nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
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No
Região
Not provided
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57 Número de táxons

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Desmodium incanum
Desmodium incanum (Sw.) DC.
 
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Desmodium adscendens
Desmodium adscendens (Sw.) DC.
Pega-Pega
 
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Macroptilium psammodes
Macroptilium psammodes (Lindm.) S.I. Drewes & R.A. Palacios
 
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Apuleia leiocarpa
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.
Garapa
 
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Trifolium polymorphum
Trifolium polymorphum Poir.
Trevo
 
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Trifolium riograndense
Trifolium riograndense Burkart
Trevo
 
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Parapiptadenia rigida
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan
 
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Schizolobium parahyba
Schizolobium parahyba (Vell.) Blake
 
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Calliandra tweedii
Calliandra tweedii Benth.
 
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Copaifera trapezifolia
Copaifera trapezifolia Hayne
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Desmodium incanum Desmodium incanum (Sw.) DC.
Ervas prostradas a ascendentes, às vezes, suberetas, radicantes nos nós inferiores, lenhosas e ramificadas na base, com ramos de até 50cm de comprimento. Folhas pinado-trifolioladas, as da base, unifolioladas, pecíolo com pulvino, folíolo central com 15-95 X 6-44mm, orbicular a estreito-elíptico a largamente obovado, os laterais menores que o central, às vezes, assimétricos, nervuras evidentes e salientes, folíolos discolores, glabrescentes a uncinado-pubérulos; estípulas concrescidas entre si até a metade e finalmente livres, com 5,0 - 9,5(1,1)mm de comprimento, lanceoladas, caudadas, estriadas; estipelas persistentes. Racemos axilares e terminais, brácteas e bractéolas presentes, com 2 a 4 flores por nó da inflorescência; flores lilás-azuladas, com 6,0 - 7,5mm de comprimento. Lomento com 4 - 6 artículos, sutura superior quase reta, a inferior sinuosa, istmo submarginal, largo, artículos semi-elípticos, com 4,0-6,5 X 3,0-3,5mm, com abundantes tricomas uncinados preênseis e esparsos tricomas glandulares; sementes elípticas, com 2,5 – 3,5mm, amarelas a castanhas.
De acordo com Burkart (1939), por sua abundância e resistência ao pisoteio debe ser considerada uma valiosa forrageira natural que desempenha o papel ecológico dos trevos-de-carretilha e do trevo-branco em áreas de pastagens cultivadas. Os frutos adesivos lhe asseguram uma ampla dispersão por via epizoica. Segundo Araújo (1940), apresenta grande resistência ao fogo. De acordo com Barreto & Kappel (1967), apresenta ótimo valor forrageiro. É uma das leguminosas mais frequentes nos campos da Região Sul do Brasil. Segundo Fernandez et al. (1988), produz uma forragem moderadamente tenra, muito consumida pelos animais. Em potreiros adubados com fósforo e com altas cargas animais foi onde se observou sua maior agressividade e produção de forragem. Análises químicas realizadas em plantas em estádio de floração deram valores de proteína bruta de 16% e conteúdo de fósforo de 0,16%. Em condições naturais, sua maior produção ocorre em anos com abundantes chuvas estivais. De acordo com Izaguirre & Beyhaut (1998), sem dúvida, é uma das espécies mais recomendáveis para a realização de ensaios com o objetivo de incluí-la nas práticas de melhoramento do campo natural no norte do Uruguai. Adapta-se aos mais variados tipos de solos, crescendo bem em solos de média acidez, podendo persistir e vegetar em solos muito ácidos (pH 4,5 ou menos), de baixa fertilidade. Não se conhece sua tolerância à salinidade (Bogdan, 1977 apud Marques, 1991). A espécie apresenta várias características desejáveis em plantas forrageiras, sendo moderadamente palatável, persistente (quando sob pastejo tem forte enraizamento nos nós, formando estolões) e prostrada. É uma espécie perene, facilmente estabelecida por sementes, sendo compatível com a maioria das gramíneas agressivas (Younge et al., 1964 apud Marques, 1991). Ciclo: Espécie perene de ciclo primavero-estival. Alcança seu maior crescimento em fevereiro-abril. Com a ocorrência de geadas e secas intensas sofre total desfoliação. O seu hábito de crescimento pode apresentar grande variabilidade entre populações distintas (Fernandez et al., 1988). Floração e frutificação: Apresenta dois períodos de floração e frutificação: no primeiro, ambas as etapas se concentram em novembro, com a presença de frutos maduros em dezembro. No segundo caso, floresce e frutifica em fevereiro, com a maturidade dos frutos ocorrendo em março (Fernandez et al., 1988). E uma espécie versátil, apresentando autofecundação e fecundação cruzada (Marques, 1991).
