nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
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No
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No
Região
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Handroanthus chrysotrichus
Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos
 
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Pyrostegia venusta
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers
Cipó-De-São-João
 
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Handroanthus impetiginosus
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos
 
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Jacaranda cuspidifolia
Jacaranda cuspidifolia Mart.
Caroba
 
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Jacaranda ulei
Jacaranda ulei Bureau & K.Schum.
 
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Anemopaegma arvense
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza
Catuabinha
 
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Handroanthus heptaphyllus
Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos
 
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Handroanthus serratifolius
Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose
 
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Jacaranda puberula
Jacaranda puberula Cham.
Carobinha
 
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Tabebuia aurea
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore
Pao d'Arco
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Handroanthus chrysotrichus Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos
De acordo com Backes & Irgang (2003) e Lohmann et al. (2009), tratase de árvore de pequeno porte, com 3 a 10 metros de altura; a copa globosa e densa; tronco um pouco tortuoso e cilíndrico de 30-40cm de diâmetro; folhas opostas, compostas palmadas, três a cinco folíolos oblongos; folíolo terminal com 2 a 11cm de comprimento e 1,7 a 5,5cm de largura, com folíolos laterais menores, membranáceos a cartáceos, inteiros ou raramente denteados próximo ao ápice.A inflorescência em tirso ou fascículo muito curto apresenta flores subsésseis ou com pequeño pedicelo (5mm). O cálice tubular apresenta cinco lobos irregulares, com 10 a 20mm de comprimento, é viloso, densamente puberulento, com tricomas castanhos. A corola é afunilada, tubular-infundibuliforme, amarela com 4,0 a 7,5cm de comprimento; os lobos contêm tricomas estrelados. Os estames são didínamos; o ovário é cônico-oblongo, com 3 a 4mm de comprimento e 1mm de largura; disco anular-pulvinado.O fruto é do tipo cápsula linear cilíndrica, deiscente, com intensa pubescência castanha, com 11 a 38cm de comprimento e 0,8 a 1,2cm de largura, contendo muitas sementes. As sementes são aladas, com 0,6 a 0,9cm de comprimento e 1,7 a 2,9cm de largura, com alas hialino-membranáceas, bem demarcadas em relação ao corpo da semente.
Floresce durante os meses de agosto-setembro, geralmente com a planta totalmente despida de folhagem. Os frutos amadurecem a partir do final de setembro a meados de outubro (Backes & Irgang, 2003). É necessário colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Deixar secar ao sol para completarem a abertura e liberação de sementes. As sementes germinam logo que os frutos se abrem, devendo ser alocadas em canteiros sob sombreamento de 50% em solo arenoso rico em matéria orgânica. A germinação ocorre entre oito e 15 dias e após este processo, as plântulas devem ser transferidas para sacos plásticos ou tubetes. As mudas estão prontas para serem plantadas no campo em cinco meses. A viabilidade das sementes é mantida por mais tempo (3 a 5 meses), quando armazenadas em vidro hermético a 10ºC (Carvalho et al., 1976; Maeda & Matthes, 1984). Estudos realizados por Marques et al. (2004) e Santos et al.(2005) avaliaram o processo germinativo da espécie. Constatou-se que a germinação é inibida a 40°C, indicando que a temperatura máxima de germinação está na faixa entre 35° e 40°C e a temperatura mínima está localizada entre 10° e 15°C.
Borgo, M.; Petean, M. P.; Hoffmannn, P. M. <em>Handroanthus chrysotrichus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 768-771.
Pyrostegia venusta Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers Cipó-De-São-João
Trepadeira muito vigorosa, de ramagem densa e folhas opostas compostas de dois a três folíolos esverdeados, de 6-8cm de comprimento e 4-5cm de largura. O folíolo central é transformado em gavinhas. Inflorescências numerosas, densas, reunidas em cerca de 15 a 20 flores tubulosas, alaranjadas, com cerca de 7cm de comprimento e 1,5-2,0cm de largura, com corola de cinco lobos que curvam suas extremidades para trás. Floresce principalmente no inverno, entre julho e setembro. Frutos secos longos com 25-30cm de comprimento (Lorenzi & Souza, 2001).
