nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
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Coppensia flexuosa
Coppensia flexuosa (Lodd.) Campacci
 
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Vanilla pompona
Vanilla pompona Schiede
 
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Vanilla chamissonis
Vanilla chamissonis Klotzsch
 
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Vanilla bahiana
Vanilla bahiana Hoehne
 
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Cattleya walkeriana
Cattleya walkeriana Gardner
Cattleya
 
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Coppensia varicosa
Coppensia varicosa (Lindl.) Campacci
 
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Epidendrum fulgens
Epidendrum fulgens Brongn.
 
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Vanilla palmarum
Vanilla palmarum (Salzm. ex Lindl.) Lindl.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Coppensia flexuosa Coppensia flexuosa (Lodd.) Campacci
A espécie possui pseudobulbos com cerca de 10 centímetros de altura, ovoides e bifoliados. Folhas oblongo-lineares de cor verde-clara. Inflorescências longas de até 80 centímetros, bastante ramificadas na sua porção distal, podendo portar até trinta flores (Pabst & Dungs, 1977). Flores de um a dois centímetros de diâmetro. Sépalas e pétalas amarronzadas, praticamente do mesmo tamanho, inconspícuas (Pabst & Dungs, 1977). Labelo amarelo reniforme, apresentando pequenas pintas vermelhas. Floresce de março a maio (O Mundo das Orquídeas, 1998).
Müller, C.V. <em>Coppensia flexuosa</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 744-747.
Vanilla pompona Vanilla pompona Schiede
As orquídeas são plantas perenes ou anuais e podem ser terrícolas, epífitas, rupícolas, trepadeiras, micoheterotróficas, as vezes subterrâneas. Suas folhas são alternas, raramente opostas ou verticiladas. Normalmente na base apresentam bainhas com veias paralelas. Frequentemente apresentam estruturas de reservas nutritivas, sejam raízes espessadas ou tuberoides, ou na forma de caule modificado em pseudobulbos. As flores são zigomórficas e bissexuadas, raramente unissexuadas. O perianto apresenta seis tépalas em dois verticilos: a externa é formada por três sépalas, que, algumas vezes, apresentam-se concrescidas; a camada interna é composta por três partes, duas delas semelhantes às sépalas, denominada simplesmente pétalas, e a outra constituindo uma pétala modificada em uma forma denominada labelo. <em>Vanilla pompona</em> é erva hemiepífita, muitas vezes com mais de 30m de comprimento. Raízes subterrâneas, 5-8mm de diâmetro, vilosas. Raízes aéreas curtas, 2-4mm de diâmetro. Caule robusto, com até 2cm de diâmetro, glaucos a verde-amarelados. Folhas 5-20x3- 8cm, oblongas, assimétricas, pseudopecioladas, carnosas, verde-amareladas, brilhantes, disticamente dispostas ao longo do caule, ápice agudo. Inflorescências laterais, carnosas, axilares, com até 10 flores abrindo em sucessão. Pedúnculo com 4-5cm de comprimento, glauco. Flores ressupinadas, amarelas, com zona de abscisão entre perianto e ovário. Ovário e pedicelo com 5,5-7cm de comprimento, cilíndricos, verdes. Sépalas 8,5-9x1,4-1,6cm, elípticas a oblanceoladas. Pétalas 8-8,5x1-1,2cm, elípticas a lanceoladas. Labelo 9-10cm de comprimento, parcialmente aderido à coluna formando um tubo (Figura 2B). Coluna recurvada, branca com antera na porção apical. Antera branca, versátil. Pólen livre amarelo. Frutos 10-25cm de comprimento, amarelos quando maduros, recurvados, muito aromáticos, nigrescentes após o processo de cura.
