos, que enraízam nos nós. Tem potencial invasor, em culturas tropicais perenes, abafando espécies do sub-bosque, e em ambientes tropicais sazonalmente úmidos. A espécie é suscetível à alguns patógenos fúngicos, caso de Cercospora, antracnose e Rhizoctonia. As plantas toleram aplicações de Oxifluorfen (dano passageiro). Quando invasora, pode ser contida com o uso de metsulfuron + glifosato ou paraquat, que são eficazes por até 1 mês, ou Fosamin que controla a infestações por 2-3 meses, a depender do vigor das plantas (Tropical Forages, 2016).
Valls, J.F.M.; Santana, S.H. <em>Calopogonium caeruleum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 485-488.
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