Apresenta ciclo fenológico anual e produção de muitas flores por planta durante várias semanas com elevada sincronia intra e interagrupamento. Embora se reproduza por autopolinização espontânea, necessita de agentes polinizadores para maior produção de frutos (Polatto et al., 2007). Como planta ruderal, multiplica-se facilmente por sementes e por estacas. Devem ser cultivadas em solo fértil com regas regulares, sempre a sol pleno.
Beretta, M.E.; Ritter, M.R.; Brack, P. <em>Pyrostegia venusta</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 791-793.
Handroanthus impetiginosus Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos
Árvore de médio a grande porte, de 8 a 30 metros de altura e de 60 a 100cm de diâmetro. Tronco geralmente retilíneo, copa arredondada irregular e ramos retos. Casca de coloração pardo-escura a negra por fora e parda internamente, sendo comum a presença de liquens, de 2 a 3cm de espessura, ritidoma espesso, rígido, sulcada longitudinalmente, fissurada transversalmente. Folha composta, oposta, digitada, larga, de 5 folíolos desiguais, coriáceos, pubescentes em ambas as faces, verde-escuro na face superior e verde-claro na face inferior, oblongos ou oval-oblongos, base arredondada, ápice acuminado, margem interna, tufos barbados nas axilas das nervuras, medindo de 8 a 22cm de comprimento e de 4 a 12cm de largura. Inflorescência em panícula sub-corimbiforme, com eixos ramificando dicotomicamente, grossos e cobertos por um indumento fulvo-claro. Flor com pedicelo e cálice revestidos por indumento fulvo-claro; brácteas largas e fulvo-pilosas, geralmente pilosas; cálice campanulado de 5 a 8mm de comprimento; corola róseo-violácea a fauce-amarelada, de 6mm de comprimento. Fruto cápsula linear, coriaceo, pontudo, de 25 a 30cm de comprimento e de 15 a 20mm de largura, deiscente. Semente cordiforme, tendendo a oblonga, superfície lisa, lustrosa, marrom-claro, alada nas duas extremidades, de coloração marrom-clara transparente, com núcleo seminífero central e elíptico, de 14 a 50mm de comprimento, de 10 a 80mm de largura e 1,7 de espessura (Rizzini, 1971; Souza; Lima, 1982; Machado et al., 1992; IBF, 2013).
Planta decídua, heliófita, ocorre no interior da floresta primária densa, em formações abertas e secundárias. A espécie é classificada como secundária, comportando-se como espécie pioneira em áreas sob ação antrópica. Adapta-se bem a solos com textura arenosa, úmidos, porém com boa drenagem. Já os solos com baixos teores de nutrientes são limitantes ao seu crescimento (Schneider et al., 2000). Apresenta plasticidade à variação de água e luz, o que favorece a sobrevivência da espécie e o seu estabelecimento em ambientes menos favoráveis (Moratelli et al., 2007). A espécie não tolera geadas (Schneider et al., 2000). Pode ocorrer em populações e associada a outras espécies, a exemplo de Astronium sp., Anadenanthera sp. e Torresea sp. Uma das características silviculturais dessa espécie é o fato de ser heliófila, porém tolera sombreamento moderado na fase jovem. Pode ser plantada pura à pleno sol, principalmente nos solos férteis, ou em plantios mistos, associada com espécies pioneiras. Também pode ser utilizada no enriquecimento de capoeiras ou capoeirões, sendo plantada em linhas ou faixas. Além disso, apresenta desrama natural satisfatória, quando plantada em adensamento, mas na maioria dos casos necessita de poda, apresentando boa cicatrização (Schneider et al., 2000). Apesar de apresentar maturação desuniforme das sementes, a espécie é amplamente dispersada (Maeda; Matthes, 1984; Lorenzi, 1992). Gemaque et al. (2002) relatam