Miotto, S. T. S. <em>Desmodium incanum</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 377-379.
Desmodium adscendens Desmodium adscendens (Sw.) DC. Pega-Pega
Ervas prostradas a ascendentes, radicantes, ramificadas na base, ramos com até 75 cm de comprimento. Folhas pinado-trifolioladas, pecíolo com pulvino, folíolos cartáceos, o central com 0,5 - 2,1 X 0,6 - 1,7cm, largo-obovado, orbicular, tendendo a obovado, emarginado, margem lisa, bem marcada, os laterais menores; estípulas livres, com 3,5 - 6,0mm de comprimento, assimetricamente triangulares, longamente acuminadas, estriadas, castanhas; estipelas decíduas. Racemos axilares e terminais, laxos, com 3,5 – 25,0cm de comprimento, pedicelos florais geminados, com uma bráctea na base de cada par; flores lilases a lilás-rosadas, com 4,0 - 6,5mm de comprimento. Lomento com 2 - 4 artículos, curtamente estipitado, sutura superior reta, a inferior profundamente sinuosa, istmo submarginal, largo, artículos assimetricamente elípticos, tendendo a obovados, com 4 - 6 X 3mm, com abundantes pelos uncinados, preênseis; sementes elípticas a subreniformes, infladas, com 3 - 4mm de diâmetro, verde-amareladas a castanho-escuras.
Segundo Araújo (1940), foi submetida a cultivo em Montenegro (RS) e recobriu totalmente o terreno, apresentando extraordinária rusticidade e mantendo-se verde desde parte da primavera até a entrada do inverno. De acordo com Barreto & Kappel (1967), apresenta ótimo valor forrageiro. Segundo Oliveira (1983), esta espécie é semelhante a D. barbatum, da qual difere principalmente pela inflorescência que, nesta espécie, é maior e mais compacta. Além disso, ambas ocorrem preferencialmente em solos arenosos. De acordo com Vanni (2001), D. adscendens habita diversos ambientes desde o interior de mata a locais com solos modificados. É comum no centro e sul do Brasil, porém, é rara na Argentina. Juntamente com D. incanum, é uma das espécies de mais ampla distribuição do gênero. Ciclo: Espécie perene, estival; Floração e frutificação: Dezembro a maio (Oliveira, 1983).
Miotto, S. T. S. <em>Desmodium adscendens</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 372-373.
Macroptilium psammodes Macroptilium psammodes (Lindm.) S.I. Drewes & R.A. Palacios
Ervas prostradas, vilosas. Folhas pinado-trifolioladas, folíolos subromboidais, raro suborbiculares ou oblongos, ápice agudo ou acuminado, membranáceos a papiráceos, ambas as faces vilosas a subglabras, com 10-33 X 6-26mm; estípulas ovadas ou lanceoladas, ápice assovelado ou agudo, com cerca de 5-6 X 1,2mm, estipelas triangular-assoveladas, vilosas, com cerca de1,5-2,0 X 0,2mm. Racemos axilares; flores rosado-alaranjadas com estrias vermelhas a avermelhadas, com brácteas e bractéolas, alas maiores que o estandarte e a quilha, com cerca de 15,0-15,5mm de comprimento, estames diadelfos. Legumes com deiscência elástica, com 2 - 6 sementes, com 17-20 X 3-3,5mm, vilosos a pubescentes; sementes suborbiculares ou subcilíndricas, amarelas ou marrons, marmoreadas de preto, com cerca de 2-3 X 2,0-2,5mm.
