- Nome da lista
- Descrição taxonômica e importância ecológica
- Proprietário
- sibbr.brasil@gmail.com
- Tipo de lista
- Lista de caracteres da espécie
- Descrição
- Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
- Data de submissão
- 2019-11-14
- Última atualização
- 2020-01-21
- É privada
- No
- Incluído nas páginas de espécies
- Yes
- Autoritativo
- No
- Invasora
- No
- Ameaçado
- No
- Parte do serviço de dados confidenciais
- No
- Região
- Not provided
- Link para Metadados
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Ação | Nome Fornecido | Nome Científico (correspondente) | Imagem | Autor (correspondente) | Nome Comum (correspondente) | Descricão taxonômica | Importância ecológica | Fonte das informações |
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Acca sellowiana | Acca sellowiana | (O.Berg) Burret | Apresenta-se como um arbusto ou pequena árvore de dois a dez metros de altura, porém raramente ultrapassando os cinco metros. Possui ramos cilíndricos, acinzentados, glabros e lignificados. As folhas são opostas, curtas, pecioladas, pequenas e estreitas (Mattos, 1986; Ducroquet & Ribeiro, 1991).Mattos (1986) descreveu que os botões florais apresentam-se solitários ou em cachos de no máximo cinco unidades e são característicos pelo seu formato globuloso. As flores são constituídas de quatro sépalas discretas, quatro pétalas carnosas e profundamente recurvadas em forma de capuz, brancas por fora e púrpuras ou brancas internamente. As pétalas apresentam sabor adocicado e servem como recurso floral para os pássaros, principais polinizadores da espécie. Existem em média 60 estames purpúreos por flor; o estilete é também de coloração púrpura e geralmente maior que os estames (Stewart, 1987; Ducroquet & Ribeiro, 1991; Ducroquet et al., 2000; Finatto, 2008).O fruto é semelhante à goiaba comum (<em>Psidium guajava</em>) em aparência, tamanho e textura, mas a polpa de cor gelo possui sabor diferenciado, doce-acidulado e aromático (Mattos, 1986; Reitz et al., 1978; Ducroquet & Ribeiro, 1991). É classificado como um pseudofruto do tipo pomo, por ser a flor epígina, com ovário ínfero e aderente. Os frutos podem apresentar pesos variáveis, de 20 a 250 gramas, com formato variando de redondo a oblongo. A casca pode ser lisa ou rugosa, com todos os estádios intermediários de textura, sendo geralmente verde (França, 1991). A espessura da casca também se apresenta variável de 4 até 12mm (Ducroquet et al., 2000).O número de sementes pode chegar a mais de 100 por fruto (Ducroquet et al., 2000; Degenhardt, 2001), são pequenas, duras e encontram-se embebidas em uma polpa firme e gelatinosa, podendo apresentar formato que varia de gota até coração (Seidemann, 1994). O rendimento de polpa é também bastante variável, geralmente atingindo valores máximos de 50% (Ducroquet et al., 2000; Degenhardt, 2001).A maturação se estende por cerca de três a quatro semanas; sendo na serra catarinense distribuída entre final de fevereiro e final de maio (Ducroquet et al., 2000). Segundo Mattos (1986), quando os frutos apresentam coloração verde amarelada e começam a cair ao solo, já estão quase maduros. Cacioppo (1988) sugere que por ocasião da maturação os frutos tornam-se mais claros e por este diagnóstico pode-se proceder à colheita; contudo, esta mudança de coloração não ocorre de forma evidente na maioria das plantas. Na Nova Zelândia foram realizados numerosos estudos visando obter parâmetros agronômicos, a fim de determinar a melhor época de colheita. Dos resultados obtidos, pode-se concluir que nem o teste do penetrômetro nem o exame refratométrico são válidos para definir o ponto de maturação; o único método válido até o momento é a abscisão espontânea do fruto (Thorp & Klein, 1987).Por ser detentora de grande variação fenotípica, a espécie pode ser dividida ainda em dois tipos. O tipo Brasil apresenta plantas com folhas de face abaxial verde-clara, pilosidade esbranquiçada curta e rala, e frutos com sementes grandes (0,45 a 0,60g para 100 sementes) quando comparadas ao tipo Uruguai. Este último apresenta plantas com folhas de face abaxial branco-cinza, com densa pilosidade branca tipo feltro, e com sementes menores (0,20g para 100 sementes) (Ducroquet et al., 2000; Thorp & Bieleski, 2002).
