nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
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No
Região
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Pimenta pseudocaryophyllus
Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum
 
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Acca sellowiana
Acca sellowiana (O.Berg) Burret
 
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Eugenia involucrata
Eugenia involucrata DC.
 
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Plinia peruviana
Plinia peruviana (Poir.) Govaerts
 
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Eugenia klotzschiana
Eugenia klotzschiana O.Berg
Pera Do Cerrado
 
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Eugenia dysenterica
Eugenia dysenterica (Mart.) DC.
 
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Psidium guineense
Psidium guineense Sw.
Goiabinha
 
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Psidium firmum
Psidium firmum O.Berg
Araçá
 
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Psidium myrsinites
Psidium myrsinites DC.
 
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Campomanesia adamantium
Campomanesia adamantium (Cambess.) O.Berg
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Pimenta pseudocaryophyllus Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum
O craveiro-do-mato, <em>Pimenta pseudocaryophyllus </em>(Gomes) Landrum, trata-se de uma espécie arbórea aromática de 4-10m de altura, dotada de copa arredondada muito característica. Tronco, geralmente ereto de 10-30cm de diâmetro, com casca fissurada. Inflorescências axilares em dicásios simples ou composta com duas a três flores brancas muito perfumadas. Fruto, baga subglobosa, escura quando madura e contendo uma a duas sementes. Floresce de outubro a janeiro e frutifica de maio a setembro. Produz anualmente moderada quantidade de sementes viáveis (Legrand & Klein, 1978; Lorenzi, 1998; Brandão, 2002). Estudo realizado em Floreta Ombrófila Mista (Tijucas do Sul, PR) em três parcelas permanentes de um hectare detectou uma alta variação (16, 5 e 5) de plantas. Como também, a distribuição diamétrica das plantas não ultrapassou a classe de 12cm (Girard, 2005).
A restrição ambiental à reprodução é indicada pelo comportamento da P. pseudocaryophyllus como esciófila e hidrófila em ambientes naturais. É desconhecida a silvicultura e/ou cultivo da espécie.
Ruschel R. A. <em>Pimenta pseudocaryophyllus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 223-225.
Acca sellowiana Acca sellowiana (O.Berg) Burret
Apresenta-se como um arbusto ou pequena árvore de dois a dez metros de altura, porém raramente ultrapassando os cinco metros. Possui ramos cilíndricos, acinzentados, glabros e lignificados. As folhas são opostas, curtas, pecioladas, pequenas e estreitas (Mattos, 1986; Ducroquet & Ribeiro, 1991).Mattos (1986) descreveu que os botões florais apresentam-se solitários ou em cachos de no máximo cinco unidades e são característicos pelo seu formato globuloso. As flores são constituídas de quatro sépalas discretas, quatro pétalas carnosas e profundamente recurvadas em forma de capuz, brancas por fora e púrpuras ou brancas internamente. As pétalas apresentam sabor adocicado e servem como recurso floral para os pássaros, principais polinizadores da espécie. Existem em média 60 estames purpúreos por flor; o estilete é também de coloração púrpura e geralmente maior que os estames (Stewart, 1987; Ducroquet & Ribeiro, 1991; Ducroquet et al., 2000; Finatto, 2008).O fruto é semelhante à goiaba comum (<em>Psidium guajava</em>) em aparência, tamanho e textura, mas a polpa de cor gelo possui sabor diferenciado, doce-acidulado e aromático (Mattos, 1986; Reitz et al., 1978; Ducroquet & Ribeiro, 1991). É classificado como um pseudofruto do tipo pomo, por ser a flor epígina, com ovário ínfero e aderente. Os frutos podem apresentar pesos variáveis, de 20 a 250 gramas, com formato variando de redondo a oblongo. A casca pode ser lisa ou rugosa, com todos os estádios intermediários de textura, sendo geralmente