Fernández et al., (1988) encontraram esta espécie em Corrientes (Argentina) em locais pouco pastejados ou com carga animal baixa, geralmente associada à espécies de gramíneas, como por exemplo, Andropogon lateralis Nees, Schizachyrium paniculatum (Kunth) Herter e Paspalum notatum Flüggé. Observações realizadas em ensaios de carga em campo natural indicam que, com carga animal menor, as populações existentes aumentam. É uma espécie muito procurada pelo gado bovino, portanto, quando se encontra protegida, sua produção de sementes e volume de forragem é maior. A queima dos campos possivelmente seja uma das causas do escasso aporte de forragem disponível para os animais. Análises químicas de plantas em plena floração deram valores de proteínas de 15% e conteúdo de fósforo de 0,17%. É uma interessante forrageira nativa à qual se deveria proporcionar melhores condições de uso a fim de aumentar sua presença. Ciclo: Espécie perene, de ciclo estival. Começa seu crescimento na primavera, alcançando seu maior tamanho em novembro-dezembro. Floração e frutificação: Apresenta um longo período de floração, que começa no fim de outubro ou princípio de novembro, continuando até fevereiro-março, frutificando até o mês de abril (Fernández et al., 1988). De acordo com Barbosa-Fevereiro (1987), floresce e frutifica de novembro a março.
Miotto, S. T. S. <em>Macroptilium psammodes</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 384-385.
Apuleia leiocarpa Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. Garapa
Árvore de grande porte, característica da Floresta Estacional Decidual, podendo chegar a 40 metros de altura e 60-100cm de diâmetro na altura do peito. O tronco é geralmente retilíneo ou um pouco inclinado, com o fuste podendo atingir a metade da altura dos exemplares. O ritidoma é acinzentado claro, com descamações circulares típicas. Os ramos são ascendentes, formando copa mais ou menos densa. Folhas verde-claras, imparipenadas, de 5-15cm de comprimento, caindo no inverno. Folíolos ovalados ou elípticos, também alternos, de cerca de 5cm de comprimento. Flores de cor branca ou creme, masculinas e hermafroditas, de cerca de 0,5cm de comprimento. Inflorescências dispostas em pequenas panículas de 3 a 5 cm de comprimento. O fruto é uma vagem ovoide, indeiscente e achatada, de cor castanho-clara, de cerca de 3,5cm de diâmetro, possuindo uma só semente marrom-escura, dura e achatada, de cerca de 0,7cm de diâmetro. Possui entre 8.420 a 20.800 sementes por quilo. Floresce na primavera e frutifica no verão e outono. As sementes podem apresentar alta infestação por brocas ou ser consumidas por roedores e periquitos, prejudicando a sua regeneração natural (Backes & Irgang, 2002).
Ocorre em interior ou clareiras, sendo uma espécie secundária inicial. É essencialmente uma espécie semi-heliófita ou heliófita, podendo ocorrer tanto em solos úmidos e escuros das matas ciliares como em solos argilosos ou rochosos de encostas. No entanto, prefere solos bem drenados e profundos (Carvalho, 2003). Ocorre até a altitude de 700 metros. Em Santa Catarina, é árvore quase pioneira e relativamente abundante em matas secundárias, como destacam Reitz et al. (1983), enquanto no Rio Grande do Sul ocorre em florestas em estádio maduro, sendo, aparentemente, pouco comum ou rara em florestas jovens. Nos viveiros, as mudas de primeiro ano têm desenvolvimento relativamente lento, podendo alcançar 0,50m de altura. As mudas têm sistema radical axial muito pronunciado, com poucas raízes laterais, o que indica a necessidade de poda da raiz. Considerando-se o uso histórico de sua madeira, suas múltiplas aplicações e sua extraordinária durabilidade, pode ser considerada como uma das madeiras mais valiosas da Região Sul. Entretanto, a falta de produção e propagação de mudas e de florestamentos com nativas com fins econômicos e sua baixa densidade não permite, atualmente, uma maior exploração como espécie madeireira. Algumas empresas de comercialização de madeiras brasileiras incluem a grápia entre as dez principais madeiras ornamentais, sendo retirada, quase que exclusivamente, das matas do norte do Brasil, pela ausência do recurso no restante do País. Outro aspecto destacado é o grande potencial para reflorestamento em larga escala, principalmente nas matas ciliares, em sua região de distribuição original, com ênfase especial nas Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais.
Grings, M.; Brack, P. <em>Apuleia leiocarpa</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 410-413.
