nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410

57 Número de táxons

57 Espécies Distintas

Refinar resultados

thumbnail species image
Arachis stenosperma
Arachis stenosperma Krapov. & W.C.Greg.
Manduvirana
 
thumbnail species image
Arachis glabrata
Arachis glabrata Benth.
Amendoim Do Campo Baixo
 
thumbnail species image
Arachis pintoi
Arachis pintoi Krapov. & W.C.Greg.
 
thumbnail species image
Ateleia glazioveana
Ateleia glazioveana Baill.
 
thumbnail species image
Bauhinia forficata
Bauhinia forficata Link
 
thumbnail species image
Calopogonium caeruleum
Calopogonium caeruleum (Benth.) C.Wright
 
thumbnail species image
Centrosema macrocarpum
Centrosema macrocarpum Benth.
 
thumbnail species image
Chamaecrista rotundifolia
Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene
 
thumbnail species image
Cratylia argentea
Cratylia argentea (Desv.) Kuntze
Mucunã-De-Prata
 
thumbnail species image
Copaifera langsdorffii
Copaifera langsdorffii Desf.
Copaíba
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Arachis stenosperma Arachis stenosperma Krapov. & W.C.Greg. Manduvirana
Mostra raiz axonomórfica, com ramificações delgadas e porção hipocotilar com pequenas raízes adventícias. Eixo central ereto, com ramificações vegetativas basais; entrenós basais castanhos nas partes expostas à luz, com pêlos sedosos até o ápice do eixo coberto pelas estípulas. Ramos secundários procumbentes; entrenós castanhos com pêlos sedosos. Folhas quadrifolioladas, com estípulas com pêlos sedosos no dorso e glabras no ventre da porção soldada, margem ciliada. Pecíolo canaliculado, dorso e margem do canal com pêlos longos e sedosos, canal glabro ou com alguns pêlos muito curtos. Folíolos oblongo-lanceolados, mais ou menos agudos no eixo central, oblongos a ovados com ápice arredondado nos ramos laterais; epifilo glabro, hipofilo glabro, alguns pêlos sedosos sobre a nervura média, margem não espessa, com pêlos sedosos e escassas cerdas intercaladas. Espigas axilares com eixo muito curto coberto pelas estípulas. Flores protegidas por brácteas. Hipanto com pêlos sedosos. Cálice bilabiado com pêlos sedosos, longos e com algumas cerdas; lábio mais largo tridentado, lábio estreito subfalcado. Estandarte suborbicular amarelo ou laranja com tênues linhas vermelhas na superfície superior; asas amarelas e duas pétalas soldadas, formando a quilha, amarela, que envolve os órgãos reprodutores. Oito anteras dimorfas, 4 grandes, oblongas, basifixas, 4 pequenas, esféricas, dorsifixas, e 1 estaminódio. Fruto biarticulado, com bico da vagem pronunciado, pericarpo papiráceo, epicarpo liso ou com retículo tênue, viloso, com pêlos muito pequenos. Sementes cilíndricas, ápice agudo ligeiramente curvado, tegumento rosado (Krapovickas; Gregory, 1994, com ajustes em função da variação encontrada em populações ainda não conhecidas por ocasião da publicação de 1994).
A espécie comporta-se a campo como anual, monocárpica, podendo ser mantida viva por mais de um ciclo sob condições controladas, sem estresses abióticos. Tolera sol pleno, mas também sombreamento. Das espécies da secção Arachis ocorrentes no Centro-Oeste, é a que alcança áreas mais meridionais de ocorrência, chegando à praia de Caiobá, município de Matinhos, no Paraná. Germina com vigor e rapidez.
Valls, J.F.M.; Custodio, A.R. <em>Arachis stenosperma</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 473-479.
Arachis glabrata Arachis glabrata Benth. Amendoim Do Campo Baixo
Planta perene, formando denso tapete de rizomas, principalmente na superfície, 5-7cm do solo, com 3-5 (até 10mm) de diâmetro. Caule ereto a decumbente, não ramificado, 2-3mm de diâmetro, 5-35cm de comprimento, surgindo da coroa e dos rizomas. Folhas tetrafolioladas, glabras a esparsamente pubescentes, raramente com pubescência densa. Flores axilares sésseis, contendo o ovário na base de um longo hipanto; estandarte mais ou menos orbicular; 15-25mm de largura, laranja suave a laranja brilhante, raramente amarelo, sem nervuras vermelhas por trás. Produção de frutos geocárpica, mas usualmente rara.
Montenegro, J.F.; Coradin, L. <em>Arachis glabrata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 456-460.
Arachis pintoi Arachis pintoi Krapov. & W.C.Greg.
<em>Arachis pintoi </em>se refere a uma leguminosa herbácea, perene, de crescimento rasteiro e estolonífero, com uma altura entre 20-40cm, raiz axonomorfa, sem engrossamentos. O ramo central é ereto. De sua base partem ramos rasteiros, radicantes nos nós, cilíndricos, angulosos e com entrenós ocos. As folhas são alternas, compostas, com quatro folíolos obovados (até 50mm de comprimento x 32mm de largura), de cor verde-clara a escura. Estípula com a porção basal soldada ao pecíolo, medindo 10–15mm de comprimento x 3mm de largura e a porção livre medindo 10–12mm de comprimento x 2,5mm de largura na base (Castro et al., 2002). Apresenta floração indeterminada e contínua. As espigas são axilares, com quatro a cinco flores, esparsas, cobertas pela porção soldada da estípula. As flores são sésseis, protegidas por duas brácteas. O hipâncio é bem desenvolvido, podendo alcançar 10cm de comprimento, com pelos sedosos. A corola é amarela no exemplar típico, podendo ser encontrado na natureza, ainda que raro, plantas com flores brancas (Figura 2B). Estandarte com 11mm de comprimento x 13mm de largura, com nervuras amarelas, alas com 8mm de comprimento x 6mm de largura, quilha 6–7mm de comprimento, 4 anteras oblongas, basifixas e 4 anteras esféricas, dorsifixas e 2 estaminódios, sendo considerada uma espécie preferencialmente autógama (Krapovickas; Gregory, 1994).