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Interação com pragas e doenças: Devido ao fato de a Região Sul do Brasil apresentar-se como provável centro de origem da espécie, esta apresenta um grande número de pragas primárias e secundárias: cochonilhas, percevejos, tripes, ácaros, besouros, traças, mariposas minadoras e mosca-das-frutas (Hickel & Ducroquet, 1992). A goiabeira-serrana é hospedeira primária de Anastrepha fraterculus, sendo que os frutos são intensamente atacados, podendo ocorrer até 100% de infestação na época da maturação dos frutos, quando esses liberam um forte aroma. O tamanho crítico dos frutos para ocorrência de posturas é quando estes apresentam de 25 a 30mm de diâmetro, normalmente na última semana de fevereiro, e se estende até a colheita (Ducroquet et al., 2000). Outro grupo, cujas larvas também danificam os frutos, se refere aos gorgulhos do gênero Conotrachelus. As larvas de espécies deste gênero diferenciam-se da mosca das frutas por apresentarem cabeça distinta e o corpo arqueado em forma de C (Ducroquet et al., 2000). Dentre as doenças, destaca-se a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, como principal doença da goiabeira-serrana no Sul do Brasil, pois provoca o tombamento de plântulas e a perda de um grande número de mudas, bem como o secamento parcial ou total de ramos, podendo causar a morte de plantas adultas. Nos frutos, os sintomas são manchas escuras deprimidas, com a parte central de coloração rósea devido à multiplicação do agente patogênico. A doença pode danificar até 100% de frutos jovens ou próximos da maturação (Andrade & Ducroquet, 1994; Ducroquet et al., 2000). Botrytis cinerea é o agente causador de podridões de pós-colheita, conhecido também como podridão cinza. O ataque se dá no fruto durante o estádio de maturação e também durante o armazenamento, podendo atingir cerca de 10% dos frutos no pomar ainda antes da colheita (Ducroquet et al., 2000). Outros fungos como Pestalotia feijoa, Phyllostica feijoae, Penicillium spp., Aspergilus spp., Monilia fructigena e Pestalotiopsis psidii são citados em vários países como causadores ocasionais de podridão pós-colheita em goiabeira-serrana (Ducroquet et al., 2000).
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Santos, K.L.; Siminski, A.; Ducroquet, H.J., Guerra, M.P.; Peroni, N.; Nodari, R.O. <em>Acca sellowiana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 111-129.
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Achyrocline satureioides | Achyrocline satureioides | (Lam.) DC. | Erva anual, ramificada, de até 1,5m de altura, pilosa. Folhas alternas, inteiras, sésseis, lineares a lanceoladas. Capítulos reunidos em panículas corimbosas. Flores amarelo-douradas, flores do raio 4-5, filiformes, pistiladas e flores do disco 1-2, tubulosas, perfeitas. Fruto cipsela, glabro.
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Floresce e frutifica no verão e outono. Apresenta número cromossômico igual a 14 (Jansen et al., 1984; Hunziker et al., 1990). Prefere luz, podendo, no entanto, ocupar terrenos de encosta pouco ensolarados. Nos campos altos e secos, seu porte é mais baixo. Nas várzeas, produz melhor. Nos solos secos e arenosos, sua produção é menor e sofre com as secas, pois seu sistema radicular é superficial e pouco abundante de raízes secundárias. Não é exigente quanto ao pH. Não é exigente quanto à fertilidade do solo (Corrêa Júnior et al., 1994). É sensível aos inços agressivos, como gramíneas e ciperáceas (Rio Grande do Sul, 1993).
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Dickel, M. L.; Ritter, M. R.; Barros, I. B. I. <em>Achyrocline satureioides</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 541-544.