Quanto à reprodução, a espécie descrita é considerada autógama, porém com diferentes níveis de polinização cruzada. A espécie apresenta deficiência na polinização natural, razão pela qual se recomenda a adoção da polinização assistida como prática rotineira para viabilizar a produção comercial de frutos, da mesma forma como já ocorre com a produção comercial de V. planifolia. A técnica, apesar de trabalhosa em função do número de flores a serem polinizadas, é relativamente simples de ser executada e resulta em aumentos expressivos de produtividade na cultura. Do ponto de vista comercial V. pompona se destaca das outras três espécies aqui relacionadas pela sua maior utilização, especialmente em países da América Central. Esta espécie produz frutos grandes e com aroma pronunciado, sendo considerada a espécie que mais se aproxima, em qualidade, das cultivares comerciais de V. planifolia. Apresenta ainda caraterística xerofítica (cresce em ambientes mais secos), mantém grande quantidade de frutos até a colheita, além de ser polinizada naturalmente com maior frequência, fatores que a diferenciam de outras espécies por resultarem em maior produtividade (Menchaca et al., 2011). V. pompona floresce entre outubro e dezembro. Seus frutos estão maduros entre junho e agosto. Foram observados machos de abelhas Eulaema spp. coletando fragrâncias em suas flores. É provável que Eulaema spp. sejam os polinizadores, uma vez que espécies desse grupo são observadas como polinizadores de outras espécies de Vanilla no Brasil (Pansarin; Pansarin, 2014; Pansarin, 2016; Anjos et al., 2016).
Camillo, J.; Coradin, L.; Camargo, L.E.; Pansarin, E.R.; Barros, F. <em>Vanilla spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 351-364.
Vanilla chamissonis Vanilla chamissonis Klotzsch
As orquídeas são plantas perenes ou anuais e podem ser terrícolas, epífitas, rupícolas, trepadeiras, micoheterotróficas, as vezes subterrâneas. Suas folhas são alternas, raramente opostas ou verticiladas. Normalmente na base apresentam bainhas com veias paralelas. Frequentemente apresentam estruturas de reservas nutritivas, sejam raízes espessadas ou tuberoides, ou na forma de caule modificado em pseudobulbos. As flores são zigomórficas e bissexuadas, raramente unissexuadas. O perianto apresenta seis tépalas em dois verticilos: a externa é formada por três sépalas, que, algumas vezes, apresentam-se concrescidas; a camada interna é composta por três partes, duas delas semelhantes às sépalas, denominada simplesmente pétalas, e a outra constituindo uma pétala modificada em uma forma denominada labelo. <em>Vanilla chamissonis</em> tem como características, que a diferenciam das demais, o labelo do mesmo comprimento ou mais curto que as sépalas laterais. As folhas são ovado-oblongas, com base larga e arredondada e ápice abruptamente agudo, com faixa mais amarela nas bordas externas, medindo em média 12-22cm de comprimento por 3-6,5cm de largura (ONSC, 2017).
Quanto à reprodução, a espécie descrita é considerada autógama, porém com diferentes níveis de polinização cruzada. A espécie apresenta deficiência na polinização natural, razão pela qual se recomenda a adoção da polinização assistida como prática rotineira para viabilizar a produção comercial de frutos, da mesma forma como já ocorre com a produção comercial de V. planifolia. A técnica, apesar de trabalhosa em função do número de flores a serem polinizadas, é relativamente simples de ser executada e resulta em aumentos expressivos de produtividade na cultura. A floração de V. chamissonis se inicia no mês de agosto estendendo-se até janeiro, com pico de floração entre a segunda quinzena de novembro e a segunda quinzena de dezembro. A antese ocorre no início da manhã e a espécie possui poucos polinizadores, sendo altamente recomendada a polinização assistida como prática para viabilizar seu cultivo comercial. A prática da polinização cruzada assistida nesta espécie pode resultar num incremento de 75% na produção de frutos, quando comparada com a produtividade em plantas de polinização natural (Reis et al., 2011).
Camillo, J.; Coradin, L.; Camargo, L.E.; Pansarin, E.R.; Barros, F. <em>Vanilla spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 351-364.