Na Colômbia, Rocha et al. (1985) mencionam que a floração é contínua, sendo interrompida somente por curtos períodos durante situações de estresse ou de inverno rigoroso. Peñaloza (1995) relata que a curva de florescimento de 14 acessos, em Planaltina, DF, mostra que a intensidade máxima de florescimento ocorreu entre novembro e dezembro e está, para alguns acessos, associada à precipitação pluviométrica e temperatura do ar. A espécie apresenta boa adaptação e persistência. Sua persistência se deve, principalmente, ao hábito de crescimento estolonífero e à reserva de sementes no solo, que permitem o desenvolvimento de plantas vigorosas na época das chuvas (Rocha et al., 1985). Sua tolerância à seca é mediana, apresentando alto percentual de desfolhamento. Porém, no início do período chuvoso, recupera-se rapidamente. Apresenta frequentemente entrenós curtos e nós fortemente enraizados, o que lhe confere persistência, mesmo quando submetido a condições de pastejo intenso e contínuo (Peres, 2004). O amplo espectro de adaptação é confirmado pelo acesso GKP 12787, oriundo da Mata Higrófila do Sul da Bahia, que, no Sul do Brasil, após exposição a baixas temperaturas, mostrou um bom vigor de rebrote (Dame et al., 1999). Os resultados obtidos na região do Distrito Federal, com precipitação anual de, aproximadamente, 1.500mm, mostraram que o A. pintoi mantém forragem verde durante toda a estação seca, quando estabelecido em áreas de várzea, onde o lençol freático se situa entre 60 a 120cm abaixo da superfície do solo. Em áreas bem drenadas, sobrevive na estação seca, embora seja observada severa perda de folhas. Avaliações efetuadas no sul do país indicaram que, apesar de perder as folhas e ter o crescimento paralisado, A. pintoi tolera severas geadas e rebrota vigorosamente com o aumento da temperatura durante a primavera (Silva, 2004). Embora se desenvolva melhor em climas com boa distribuição de chuvas, esta espécie pode sobreviver a períodos de seca superiores a quatro meses e a geadas em regiões subtropicais (Valentim et al., 2001). Nas condições do cerrado brasileiro, A. pintoi tem sobrevivido bem a períodos de seca, apesar da perda de parte de suas folhas, de modo a reduzir as perdas por transpiração (Peres, 2004). Arachis pintoi apresenta ainda como características, o fechamento e aumento da espessura das folhas, longos períodos de frutificação e sistemas radiculares profundos, que contribuem para aumentar a sua resistência a períodos de seca. Vale ressaltar, entretanto, que o estresse decorrente da seca causa perda de folhas e reduz a relação folha/caule. A seca prolongada ocasiona a morte das folhas e de parte dos estolões, mas as plantas geralmente se recuperam com rapidez com o início do período chuvoso. Ademais, a espécie apresenta boa adaptação a solos ácidos, de baixa a média fertilidade, baixa exigência de fósforo, sendo, no entanto, eficiente na absorção, quando o solo apresenta níveis baixos deste elemento (Valentim et al., 2001). Os resultados das pesquisas com A. pintoi como opção forrageira produziram seu primeiro lançamento comercial, a cv. Amarillo, na Austrália em 1989-1990 (Paganella, 2001). Esta cultivar tem origem no material coletado por Geraldo Pinto, em 1954, na Bahia. O lançamento da cv. Amarillo, apesar do sucesso comercial obtido, não segue a formalidade habitual deste processo, uma vez que a espécie só foi formalmente descrita, portanto passando a dispor de um nome válido, em 1994 (Krapovickas; Gregory, 1994). Este mesmo acesso foi liberado comercialmente na Colômbia, em 1992, com o nome de cv. Maní Forragero Perene e como cv. Pico Bonito, em Honduras, em 1994 (Silva, 2004). No Brasil, a Empresa de sementes Matsuda lançou, em 1996, a cultivar Amarillo MG100, que foi, posteriormente, registrado no MAPA sob número 01085, em 25 de novembro de 2001. Outras cultivares se referem à cv. Maní Forragero, liberada no Panamá, em 1997 e à cultivar Porvenir, liberada na Costa Rica, em 1998. No Brasil, foram lançadas as cultivares Alqueire-1, em 1998, e a cv. Belmonte (BRA 0311828), lançada pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em 1999. Ainda em 1999 foi lançada pela Embrapa a cultivar BRS Mandobi, obtida por meio de seleção massal. O trabalho foi realizado pela Embrapa Acre, a partir da rede de avaliação de acessos de amendoim forrageiro instalada em 1999. Esse material foi registrado em 2008 junto ao Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De um modo geral, essas cultivares apresentam florescimento indeterminado e contínuo, não dependendo do fotoperíodo para produção de sementes.
Valls, J.F.M.; Coradin, L. <em>Arachis pintoi</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 461-472.
Ateleia glazioveana Ateleia glazioveana Baill.
