nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
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Euterpe edulis
Euterpe edulis Mart.
Juçara
 
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Syagrus romanzoffiana
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Jeriva
 
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Acrocomia hassleri
Acrocomia hassleri (Barb.Rodr.) W.J.Hahn
 
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Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
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Syagrus oleracea
Syagrus oleracea (Mart.) Becc.
Guariroba
 
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Butia purpurascens
Butia purpurascens Glassman
Palmeira-Jataí
 
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Mauritiella armata
Mauritiella armata (Mart.) Burret
Xiriri
 
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Acrocomia aculeata
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.
Xodó
 
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Acrocomia glaucescens
Acrocomia glaucescens Lorenzi
 
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Acrocomia totai
Acrocomia totai Mart.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Euterpe edulis Euterpe edulis Mart. Juçara
<em>Euterpe edulis<em> é uma palmeira não estolonífera, ou seja, apresenta estipe único. O tronco atinge em média 15m de altura e 15cm de diâmetro à altura do peito. Suas folhas são pinadas com cerca de 2,0 a 2,5m de comprimento e destacam-se com facilidade da planta. Inflorescências com ráquis cerca de 70cm de comprimento, com muitas ráquilas contendo flores em tríade (uma flor feminina e duas masculinas). As flores masculinas amadurecem antes das femininas (protrandria), um mecanismo que promove a fecundação cruzada entre indivíduos. A polinização é feita principalmente por insetos (entomófila), e a dispersão dos frutos por animais (zoocoria) (Reis, 1995). Os frutos são drupáceos, esféricos, de cor quase preta ou negro-vinosa quando maduros, com mesocarpo carnoso muito fino, unisseminado, com embrião lateral e albume abundante e homogêneo (Reitz, 1974). O fruto do palmiteiro pesa em média 1g e as infrutescências podem atingir 5kg, sendo a média de 3kg (Reis, 1995).
As possibilidades de exploração do açaí não estão restritas aos ecossistemas naturais de ocorrência da espécie. De fato, o maior potencial para extração de frutos da palmeira juçara está concentrado nos quintais rurais, com produção de grandes cachos de frutos e facilidades de colheita. Enquanto uma palmeira juçara (palmiteiro) na floresta produz em média dois cachos (Reis, 1995), as plantas a céu aberto cultivadas em fundo de quintal, jardins e bordas de mata podem produzir até seis cachos. Resultados da exploração dos frutos em quintais agroflorestais e em bananais apresentados por Mac Fadden (2005), sugerem que o cultivo da palmeira juçara em consórcio com a bananeira ou mesmo em quintais agroflorestais é uma prática viável que apresenta bons rendimentos para produção de frutos (1ha – 400 palmeiras – 4.000kg frutos/safra). Nesses sistemas, a palmeira atinge o dossel e recebe uma grande intensidade de luz solar, o que favorece a produção e maturação dos frutos. A palmeira juçara representa um elemento a mais no monocultivo de banana, aumentando a diversificação da produção local. O valor comercial dos frutos da palmeira juçara está em torno de 0,70 a 1,00 real por quilo (depende da qualidade do fruto) quando destinada à industrialização, apresentando alta agregação de valor após o processamento, sendo o açaí comercializado entre R$ 5,00/kg a R$ 10,00/kg (depende do grau de diluição). Uma vantagem significativa da produção de açaí é que ela não implica na morte da planta, como acontece no caso da extração do palmito. Por isso mesmo, também ao contrário da produção do palmito, que ocorre uma única vez para cada palmeira, a produção de frutos e de açaí pode ocorrer todos os anos, durante um longo período. Assim, a produção de açaí representa uma fonte de renda anual para os produtores, indiscutivelmente uma característica altamente desejável em um produto florestal. Além disso, a extração do açaí, a partir dos frutos da palmeira juçara, não destrói o poder germinativo das sementes, pelo contrário, acelera a sua germinação, pois os frutos utilizados neste processamento são frutos maduros. Assim, grandes volumes de sementes produzidas em quintais e em sistemas agroflorestais se tornam disponíveis para projetos de recomposição das populações da espécie nas florestas remanescentes, o que representa outra fonte potencial de renda para os agricultores. Porém, já se faz necessário um apoio por parte das empresas de extensão rural, de agências ambientais e ONGs para distribuição destas sementes resultantes do processamento com a finalidade de restauração/enriquecimento ambiental.