Vanilla bahiana Vanilla bahiana Hoehne
As orquídeas são plantas perenes ou anuais e podem ser terrícolas, epífitas, rupícolas, trepadeiras, micoheterotróficas, as vezes subterrâneas. Suas folhas são alternas, raramente opostas ou verticiladas. Normalmente na base apresentam bainhas com veias paralelas. Frequentemente apresentam estruturas de reservas nutritivas, sejam raízes espessadas ou tuberoides, ou na forma de caule modificado em pseudobulbos. As flores são zigomórficas e bissexuadas, raramente unissexuadas. O perianto apresenta seis tépalas em dois verticilos: a externa é formada por três sépalas, que, algumas vezes, apresentam-se concrescidas; a camada interna é composta por três partes, duas delas semelhantes às sépalas, denominada simplesmente pétalas, e a outra constituindo uma pétala modificada em uma forma denominada labelo. <em>Vanilla bahiana</em> apresenta raízes adventícias, uma ou duas por nó, caules rastejantes e pendentes, carnosos, folhas alternas, crassas, estreitas, elípticas e paralelinérveas, uma por nó, apresentando os entrenós mais compridos do que as folhas. Estima-se que os indivíduos desta espécie excedam 100 metros de comprimento, em alguns casos, considerando-se todas as suas ramificações (Hermoso, 2015).
Quanto à reprodução, a espécie descrita é considerada autógama, porém com diferentes níveis de polinização cruzada. A espécie apresenta deficiência na polinização natural, razão pela qual se recomenda a adoção da polinização assistida como prática rotineira para viabilizar a produção comercial de frutos, da mesma forma como já ocorre com a produção comercial de V. planifolia. A técnica, apesar de trabalhosa em função do número de flores a serem polinizadas, é relativamente simples de ser executada e resulta em aumentos expressivos de produtividade na cultura. Vanilla bahiana é planta autocompatível, mas depende de polinizadores para a reprodução. Eulaema sp. é o polinizador mais efetivo, porém com baixa taxa de visitação às flores. A floração desta espécie no Cerrado ocorre entre os meses de setembro e outubro, já as plantas de restinga podem florescer durante oito meses do ano (novembro a junho), com pico em abril. Os frutos podem ser observados durante todo o ano. Cada racemo lateral produz até 31 flores, inodoras, que duram apenas um dia, mas se abrem sucessivamente, em intervalos irregulares de um a oito dias. A antese se inicia em torno de 01:00h, estendendo-se até 7-8:00h da manhã (Anjos et al., 2016).
Camillo, J.; Coradin, L.; Camargo, L.E.; Pansarin, E.R.; Barros, F. <em>Vanilla spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 351-364.
Cattleya walkeriana Cattleya walkeriana Gardner Cattleya
A <em>Cattleya walkeriana</em> apresenta porte baixo, atingindo no máximo 30cm de altura. Apresenta numerosas raízes, vigorosas e recobertas com espessa camada de células mortas, denominada velame, com até 2mm de espessura. Apresenta caule proeminente, que recebe a denominação de rizoma, prostrado e vigoroso com diâmetro entre 0,4 e 0,8cm de comprimento e entrenós (distância entre os pseudobulbos) variando de 1,0 a 2,0cm. Os rizomas são clorofilados quando jovens e quando mais velhos, tornam-se escuros e aclorofilados. Em algumas plantas desta espécie, nota-se bainhas de coloração que varia de castanho escuro a marrom recobrindo o rizoma. Os pseudobulbos são, em geral, ovalados, mas pode apresentar formato fusiforme, medindo entre 7 a 12cm de altura e diâmetro de 1 a 3cm. Quando jovens os pseudobulbos são recobertos por uma bainha coriácea esbranquiçada que, com o seu desenvolvimento, resseca e se desprende mostrando sua coloração que varia de verde claro a verde acinzentado. São túrgidos e levemente sulcados quando jovens e quando entram em senescência, ou sofrem grande estresse hídrico, tornam-se menos túrgidos e se evidenciam mais os sulcos. Normalmente, acima dos pseudobulbos se forma apenas uma folha, classificando-a, portanto como sendo uma espécie monofoliada (Locateli, 2001; Silva; Milaneze-Gutierre, 2004). As folhas possuem variação na forma, podendo ser de ovaladas a