que um dos indicativos da maturidade fisiológica dos frutos é a mudança de coloração, frutos maduros apresentam coloração verde com pontos arroxeados e as sementes passam de verde a verde-amarelo-amarronzado. A floração ocorre de fevereiro a maio na Bahia; maio a junho no Distrito Federal, maio a novembro no estado de São Paulo; julho no Ceará e em Goiás; julho e agosto em Minas Gerais; agosto no Acre e de setembro a outubro em Pernambuco. A frutificação ocorre de junho a setembro no estado de São Paulo; em agosto no Distrito Federal e de setembro a outubro em Minas Gerais. O processo reprodutivo inicia por volta dos cinco anos de idade (Carvalho, 2003). No cerrado floresce durante os meses de maio a setembro, com picos em julho e agosto; sempre com a árvore totalmente despida de folhagem. Geralmente os indivíduos apresentam dois ou mais fluxos de floração por período, permanecendo floridos por longo tempo. Os frutos amadurecem a partir de meados de setembro até outubro e seu desenvolvimento é rápido, amadurecendo cerca de 60 dias após a queda das flores (Lorenzi, 1992; IBGE, 2002). A dispersão coincide com a ocorrência das primeiras chuvas no cerrado (Gemaque et al., 2002). A reprodução pode ser sexuada e assexuada por rebrota de cepas e raízes. A sementes germinam com relativa facilidade e a emergência ocorre entre 6 e 12 dias, com percentual de germinação muito variável. Para melhores índices de germinação e vigor de plantas recomenda-se preconizar a coleta de sementes no terço superior da planta e a semeadura, deve ser feita com as sementes mais pesadas e na profundidade máxima de 0,5cm (Ribeiro et al., 2012). Em condições controladas, a germinação pode atingir 70-80%, quando realizada em presença de luz, a uma temperatura constante de 30°C graus (Maeda; Matthes, 1984; Silva et al., 2004; Oliveira et al., 2005). O início da germinação, caracterizado pela elongação da radícula, ocorre entre as primeiras 24 a 30 horas e a presença de giberelinas internas à semente regulam este processo (Silva et al., 2004). Alguns fungos são frequentemente detectados nas sementes de ipê-roxo, principalmente os gêneros Aspergillus, Curvularia, Penicillium, Pestalotia e Fusarium, que podem causar sérios prejuízos durante a germinação, comprometendo o desenvolvimento das plântulas. No entanto, ao se realizar a assepsia das sementes com álcool 70% durante um minuto, seguida de imersão em uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO) a 2% por três minutos, é possível aumentar significativamente o percentual de germinação, diminuindo o número de plântulas com lesões (Sousa et al., 2012).
Salomão, A. N.; Camillo, J. <em>Handroanthus impetiginosus</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 801-812.Camillo, J.; Salomão, A. N. <em>Handroanthus impetiginosus</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 984-989.
Jacaranda cuspidifolia Jacaranda cuspidifolia Mart. Caroba
Árvore decídua, 5 a 10 metros de altura, fuste reto; tronco na altura do peito com 30 a 40cm de diâmetro; ritidoma acinzentado com placas lenhosas. Copa arredondada de coloração verde-clara, ramos com lenticelas. Folhas bipinadas, 20 a 40cm comprimento, 8-10 pares de pinas, ráquilas aladas, 10-15 pares de foliólulos glabros (Lorenzi, 2000). Planta hermafrodita; flores tubulosas, 5-7cm comprimento, roxas e indumentadas com estaminódio glanduloso, dispostas em panículas terminais (Lorenzi, 2000; Scalon et al., 2006). Os frutos são secos e deiscentes, quando jovens são verdes e quando maduros são castanhos, com muitas sementes aladas e castanhas (Scalon et al., 2006).