Trifolium polymorphum Trifolium polymorphum Poir. Trevo
Ervas estoloníferas, com até 40cm de comprimento; com raízes napiformes, tuberosas. Folhas pecioladas, digitado-trifolioladas, folíolos obcordados iguais entre si, bordo denticulado no terço superior, nervura principal evidente; estípulas lanceoladas, semi-soldadas na base do pecíolo. Corimbos com 10 - 40 flores, flores aéreas brancas, rosadas a vermelhas, pediceladas, com corola persistente após a fecundação. Legumes ovoides a elípticos, com 2 - 5 sementes, com cálice e estilete persistentes; sementes cordiformes, castanho-claras; flores subterrâneas cleistógamas, localizadas nos nós onde não se formam flores aéreas. Frutos ovoides, com cálice e corola persistentes.
Apesar de ser pastejada pelo gado, inclusive o ovino, consegue manter-se graças à abundante produção de sementes hipógeas. Prefere os campos com estrato baixo e desaparece nos campos altos, não pastejados. No Rio Grande do Sul, é muito frequente nos campos da metade sul do Estado. Não produz muita massa verde, porém, é de grande importância, pois surge no inverno quando os campos nativos estão com o crescimento limitado. Embora seja considerada uma forrageira de escassa produtividade, apresenta muito boa qualidade e palatabilidade, com valores de 15,2% de proteína e conteúdo de fósforo de 0,18%, obtidos de plantas em estádio de floração. Suporta pastoreio intenso, com aumentos de massa interessantes no fim do verão, ao contrário, quando a disponibilidade aumenta, sua presença diminui acentuadamente. Floresce abundantemente em outubro-novembro e, em anos úmidos, inclusive em dezembro, em campos naturais, especialmente se estes receberam adubação fosfatada e não estão com sobrecarga de ovinos. É a leguminosa nativa hibernal que melhor responde às fertilizações com fósforo. Os longos pedúnculos, elevados sobre as folhas, permitem uma colheita fácil de sementes, evitando danos na massa verde (Kappel, 1967; Fernández et al. 1988; Coll & Zarza, 1992; Izaguirre, 1995; Izaguirre & Beyhaut, 1998). Ciclo: Espécie perene, de ciclo hibernal. De acordo com Lange (2001), no Rio Grande do Sul, geralmente é anual e, às vezes, bienal, porém, nas demais regiões da “estepe pampeana” a espécie tem ciclo de vida perene. Segundo Rosengurtt (1943), vegeta de março a dezembro, secando a parte aérea no verão. Floração e frutificação: Segundo Izaguirre & Beyhaut (1998), floresce e frutifica abundantemente no fim da primavera nos meses de novembro e dezembro, a seguir apresenta sementes maduras. Geralmente, as sementes das flores cleistógamas subterrâneas amadurecem mais tardiamente que as das Flores aéreas. Apresenta flores subterrâneas e aéreas: as primeiras formam-se a partir de gemas basais e são cleistógamas e as segundas a partir de gemas axilares e são alógamas, polinizadas por insetos (Zohary & Heller, 1984; Coll & Zarza, 1992; Izaguirre, 1995). Segundo Zohary & Heller (1984), T. polymorphum é a única espécie do gênero que apresenta anficarpia, ou seja, produz frutos aéreos e subterrâneos. De acordo com Coll & Zarza (1992), as sementes subterrâneas estão ligeiramente enterradas no solo, fator que facilita sua germinação e reduz as perdas do consumo pelo gado e também por insetos. A produção de sementes através de autofecundação e de fecundação cruzada é vantajosa em trabalhos de melhoramento genético destinado à criação de variedades. As sementes resultantes dos frutos aéreos e dos subterrâneos, bem como as raízes tuberosas, constituem importantes elementos para aumentar a persistência da espécie.
Miotto, S. T. S. <em>Trifolium polymorphum</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 390-393.
Trifolium riograndense Trifolium riograndense Burkart Trevo
Ervas estoloníferas, ramos com 30 - 50cm de comprimento. Folhas longo-pecioladas, digitado-trifolioladas, folíolos obcordados, iguais entre si, bordo serrilhado lateralmente, nervura principal evidente, com 18-20 X 45mm; estípulas lanceoladas, semi-soldadas na base do pecíolo. Corimbo com 20 a 40 flores, compacto, pedicelos florais curtos, flores vermelhas a rosadas, com corola persistente após a fecundação. Folículos com 1 - 3 sementes; sementes cordiformes, com 1,0 - 1,3mm de comprimento, amarelo-claras a esverdeadas.