verde (França, 1991). A espessura da casca também se apresenta variável de 4 até 12mm (Ducroquet et al., 2000).O número de sementes pode chegar a mais de 100 por fruto (Ducroquet et al., 2000; Degenhardt, 2001), são pequenas, duras e encontram-se embebidas em uma polpa firme e gelatinosa, podendo apresentar formato que varia de gota até coração (Seidemann, 1994). O rendimento de polpa é também bastante variável, geralmente atingindo valores máximos de 50% (Ducroquet et al., 2000; Degenhardt, 2001).A maturação se estende por cerca de três a quatro semanas; sendo na serra catarinense distribuída entre final de fevereiro e final de maio (Ducroquet et al., 2000). Segundo Mattos (1986), quando os frutos apresentam coloração verde amarelada e começam a cair ao solo, já estão quase maduros. Cacioppo (1988) sugere que por ocasião da maturação os frutos tornam-se mais claros e por este diagnóstico pode-se proceder à colheita; contudo, esta mudança de coloração não ocorre de forma evidente na maioria das plantas. Na Nova Zelândia foram realizados numerosos estudos visando obter parâmetros agronômicos, a fim de determinar a melhor época de colheita. Dos resultados obtidos, pode-se concluir que nem o teste do penetrômetro nem o exame refratométrico são válidos para definir o ponto de maturação; o único método válido até o momento é a abscisão espontânea do fruto (Thorp & Klein, 1987).Por ser detentora de grande variação fenotípica, a espécie pode ser dividida ainda em dois tipos. O tipo Brasil apresenta plantas com folhas de face abaxial verde-clara, pilosidade esbranquiçada curta e rala, e frutos com sementes grandes (0,45 a 0,60g para 100 sementes) quando comparadas ao tipo Uruguai. Este último apresenta plantas com folhas de face abaxial branco-cinza, com densa pilosidade branca tipo feltro, e com sementes menores (0,20g para 100 sementes) (Ducroquet et al., 2000; Thorp & Bieleski, 2002).
Interação com pragas e doenças: Devido ao fato de a Região Sul do Brasil apresentar-se como provável centro de origem da espécie, esta apresenta um grande número de pragas primárias e secundárias: cochonilhas, percevejos, tripes, ácaros, besouros, traças, mariposas minadoras e mosca-das-frutas (Hickel & Ducroquet, 1992). A goiabeira-serrana é hospedeira primária de Anastrepha fraterculus, sendo que os frutos são intensamente atacados, podendo ocorrer até 100% de infestação na época da maturação dos frutos, quando esses liberam um forte aroma. O tamanho crítico dos frutos para ocorrência de posturas é quando estes apresentam de 25 a 30mm de diâmetro, normalmente na última semana de fevereiro, e se estende até a colheita (Ducroquet et al., 2000). Outro grupo, cujas larvas também danificam os frutos, se refere aos gorgulhos do gênero Conotrachelus. As larvas de espécies deste gênero diferenciam-se da mosca das frutas por apresentarem cabeça distinta e o corpo arqueado em forma de C (Ducroquet et al., 2000). Dentre as doenças, destaca-se a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, como principal doença da goiabeira-serrana no Sul do Brasil, pois provoca o tombamento de plântulas e a perda de um grande número de mudas, bem como o secamento parcial ou total de ramos, podendo causar a morte de plantas adultas. Nos frutos, os sintomas são manchas escuras deprimidas, com a parte central de coloração rósea devido à multiplicação do agente patogênico. A doença pode danificar até 100% de frutos jovens ou próximos da maturação (Andrade & Ducroquet, 1994; Ducroquet et al., 2000). Botrytis cinerea é o agente causador de podridões de pós-colheita, conhecido também como podridão cinza. O ataque se dá no fruto durante o estádio de maturação e também durante o armazenamento, podendo atingir cerca de 10% dos frutos no pomar ainda antes da colheita (Ducroquet et al., 2000). Outros fungos como Pestalotia feijoa, Phyllostica feijoae, Penicillium spp., Aspergilus spp., Monilia fructigena e Pestalotiopsis psidii são citados em vários países como causadores ocasionais de podridão pós-colheita em goiabeira-serrana (Ducroquet et al., 2000).