A floração desta espécie é intensa entre os meses de setembro a dezembro e a frutificação, de outubro a janeiro, quando as plantas estão totalmente despidas de folhagem (Lorenzi, 2000; Scalon et al., 2006). A polinização é feita principalmente por abelhas e pássaros. As sementes são numerosas, aladas e dispersas por anemocoria (Scalon et al., 2006). É uma planta heliófita, apícola e pioneira, produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis. Devido à baixa densidade, é aconselhável cobrir os frutos com tela durante a secagem para evitar a perda de sementes pela ação do vento. Um quilograma dos frutos contém aproximadamente 33.000 sementes (Lorenzi, 2000).
Gomes-Bezerra, K. M.; Reis, P. A.;Kuhlmann, M. <em>Jacaranda cuspidifolia. </em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1000-1004.
Jacaranda ulei Jacaranda ulei Bureau & K.Schum.
Subarbusto pouco ramificado, de 0,5 a 1,8 metros de altura, folhas opostas e cruzadas, bipinadas, imparipinadas, pecioladas e com folíolos opostos. Os foliólulos variam entre oblongo-lanceolados a lanceolados (Miranda, 2013), com margem revoluta e superfície bulada, com nervuras em depressões que marcam o limbo foliar (Farias., 2002). Quando jovens, os foliólulos são pubescentes e verde-claros na face adaxial, pilosos e alvos na face abaxial, tornando-se verde-escuros posteriormente (Miranda, 2013). A inflorescência é terminal (Ribeiro, 2003). As flores são hermafroditas, grandes, com cerca de 5cm de comprimento, corola tubulosa de cor roxa a violácea escura, tipicamente terminais e pêndulas. Os frutos são cápsulas secas, com deiscência loculicida, chegando a 5cm de comprimento, de cor esverdeada, ficando castanho-escuros quando totalmente maduros. Cada fruto possui de 15 a 60 sementes aladas (Ribeiro, 2003).
A espécie é caducifólia, com um período de aproximadamente duas semanas sem folhas entre os meses de julho e agosto. De acordo com Ribeiro (2003), as flores de J. ulei permanecem viáveis para fecundação por apenas dois dias e as que não foram polinizadas, caem após quatro dias da antese. A inflorescência é terminal e as flores desabrocham entre agosto e novembro, simultaneamente com a nova folhagem (Ribeiro, 2003). O aroma das flores é suave, perceptível somente nas primeiras horas do dia, pouco antes da antese, que é diurna. As flores possuem um disco nectarífero na base da corola, que produz néctar abundante. Os visitantes florais são muito diversificados, com ênfase para os insetos (himenópteros, lepidópteros e coleópteros) e os pássaros beija-flores. As abelhas são os visitantes mais frequentes e são os polinizadores das flores (Ribeiro, 2003). A frutificação ocorre exclusivamente quando a polinização é cruzada, pois a autofecundação realizada artificialmente não resulta na formação de frutos. A taxa de aborto é alta em todas as condições de polinização. Consequentemente, apesar de produzir muitas flores, poucos frutos se desenvolvem. Os frutos amadurecem e se abrem entre os meses de julho e agosto do ano seguinte ao da floração e permanecem aderidos à planta, por até dois anos depois da abertura. As sementes produzidas têm cor castanha, com alas membranáceas, sendo dispersas pelo vento. Após a liberação das sementes, os restos do fruto, a porção terminal do ramo e suas folhas senescem e secam. No ano seguinte, novas ramificações surgem das gemas axilares, mantendo o padrão de inflorescência terminal (Ribeiro, 2003). As inflorescências podem sofrer parasitismo por fungos do gênero Alternaria. Em geral, cerca de 15% das sementes apresentam sinais de ataques por fungos (Ribeiro, 2003). A predação por coleópteros e outros insetos com aparelho bucal mastigador ocorre nas flores, nos frutos em formação e também nas sementes. É comum observar no campo a rebrota de J. ulei a partir do sistema subterrâneo de indivíduos desprovidos de parte aérea, independentemente da ocorrência ou não de fogo. Essa rebrota se deve à presença de xilopódio nessa espécie.