oblongas, com dimensões que variam entre 4 a 15cm de comprimento e 3 a 6cm de largura, com diferentes tonalidades de verde de acordo com o ambiente na qual está sendo cultivada. Em geral, as folhas são coriáceas e rígidas (Locatelli, 2011) e apresentam apenas uma nervura central, sendo classificadas como nervuras conduplicatas. Ocorre também uma folha modificada (bráctea), denominada de espata, que abriga e protege a haste floral até seu completo desenvolvimento e se rompe liberando os botões florais. As flores são zigomorfas, ou seja, possuem simetria bilateral e, normalmente, se formam em pequenas hastes parecidas com pseudobulbos de tamanho reduzido, porém, pode ocorrer formação de flores na extremidade do pseudobulbo, junto à base da folha. Cada haste floral comporta de duas a três flores, com diâmetro que varia de 7 a 10cm. Apresentam conformação característica da espécie, sendo trímeras, ou seja, possuem três sépalas e três pétalas. O labelo característico desta espécie é obcordiforme, com uma constrição denominada epiquilo, que compreende toda região a partir do trecho constrito e pode até apresentar coloração diferenciada do restante do labelo (Gonçalves; Lorenzi, 2011). O ginostêmio pode apresentar colocação similar à das demais partes florais, porém com degrade em direção à base que geralmente é branca. O fruto é do tipo cápsula deiscente septícida formata por três carpelos e três lóculos, cujo formato e tamanho podem variar em função das condições ambientais durante a sua formação, mas em geral é pequeno com formato arredondado e dimensões que variam entre 3 a 5cm de comprimento por 1,5 a 2cm de largura. Cada fruto pode conter mais de 800.000 sementes (Pierik, 1997; Bach; Castro, 2004). As sementes são extremamente pequenas e providas de expansões tegumentares denominadas tricomas.
Quanto aos aspectos fenológicos, a floração inicia-se em abril e as plantas podem permanecer floridas por, aproximadamente, 30 dias. A polinização é, em geral, promovida por insetos e aves e a dispersão das sementes se dá pelo vento (anemocoria). Na natureza as sementes de orquídeas germinam e desenvolvem-se através de uma relação simbiótica com fungos micorrízicos rizoctonoides, específicos para cada espécie, os quais fornecem nutrientes necessários às plântulas, durante as fases iniciais de seu desenvolvimento (Ramunssen, 2002; Pereira et al., 2005). A espécie apresenta crescimento simpodial, com mais de um ponto de crescimento, o que proporciona formação de uma touceira, promovendo maior área de colonização do ambiente. Também pode-se observar a presença dos pseudobulbos que formam um eficiente sistema de reserva de nutrientes e água para as plantas. Uma adaptação importante presente na C. walkeriana é o mecanismo fotossintético do tipo CAM (Metabolismo Ácido das Crassuláceas), característica que possibilita a abertura dos estômatos durante a noite, quando a temperatura é sempre menor, promovendo diminuição da transpiração, diminuindo assim o desperdício de água durante a fotossíntese, o que é fundamental para a sobrevivência dessas plantas durante os períodos secos (Locatelli, 2001). Por ter metabolismo CAM é durante a noite também que a planta absorve água, algo empiricamente já percebido por colecionadores que costumam dizer que a C. walkeriana gosta de “dormir com os pés molhados”. Esta espécie é capaz de suportar amplitudes térmicas que variam de 5 a 40°C e umidade relativa do ar de até 15%, comum nos meses de inverno no cerrado (Locatelli, 2011). As populações naturais de C. walkeriana podem ser encontradas como rupícolas ou epífitas, sendo esta a forma mais comum. As populações que se instalam sobre rochas, ocorrem quando a formação rochosa apresenta boas condições de umidade, sombreamento e, na maioria dos casos, recobertas por liquens que criam um microclima adequado para a germinação da semente e posterior desenvolvimento da planta. Quando ocorrem em regiões com maior umidade relativa do ar, geralmente em matas de galerias e matas ciliares, as plantas são mais robustas quando comparadas àquelas que ocorrem em regiões com umidades mais baixas. Em alguns ambientes do cerrado, a coabitação da C. walkeriana com outras espécies de Cattleya promoveu o aparecimento de híbridos naturais que são amplamente conhecidos pelos orquidófilos. Por exemplo, no Estado de Goiás, onde a C. walkeriana coabita com a C. nobilior, é comum encontrar grande número de indivíduos do híbrido natural conhecido como Cattleya X mesquitae (Locatelli, 2001). O gênero Cattleya, por sua ampla variabilidade de espécies e comportamentos, apresenta também diversificados níveis de exigências quanto a condições ambientais e de cultivo. No caso da C. walkeriana, suas adaptações permitiram que ela colonizasse diversos ambientes do cerrado, desde a fitofisionomia do cerrado, propriamente dita, como o cerradão e as veredas. Devido ao alto grau de adaptabilidade, a espécie é definida como rústica e de fácil cultivo, pois pode ser cultivada em substratos como o sfagno, fibra de coco ou sobre a casca de uma árvore. Contudo, as melhores respostas ocorrem quando o cultivo é feito sobre madeira, a exemplo dos troncos ou cascas de árvores com textura rugosa. Outros substratos tem sido testados com resultados promissores, a exemplo das misturas de cascas de árvores, rochas, cacos de cerâmica, entre outros (Locatelli, 2001). Por ser uma espécie de fácil adaptação, pode ser cultivada em diversos locais, caso dos telados, estufas, ripados ou mesmo fixadas em árvores vivas, tendo maior sucesso quando as árvores apresentarem caules rugosos, pois facilita a fixação e a retenção de umidade, além de certa liberação de nutrientes e, em períodos úmidos, a formação de liquens, que são benéficos para as orquídeas. Porém, se forem cultivadas em ambientes com maior controle de umidade, temperatura e luminosidade, observa-se um aumento na expressão do potencial ornamental, com folhagem exuberante e até mais de uma floração anual. Cabe lembrar que, as regas devem sempre ocorrer no final do dia, momento em que seus estômatos estão abertos e, por conseguinte, otimiza a absorção de água e nutrientes.
Viana, F. A. P. <em>Cattleya walkeriana</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 956-963.
Coppensia varicosa Coppensia varicosa (Lindl.) Campacci
Erva predominantemente epífita, eventualmente rupícola, ou terrestre. Raízes esbranquiçadas, geralmente muito desenvolvidas em comprimento. Pseudobulbos oblongo-ovalado, comprimidos lateralmente, sulcados, verdes e geralmente maculados de vinho ou preto, 5,0-8,0 x 1,3-3,0cm, encimados por 2(-3) folhas apicais e geralmente por 1(-2) basal. Folhas apicais ligular-lanceoladas, coriáceas, verdes, 10,0-25,0 x 1,5-3,0cm; folhas basais de aspecto semelhante às apicais, porém menores em tudo. Inflorescência multiflora (5-mais de 50 flores), emergindo da axila de uma das folhas na base dos pseudobulbos, paniculada, longa, flexuosa, geralmente vigorosa, 0,30-1,5 (-2,0) metros de comprimento total; pedúnculo com 4-5 pequenas bainhas esbranquiçadas distribuídas ao longo do comprimento. Flores variáveis no tamanho, de acordo com a variedade, geralmente de 2,5-4,0cm de diâmetro, de coloração amarelo vivo; pedicelo + ovário de 1,5- 3,0cm. Sépalas e pétalas similares, pequenas em relação ao labelo, amarelo-esverdeadas, maculadas de marrom-avermelhado; sépalas laterais fundidas até ao meio, ápices livres. Labelo grande, aplanado, essencialmente trilobado (duas aurículas ou lobos laterais pequenos e um lobo central muito desenvolvido), amarelo brilhante, com manchas ou pintas alaranjadas a avermelhadas na região da calosidade, geralmente mais largo que comprido, 2,4-3,5 x 2,5-4,5cm; lobos laterais geralmente orbiculares (forma e tamanho variáveis de acordo com as variedades, as margens podem ficar sobrepostas ao lobo central ou não), geralmente convexos; lobo central reniforme, bilobado a tetralobado, sempre com ápice profundamente emarginado; região do disco provida de calosidade digitiforme flanqueada por calosidades menores também digitiformes ou verrucosas. Coluna 4-8mm de comprimento, amarela, com alas subquadrangulares flanqueando a depressão estigmática.
Considerando os registros da distribuição geográfica (abrangendo larga amplitude ecológica - diferentes taxas de luminosidade, umidade e temperatura), as diferentes fitofisionomias por onde a espécie vegeta e as formas de comportamento observadas (geralmente epífita e ocasionalmente rupícola ou terrestre), podemos concluir que a espécie é relativamente pouco exigente (guardando as devidas proporções) quanto às especificidades ambientais e de substrato e, provavelmente, essa característica se materializará na forma de um bom desempenho quando submetida ao cultivo dirigido. Mais especificamente sobre características e práticas de cultivo, Hoehne (1949), comenta que espécies de Oncidium apresentam, de modo geral, raízes longas e muito desenvolvidas; e que foram medidas raízes de Oncidium varicosum, crescendo em condições naturais, apresentando 5 a 6 metros de comprimento, no sul de Minas Gerais. Quanto ao desenvolvimento geral, comenta que a planta cresce relativamente rápido. Segundo o orquidicultor Carlos Keller (Saliba, 2010), ao cultivar uma variedade de O. varicosum sugere que a melhor maneira de se manter as plantas é fixá-las em galhos finos, de árvores vivas, de preferência laranjeiras ou limoeiros em áreas que apresentem alta umidade relativa. Entretanto, para um cultivo comercial, sugere a utilização de vasos plásticos com substrato composto apenas de britas n°1 (grande granulometria) para que as raízes não fiquem abafadas e alcancem o pleno desenvolvimento. De acordo com informações de Leal (2010), praticamente todas as espécies de Oncidium devem ser cultivadas em estufas de clima intermediário, em vasos de barro com substrato de excelente drenagem e água abundante durante todo o ano. Do mesmo modo, informações extraídas do site Elanbee Orchids (2010) corroboram a informação que, Oncidium varicosum necessita de umidade constante quando sob cultivo, e que apresenta um período de repouso pequeno em relação às demais espécies do gênero. Acrescentam ainda que, a maior parte das espécies de Oncidium é originária da região montanhosa do sudeste brasileiro onde imperam temperaturas amenas (podem chegar a 5-6°C), durante o inverno relativamente seco e que os verões apresentam-se úmidos e quentes. Portanto, a rega durante a primavera e verão pode ser diária, enquanto que, no outono e inverno, deverá ser realizada apenas uma vez por semana. Floresce geralmente entre fevereiro e maio.
Bianchetti, L. B. <em>Coppensia varicosa</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 964-973.
Epidendrum fulgens Epidendrum fulgens Brongn.
Orquídea terrestre, bastante rústica e prolífica. Possui porte médio, atingindo até 90 centímetros de altura. Folhas verdes bronzeadas com cinco centímetros de comprimento, obtusas e lanceoladas, dispostas alternadamente no caule. Flores agrupadas em inflorescência umbeliformes. As inflorescências surgem do topo dos pseudobulbos, atingindo cerca de trinta centímetros de comprimento (Pabst & Dungs, 1975).Flores de um a dois centímetros de diâmetro. Pétalas e sépalas lanceoladas, amarelas ou alaranjadas. No ambiente natural, é encontrada grande variedade de cores de flores, variando de amarelo-claro até vermelho-escuro, passando por tons de laranja vivos. O tamanho das flores também varia muito, variação esta que pode ser atribuída, em parte, a fatores ambientais, uma vez que, em condições ambientais homogêneas, também podem ser encontrados diferentes tamanhos de flores. Labelo trilobado, amarelo que não faz a ressupinação (mudança de posição para a horizontal) (Pabst & Dungs, 1975). Floresce principalmente na primavera e no verão.
Seu cultivo deve ser feito em substrato bem drenado, leve, não compactado. Pode ser cultivada em vasos com pedra britada, substratos orgânicos (cascas de árvores moídas, turfa etc.) ou mesmo areia. Pode ainda ser cultivada em jardins, desde que haja uma preparação do canteiro com os substratos acima citados. O regime de regas é semelhante ao de orquídeas rupícolas, a planta não tolera encharcamento por longos períodos, suportando muito bem a falta de água. No caso de substrato excessivamente úmido, as raízes não se desenvolvem e a planta não cresce (Englert, 2000). A espécie pode ser cultivada a pleno sol sem prejuízos para o seu desenvolvimento, porém, quando a planta é cultivada a meia sombra esta apresenta folhas de melhor aspecto e a planta também tem maior tamanho (O mundo das orquídeas, 1998).
Müller, C.V. <em>Epidendrum fulgens</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 760-763.
Vanilla palmarum Vanilla palmarum (Salzm. ex Lindl.) Lindl.
As orquídeas são plantas perenes ou anuais e podem ser terrícolas, epífitas, rupícolas, trepadeiras, micoheterotróficas, as vezes subterrâneas. Suas folhas são alternas, raramente opostas ou verticiladas. Normalmente na base apresentam bainhas com veias paralelas. Frequentemente apresentam estruturas de reservas nutritivas, sejam raízes espessadas ou tuberoides, ou na forma de caule modificado em pseudobulbos. As flores são zigomórficas e bissexuadas, raramente unissexuadas. O perianto apresenta seis tépalas em dois verticilos: a externa é formada por três sépalas, que, algumas vezes, apresentam-se concrescidas; a camada interna é composta por três partes, duas delas semelhantes às sépalas, denominada simplesmente pétalas, e a outra constituindo uma pétala modificada em uma forma denominada labelo. <em>Vanilla palmarum</em> apresenta rica cabeleira de raízes que envolve o estipe da planta hospedeira (geralmente uma palmeira). As inflorescências são tipo racimos axilares, flores avermelhadas com aroma delicado. Os frutos são cápsulas carnosas, grandes, verde-claros e aromáticos (Sousa et al., 1995).
Quanto à reprodução, a espécie descrita é considerada autógama, porém com diferentes níveis de polinização cruzada. A espécie apresenta deficiência na polinização natural, razão pela qual se recomenda a adoção da polinização assistida como prática rotineira para viabilizar a produção comercial de frutos, da mesma forma como já ocorre com a produção comercial de V. planifolia. A técnica, apesar de trabalhosa em função do número de flores a serem polinizadas, é relativamente simples de ser executada e resulta em aumentos expressivos de produtividade na cultura. Vanilla palmarum cresce sempre associada a palmeiras conhecidas popularmente como Licuri (Syagrus coronata), daí a origem do seu epíteto específico (palmarum). Nas condições do Estado da Bahia, a espécie foi observada em floração nos meses de janeiro e fevereiro (Rêgo; Azevedo, 2017). Não existem dados disponíveis sobre a biologia floral e cultivo desta espécie.
Camillo, J.; Coradin, L.; Camargo, L.E.; Pansarin, E.R.; Barros, F. <em>Vanilla spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 351-364.
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