Santos, K.L.; Siminski, A.; Ducroquet, H.J., Guerra, M.P.; Peroni, N.; Nodari, R.O. <em>Acca sellowiana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 111-129.
Eugenia involucrata Eugenia involucrata DC.
Árvore mediana de 10 a 15 metros. Tronco retilíneo. Possui casca lisa, com deiscência em placas, variando de cor com a idade, passando do esverdeado até o castanho-acinzentado. A copa é longa, estreita e de ramificação ascendente, possui densa folhagem verde-escura-brilhante perenifólia ou semidecídua. As folhas são opostas, simples, membranáceas quando jovens e coriáceas quando adultas, variando de elíptico-oblongas a oblongo-lanceoladas. Pedúnculos unifloros, de 0,9-2,5cm de comprimento, delgados, sobre a base dos ramos novos; bractéolas grandes com cerca de 1cm de comprimento envolvendo o botão floral, ovadas, subcordadas, foliáceas. Frutos oblongos, lisos, coroado por sépalas foliáceas persistentes. Medem 2,5cm de comprimento e, na região de maior largura, atingem cerca de 2,0cm de diâmetro. Possuem, quando maduros, coloração negro-vinácea.
Segundo Raseira et al. (2004), a floração desta espécie, em Pelotas (RS), é mais rápida que a de outras mirtáceas frutíferas da região e, geralmente, começa na segunda semana de outubro e finaliza entre o final de outubro e início de novembro. Existem clones cultivados que apresentam ciclos de floração mais precoces e mais tardios, sendo que a maturação frutífera dos precoces ocorre no início de novembro e das cultivares tardias na segunda semana de dezembro, naquela região. Possui tempo médio entre o aparecimento do botão floral e a queda dos estiletes, em uma mesma planta, de 30 dias, e o tempo médio de desenvolvimento dos frutos, desde a antese até a maturação, é de 43 dias nas condições de Pelotas. Poucos são os estudos para as melhores condições de cultivo dessa fruteira. Apresenta potencial de cultivo em climas tropicais e subtropicais, sendo esta a melhor condição para a planta e sua produtividade. O solo adequado deve ser permeável, profundo, bem drenado, rico em matéria orgânica e com boa fertilidade. No entanto, esta espécie poderá se desenvolver e produzir frutos de boa qualidade em solos de média e baixa fertilidade (Raseira et al., 2004). A cerejeira-do-rio-grande possui um crescimento muito lento (Andersen & Andersen, 1989; Raseira et al., 2004) e começará a produzir a partir do quinto ano de vida. Como espaçamento adequado, é sugerido 4m x 4m até 5m x 5m (625 plantas/ha e 400 plantas/ha, respectivamente) (Manica, 2000). O plantio das mudas, em bloco ou torrão, deve ser feito no início do período de chuvas. A poda deverá ser realizada a fim de estimular a formação de uma copa aberta e arejada. Durante os primeiros anos de vida, recomenda-se 2 a 3 podas/ano para permitir o desenvolvimento de ramos bem espaçados, vigorosos e estimular a emissão de ramificações laterais. A colheita dos frutos deverá ser realizada fruto a fruto e de forma cuidadosa devido à grande fragilidade destes. A principal doença observada na cerejeira-do-rio-grande é a ferrugem causada por Puccinia sp., que se instala em folhas e frutos quando ainda imaturos, prejudicando drasticamente seu aspecto e diminuindo o valor para comercialização ou mesmo inviabilizando-a. Como pragas que atacam-na, são relatadas formigas-cortadeiras e mosca-das-frutas.
Lisbôa, G.N.; Kinupp, V.F.; Barros, I.B.I. <em>Eugenia involucrata</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 163-166.
Plinia peruviana Plinia peruviana (Poir.) Govaerts
Árvores de até 15m de altura. Plantas glabras. Córtex liso, exfoliado, amarelo-amarronzado, com notável nodosidade do tronco, ramificação ascendente, formando copa arredondada. Folhas opostas, lanceoladas ou ovado-lanceoladas; folhagem densa e perene; ápice longo-acuminado; base obtusa ou cordada; nervura central sulcada na face superior e saliente na inferior (abaxial); duas nervuras marginais. Inflorescências em racemos caulinares, botões florais globosos e flores brancas. Frutos globosos com até 20mm de diâmetro com coloração “negra” (atropurpúrea) e brilhante quando maduros (Marchiori & Sobral, 1997; Sobral, 2003). Cabe destacar que quando ficam muito aglomerados, adensados, tornam-se afilados e angulosos em direção a base. A polpa é branca nos frutos maduros frescos, com um sabor inigualável.
Fenologia - Frutos de outubro a dezembro (clímax) no sul e sudeste, mas, sob cultivo e manejos especiais de adubação, irrigação e podas, a fenologia reprodutiva varia grandemente e pode ocorrer mais de uma frutificação anual.
Kinupp, V.F.; Lisbôa, G.N.; Barros, I.G.I. <em>Plinia peruviana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 198-204.
Eugenia klotzschiana Eugenia klotzschiana O.Berg Pera Do Cerrado
Em seu ambiente natural, a planta tem porte arbustivo de até um metro de altura. Sob condições de cultivo, as plantas com 12 anos de idade podem atingir até três metros de altura. Suas flores são brancas e aromáticas. Os frutos maduros apresentam entre 6 e 10cm de comprimento por 4 a 7cm de diâmetro, pesam entre 60 e 90g, possuem casca amarela, polpa branca, mole, aromática e ácida, com 2 a 4 sementes (Silva et al., 2001). Cada planta produz de 6 a 18 frutos em ambiente natural. Almeida et al. (1998) relatam que em pequena escala houve produção de 7 a 10 frutos por planta.
As partes aéreas de pera-do-cerrado parecem, à primeira vista, plantas independentes. No entanto, segundo Oliveira et al. (1999), trata-se de clones, estando as plantas interligadas subterraneamente, caracterizando, portanto, a formação de touceiras. O sistema subterrâneo é mais ou menos paralelo à superfície, sendo formado por numerosas e robustas partes, apresentando semelhanças com sistemas subterrâneos difusos de outras plantas do cerrado.
Faria, J.P.; Agostini-Costa, T.S.; Junqueira, N.T.V. <em>Eugenia klotzschiana</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 224-227.
Eugenia dysenterica Eugenia dysenterica (Mart.) DC.
A cagaiteira é uma árvore de altura mediana, variando entre 4 a 11 metros. Tronco e ramos tortuosos, com casca suberosa e fendida, bem característica. Apresenta folhas novas membranáceas e folhas adultas coriáceas, glabras ou quase glabras nas duas faces, opostas cruzadas, de formato ovalado a elíptico, decíduas durante o florescimento. Suas flores vistosas formam panículas fasciculadas e são brancas, delicadas com quatro pétalas, com cálice de quatro lacínios ovados e ciliados. Seus estames são muito exertos e claros. Seus frutos são bagas globosas, suculentas, de cor amarela clara e de sabor agradável a levemente ácido, com peso médio de 12,7g, mas podendo variar entre 2,9 a 41,9g. Suas sementes são elipsoides e achatadas, de 1 a 6 por fruto, com peso médio de 1,3 g, podendo chegar até a 3,58g. (Rizzini, 1971; Silva et al., 2001; Silva-Junior, 2012).
A maior frequência da floração da cagaiteira ocorre no mês de agosto (Heringer; Ferreira, 1974). A floração é rápida e as folhas novas avermelhadas começam a brotar, mudando a coloração geral da planta à distância (Souza et al., 2008). Os frutos crescem rapidamente em atmosfera ainda seca e caem maduros no fim de setembro e início de outubro. A frutificação é abundante e os frutos são consumidos por vários animais silvestres e domésticos. O morcego é um importante dispersor de sementes, uma vez que carrega o fruto para se alimentar em pontos diferentes da planta mãe. A planta possui grande resistência ao fogo, provavelmente, porque na época de incidência de queimadas, ela já perdeu toda a sua folhagem, além de apresentar casca espessa e suberosa. Eugenia dysentericaapresenta polinização por abelhas (incluindo Bombus spp.), com as flores se abrindo pela manhã e se mantendo abertas por um dia, seguindo um padrão de floração denominado “big bang”, ou seja, ocorre uma floração muito intensa das plantas por um período relativamente curto de tempo (Proença; Gibbs, 1994; Gressler et al., 2006). Estimativas de taxa aparente de fecundação cruzada, com uso de marcadores genéticos isoenzimáticos e moleculares, confirmam a predominância de alogamia na espécie (Telles et al., 2003; Zucchi et al., 2003).
Chaves, L.J.; TelleS, M.P.C. <em>Eugenia dysenterica</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 216-223.
Psidium guineense Psidium guineense Sw. Goiabinha
<em>Psidium guineense</em> é, talvez, a espécie mais conhecida que ocorre no Centro-Oeste. É um arbusto ou árvore pequena, de até 6 metros de altura, cujas inflorescências, durante o crescimento inicial, são cobertas com pelos marrom-avermelhados, tornando-se cinza-amarelados, com cerca de 0,3 a 0,5mm de comprimento. Os brotos são aveludados, às vezes glabros; a casca mais antiga é geralmente polida e muitas vezes escamosa e resistente. As folhas são coriáceas de cor marrom-amarelada ou marrom-avermelhada de formatos elíptico, elíptico oblongo ou obovado, com 4 a 11,5cm de comprimento e 1 a 2cm de largura, normalmente aveludadas na parte inferior; com ápice obtuso, arredondado ou agudo; e base também arredondada ou aguda; os pecíolos medem de 4 a 12mm de comprimento, canelados, geralmente pubescentes e raramente glabros. A nervura principal é plana na parte superior e proeminente na parte inferior. As nervuras laterais são em número aproximada de 10. Os botões fechados medem 10 a 13mm de comprimento com pedúnculos medindo entre 5 e 25mm, podendo chegar até 30 mm de comprimento e 1 a 2mm de espessura. O cálice no estado inicial é completamente ou quase fechado e se parte longitudinalmente em dois a cinco lobos regulares a irregulares. As pétalas têm um comprimento em torno de 7 a 11mm; os estames são em número de 160 a 300 medindo entre 7 e 10mm de comprimento. As anteras medem 1 a 3mm de comprimento com algumas glândulas no conetivo; os estiletes medem de 8 a 10mm de comprimento e o ovário é tri, tetra ou pentalocular com 50 a 100 óvulos por lóculo. O fruto é geralmente subgloboso, podendo ser também elipsoide com 1 a 3cm de comprimento, geralmente com polpa amarela e sementes de 22 a 100, podendo chegar até 250 sementes por fruto, as quais medem 3 a 4mm de comprimento (descrição adaptada de Landrum et al., 1995). Os frutos da coleção de germoplasma da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA têm apresentado peso que variam de 5,5 a 11,7g, podendo atingir até 17,8g.
Segundo Silva (1999), nas condições da Zona da Mata de Pernambuco, o araçazeiro (P. guineense) floresce praticamente durante todo o ano, com picos coincidindo com a época de menor pluviosidade. A maturação de frutos ocorre dois a três meses após a floração. Plantas da coleção de germoplasma do IPA têm apresentado frutificação no período de janeiro a julho, com pico nos meses de março a abril. No cerrado de Minas Gerais, floresce de agosto a setembro (Brandão et al., 2002). Sob as condições climáticas da Zona da Mata de Pernambuco, cuja precipitação pluviométrica atinge em média 2.000mm anuais e estão concentradas entre os meses de maio a agosto, ocorrem, basicamente, duas safras do araçazeiro (P. guineense): a primeira, em fevereiro – março e uma outra em agosto – setembro (Lederman et al., 1997). Na região Sul do Brasil, a maturação dos frutos do araçazeiro (P. cattleianum) em condições naturais, dependendo da população, se inicia em fevereiro e pode estender-se até a chegada do inverno (Franzon, 2004). Correa et al. (2000), estudando as características fisiológicas do araçazeiro (P. guineense) — temperatura e umidade do ar, radiação fotossintética ativa, temperatura foliar, resistência difusiva e transpiração, em três acessos da coleção de germoplasma do IPA (IPA- 6.4, IPA-9.1 e IPA-9.4) e em três horários (8h, 11h e 15h), observaram que as plantas de todos os acessos não restringem as trocas gasosas nas horas mais quentes do dia. O acesso IPA-9.4 mostrou se mais sensível à baixa luminosidade que os demais, sendo este e o IPA- 6.4 mais adaptados do que o IPA-9.1. Em condições de disponibilidade hídrica adequadas, a radiação fotossintética ativa foi o fator ambiental de maior influência sobre as trocas gasosas do araçazeiro.
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. 1ed. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente; Belo Horizonte, MG: Fundação Biodiversitas, 2008, v.1, pp. 294-314.
Psidium firmum Psidium firmum O.Berg Araçá
P. firmum teve sua biologia reprodutiva estudada no Distrito Federal, incluindo a fenologia do florescimento, a biologia floral e a polinização, e o sistema reprodutivo por Proença e Gibbs (1994). Essa espécie floresce entre agosto e setembro, e a frutificação ocorre entre outubro e dezembro. P. firmum é completamente autocompatível, e apresenta estratégia de florescimento denominada “steady-state”, ou seja, com produção de poucas flores a cada dia durante um longo período de tempo; a recompensa ao polinizador é pólen. A flor apresenta em torno de 20mm de diâmetro, entre 200 a 300 estames, com 150 a 300 óvulos, e a antese ocorre por volta das 6h e 6h30, sendo a polinização realizada por abelhas.
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 294-314.
Psidium myrsinites Psidium myrsinites DC.
<em>P. myrsinites</em> é uma árvore com ramos e gemas terminais glabros. Troncos com até 21cm de diâmetro; ritidoma acinzentado ou castanho, liso, com depressões de placas irregulares que se desprendem do tronco; folhas opostas, cruzadas, elípticas, de 6 a 16cm de comprimento e 3 a 8cm de largura; ápices agudos e bases agudas, margens inteiras e levemente onduladas; nervação broquidódroma, nervura central saliente em ambas as faces, atenuando-se em direção ao ápice; e nervuras secundárias planas ou levemente salientes na face superior; pecíolos de até 1cm de comprimento; folhas coriáceas; discolores, mais claras na face inferior, glabras; glândulas laminares visíveis em alguns indivíduos. Flores de até 2cm de diâmetro, com cinco sépalas pequenas, arredondadas. Frutos de até 2cm de comprimento, piriformes, esverdeados na maturação, coroados com as sépalas remanescentes, a exemplo das goiabas. Sementes esferoides, com testa óssea de cor creme, muitas por fruto (descrição adaptada de Silva-Júnior, 2005).
P. myrsinites é uma espécie decídua, cuja folhação ocorre entre agosto e setembro; floração entre novembro e dezembro; frutificação entre novembro e fevereiro. A espécie é polinizada por abelhas.
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 294-314.
Campomanesia adamantium Campomanesia adamantium (Cambess.) O.Berg
A floração da gabiroba é intensa e ocorre em curto período de tempo - entre agosto e novembro, com pico em setembro. Os frutos tornam-se maduros na estação chuvosa, entre outubro e dezembro (Kuhlmann, 2012), quando podem ser coletados. Almeida et al. (2000), ressaltaram que os principais polinizadores da gabiroba são as abelhas do gênero <em>Bombus</em>, entretanto vários outros insetos visitam suas flores e ocasionalmente contribuem para a polinização e a produção de frutos. De acordo com Kuhlmann (2012), as sementes de <em>C. adamantium </em>apresentam taxa de germinação de até 74%, mas não toleram o frio nem a dessecação e apresentam aproximadamente 30% de água inicial. Melchior et al. (2006) destacaram que o armazenamento em frasco de vidro fechado a 25°C mantém as sementes com 60% de germinação, por 30 dias. Um indivíduo de gabirobeira pode produzir entre 30 e 100 frutos (Silva et al., 2001) e cada fruto pode ter até seis sementes (Kuhlmann, 2012), o que pode garantir quantidade de sementes suficiente para produção de mudas em escala comercial. Para a extração das sementes, Carmona et al. (1994) recomendam a fermentação da mucilagem que recobre as sementes de gabiroba por dois a três dias, em meio de fermentação com pH 6,0. Este método é bastante eficiente na extração da mucilagem e resulta 100% de sementes viáveis.Os frutos da gabiroba são muito atrativos para a fauna. Aves, a exemplo dos jacus (<em>Penelope spp.</em>) e os sanhaços (<em>Tangara spp.</em>), mamíferos como o lobo-guará (<em>Chrysocyon brachyurus</em>) e a raposa do campo (<em>Pseudalopex vetulus</em>), são alguns dos animais atraídos pelos frutos maduros, de cor verde-amarelada (Kuhlmann, 2012). No estado de Goiás, a gabiroba atrai também as moscas da fruta da espécie <em>Anastrepha sororcula<em>, a qual é considerada praga potencial desta frutífera (Felipe et al., 2002). Por ser uma espécie encontrada apenas em áreas nativas, são escassas as informações agronômicas sobre seu cultivo e ainda não há tratos culturais bem definidos para a gabiroba, sendo necessários mais estudos agronômicos.Segundo Ajalla et al. (2009), as mudas de gabiroba se desenvolvem melhor em substratos cuja composição não apresenta altos teores de material orgânico, mantendo uma proximidade com as condições naturais da espécie, bem como devem ser mantidas em local sombreado, pois nessas condições apresentaram maior porcentagem de sobrevivência.Quanto ao espaçamento no plantio, Carnevali et al. (2012) sugerem utilizar espaçamento de 35cm entre plantas, uma vez que, proporciona maior número e massa de frutos. Vieira et al. (2011), estudando a combinação das doses de N e P no desenvolvimento inicial da gabiroba (50% de luminosidade), relataram que até 270 dias após transplante (DAT) as doses de 114kg ha-1 de N e 380kg ha-1 de P induziram aumento da altura, do diâmetro do coleto e da massa seca da planta, assim como dos teores de N, P e K nas folhas.Um dos problemas desta espécie é a falta de resistência a pragas e doenças. Nos frutos, detectou-se incidência de diversas espécies de mosca-das-frutas, sendo a frutífera considerada hospedeira natural das seguintes espécies de pragas: <em>Ceratitis capitata</em>, <em>Anastrepha distincta </em>, <em>Anastrepha fraterculus</em>, <em>Anastrepha sororcula</em>e <em>Anastrepha striata</em>(Veloso et al., 2012).Quanto à conservação pós-colheita, o armazenamento dos frutos refrigerados a 11ºC aumenta a vida útil dos frutos até 10 dias e mantêm elevados os teores de sólidos solúveis, acidez titulável, vitamina C, fenóis totais e a atividade antioxidante (Campos et al., 2012). Entretanto, também podem ser armazenados por 21 dias a 5°C, revestidos com pectina + cálcio a 3% (Scalon et al., 2012). Quanto aos aspectos genéticos da espécie, mesmo em áreas pequenas de cerrado existe significativa diversidade genética de espécies do gênero <em>Campomanesia </em>(Resende; Teixeira, 2009). Portanto, estudos da diversidade genética e biologia molecular com vistas a acelerar o processo de seleção de linhagens elite para produção de plantas homogêneas, bem como contribuir com a padronização na produção de metabólitos de interesse comercial, apesar de escassos, são de extrema importância.
Porto, A.C.; Vieira, M.C.; Mews, H.A.; Zarate, A.H. <em>Campomanesia adamantium</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 178-189
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