Árvore caducifólia, de 10 a 20 metros de altura, com diâmetro até 70cm, na altura do peito. O tronco é cilíndrico e o fuste é mais ou menos retilíneo. A ramificação é densa quando a árvore está isolada, formando copa cônica. A casca é rugosa, de cor marrom escura, quase negra, com fissuras irregulares, longitudinais. As folhas são compostas, alternas, imparipenadas, com 19 a 25 folíolos elíptico-lanceolados, de 4 a 7cm de comprimento e entre 1 e 2cm de largura. As flores são pequenas, brancas, dispostas em cachos axilares, de 10 a 15cm de comprimento, desabrochando entre primavera e verão. Fruto semicircular ou ovalado, achatado, indeiscente, de cor bege clara, de 3 a 4cm de diâmetro e 2,5 a 3,0cm de largura, com uma só semente, de cerca de 0,5cm de diâmetro. Floresce na primavera e frutifica no final do verão e início do outono (Backes & Irgang, 2002).
Espécie pioneira, ocorre em beira de matas e de áreas agrícolas abandonadas, em solos argilosos vermelhos, geralmente úmidos e profundos, porém, também pode ocorrer em solos rasos (Carvalho, 1994). Muitas vezes forma extensos agrupamentos, chamados de timbozais ou parques de timbós. De acordo com Rambo (2000), referindo-se que a espécie compõe a primeira fase do reflorestamento natural do campo, destaca “Uma vez preparado o solo, imigram as outras espécies da mata virgem, e o timbó desaparece. São raros os casos em que se encontra incluído em zonas de mato fechado, como se observa junto ao Salto do Mucunã, no Uruguai.”
Brack, P.; Grings, M. <em>Ateleia glazioveana</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 428-431.
Bauhinia forficata Bauhinia forficata Link
A árvore apresenta característica decidual, com altura variando de cinco a nove metros e com 10 a 20cm de diâmetro à altura do peito (DAP), podendo em alguns casos chegar até a 20 metros de altura e 30cm de DAP. O tronco apresenta-se geralmente tortuoso de casca cinzenta a castanho amarronzado, apresentando sulcos e aspecto ligeiramente estriado no sentido longitudinal. O fuste é curto, raramente atingindo cinco metros de comprimento (Backes & Irgang, 2002; Lorenzi, 2002; Carvalho, 2003). A espécie apresenta como características peculiares que favorecem sua identificação ramos jovens com dois acúleos (espinhos) como estípulas na base do pecíolo, flores exclusivamente na cor branca e o fato da folha ser bilobadas, com os lóbulos apresentando formato similar a uma pata de vaca (Carvalho, 2003; Bortoluzzi et al., 2006). As folhas são bilobadas, alternas, simples, coriáceas e podem se apresentar glabras ou levemente pubescentes na face dorsal, com em média 10cm de comprimento e 6cm de largura. Os ápices dos lobos são obtusos, arredondados ou agudos e a margem foliar é lisa, brilhante na face superior. A nervação é palmada, sendo constituída de nove a onze nervuras que curvam para o ápice (Arigony, 2005; Backes & Irgang, 2002; Bortoluzzi et al., 2006). A espécie apresenta sistema de reprodução predominante cruzado, apresenta antese noturna, sendo polinizada por morcegos. As flores são solitárias, hermafroditas, pentâmeras, de pétalas brancas, podendo chegar a até 10cm de comprimento, com florescimento de outubro a maio (Carvalho, 2003). O fruto é um legume (vagem), apresenta-se aplainado com até 25cm de comprimento e 2,5cm de largura, de coloração marrom escuro quando da maturação, composto por valvas lignificadas, abrindo-se em duas partes, com cinco a dez sementes. A frutificação se dá nos meses de abril a dezembro. As sementes apresentam formato ovalado, achatado, coloração castanho a preta e medem cerca de 1cm de comprimento (Arigony, 2005; Backes & Irgang, 2002; Carvalho, 2003). A dispersão de frutos e de sementes é autocórica; principalmente barocórica, apresentando deiscência explosiva (Carvalho, 2003). Bortoluzzi et al. (2006), baseando-se nos estudos de Fortunato (1986) e Vaz (2001), estabeleceram a seguinte chave para distinção das subespécies: 1. Botões florais cartáceos, delgados, sem espessamento subapical; coluna estaminal internamente pilosa; lobos das folhas com ápice agudo a acuminado: subespécie <em>forficata</em>. 2. Botões florais coriáceos, robustos, com espessamento subapical; coluna estaminal internamente glabra; lobos das folhas com ápice obtuso ou arredondado, raramente agudo: subespécie <em>pruinosa</em>.
A pata-de-vaca é uma espécie heliófila, considerada como pioneira a secundária inicial; sendo que esta característica favorece seu uso na recuperação de solos em áreas degradadas (Arigony, 2005; Backes & Irgang, 2002; Lorenzi, 2002; Carvalho, 2003). A espécie pode ser plantada a pleno sol, em plantio misto, e em vegetação matricial arbórea. Apresenta brotação vigorosa após corte e também a partir da raiz, à distância de mais de um metro da planta original. Seu crescimento é considerado moderado (Carvalho, 2003). Pelo seu hábito irregular, bastante bifurcada, com abundante ramificação, sem dominância apical definida ou desrama natural, necessita de poda para sua condução (Carvalho, 2003). Quanto ao cultivo da espécie, pragas como o Oncideres saga pode causar danos a galhos e folhas, sendo que as larvas desenvolvem-se nos caules e galhos serrados; e Gibbobruchus speculifer, família Bruchidae, cujas larvas broqueiam as sementes, causam danos consideráveis (Carvalho, 2003). A espécie ocorre em quase todos os tipos de solo, preferindo, entretanto, os profundos, permeáveis e de boa fertilidade química. Em plantios, apresenta crescimento satisfatório em solos com propriedades físicas adequadas, com textura variando de franca a argilosa e drenagem boa a regular; suporta período de encharcamento (Carvalho, 2003). Segundo Ramos et al. (2000), a espécie responde à adubação mineral na fase de muda com aumento de altura, diâmetro de colo e produção de matéria seca. Na fertilização inicial, o fósforo (P) foi o nutriente de maior resposta, seguido pelo nitrogênio (N) e potássio (K). Sendo que a aplicação conjunta dos nutrientes N e P aumentou o crescimento inicial das mudas, com incrementos acima de 400% de matéria seca da parte aérea.