Bourscheid, K.; Siminski, A.; Fantini, A.C.; Fadden, J.M. <em>Euterpe edulis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 178-183.
Syagrus romanzoffiana Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jeriva
Palmeira de estipe isolado, cilíndrico, com espessura quase uniforme e aspecto liso, podendo atingir entre 10 e 20 metros de altura e 30 a 40cm de diâmetro (Reitz, 1974; Galetti et al., 1992). Apresenta folhas alternas, pinadas, curvas, medindo até cinco metros de comprimento (Carvalho, 2006). A inflorescência é interfoliar, ramificada, na cor creme-amarelado (Sodré, 2005), com numerosas flores (Carvalho, 2006). A infrutescência mede entre 80 e 120cm de comprimento (Lorenzi, 2002), a qual apresenta 800 frutos, em média (Galetti et al., 1992).O fruto é uma drupa globosa a elipsoide e quando maduro apresenta coloração amarela-alaranjada. É carnoso e liso, com epicarpo fino e mesocarpo fibroso, mucilaginoso, suculento e comestível. Mede de 3 a 5cm de comprimento e 2 a 3cm de diâmetro e apresenta apenas uma semente (Carvalho, 2006). A semente tem entre 1 a 3cm de comprimento, apresenta três orifícios micropilares e é protegida por um duro endocarpo (Reitz, 1974). Devido às sementes apresentarem um tamanho grande, os seus principais dispersores são mamíferos e aves frugívoras de médio e grande porte (Guix & Ruiz, 2000; Galetti et al., 2001; Alves-Costa, 2004).
É uma espécie perene, heliófita, seletiva higrófita (Reitz, 1974; Lorenzi, 2004), que tolera baixas temperaturas (Carvalho, 2006). Floresce quase o ano todo, porém, com maior intensidade na primavera e no verão. A maturação dos frutos ocorre no outono, inverno e primavera (Begnini, 2008; Silva, 2008). Contudo, variações na intensidade de frutificação em S. romanzoffiana foram registradas durante o monitoramento de três ciclos reprodutivos na Floresta Ombrófila Densa, com anos de intensa e outros de baixa produção de frutos e sementes, o que caracteriza uma produção variável entre ciclos reprodutivos da espécie (Begnini, 2008; Silva, 2008). Um quilolograma de sementes pode variar de 140 (Lorenzi, 2002) a 220 unidades (Carvalho, 2006). Em estudo sobre a estrutura populacional de S. romanzoffiana, Bernacci et al. (2008) reconheceram seis estádios ontogenéticos sucessivos, distinguíveis no campo: plântula (folha inteira estreita), juvenil fase 1 (folha inteira, largura ≥ 2 cm), juvenil fase 2 (folha segmentada), imaturo (folha segmentada e estipe aéreo), virgem (estipe aéreo e raízes caulígenas) e reprodutor (raízes caulígenas e presença periódica de estruturas reprodutivas). O desenvolvimento das palmeiras é lento desde a fase inicial (Lorenzi, 2004). Em S. romanzoffiana, a passagem do estádio de plântula para o juvenil pode demorar a ocorrer, chegando a durar mais de 400 dias, assim, a plântula é capaz de sobreviver às condições de baixa luminosidade do sub-bosque (Bernacci et al., 2008). Se muito sombreado durante a fase juvenil (fase 1 ou 2), pode sofrer uma regressão, voltando a produzir folhas inteiras. O estádio virgem caracteriza-se pelas raízes caulígenas, embora ambientes com umidade relativa do ar baixa podem impedir o desenvolvimento destas. No período reprodutivo, estão presentes periodicamente as estruturas reprodutivas, que culminam com a produção dos frutos e sementes (Bernacci et al., 2008).
Zimmermann, T.G.; Begnini, R.M.; Da Silva, F.R. <em>Syagrus romanzoffiana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 812-819.
Acrocomia hassleri Acrocomia hassleri (Barb.Rodr.) W.J.Hahn
A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri(Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
Mauritia flexuosa Mauritia flexuosa L.f. Buriti
<em>Mauritia </em>é um gênero que pertence à família Arecaceae (Palmae). O gênero está representado por plantas dióicas, isto é, com flores femininas e masculinas em plantas separadas (Dransfield et al., 2008). <em>Mauritia flexuosa </em> é uma palmeira <em>caulescente (estipe), solitária, medindo cerca de 25 metros de altura e diâmetro de 30-60cm de comprimento. Folhas costapalmadas em número de 8-20 contemporâneas com até 3,5m de comprimento. Bainha aberta, de 1-2,1m de comprimento; pecíolo de 1,6-4m de comprimento; raque recurvada, de 0,3-1m de comprimento; lâmina foliar dividida até quase a base em 45-236 segmentos. Inflorescência interfoliar, ramificada em primeira ordem (20-48 ramificações), 2,5-3,7m de comprimento (Galeano; Bernal, 2010; Lorenzi et al., 2010; Martins, 2012). Frutos marrom-avermelhados, oblongo-globosos, coberto com escamas triangulares e sobrepostas medindo cerca de 5x4cm; o mesocarpo (polpa) é carnoso, alaranjado, oleaginoso e nutritivo, tendo em média 11,4g de massa. O endocarpo é formado por um tecido esponjoso, delgado e branco, que possui baixa densidade, e possibilita ao fruto boiar quando submerso em água. Apresenta uma semente muito dura, ovoide, com 2,4cm de comprimento, ocupando a maior parte do volume do fruto, com 4,86g de massa e 57% de umidade. O embrião é pequeno, em média 0,6mm de comprimento, possui disposição lateral-basal, sendo totalmente envolvido pelo endosperma. Geralmente há uma semente por fruto, mas podem ser encontrados em baixa frequência frutos dispérmicos ou partenocárpicos (Ponce et al., 1999; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002).
Presentes nas veredas e matas de galeria, os buritis são indicadores ecológicos da presença de água na superfície, como também de solos mal drenados e encharcados. São frequentemente associados a nascentes e poços d´água. O buriti é uma espécie dioica, ou seja, com flores femininas e masculinas em plantas separadas (Dransfield et al., 2008), sendo comum encontrar 60 a 70 buritizeiros femininos e 75 a 85 buritizeiros masculinos por hectare (Cymerys et al., 2005). As plântulas são de crescimento lento e os indivíduos levam muitos anos para atingir a maturidade sexual, reprodutiva. Na região do Cerrado, o buriti floresce nos meses de março a maio, mas apresenta frutos durante quase todo ano. Os frutos representam um importante fornecedor de alimento para a fauna, principalmente pela grande oferta de frutos durante quase todo ano (Prada, 1994). Uma palmeira de buriti produz de 40 a 360 quilos de fruto. Em um hectare manejado podem ser produzidas de 2,5 a 23 toneladas de fruto por ano. Com base em levantamentos realizados no estado do Acre, estima-se que uma palmeira de buriti produza de 1 a 9 cachos e, cada cacho, contenha entre 600 a 1200 frutos. Considerando-se uma média de 64 palmeiras femininas por hectare e uma produção média de 200 quilos de frutos, é possível obter 384 litros de óleo da polpa por hectare. A produção das palmeiras declina somente após 40 a 60 anos (Cymerys et al., 2005). A floração do buriti é sincrônica entre indivíduos pistilados e estaminados e a espécie é xenogâmica, não ocorrendo apomixia. Abelhas do gênero Trigona, coleópteros e dípteros são os principais polinizadores e não ocorre anemofilia. O período de desenvolvimento dos frutos é longo, com duração de mais de um ano, desde a emissão da inflorescência, até o completo amadurecimento e dispersão dos frutos (Storti, 1993; Abreu, 2001). A frutificação ocorre durante a primavera e são necessários em torno de 175 frutos para obter-se 1 quilo de sementes (Lorenzi et al., 2010). Cada indivíduo produz em