É uma importante forrageira, digna de ser propagada. Segundo Kappel (1967), vegeta bem no inverno e, graças a seus estolões suporta bem o pisoteio e mereceria estudos de melhoramento, uma vez que se adapta a solos com elevada acidez. Encontra-se consorciada com o campo nativo e é muito apetecível pelo gado. Ciclo: Espécie perene, hibernal. Floração e frutificação: Floresce de agosto a novembro.
Miotto, S. T. S. <em>Trifolium riograndense</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 394-395.
Parapiptadenia rigida Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan
De acordo com Burkart (1979) e Backes & Irgang (2002), a espécie pode alcançar até 35 metros de altura e apresenta tronco de 40 a 120cm de diâmetro, levemente inclinado e com base reforçada por raízes tabulares. A ramificação é dicotômica irregular ou simpodial, formando copa corimbiforme alta e ampla. A casca apresenta leves fissuras, que se desprendem em placas, mas permanecem parcialmente aderidas pela parte superior. As folhas são compostas paripinadas, alternas, com três a nove pares de pinas opostas; os folíolos são sésseis, com 10mm de comprimento e 2mm de largura, de formato linear-falcados e com nervura principal submarginal; o pecíolo tem entre 2 e 4cm de comprimento, com glândula peciolar grossa, séssil, alongada e uma ou duas glândulas menores, redondas, entre os pares apicais. As inflorescências são do tipo espiga, com 4 a 10cm de comprimento, sobre pedúnculos de 1cm, com numerosas flores hermafroditas, de coloração verde-amarelada e com comprimento de 2 a 5mm. O fruto é do tipo legume, seco deiscente com abertura central por fenda, membranáceo-coriáceo, plano, apresentando a ponta acuminada. Cada fruto contém de três a 12 sementes, lisas, brilhantes, comprimidas lateralmente, planas, medindo 7 a 13mm de comprimento e 13 a 15mm de largura, geralmente com um pequeno funículo aderente de 2 a 5mm de comprimento, circundadas por estreita ala membranácea que se rompe com facilidade, deixando transparecer o embrião (Burkart, 1979).
De acordo com Burkart (1979), a espécie floresce de outubro a março no Paraná, de outubro a janeiro no Rio Grande do Sul, de novembro a dezembro em Santa Catarina e de fevereiro a março em Minas Gerais e em São Paulo. A floração é intensa e anual. As flores são bastante procuradas por abelhas africanizadas, como comprovado por Salomé (2002) e Salomé & Ort (2004). Frutifica de março a setembro no Paraná, de maio a julho no Rio Grande do Sul, de maio a agosto em Santa Catarina, de junho a novembro, em São Paulo e de outubro a novembro em Minas Gerais. A espécie propaga-se por sementes. Segundo Lorenzi (2000) e Backes & Irgang (2002), os frutos devem ser coletados diretamente da árvore quando iniciarem a abertura, aguardando a sua completa abertura em pleno sol. As sementes apresentam viabilidade superior a três meses. Logo após a secagem completa das sementes, é aconselhável semeadura a pleno sol em canteiros ou diretamente em recipientes individuais com substrato organo-argiloso. O poder germinativo das sementes é alto, em média 70%, podendo chegar a 100%. As mudas desta espécie atingem porte adequado para o plantio cerca de cinco meses após a semeadura. A gurucaia tem tendência a entortar-se e a ramificar-se. Aconselha-se, na fase inicial do plantio, colocar um tutor, geralmente taquara de 2m de altura, para a muda ficar ereta. A espécie necessita de poda para condução do ramo principal e dos galhos, frequente e periódica. Pode ser semeada diretamente em local definitivo de plantio. O espaçamento inicial deve ser estreito (3m x 0,7m) com posterior raleio. O crescimento desta espécie varia de lento a moderado. Dentre as pragas que atacam a gurucaia, destacam-se cerambicídeos serradores e coleópteros que atacam frutos (Link et al., 1984, 1988). Dentre as doenças, destacam-se o damping-off, doença fúngica que ataca o colo da planta, levando-a a morte na fase de viveiro. Quando em maciços quase puros, é muitas vezes atacada por fungos e brocas-de-raízes, o que provoca a morte em reboleiras, sobrando poucos exemplares ou exemplares ocos.
Borgo, M.; Petean, M. P.; Hoffmannn, P. M. <em>Parapiptadenia rigida</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 503-506.
Schizolobium parahyba Schizolobium parahyba (Vell.) Blake
Segundo Reitz et al. (1983), o guapuruvu é árvore decidual que alcança entre 20 e 30 metros de altura e até 80cm de diâmetro. O seu tronco é reto, alto e cilíndrico. A casca é quase lisa, com cicatrizes das folhas. As folhas são alternas, compostas bipinadas, com até 1m de comprimento. Os folíolos são opostos, elípticos, com estípulas que caem com o tempo e têm de 2 a 3cm de comprimento por 7 a 10mm de largura. As inflorescências são cachos terminais, com 20 a 30cm de comprimento. As flores são grandes, vistosas, com pedicelos de até 15mm. As pétalas são orbiculares, amarelas, pilosas, com longa unha. O fruto é do tipo legume, obovado, coriáceo, pardo-escuro, com 10 a 15cm de comprimento. A semente única elíptica, brilhante e muito dura, é protegida por endocarpo papiráceo.
Floresce a partir do final de agosto, geralmente em novembro e dezembro, com a árvore quase totalmente despida de folhagem, cobrindo-se com tonalidade suave de amarelo. Os frutos amadurecem de abril a outubro (Backes & Irgang, 2003). Segundo Backes & Irgang (2003) e Souza & Valio (2001), a obtenção de sementes é feita após a queda natural dos frutos. Faz-se necessária a escarificação da semente ferindo levemente a cutícula dura e pouco permeável ou usando-se uma lixa e rompendo o tegumento na parte posterior. Este tratamento, apesar de trabalhoso, é o que oferece maior índice de germinação e deve ser usado quando existe pequena disponibilidade de sementes. Outra opção é tratar as sementes com ácido sulfúrico concentrado durante uma hora ou ainda efetuar imersão das mesmas em água fervente, deixando-as na água durante 24 horas. A semeadura pode ser realizada em recipientes individuais após a escarificação. A germinação ocorre entre cinco e 35 dias. A repicagem deve ser efetuada quando as plântulas alcançarem 4 a 7cm de altura e o plantio definitivo deve ser feito a partir dos dois meses.
Borgo, M.; Petean, M. P.; Hoffmannn, P. M. <em>Schizolobium parahyba</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 516-518.
Calliandra tweedii Calliandra tweedii Benth.
Subarbustos ou arbustos terrícolas, às vezes rupícolas ou aquáticos, prostrados ou eretos, bastante ramificados, ou até arvoretas, (0,1)1-7m de altura, até 15 20cm de diâmetro à altura do peito (DAP), perenifólios, madeira muito dura. Folhas alternas, bicompostas, bipinadas, 3-6(-10) pares de folíolos opostos; folíolo 3-9 x 0,8-2,0cm, subdividido em 20-40(-70) pares de folíolos; folíolos 5 9 x 1-2mm, assimétricos, pouco pubescentes (às vezes só com as margens ciliadas), discolores, verde-escuros e lustrosos no epifilo, subcoriáceos; pecíolo, raque, peciólulo e ráquila pilosos; estípulas caducas, oval-lanceoladas, 10-12 x 1,5-3,0mm, glabras ou pilosas. Densas inflorescências axilares com quinze a 25 flores aglomeradas, pseudo-espigas capituliformes (“capítulos pedunculados” ou “umbélulas” senso Burkart, 1952:110), vistosas devido aos estames vermelhos, melitofílicas ou ornitofílicas; pedúnculos isolados, pubescentes, 4-7cm de comprimento. Flores com pequeno pedicelo (1,5-3,0mm de comprimento), pentâmeras, monóclinas (hermafroditas), diclamídeas, perianto em geral piloso externamente (hipofilo), gamossépalas e gamopétalas, polistêmones, hipóginas. Cálice esverdeado, 2-5mm de comprimento, metade basal unida e metade apical livre, nervuras bem salientes. Corola creme-esverdeada, campanulada, 6 8(10)mm de comprimento, metade basal unida e metade apical livre, pilosidade densa e concentrada nos lobos com pelos longos, e bem mais curtos e esparsos no tubo da corola. Estames numerosos, em forma de pluma, vermelhos, 3,5 4,0(6,0) cm de comprimento; filetes ornamentais, unidos na base (que fica inclusa dentro do perianto), bem mais longos que a corola; anteras pequenas. Ovário súpero, unicarpelar, unilocular, quatro a oito óvulos, placentação parietal; estilete filiforme, confundível com os filetes; estigma pequeno. Legume ereto, quase linear, reto, lenhoso, densamente piloso (ao contrário do descrito por Groth & Andrade, 2002), estreitado na base, comprimido, com deiscência elástica e explosiva, valvas curvando-se desde o ápice até a base, 4,0-1,0 x 0,5-1,4 centímetros. Sementes poucas (em geral 2-6), sem endosperma, ovais, 7-9 x 3 4mm, duras, em posição oblíqua, com funículo curto e castanho, linha fissural em forma de ampla ferradura, hilo apical na extremidade da ponta radicular. Descrição adaptada de Burkart (1952:109-11, 1979:100-2).O gênero engloba 160 (Burkart, 1979) a 200 espécies, concentradas nos trópicos americanos, na Índia e em Madagascar. Várias são cultivadas como ornamentais e outras usadas como lenha ou como restauradoras da fertilidade do solo (Mabberley, 1993). O nome do gênero (“estames bonitos”) consagra a beleza dos estames. Duas outras espécies são nativas do sul do Brasil: <em>C. selloi</em> e <em>C. foliolosa </em>(Rambo, 1966; Burkart, 1979), ambas também com uso atual ou potencial ornamental. Burkart (1979) reconhece <em>C. tweediei</em> var. <em>sancti-pauli</em> (Hasskarl) Bentham, que se distribui de São Paulo a Santa Catarina (ele não a cita para o Rio Grande do Sul, mas é difícil que ela não ocorra lá) e é exclusiva da bacia dos rios Paraná e Uruguai, tendo folhas maiores que as da variedade típica, sendo esta bem mais comum. A família possui mais de 230 espécies nativas no Rio Grande do Sul, das quais quase um terço (69) pertence à subfamília Mimosoideae (Rambo, 1966); Burkart (1979) descreve 100 espécies desta subfamília para Santa Catarina, das quais 75 são nativas. Nas últimas décadas, estes números foram ampliados, em virtude da descrição de várias espécies novas de <em>Mimosa </em>(gênero que abrange mais da metade das espécies dessa subfamília), inclusive algumas endêmicas da região.
Falkenberg, D.B. <em>Calliandra tweedii</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 740-743.
Copaifera trapezifolia Copaifera trapezifolia Hayne
Árvore perenifoliada com 25 a 35 metros de altura com até um metro de diâmetro à altura do peito (DAP). Apresenta-se como uma árvore de copa larga, arredondada, densa, com folhagem verde escura intensa, folhas alternas, paripinadas, compostas com cinco a nove jugos, medindo até 7cm de comprimento; folíolos com 0,5 a 1,5cm de comprimento e glandulosos. Suas flores são brancas, pequenas, reunidas em racemos ou panículas axilares multifloras, florescendo de fevereiro a março, e frutifica de julho a novembro. O fruto da copaíba é um legume seco (Reitz et al., 1978; Carvalho, 2003; Bortoluzzi et al., 2006).
Conforme Carvalho (2003), a espécie pode ser classificada no grupo sucessional clímax, ocupando o estágio sucessional como co-dominante do estrato da floresta madura, apresentando boa regeneração natural em vários estratos. Em seu habitat natural, pode ser caracterizada como espécie característica e exclusiva da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), nas formações Baixo Montana, Submontana e Montana. A densidade do pau-óleo depende do tipo de floresta. Em Santa Catarina, podem ser encontradas de 10 a 15 árvores por hectare (Reitz et al., 1978). O pau-óleo possui hábito de crescimento monopodial. Apresenta boa capacidade de rebrota em forma de touceiras após o corte. Dentre os métodos utilizados para a produção, o plantio puro a pleno sol do pau-óleo é inadequado devido às suas exigências ecológicas. Recomenda-se plantio misto associado com espécies heliófitas de rápido crescimento ou em faixas abertas na vegetação matriarcal e plantadas em linhas (Carvalho, 2003).
Siminski, A. <em>Copaifera trapezifolia</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 586-591.
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