Santos, K. L.; Siminski, A. <em>Bauhinia forficata</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 561-567.
Calopogonium caeruleum Calopogonium caeruleum (Benth.) C.Wright
Trepadeira volúvel, perene, caules de vários metros de comprimento, ramos novos pubérulos a seríceos e maduros lenhosos; enraízam nos nós em contato com o solo. Folhas trifolioladas, pecíolo de 3-16cm de comprimento; folíolos cartáceos a coriáceos, face superior verde pubérula a serícea, inferior cinza serícea a velutina, mais densa, com nervura marginal, o terminal 5,7-8,1×3,2-3,5cm, elíptico-romboidal, ápice obtuso, os laterais oblíquos, assimétricos, 4,2-9,2×2,7-4,7cm; estípulas subuladas, caducas. Inflorescência axilar ou terminal, racemo alongado, 8-50cm de comprimento, com nodosidades, muitas flores agrupadas em 2-3; cálice 3-5mm, 5-lobado, seríceo a glabrescente, lacínias atropurpúreas; corola azul ou violeta, 1cm de comprimento, campanulada, glabra; 10 estames; ovário séssil, cerca de 10 óvulos. Legume coriáceo, deiscente, seríceo a glabrescente, com tricomas adpressos, canescentes, linear-oblongo, 4-8x0,7-0,8cm, reto ou curvado, compresso, margens onduladas, sulcado entre as 4-8 sementes. Sementes 4-6x4x2mm, orbiculares ou oblongas, testa dura, lisa, de cor castanho brilhante, hilo lateral (Tropical Forages, 2016; Queiroz, 2009; 2016). Distingue-se pelo caule, cálice e fruto seríceos a glabrescentes, tricomas adpressos, canescentes; fruto 7-8mm de largura, margens onduladas (Queiroz, 2016).
Adapta-se a várias texturas, pH >4, e a solos pobres, mas responde bem a fósforo e calcário, o nível crítico de saturação de Al é 6,8% e o de P disponível é 7ppm. Cresce melhor em solos bem drenados, mas no Pantanal ocorre em áreas inundáveis. Adaptada aos trópicos úmidos com precipitação anual de 1.000-3.000mm, mas persiste sob >700mm. É mais tolerante à seca do que C. mucunoides e Pueraria phaseoloides (Tropical Forages, 2016). Prefere temperatura diurna entre 18-25ºC, nos limites de 10-32ºC, superando C. mucunoides em condições frias. Quanto à luminosidade, observa-se que a produtividade é constante sob 60-100% de luz, a exemplo do que é observado quando a espécie é cultivada sob plantações de coco (60-70%), podendo ser tolerante a mais sombreamento (Tropical Forages, 2016). C. caeruleum floresce na 1a estação chuvosa, com produção moderada de sementes até a estação seca (Tropical Forages, 2016). No Pantanal ocorre em áreas com incêndios periódicos, onde se regenera por rebrota basal e por semente, que é grande e gera uma plântula vigorosa. Espalha-se por estolhos, que enraízam nos nós. Tem potencial invasor, em culturas tropicais perenes, abafando espécies do sub-bosque, e em ambientes tropicais sazonalmente úmidos. A espécie é suscetível à alguns patógenos fúngicos, caso de Cercospora, antracnose e Rhizoctonia. As plantas toleram aplicações de Oxifluorfen (dano passageiro). Quando invasora, pode ser contida com o uso de metsulfuron + glifosato ou paraquat, que são eficazes por até 1 mês, ou Fosamin que controla a infestações por 2-3 meses, a depender do vigor das plantas (Tropical Forages, 2016).
Valls, J.F.M.; Santana, S.H. <em>Calopogonium caeruleum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 485-488.
Centrosema macrocarpum Centrosema macrocarpum Benth.
Leguminosa herbácea perene, de caules finos e crescimento volúvel. Folhas trifolioladas e inflorescência pluriflora, distribuídas em um racemo axilar com mais de 30 flores inseridas aos pares ao longo da ráquis. Cálice com tubo de 4-5mm de comprimento. Flores brancas. Vexilo externamente pubescente, de 3,0-4,5cm de comprimento e 3,0-6,0cm de largura. Fruto do tipo vagem, reto (Barbosa- -Fevereiro, 1977), deiscente, com até 30cm de comprimento e 1cm de largura, contendo aproximadamente 25 sementes oblongas a retangulares com dimensões médias de 5x3mm, de cor castanho-amarelada ou pretas, com manchas no tegumento. Cerca de 15 a 25 sementes pesam 1g (Cook et al., 2005). William e Clements (1990), após estudarem a afinidade das espécies do gênero <em>Centrosema</em> com base em descritores morfológicos, indicaram que <em>C. macrocarpum<em> está bastante próxima e com grande afinidade às espécies<em> C. acutifolium</em>,<em> C. grandiflorum</em> (especialmente), <em>C. grazielae </em>e <em>C. pubescens</em>. Vale registrar que nessa relação estão sendo consideradas apenas as espécies reconhecidas na Flora do Brasil.