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Acrocomia aculeata | Acrocomia aculeata | (Jacq.) Lodd. ex Mart. | Xodó | É uma palmeira caulescente, cujo estipe é solitário e pode alcançar cerca de 14 a 20 metros de altura com 20 a 30 cm de diâmetro (Henderson et al., 1995). Apresenta-se revestido pelas bases dos pecíolos e contém muitos espinhos, que são as principais características dessa espécie (Lorenzi, 1992; Tassaro, 1996). As folhas são pinadas e inseridas em diferentes planos na raque, proporcionando aspecto plumoso à copa da árvore (Lorenzi, 2006). As inflorescências são interfoliares de coloração amarelada e inicialmente, são encobertas pela espata que pode chegar até dois metros de comprimento. As flores femininas são sésseis e ocorrem na base da raque, enquanto que as masculinas situam-se no ápice e possuem uma coloração amarelo-clara. Os frutos são do tipo drupa, com diâmetro que pode variar de 2,5 a 5,0 cm. O pericarpo rompe-se facilmente quando maduro. O mesocarpo é fibroso, mucilaginoso, rico em glicerídeos e de coloração amarela ou esbranquiçada. O endocarpo é esclerificado podendo conter de 1 a 3 sementes oleaginosas (Bondar, 1964; Henderson et al., 1995; Silva, 2007).
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A macaubeira da espécie A. aculeata se distribuem naturalmente de forma isolada ou formando aglomerados com densidades variadas denominados de maciços. O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri (Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. Em A. aculeata ocorre a protandria, ou seja, as flores masculinas abrem-se em torno de 20 a 30 horas antes das flores femininas, o que pode impedir a autofecundação entre flores da mesma inflorescência, mas não impede a autofecundação entre flores de diferentes inflorescências da mesma planta (geitonogamia) ou a fecundação cruzada entre plantas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, as inflorescências da A. aculeata se expõem de setembro a dezembro enquanto as primeiras espatas surgem de julho a setembro. A taxa de vingamento de flores é afetada pela disponibilidade de polinizadores e pela ocorrência de chuvas durante o período de antese (período de abertura e receptividade das flores femininas). Chuvas durante a antese reduzem a taxa de vingamento. O período de carpogênese (compreendido entre a antese e a maturação dos frutos) da A. aculeata é bastante variável. Nas regiões mais quentes está em torno de 12 meses, chegando a 16 meses no sul de Minas Gerais, onde geralmente, ocorrem geadas e as temperaturas mínimas noturnas ficam abaixo de 10ºC durante os meses de maio, junho, julho e agosto. Há variação no rendimento de óleo em relação às espécies. Estudos realizados por Conceição et al. (2012) e Antoniassi et al. (2012), verificou que o conteúdo de óleo na polpa e na amêndoa varia com a espécie, sendo a A. aculeata a de maior teor de óleo na polpa. Esses teores variam também entre plantas e entre populações de A. aculeata.
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Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; AntoniassiI, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137. Luis, Z.G. <em> Acrocomia aculeata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 899-905.
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Acrocomia glaucescens | Acrocomia glaucescens | Lorenzi | A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
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O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri(Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
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Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
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Acrocomia hassleri | Acrocomia hassleri | (Barb.Rodr.) W.J.Hahn | A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
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O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri(Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
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Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
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Acrocomia totai | Acrocomia totai | Mart. | A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. A espécie<em>A. totai</em> tem a bainha, o pecíolo e a ráquis cobertos por espinhos escuros agudos e resistentes; a copa é rala e aberta, com o arqueamento das folhas inferiores; os folíolos são longo-acuminados, flexíveis e verdes; as flores são monoicas, de coloração amarelo-claras. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie, sendo verdes em <em>A. totai</em>; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
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A macaubeira da espécie A. totai se distribuem naturalmente de forma isolada ou formando aglomerados com densidades variadas denominados de maciços. O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri (Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
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Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
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Actinocephalus bongardii | Actinocephalus bongardii | (A.St.-Hil.) Sano | Chuveirinho | Planta de porte arbustivo, pouco ramificada, com altura entre 1,5 a 2,0 metros (Bongardii, 2011a). Rizoma ausente. Roseta de folhas ausente nos indivíduos em estádio reprodutivo; após o desenvolvimento do eixo, as folhas são espiraladas, com dimensões variando entre 17,0-31,5 x 1,2-2,5cm, decíduas, margens planas, ciliadas, ápices agudos. Eixo central alongado com 0,5 a 2,0 metros de altura; brácteas foliáceas, espiraladas, eretas, congestas, marcescentes. Paracládios com 14-50cm de comprimento, eretos; brácteas eretas a adpressas, lanceoladas, subuladas, ápices agudos. Escapos em arranjo esférico, mas o arranjo pode apresentar diversidade de formas. Os escapos medem entre 6 e 13cm comprimento, glabros, raramente pubérulos. Capítulos com 2 a 6mm de diâmetro, globosos, alvos. Brácteas involucrais obovais a elípticas, côncavas, 1,8mm de comprimento, castanhas, ápices obtusos, ciliados. Brácteas florais estreitamente elípticas, côncavas, 1,8mm comprimento, castanho-claras, ápices obtusos, densamente pilosos. Flores estaminadas, medindo 2mm comprimento; pedicelo 0,5mm comprimento; sépalas oblanceoladas, côncavas, 1,6mm comprimento, castanho-claras, ápices obtusos, densamente pilosos; folhas sésseis, alternas, sobrepostas, miúdas, coriáceas (Sano et al., 2010).Quanto aos aspectos anatômicos, Oriani et al., 2005 e Scatena et al. 2005 descrevem que as folhas e brácteas são semelhantes entre si e apresentam epiderme unisseriada, com células alongadas no sentido longitudinal; estômatos na face abaxial, com câmaras subestomáticas; parênquima clorofiliano frouxo; feixes vasculares colaterais envolvidos por bainha dupla e extensão de bainha dos feixes constituída por células parenquimáticas alongadas. Os escapos apresentam epiderme unisseriada; câmaras subestomáticas; parênquima clorofiliano frouxo; endoderme descontínua; periciclo sinuoso e feixes vasculares colaterais. As raízes apresentam epiderme unisseriada, com pelos radiculares em grupos ou isolados; córtex com células isodiamétricas, com exceção daquelas localizadas mais internamente, que são menores e apresentam paredes espessadas; endoderme unisseriada, com células de paredes pouco ou totalmente espessadas, alongadas no sentido radial; periciclo formado por uma camada de células de paredes finas ou espessadas e cilindro vascular com elementos do metaxilema ocupando a posição central. A presença de córtex constituído por células isodiamétricas, sem aerênquima; epiderme e parênquima cortical com protuberâncias intracelulares associadas com fungos.
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A floração e frutificação ocorre nos meses de maio a julho (Pirenópolis, 2013). As sementes, em geral, são muito pequenas e dispersas pelo vento. É uma planta de fácil manutenção, devendo ser cultivada sob sol pleno, em substrato bem drenado. Como substrato pode ser utilizada uma mistura composta por areia + esterco + terra, na proporção de 3:1:1, respectivamente. Após o estabelecimento das plantas em local definitivo, recomenda-se manter o ambiente sempre úmido, com regas diárias (Bongardii, 2011b). A espécie tem se mostrado um componente importante para a restauração de campos rupestres degradados no Cerrado, uma vez que produz boa quantidade de serapilheira e sendo pouco espessa, facilita a colonização por novas espécies (Le Stradic et al., 2013).
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Miotto, S. T. S. <em>Actinocephalus bongardii</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 906-911.
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Actinocladum verticillatum | Actinocladum verticillatum | (Nees) McClure ex Soderstr. | Bambu perene, formando touceiras vigorosas e populações frequentemente densas. Rizomas paquimorfos (simpodiais). Colmos medindo de 2 a 4 metros de altura e de 1 a 1,3cm de diâmetro, meduloso. Folhas de três tipos: folhas do colmo com bainhas largas, lâminas estreitas, decíduas; folhas das ramificações em ramos verticilados, estreitas, numerosas; folhas do ápice dos colmos, grandes e largas, em número reduzido.
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Existe variabilidade morfológica entre as populações que crescem em distintos tipos de vegetação, tais como cerradão, cerrado e margem de matas de galeria. As plantas do cerradão e das bordas de mata, tendem a ser mais altas e as do cerrado mais baixas. Após a passagem do fogo, acidental ou não, as touceiras voltam a brotar com bastante vigor, mesmo antes das primeiras chuvas. Esta interessante característica ecológica, é um atributo muito importante desta forrageira nativa. O ciclo de florescimento é estimado entre 28-30 anos (Filgueiras; Pereira, 1988). Depois de florescer e produzir sementes copiosamente, toda a população, geralmente, morre (Filgueiras; Pereira, 1984).
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Figueiras, T.S.; Rodrigues, R.S. <em>Actinocladum verticillatum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 601-602.
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Actinostachys pennula | Actinostachys pennula | (Sw.) Hook. | Segundo Zuquim et al., 2008, os indivíduos adultos desta espécie são terrestres com cerca de 40 cm de altura, mas podem chegar até 70 cm. As folhas são inteiras, finas e compridas, crescendo agrupadas, formando um tufo, angulosas, triangulares em corte transversal. Folhas férteis e estéreis semelhantes na forma, porém as férteis com um penacho no ápice. O rizoma é curto-reptante. Os soros tem penachos no ápice das folhas, 6 - 14 segmentos compridos, eretos, marrom e pendentes depois de secos, possuem 2 - 4 fileiras de esporângios e com pêlos castanho-claros na face inferior, entre os esporângios.
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Zuquim, G.; Costa, F.R.C.; Prado, J.; Tuomisto, H. Guia De Samambaias e Licófitas da REBIO Uatumã - Amazônia Central. Manaus: Attema Design Editorial, 2008. 320p.
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Adesmia bicolor | Adesmia bicolor | (Poir.) DC. | Ervas estoloníferas; raiz axial lenhosa, engrossada e profunda. Folhas paripinadas, às vezes, pseudoimparipinadas, com 5-11 pares de folíolos opostos ou alternos, folíolos estreito-oblongos, oblongos ou elípticos a levemente obovados, com 3,0-15,0 (17,5)mm X 1,6–2,7 (4,9)mm, fracamente pubescentes a glabrescentes em ambas as faces, às vezes, glabros; estípulas unidas na base do pecíolo, oval-triangulares, oval-lanceoladas ou oblongo-lanceoladas, com 2,0-5,7mm de comprimento, persistentes. Racemos paucifloros, laxifloros, axilares, flores amarelas a alaranjadas, estandarte com estrias castanho-avermelhadas, com (8,0)11,0mm-14,5mm. Hemicraspédios dispostos horizontalmente em relação à ráquis floral, mais raramente reflexos, retos ou subfalcados, com 3-8 artículos sublenticulares, com 2,6-3,5mm X 2,5-3,2mm, em geral, com 1-2 artículos abortivos intercalados, glabrescentes, estramíneos a estramíneo-pardos, artículos deiscentes quando o fruto está maduro; sementes mitriformes, com 1,7-2,0mm de diâmetro, castanhas ou marmoreadas: pardas com manchas marrom-escuras a negras.
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Constitui-se em uma forrageira produtiva e de alta qualidade. Sua abundância depende da boa conservação do campo, uma vez que tende a desaparecer em campos muito pastejados. Segundo Coll & Zarza (1992), as informações disponíveis mostram que a espécie é potencialmente produtiva, com grande resposta à fertilização fosfatada, capaz de bom crescimento hibernal e de rebrotar vigorosamente no verão depois das chuvas. Segundo Coll & Zarza (1992), de acordo com dados obtidos a partir de experimentos realizados no Uruguai, o valor nutritivo de A. bicolor é particularmente alto com 78% de digestibilidade de matéria orgânica in vitro (DIVMO) e 18% de proteína bruta, sendo que a forragem produzida é totalmente constituída de folhas. Espécie perene, de desenvolvimento hiberno-primaveril, cresce e produz forragem verde durante o inverno e a primavera. Em verões amenos e chuvosos pode seguir vegetando até o outono, o que não ocorre em verões secos e com altas temperaturas. Floração: (setembro) outubro a fevereiro (março a maio), com florescimento mais intenso nos meses de novembro e dezembro; Frutificação: outubro a janeiro (fevereiro a maio), sendo mais intensa em dezembro.
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Miotto, S. T. S. <em>Adesmia bicolor</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 360-363.
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