torno de 130 quilos de frutos. No entanto, existem variações regionais na época de floração e frutificação e também nos polinizadores do buriti (Storti, 1993; Peres, 1994; Abreu, 2001; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002; Cabrera; Wallace, 2007; Silva, 2009). No Brasil Central, a floração se estende de novembro a abril. Abelhas do gênero Trigona são as principais visitantes das flores pistiladas e estaminadas. Os primeiros frutos começam a se desenvolver em fevereiro e permanecem em crescimento por, pelo menos, oito meses. Em outubro começa a dispersão dos frutos, que só termina em julho do ano seguinte (Abreu, 2001). A produção de frutos é plurianual (Abreu, 2001; Fernandes, 2002). A predação do pólen por microlepidópteros em anos de menor precipitação pode contribuir para a diferença de produtividade de frutos entre anos (Abreu, 2001). O sucesso reprodutivo é naturalmente baixo, pois apenas 9,5% a 14% das flores produzem frutos, principalmente devido à ausência de polinizadores (Storti, 1993; Abreu, 2001). Em áreas perturbadas, o sucesso reprodutivo é menor e a frequência de sementes partenocárpicas é maior do que em áreas conservadas, onde os polinizadores são mais abundantes (Abreu, 2001). Os frutos são recursos importantes para várias espécies de animais. Entre as aves: Ara manilata (ararinha); Ara ararauna (arara-canindé); Anodorhynchus hyacinthinus (arara-azul); Amazona aestiva (papagaio); Thraupis palmarum (sanhaço-do-coqueiro); Schistochlamys melanopis (sanhaço-de-coleira); Cyanocorax cristatellus (gralha-do-campo); Gnorimopsar chopi (graúna); Orthopsittaca manilata (maracanã-do-buriti); Caracara plancus (carcará) e Porzana albicollis (sanã-carijó). Várias espécies de pequenos roedores (Nectomys squamipes; Oxymycterus roberti; Oligoryzomys spp.; Sigmodon alstoni; Heteromys anomalus) e outros mamíferos de maior porte, a exemplo do Didelphis marsupialis (gambá), Sciurus granatensisi (esquilo) e Dasyprocta leporina (cutia), também utilizam os frutos do buriti como alimento. Entre os grandes mamíferos destacam-se: Mazama americana (veado); Pecari tajacu (cateto); Tayassu pecari (queixada); Tapirus terrestris (anta); Chrysocyon brachyurus (lobo-guará); Cuniculus paca (paca); Bos taurus (gado); Sus scrofa (porcos domésticos) e macacos (Bodmer, 1991; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002). As aves e macacos são considerados dispersores primários, pois se alimentam dos frutos no cacho e derrubam as sementes (Fernandes, 2002). Indivíduos de Sigmodon alstoni, Heteromys anomalus e Sciurus granatensis removem a polpa do fruto, carregam as sementes para longe da planta mãe e as enterram, atuando como dispersores. Didelphis marsupialis consome a polpa no mesmo local onde encontrou o fruto, sem carregar ou enterrar as sementes e, portanto, não é considerado um dispersor. Porcos e catetos podem quebrar as sementes com os dentes e são considerados predadores (Ponce-Calderón, 2002). Algumas aves predam, no cacho, frutos em início de desenvolvimento. Veados e antas são dispersores, pois as sementes são muito duras para serem predadas por esses animais (Bodmer, 1991; Gragson, 1995). Além dos animais, a água é dispersora das sementes. O endocarpo muitas vezes se mantém intacto após a retirada do mesocarpo pelos animais, possibilitando a dispersão hidrocórica das sementes após a dispersão primária ou secundária por animais (Fernandes, 2002). O buriti é considerado uma espécie chave para nidificação de psitacídeos. No sudeste do Peru, pelo menos sete espécies fazem ninhos nos troncos de buritis adultos mortos (Brightsmith, 2005). Além disso, Orthopsittaca manilata é uma ave especialista em frutos maduros de buriti. Como os frutos são disponíveis em épocas distintas em diferentes regiões, a ave desloca-se a grandes distâncias para garantir a sua alimentação durante o ano inteiro (Silva, 2009). O buriti também é importante para a manutenção da diversidade de artrópodes (Gurgel-Gonçalves et al., 2006).
Martins, R.C.; Agostini-Costa, T.S.; , P.; Filgueiras, T.S. <em>Mauritia flexuosa.</em>. In:: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 257-267.Pimenta, R. S.; Uzzo, R. P.; Carvalho, A. C.; Martins, R. C. <em>Mauritia flexuosa.</em>. In:: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1020-1029.257
Syagrus oleracea Syagrus oleracea (Mart.) Becc. Guariroba
Possui caule solitário do tipo estipe, que pode alcançar entre 5 a 20 metros de altura e diâmetro aproximado de 15 a 30cm (Lorenzi et al., 2004), sendo resistente, apresentando medula central esponjosa envolta por um anel de proteção fibroso, que se liga ao tecido vascular, não possuindo o câmbio (Melo, 2000). As folhas são verde-escuras variando em número de 15 a 20 dispostas em espiral na copa, podendo atingir 3 metros de comprimento, apresentando de 100 a 200 pinas de cada lado da raque, distribuídas irregularmente em grupos de 2-5 e dispostas em mais de um plano, sendo que as da porção central da folha podem atingir 100cm de comprimento por 2,5 a 4,5cm de largura (Lorenzi et al., 2004). A bainha foliar que envolve o palmito, pode apresentar duas colorações distintas, roxa ou verde. As inflorescências são interfoliares, com pedúnculo de 18 a 48cm de comprimento, bráctea peduncular lenhosa, possuem raque e raquilas que podem atingir 40 a 70 e 15 a 55cm de comprimento e largura, respectivamente (Lorenzi et al., 2004). A flor é pequena unissexuada e presente em grande quantidade (Melo, 2000). Os frutos são elipsoides, de coloração verde-amarelada e lisos (Lorenzi et al., 2004), de 3 a 7cm de comprimento e de 2 a 5cm de diâmetro e massa variando de 11 a 80g, contendo mesocarpo espesso, carnoso, com sabor adocicado e fibroso. O comprimento do embrião varia de 1 a 9mm, já o diâmetro de 0,8 a 5mm e o poro funcional de 1 a 5mm (Carrijo, 2011). São produzidos de 60 a 120 frutos por inflorescência (Melo, 2000).