C. macrocarpum é bem adaptada a solos ácidos ou muito ácidos e de baixa fertilidade. Trata- -se de uma espécie que apresenta boa tolerância à seca e elevado valor nutritivo. Ademais, mostra-se um pouco mais tolerante às principais doenças que atacam o gênero Centrosema (Tropical Forages, 2016). Após o estabelecimento a espécie tolera bem períodos de estiagem e pode permanecer verde por 3-4 meses durante a estação seca. É tolerante ao sombreamento moderado. Gramíneas como Andropogon gayanus e Panicum maximum podem ser consorciadas com C. macrocarpum. Associações bem-sucedidas têm sido obtidas com Brachiaria dictyoneura (Mannetje, 2016). Estudos mostraram que a taxa de crescimento na época seca foi de 2g/m2/30 dias, enquanto na época das águas foi de 81g/m2/30 dias. A concentração de minerais, principalmente fósforo, foi considerada abaixo dos níveis críticos estabelecidos para a espécie (Botrel et al., 1985). Acessos de C. macrocarpum produziram de 15 a 26t/ha de massa seca de forragem em Rondônia (Costa; Oliveira, 1993). Em Porto Rico, há registros de produtividade de forragem variando de 6,3 a 7,8t/ha. Estas grandes variações decorrem das diferenças de local, de genótipo e do manejo. É certo que em condições de competição com gramíneas, em consórcio, tanto a produtividade de forragem quanto a de sementes (fins de persistência) serão bem menores. Apesar de nativa, C. macrocarpum necessita de inoculação com Bradyrhizobium para efetiva nodulação e fixação simbiótica de nitrogênio. Acessos promissores da espécie apresentaram baixo desenvolvimento de nódulos quando as sementes foram inoculadas com estirpes selecionadas no Cerrado para outras espécies de Centrosema. Assim, realizou-se o isolamento de estirpes em plantas bem noduladas de C. macrocarpum visando ao uso na própria espécie e em seus híbridos interespecíficos com C. pubescens (Vargas et al., 1993). Há estirpe de Bradyrhizobium selecionada para o seu cultivo na Colômbia (Cook et al., 2005). No México, o comportamento de estirpes recomendadas foi pouco efetivo no crescimento das plantas de Centrosema macrocarpum cultivadas em vasos, tendo sido bastante influenciado pelo solo/ substrato de cultivo (Gutierrez, 1997). No que diz respeito às características genéticas, Novaes e Penteado (1993) verificaram que o número cromossômico é 2n=22 cromossomos. Apresenta capacidade de cruzamento com C. pubescens, a qual foi explorada visando aliar características agronômicas e forrageiras de interesse, em especial a sua adaptação a solos ácidos.
Coradin, L.; Ramos, A.K.B. <em>Centrosema macrocarpum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 498-504.
Chamaecrista rotundifolia Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene
Erva sublenhosa a subarbusto, perene de vida curta ou anual, prostrado ou semiereto, apoiante sobre outras plantas, de 0,3-1,1m de altura, com raiz pivotante engrossada, da qual irradiam caules pubescentes a subglabros. Folhas bifolioladas; estípulas lanceolado-cordadas frequentemente assimétricas, 6-14,4×2,3- 6,4mm; pecíolos 3-30mm de comprimento, pubescentes; folíolos cartáceos, glabrescentes a esparsamente pubescentes, concolores, assimétricos subrotundos a largo-obovados, arredondados no ápice, 10-38x5-25mm, com uma nervura principal. Botões avermelhados, ovoides, acuminados. Flores 1-2(-3) axilares, 5-7mm de diâmetro (var. <em>rotundifolia</em>) ou 13-20mm de diâmetro. (var. <em>grandiflora</em>); bractéolas lineares, 2-3,5mm; pedicelo filiforme, 1,4-7,8cm, pubescente; sépalas lanceoladas, acuminadas, geralmente ciliadas, 2,5- 5mm de comprimento; pétalas amarelas, subiguais, obovadas, 4-8×1,5-5,5mm, glabras, sésseis; 5 estames férteis 4-5,5mm, iguais ou algo desiguais, 2 estaminódios 2,2-2,5mm, filetes alternadamente curtos ou mais longos; anteras linear-oblongas, até 2mm de comprimento, glabras, deiscentes por poros terminais pareados; ovário pubescente. Vagem papirácea, linear, 25-45(-60)x 2.5-5.0mm, chata, castanho escura quando madura, elasticamente deiscente; 9-17 sementes obliquamente transversas. Sementes retangulares, achatadas, 2-3mm de comprimento; 200.000-470.000 sementes/kg (Woodson; Schery, 1951; Adams, 1972; Queiroz 2009; Scalon et al., 2016; Tropical Forages, 2016). A cv. Wynn (da Austrália), prostrada, tem folíolos de 15-22mm de largura, vagens 38-40mm de comprimento e sementes pequenas (253.000/kg) (Tropical Forages, 2016).