Silveira, C. E. S.; Miranda, T. D.; Melo, D. P.; Pereira, L. A. R. <em>Jacaranda ulei</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1005-1010.
Anemopaegma arvense Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza Catuabinha
Subarbusto ereto de base lenhosa; rizoma grosso, duro, atingindo até 1,5cm de diâmetro, com crescimento horizontal ou descendente; caule simples ereto ou ascendente de 18 a 25cm de comprimento e cuja base mede em geral 2 a 4mm de diâmetro; folhas ternadas sésseis, os folíolos apresentam base afilada e medem de 6 a 8cm de comprimento; flores axilares, solitárias, pedunculadas, zigomorfas, com cálice turbinado, corola simpétala e androceu formado por 4 estames inclusos alternipétalos e um estaminódio, o ovário é supero, oblongo medindo de 2 a 3mm; cada fruto contem em média 18 sementes, que medem aproximadamente 1cm, elípticas, com 3 a 3,5cm de largura (Silva, 1929; Pereira et al., 2007a). A partir das características morfológicas peculiares da espécie, relatadas por Silva (1929), Ferreira (1973) e Coral (2005) é possível observar a ocorrência de diferentes morfotipos para <em>A. arvense</em>. Entretanto, a base de dados da Flora do Brasil reconhece apenas a espécie <em>A. arvense</em>.
A catuaba apresenta adaptação pirofítica (Coutinho, 1977), o que afeta diretamente a dinâmica das populações naturais dessa espécie. O fogo elimina a barreira constituída pela massa foliar e ramos da própria planta que crescem ao seu redor, além de promover a abertura dos frutos localizados rentes ao solo, cujas sementes são disseminadas a longas distâncias pelo vento. Após a queimada ocorre a rebrota, o florescimento e a fecundação das flores, que é facilitada pela aproximação de insetos polinizadores em função do desbaste promovido pelo fogo. Estudo realizado por Batistini (2006), a partir de metodologia proposta por Cruden (1977), sugere que a espécie A. arvense é alógama facultativa. Plantas de A. arvense com idade entre 3 a 4 anos iniciam, de modo esporádico, o florescimento durante os meses de julho a setembro. As sementes apresentam dormência inicial de 42 dias, após esse período a emergência ocorre até os 84 dias. As sementes são fotoblásticas neutras, apresentam 10% de poliembrionia e a porcentagem de germinação é maior na variedade pubérula (70%), seguida da petiolata (63%) e glabra (58%) (Pereira et al., 2007a).
Pereira, A. M. S.; Bertoni, B. W. <em>Anemopaegma arvense</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 699-706.
Handroanthus heptaphyllus Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos
Árvore, geralmente, com 20 a 25 metros de altura, e com 60-80cm de diâmetro à altura do peito. Tronco mais ou menos reto e cilíndrico, muitas vezes inclinado. Fuste longo, de 15 metros ou mais de altura. Ramificação mais ou menos dicotômica e tortuosa, com copa semi-esférica. Casca externa grossa de cor pardo-grisácea, com fissuras longitudinais profundas e espaçadas. As folhas são opostas e compostas, digitadas, caducas, com cinco a seis folíolos, com pecíolos entre 5 e 10 centímetros. Folíolos ovalados ou oval-oblongos, de bordo serrado, de 5 a 9cm de comprimento. As flores, que começam a desabrochar quando a copa está destituída de folhas, possuem forma de funil largo, de coloração rosa a lilás, com cinco pétalas fusionadas, de 4 a 5cm de comprimento por 2,5 a 4,5cm de diâmetro, dispostas em inflorescências densas, mais ou menos dicotômicas. Fruto seco e comprido, denominado de síliqua, lembrando uma vagem, de 10 a 30cm de comprimento e 1,5 a 2,0cm de largura, de cor castanha, com dezenas de sementes achatadas e aladas com 1 a 2cm de diâmetro. Floresce entre agosto e novembro, vindo a frutificar entre novembro e janeiro. A espécie teve o nome científico revisto por Grose & Olmstead (2007), com base em estudos filogenéticos, bem como em uma nova combinação de Mattos (1970).