A fenologia reprodutiva da gueroba foi estudada por Nunes (2010), no sudoeste de Goiás. As fenofases avaliadas foram: pré-floração, floração, infrutescências verdes e infrutescências maduras. De acordo com a autora, a fenofase pré-floração (espata - estrutura que protege a inflorescência da gueroba até a sua abertura) ocorreu durante todo o ano, tendo uma maior ocorrência no período de maior precipitação, a floração feminina ocorre durante todo o ano, já a floração masculina só não ocorreu no período chuvoso, dados que corroboram com aqueles de Bovi (2000), que evidenciou a ocorrência da floração o ano todo. A fenofase infrutescências verdes ocorreu durante todo o ano, sendo menos frequente nos meses em que a temperatura e umidade relativa do ar foram mais baixas. As infrutescências maduras ocorrem de forma desuniforme durante o ano, sendo mais frequente no início do período de menor disponibilidade hídrica (Nunes, 2010). Bovi e Bortoletto (1998) indicam as infrutescências maduras ocorridas durante os meses de setembro a outubro como as de melhor viabilidade. Para Santelli (2005) a coleta das infrutescências maduras deve ser realizada quando estas apresentem em sua coloração pequenas rajas amarelas.
Reis, E.F.; Pinto, J.F.N.; Faleiro, F.G. <em>Syagrus oleracea</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 332-345.
Butia purpurascens Butia purpurascens Glassman Palmeira-Jataí
Estipe solitário, colunar, medindo entre 1 a 4 metros de altura com diâmetro de 15-18cm, apresenta folhas contemporâneas de coloração verde-clara, com número de 10-26 de forma arqueada, com folhas remanescentes cobrindo parte do estipe. O pseudopecíolo com margens fibrosas, variando de 60-75 cm de comprimento e pecíolo liso de 23-40cm; raque medindo de 114 a 145cm. Seus folíolos coriáceos em número de 38 a 58 de cada lado, são regularmente arranjados ao longo da raque num mesmo plano, porém com os dois lados divergindo e formando um “V”. Inflorescência com pedúnculo de 32-75cm, bráctea peduncular lenhosa, lisa a estriada, frequentemente arroxeada, de 70-105cm de comprimento. Flor de coloração amarela a púrpura. Frutos ovoides, de coloração variando entre arroxeados a verde-amarelos, com 2,5 a 3cm de comprimento, com mesocarpo carnoso doce-acidulado, contendo em seu endocarpo 1-2 sementes (Glassman, 1979; Lorenzi et al.,, 2010).
A espécie ocorre de forma mais agregada e com maior número de indivíduos, em locais de baixa densidade do componente arbóreo e maior incidência de luz solar. Estes locais, em geral, são característicos de áreas de cerrado ralo, onde a espécie tende a ocorrer com maior frequência. Quanto ao sistema reprodutivo, é monoica com inflorescências contendo flores masculinas e femininas (Guilherme; Oliveira, 2011). As sementes são dispersas por autocoria e muito apreciadas por animais. A espécie produz frutos durante o ano todo, com maior concentração durante a primavera e são necessários em torno de 175 frutos para obter-se 1 kg de sementes (Bozza, 2009; Lorenzi et al., 2010).
Pimenta, S. P.; Uzzo, R. P.; Carvalho, A. P. <em>Butia purpurascens</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 952-955.
Mauritiella armata Mauritiella armata (Mart.) Burret Xiriri
Estipes geralmente múltiplos, medindo cerca de 20 metros de altura e 15cm de diâmetro embranquecido a acinzentado, cobertos por espinhos cônicos, rígidos, com 3cm de comprimento. Folhas flabeliformes, costapalmadas de 6-10 contemporâneas; pecíolo de 0,3-3,5m de comprimento; bainha e pecíolo revestido por uma camada de cera branca; raque com cerca de 8 cm de comprimento; lâmina branco-cerosa na face inferior, partida quase até a base em 60-100 segmentos rígidos, os da parte mediana com 80-120cm de comprimento e 1,5-3,5cm de largura, com ou sem espinhos nas margens. Inflorescências interfoliares com 2 metros; pedúnculo de 33-55cm de comprimento; raques de 45-63cm com 12-35 ramificações alternadas e dispostas em um único plano, divididas em numerosas raquilas de cerca 1,5cm de comprimento dispostas também em um único plano. Frutos esféricos, ovoides ou elipsoides, 2,5-3,5cm de comprimento, 2-3cm de diâmetro, cobertos com escamas castanho-avermelhadas (Galeano; Bernal, 2010; Lorenzi et al., 2010).
Pimenta, R. S.; Uzzo, R. P.; Carvalho, A. C. <em>Mauritiella armata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1030-1034.
Acrocomia aculeata Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Xodó
É uma palmeira caulescente, cujo estipe é solitário e pode alcançar cerca de 14 a 20 metros de altura com 20 a 30 cm de diâmetro (Henderson et al., 1995). Apresenta-se revestido pelas bases dos pecíolos e contém muitos espinhos, que são as principais características dessa espécie (Lorenzi, 1992; Tassaro, 1996). As folhas são pinadas e inseridas em diferentes planos na raque, proporcionando aspecto plumoso à copa da árvore (Lorenzi, 2006). As inflorescências são interfoliares de coloração amarelada e inicialmente, são encobertas pela espata que pode chegar até dois metros de comprimento. As flores femininas são sésseis e ocorrem na base da raque, enquanto que as masculinas situam-se no ápice e possuem uma coloração amarelo-clara. Os frutos são do tipo drupa, com diâmetro que pode variar de 2,5 a 5,0 cm. O pericarpo rompe-se facilmente quando maduro. O mesocarpo é fibroso, mucilaginoso, rico em glicerídeos e de coloração amarela ou esbranquiçada. O endocarpo é esclerificado podendo conter de 1 a 3 sementes oleaginosas (Bondar, 1964; Henderson et al., 1995; Silva, 2007).
A macaubeira da espécie A. aculeata se distribuem naturalmente de forma isolada ou formando aglomerados com densidades variadas denominados de maciços. O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri (Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. Em A. aculeata ocorre a protandria, ou seja, as flores masculinas abrem-se em torno de 20 a 30 horas antes das flores femininas, o que pode impedir a autofecundação entre flores da mesma inflorescência, mas não impede a autofecundação entre flores de diferentes inflorescências da mesma planta (geitonogamia) ou a fecundação cruzada entre plantas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, as inflorescências da A. aculeata se expõem de setembro a dezembro enquanto as primeiras espatas surgem de julho a setembro. A taxa de vingamento de flores é afetada pela disponibilidade de polinizadores e pela ocorrência de chuvas durante o período de antese (período de abertura e receptividade das flores femininas). Chuvas durante a antese reduzem a taxa de vingamento. O período de carpogênese (compreendido entre a antese e a maturação dos frutos) da A. aculeata é bastante variável. Nas regiões mais quentes está em torno de 12 meses, chegando a 16 meses no sul de Minas Gerais, onde geralmente, ocorrem geadas e as temperaturas mínimas noturnas ficam abaixo de 10ºC durante os meses de maio, junho, julho e agosto. Há variação no rendimento de óleo em relação às espécies. Estudos realizados por Conceição et al. (2012) e Antoniassi et al. (2012), verificou que o conteúdo de óleo na polpa e na amêndoa varia com a espécie, sendo a A. aculeata a de maior teor de óleo na polpa. Esses teores variam também entre plantas e entre populações de A. aculeata.
Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; AntoniassiI, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137. Luis, Z.G. <em> Acrocomia aculeata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 899-905.
Acrocomia glaucescens Acrocomia glaucescens Lorenzi
A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri(Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
Acrocomia totai Acrocomia totai Mart.
A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. A espécie<em>A. totai</em> tem a bainha, o pecíolo e a ráquis cobertos por espinhos escuros agudos e resistentes; a copa é rala e aberta, com o arqueamento das folhas inferiores; os folíolos são longo-acuminados, flexíveis e verdes; as flores são monoicas, de coloração amarelo-claras. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie, sendo verdes em <em>A. totai</em>; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
A macaubeira da espécie A. totai se distribuem naturalmente de forma isolada ou formando aglomerados com densidades variadas denominados de maciços. O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri (Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
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