Adapta-se bem a vários tipos de solos, sejam arenosos, ácidos e pobres, também argilosos bem drenados. A maioria dos acessos é de solos ácidos, alguns neutros ou levemente ácidos, e os do Brasil toleram elevada saturação de alumínio (Al). Responde a aplicações de fósforo (P) e enxofre (S). Para produção de sementes, nas condições da Austrália, tem sido recomendado a aplicação de 250 kg/ha de superfosfato com molibdênio e 100 kg/ha de cloreto de potássio (KCl) no plantio, e metade disso por ano (FAO, 2016; Tropical Forages, 2016). Quanto às condições climáticas, a espécie ocorre sob precipitação anual de 400- 3.700mm, mais na faixa de 800-1.500mm, sendo perene sob >900mm. Linhagens precoces crescem com 500-600mm. Tolerante à seca, quando a planta forma rosetas sob pastejo pesado, mas as folhas se tornam vermelhas e caem em plantas não pastejadasdas. Adapta-se a solos arenosos nos semiáridos da África (FAO, 2016; Tropical Forages, 2016). A cv. Wynn não tolera inundação, não forma raízes adventícias, perde os nódulos e morre em 7-10 dias (Whiteman et al., 1984; FAO, 2016). Cresce na estação quente; sob geadas fortes comporta-se como anual, salvo acessos do Sul (Paraguai e Argentina). Desenvolve-se bem sob sol pleno ou sombra moderada. O hábito de crescimento é indeterminado, continua após início da floração (FAO, 2016). A cv. Wynn floresce cedo e continua por longo período. Há forte relação entre a latitude de origem e floração, crescimento e porte: acessos de baixas latitudes tendem a ter florada tardia e maior porte; as de latitudes mais altas são mais precoces e de porte menor (Tropical Forages, 2016). A cv. Wynn, prostrada, tem rendimentos anuais de >7.000kg/MS/ ha, sendo tolerante a pastejo pesado, exceto plantas altas, porém se regenera por semente. Deve-se evitar domínio de gramíneas e invasoras vigorosas (FAO, 2016). A maior regeneração vem de sementes, mas algumas plantas persistem (Tropical Forages, 2016) após queimadas, rebrotando da base subterrânea engrossada, ou pequeno xilopódio. Para que haja produção de sementes é necessário um bom preparo de solo e semeadura de 4 a 5kg/ha, mas a cv. Wynn pode se estabelecer e se dispersar em pastagens nativas de Heteropogon contortus, com preparo mínimo. A sobrevivência de plântulas no semiárido do Sudeste de Queensland é inferior à de Stylosanthes spp., mas floresce e sementa no primeiro ano (FAO, 2016). Tem compatibilidade com gramíneas cespitosas nativas e gramíneas prostradas mais abertas, cujo nível de proteína melhora, mas pode tornar-se dominante se o gado se concentrar em gramíneas mais palatáveis e outras leguminosas (Tropical Forages, 2016). Não há muitos insetos ou moléstias fúngicas que afetam o cultivo desta espécie nas condições da Austrália, mas, sob mais chuva, na América do Sul e Central há antracnose (Colletotrichum spp.), mancha-da-folha (Phomopsis spp.) e queima-da-folha (Rhizoctonia solani); é hospedeira do vírus do mosaico-da-alfafa (Tropical Forages). Dispersa-se naturalmente por meio de grande produção de sementes, o que é rápido em solos adequados, mesmo sob pastejo pesado. Reservas de sementes no solo atingem 1.000-1.200 sementes/m^^2^^ (Tropical Forages, 2016). A grande produção de sementes e a baixa aceitação sazonal sugerem algum potencial invasor. O estabelecimento e a dispersão são rápidos; Tem baixa exigência em fertilidade, além de adaptada a solos ácidos e alcançar alto rendimento de sementes. Tem como limitações baixa palatabilidade, a baixa tolerância à seca quando não pastada, além de suscetibilidade à antracnose nas savanas sul-americanas (Tropical Forages, 2016).
Pott, A. <em>Chamaecrista rotundifolia</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 513-516.
Cratylia argentea Cratylia argentea (Desv.) Kuntze Mucunã-De-Prata
O gênero <em>Cratylia</em> pertence à família Fabaceae, tribo Phaseoleae, subtribo Diocleinae. <em>C. argentea</em> cresce na forma de arbusto, com 1,5 a 3,0 metros de altura, ou na forma de lianas volúveis. As folhas são trifolioladas e estipuladas, com folíolos membranáceos ou coriáceos, com as duas laterais ligeiramente assimétricas; a inflorescência se refere a um pseudo-rácemo nodoso, com 6 a 9 flores por nodosidade; as flores variam em tamanho, de 1,5 a 3,0cm, com pétalas de cor lilás. O fruto é um legume. Quando maduro o fruto é rígido e abre-se naturalmente (deiscente). Contém de 4 a 8 sementes em forma lenticular, circular ou elíptica, de cor marrom-claro ou marrom-escuro ou quase totalmente preta.