Trata-se de uma espécie semi-heliófila (Ortega, 1995), pouco frequente, ocorrendo de preferência nas matas ciliares, também sendo encontrada nas encostas, tanto em solos orgânicos como em argilosos ou rochosos. Desenvolve-se em capoeiras e capoeirões, podendo ser considerada como secundária inicial. Produz muitos frutos quando exposta ao sol. Apresenta desrama natural deficiente, o que faz com que sejam necessárias podas para aumentar a sua altura comercial (Carvalho, 2003). A espécie propaga-se por sementes. Os frutos maduros devem ser colhidos diretamente da árvore, antes que inicie sua disseminação pelo vento. Produz grande quantidade de sementes, com boa viabilidade, desde que semeadas logo após a colheita. As sementes perdem o poder germinativo em poucas semanas, a menos que sejam conservadas em câmara fria/seca. A germinação ocorre entre 10 e 15 dias. Possui raiz principal muito desenvolvida, o que exige cuidados para que não ocorra enovelamento, fato que contribui para a baixa sobrevivência dos plantios. Seu desenvolvimento é relativamente rápido, desde que em solos bem desenvolvidos e sem déficit hídrico, não tolerando solos secos e compactados.
Grings, M.; Brack, P. <em>Handroanthus heptaphyllus</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 461-464.
Handroanthus serratifolius Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose
Árvore com até 30 metros de altura, casca espessa, acinzentada. Folha palmada, levemente discolor, 5-7 folíolos; folíolo terminal com 18cm de comprimento, elíptico ou estreito-elíptico, cartáceo, com ápice acuminado, base arredondada, margem parcial ou totalmente serreada, lepidoto ou glabro. Inflorescência terminal, congesta, com eixo tomentoso, portando muitas flores. Flores com cálice esverdeado, 8-16mm de comprimento, campanulado, 3-5 lobado, tricomas esparsos, simples ou estrelados; corola amarela, com guias de nectário amarelo-escuro, 8-12cm de comprimento, infundibuliforme, externamente glabra e internamente pilosa; estames didínamos, inclusos; ovário verrucoso. Frutos tipo cápsula, loculicida, aproximadamente 60cm de comprimento, com protuberâncias longitudinais, glabro. Sementes aladas, com 2,5-3,5cm de largura, dispersas pelo vento (Gentry, 1992a).
A espécie floresce nos meses de agosto a novembro, com a planta totalmente despida da folhagem. Os frutos amadurecem em outubro a dezembro (Lorenzi, 1992).
Zuntini, A. R.; Lohmann, L. G. <em>Handroanthus serratifolius</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 992-995.
Jacaranda puberula Jacaranda puberula Cham. Carobinha
De acordo com Sandwit & Hunt (1974), Gentry (1992) e Lorenzi (2000), trata-se de árvore com 3 a 20 metros de altura, de tronco nodoso e tortuoso (30-40cm de diâmetro), e copa alongado-alargada. A casca esfoliativa, desprendendo pequenos fragmentos alongados e cartáceos. As folhas são compostas bipinadas, com 25 a 35cm de comprimento, 8 a 12 pinas; os folíolos são glabros, sésseis ou curto peciolulados, assimétricos de formato rômbico-elíptico a obovado, com 2,5 a 4,0cm de comprimento e 1,1 a 1,6cm de largura, com ápice obtuso a acuminado, base cuneada ou obtusa; a folhagem é pouco densa e decídua. A inflorescência é uma panícula, com pequenas brácteas lineares. As flores são vistosas, com cálice tubular-campanulado; a corola é roxa, tubular campanulada, com 5,0 a 7,5cm de comprimento e 1,0 a 2,5cm de largura. Os estames didínamos, com um estaminódio; o ovário é súpero, glabro e com disco curto-cilíndrico. O fruto tem formato elíptico a oblongo-ovado, é glabro, deiscente, levemente rijo, com 6,0 a 9,5cm de comprimento, e 3,0 a 5,6cm de largura; a margem dos frutos é parcialmente ondulada na deiscência. As sementes são aladas, com 1,0 a 1,6cm de comprimento e 2,0 a 2,5cm de comprimento.
Floresce durante os meses de agosto-setembro juntamente com o surgimento das novas folhas. Frutos atingem a maturidade entre fevereiro e março.
Petean, M.P., Borgo, M. & Hoffmannn P.M. <em>Jacaranda puberula</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 777-779.
Tabebuia aurea Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore Pao d'Arco
Árvore medindo até 16 metros de altura, com casca espessa e acinzentada. Folha palmada, decídua, concolor, com 5-7 folíolos; folíolo central com 10-15cm de comprimento, elíptico ou obtuso-elíptico, coriáceo, com ápice arredondado, base arredondada ou subcordada, margem inteira, geralmente glabro ou levemente lepidoto. Inflorescência terminal, com internós alongados, eixo lepidoto, portando muitas flores. Flores com cálice castanho-esverdeado a amarelado, 8-16mm de comprimento, campanulado, bilabiado, lepidoto; corola amarela, com ou sem guias de néctar amarelo-escuro, 5-9cm de comprimento, infundibuliforme, glabro externamente e internamente; estames didínamos, inclusos; ovário liso, lepidoto. Frutos tipo cápsula, loculicida, com 15cm de comprimento, liso, lepidoto. Sementes aladas, dispersas pelo vento (Gentry, 1992; Lohmann; Pirani, 2003).
É uma planta perenifólia ou semicaducifólia (decídua no cerrado), heliófila e seletiva higrófita (seletiva xerófita no cerrado). Ocorre de maneira esparsa em terrenos bem drenados no cerrado e em agrupamentos quase homogêneos em solos muito úmidos no pantanal e na caatinga (Lorenzi, 2008). É uma espécie monoica, com autoincompatibilidade de ação tardia (Barros, 2001). Floresce durante os meses de agosto-setembro, já com a árvore quase totalmente despida de folhagens. A frutificação inicia-se no mês de setembro, prolongando-se até meados de outubro (Lorenzi, 2008). A antese é diurna. A espécie é produtora de néctar. Os polinizadores potenciais são três espécies dos gêneros Centris e Bombus (Barros, 2001). NaregiãodoPantanal,resultaemumaformaçãoflorestaldenominadalocalmente como “paratudal”, que tem como espécie arbórea dominante o paratudo ou T. aurea. É caracterizada pela sua intensa floração de cor amarela forte, que ocorre nos meses de agosto/setembro, formando uma bela paisagem regional, principalmente as margens da rodovia BR 262, entre as cidades de Miranda e Corumbá. Nestes locais, a espécie apresenta densidade média de 363 indivíduos por hectare, altura média de 6,7 metros e diâmetro médio do caule de 16,7cm (Soares; Oliveira, 2009). A presença de T. aurea é indicativo de terras boas para pastagem (Carvalho, 2010). A espécie tem papel ecológico fundamental na alimentação de aves na região sul do PantanalMato-grossense,emespecialospsitacídeos,queconsomemonéctardasflores de T. aurea para suprir parte da demanda diária de energia e água dessas aves. A floração massiva e sincrônica em T. aurea durante curto período no auge da estação seca, pode estar voltada a saciar predadores, caso dos psitacídeos, abundantes no Pantanal (Ragusa-Netto, 2005).
Zuntini, A. R.; Lohmann, L. G. <em>Tabebuia aurea</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1064-1070.
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