A base do germoplasma avaliado até o presente momento tem sido originada do Brasil, a partir de coletas realizadas desde 1984 em uma variedade de locais contrastantes. Posteriormente, coletas mais recentes efetuadas no Brasil ampliaram a base genética desta espécie (Pizarro, 2002). Os acessos de C. argentea têm características morfológicas semelhantes e mostraram boa adaptação a uma ampla variedade de climas e solos, em particular a solos pobres e ácidos, com alta toxidez de alumínio, tipo ultissolos e oxissolos. No entanto, o maior vigor de crescimento está registrado para condições tropicais úmidas, com solos de média aboa fertilidade. Aparentemente existe uma interação genótipo x ambiente. Os acessos CIAT 18668, 18676 e 18666 tendem, entretanto, a mostrar rendimentos mais altos e estáveis em diferentes situações, incluindo solos ácidos com alta saturação de alumínio (Argel, 1995; Maass, 1995). A elevada retenção folhar, particularmente das folhas jovens, e a capacidade de rebrota durante a estação seca é uma das características mais marcantes de C. argentea. Essa qualidade está associada ao desenvolvimento de raízes vigorosas, de até 2m de comprimento, que faz com que a planta seja tolerante a seca, mesmo em condições extremas de solos pobres e ácidos, a exemplo de Planaltina, no Distrito Federal, Brasil (Pizarro et al., 1995). Até o presente, não houve grandes pragas e doenças relatadas para C. argentea. Em alguns lugares foram observados ataques moderados de “chiza” (Melolonthidae sp.) na fase de estabelecimento, além de ataques de grilos e formigas. Por outro lado, as experiências nas encostas de Cauca, na Colômbia, mostraram que em solos ácidos, de baixa fertilidade e altitudes superiores a 1.200 metros, o desempenho e o crescimento é menor. Em relação às características agronômicas positivas mencionadas acima, foi liberada, na Costa Rica, a cv. Veraniega, como uma nova alternativa para o gado da América Latina Tropical (Argel et al., 2001). A cv. Veraniega é uma mistura física de C. argentea, acessos CIAT 18516 e CIAT 18668. Ambos acessos foram coletados no Brasil, nas cidades de São Domingos, em Goiás, e em Cuiabá, no Mato Grosso, entre 1984 e 1988. No Brasil a Embrapa Cerrados obteve o registro da cultivar cv. BRS Ceci, que deve ser lançada em breve. Infelizmente, tem havido pouca aceitação e divulgação dessa espécie junto ao setor agrícola. Hoje, a única empresa produtora de sementes forrageiras tropicais que está produzindo e tem sementes disponíveis de C. argentea é a SEFO-SAM. No presente, a empresa SEFO-SAM dispõe de cerca de 1,5t de sementes (Julio Horacio Antezana Rojas - Coordenador Técnico da SEFO-SAM, em Santa Cruz, na Bolívia (comunicação pessoal). De fato, instituições nacionais, no lugar de promover estudos e o aproveitamento de espécies nativas, mais adaptadas às condições locais, têm colocado, nos últimos 30 anos, maior ênfase na seleção de cultivar de L. leucocephala, tolerante a solos ácidos. Na verdade, se recursos humanos e econômicos tivessem sido priorizados para pesquisas com espécies nativas, caso de Cratylia argentea, por exemplo, tolerante a solos ácidos e pobres, os avanços e os benefícios para os produtores teriam sido mais significativos. Estudos citológicos conduzidos em duas espécies: C. argentea e C. mollis, utilizando- -se células de ponta de radícula recém-emergida da semente, mostraram que essas espécies possuem números cromossômicos: 2n = 22.
Pizarro, E.A.; Coradin, L. <em>Cratylia argentea</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 517-530.
Copaifera langsdorffii Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba
Árvore sem exsudação ao se destacar a folha. Copa com ramos e gemas pilosos, de cor cinza; altura entre 10 a 15m e tronco medindo até 80cm de diâmetro, em ambientes de cerrado sentido restrito, o diâmetro não ultrapassa 33cm. Ritidoma de cor castanha ou avermelhada quando raspado, escamoso, com placas finas; casca de espessura finamente sulcada no cerradão a espessa e densa no cerrado típico, desprendendo-se em placas ou crostas irregulares (Durigan et al., 2004). Folhas compostas; paripinadas; alternadas, espiraladas; com 4 a 12 folíolos alternos ou opostos, elípticos ou oblongos com até 8cm de comprimento e 4cm de largura; ápices obtusos, arredondados ou assimétricos; margens inteiras; nervação broquidódroma, nervura central saliente em ambas as faces, nervura marginal mais clara; pecíolos de até 5cm de comprimento, com pulvino, peciólulos de até 0,5cm de comprimento; estipulas caducas; folíolos coriáceos; discolores; glândulas laminares translúcidas presentes em alguns indivíduos; glabros. Na brotação, os folíolos apresentam coloração de rósea a violácea. As flores de até 0,5cm de diâmetro são reunidas em inflorescências paniculadas, terminais, multifloras, com uma média de 125 flores; não possui pétalas e o cálice é formado por quatro sépalas livres, sendo uma mais larga, que caracteriza simetria fracamente zigomorfa. As flores produzem odor intenso, suave e doce, desde a abertura (Freitas; Oliveira, 2002). O androceu é composto por 10 estames de dois tamanhos diferentes, que se apresentam implantados intercaladamente, maiores e menores, em cada lado de um disco nectarífero de cor verde-escura, na base do ovário. As anteras têm deiscência lateral e longitudinal e são dorsifixas. O ovário é súpero, unilocular, com dois a três óvulos de placentação sutural e o estilete é inclinado, formando um ângulo no quarto superior. O estigma é pequeno, papiloso e seco. Frutos de até 5cm de diâmetro, em forma de legume orbicular, achatado, deiscente, de coloração variando de vermelha a vinácea ou castanhos quando maduros; medem cerca de 2cm de diâmetro, portando uma única semente. Sementes de até 2cm de comprimento; pretas; com arilo laranja (Lorenzi, 1992; Carvalho, 2003; Durigan et al., 2004; Silva-Junior, 2005).
É considerada uma espécie generalista, por apresentar ampla distribuição e ocupação em diversas fitofisionomias (Costa et al., 2012; Melo-Junior et al., 2012). Planta decídua ou semi-decídua, heliófila, seletiva xerófita, presente, tanto na mata primária como nas formações secundárias, é considerada uma espécie secundaria tardia (Lorenzi, 1992; Carvalho, 2003; Duboc; Guerrini, 2009). Produz anualmente grande quantidade de sementes, amplamente disseminadas por pássaros que comem o arilo envolvente (Lorenzi, 1992, Carvalho, 2003). O padrão de produção de sementes pode ser bianual ou trianual. A espécie mantém um importante padrão temporal de dispersão de sementes, resultado da produção intermitente de sementes, aliada à existência de um banco de plântulas e/ou sementes que podem permanecer no solo por longos períodos (Leite; Salomão, 1992). Apresenta grande plasticidade fenotípica em função da adaptação aos diferentes ambientes, podem ser encontrados indivíduos com 13 metros de altura em áreas florestais e indivíduos com menos de 2 metros de altura em áreas de campo cerrado. Esta plasticidade também pode ser visualizada no estudo da anatomia foliar (Costa et al., 2012; Melo-Junior et al., 2012) e no aspecto do lenho, uma vez que indivíduos presentes em áreas de várzeas apresentam alburno maior e cerne mais claro, lenho mole e menos durável, porém produzem maior quantidade de óleo-resina. Esta quantidade ainda pode ser influenciada pelo estágio fenológico da planta, interação genótipo x ambiente, ocorrendo maior produção de óleo-resina na fase de brotação foliar e menor, em períodos de maior umidade relativa do ar (Almeida et al., 2006). A espécie apresenta reprodução mista, com predominância de alogamia, sendo os principais agentes polinizadores a Apis mellifera e Trigona sp. (Freitas; Oliveira, 2002; Heck et al., 2012). A floração ocorre nos meses de outubro a abril no estado de São Paulo; novembro a março em Minas Gerais; dezembro a janeiro em Goiás e no Distrito Federal (Silva-Junior, 2005); janeiro a março no Paraná; março a abril no estado do Rio de Janeiro e junho a julho nos estados do Ceará e Pernambuco. O período de floração é variável. Carvalho (2003) relata que na região de Alfenas (MG), cada árvore permanece florida em média, por dois meses. No entanto, Freitas e Oliveira (2002), observaram nas condições do Triângulo Mineiro, que o período de floração durava aproximadamente cinco meses, iniciando-se com a estação chuvosa. A frutificação ocorre de junho a agosto no Distrito Federal (Silva-Junior, 2005) e no Espírito Santo; de julho a setembro em Minas Gerais e no Paraná; de agosto a setembro no estado do Rio de Janeiro e de agosto a outubro no estado de São Paulo (Freitas; Oliveira, 2002; Carvalho, 2003). Em algumas populações de copaíba a floração ocorre apenas na estação chuvosa, principalmente em dezembro e janeiro e somente em 25% das plantas. O período entre o aparecimento dos primeiros botões até a antese das últimas flores dura em média 50 dias, o tempo médio de floração é de 35 dias e a duração das flores, é de apenas um dia. O padrão de florescimento é considerado regular e supra anual. O ritmo fenológico é caracterizado pela ocorrência sequencial das diferentes fenofases, assim descritas: queda de folhas no final da estação seca (julho-agosto); brotamento no final da estação seca e início da estação chuvosa (setembro-outubro); floração em meados da estação chuvosa (dezembro-fevereiro); desenvolvimento dos frutos durante a estação seca (abril-setembro) e dispersão ao final desta estação (agosto-setembro) (Pedroni et al., 2002). As flores têm antese matutina, abrindo nas primeiras horas da manhã e iniciando com as flores da base dos racemos (Freitas; Oliveira, 2002). A produção varia entre 1.700 a 2.200 sementes/kg e o peso médio de 100 sementes é 58,10 gramas. A taxa de germinação pode chegar a 95% entre 17 a 40 dias após o plantio (Silva-Junior, 2005; Pasa et al., 2012). No entanto, os percentuais de germinação são muito variáveis, pois a espécie apresenta dormência física, química e fisiológica (Pereira et al., 2009). A germinação lenta e desuniforme, atribuída aos diversos tipos de dormência, pode se estender por até 70 dias. No entanto, vários métodos se mostram eficientes para a quebra de dormência e uniformidade da germinação: imersão em água fria; ácido sulfúrico; éter; escarificação mecânica; estratificação em areia úmida. Após escarificação, a germinação ocorre entre 17 a 20 dias, com percentuais próximos de 90% (Perez; Prado, 1993; Almeida et al., 1998) e os métodos podem ser utilizados isolados ou em combinação. Elevada germinação também pode ser obtida quando as sementes são germinadas logo após a colheita, oriundas de frutos maduros, que estiverem em fase de deiscência, com coloração variando entre vermelha e marrom (Pereira et al., 2007). Noleto et al. (2010) recomendam a lavagem das sementes em hipoclorito de sódio (NaClO) antes de colocá-las para germinar, uma vez que o hipoclorito age como antisséptico, favorecendo a emergência das plântulas saudáveis. Dentre os fatores que podem interferir na germinabilidade, destaca-se a presença de substancias químicas nas sementes. De acordo com Lima-Neto et al. (2008), os tecidos de sementes verdes possuem cumarina, que funciona como um inibidor natural da germinação. Sendo assim, à medida que a semente de copaíba amadurece, a cumarina é metabolizada até que o seu teor diminua, favorecendo a quebra da dormência e a germinação natural. Pereira et al. (2009) relatam que as substancias inibidoras da germinação concentram-se no arilo das sementes, desta forma, recomenda-se a semeadura sem arilo. A germinabilidade de C. langsdorffii também pode ser altamente afetada pelo local de origem do material, época do ano, efeitos ambientais (pluviosidade, solo, temperatura) e composição genética da população. A espécie é indiferente quanto à luz na germinação (Rodrigues et al., 2007). Altas concentrações de alumínio trocável nos solos de cerrado, campo sujo e campo limpo, e que apresentem valores de pH abaixo de 4,4, podem influenciar a percentagem e a velocidade de germinação (Perez; Prado, 1993). A qualidade fisiológica das sementes de copaíba pode ser analisada através dos testes de tetrazólio e envelhecimento acelerado. Fogaça et al. (2011) descreveram que o teste de tetrazólio é mais eficaz quando as sementes são escarificadas e embebidas durante 24 horas, a 35ºC, com posterior retirada do tegumento e exposição à solução de tetrazólio 0,2% durante 4 horas, a 35ºC, no escuro.
Camillo, J.<em>Copaifera langsdorffii</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 731-746.
Itens por página: