nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Schizolobium parahyba
Schizolobium parahyba (Vell.) Blake
 
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Vernonanthura discolor
Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob.
 
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Philodendron bipinnatifidum
Philodendron bipinnatifidum Schott
Imbê de Comer
 
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Cecropia glaziovii
Cecropia glaziovii Snethl.
Embaúba Vermelha
 
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Jodina rhombifolia
Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek
 
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Sorocea bonplandii
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al.
Soroco
 
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Trichilia catigua
Trichilia catigua A.Juss.
Catigua
 
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Varronia curassavica
Varronia curassavica Jacq.
 
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Aspilia montevidensis
Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze
Mal-Me-Quer
 
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Calliandra tweedii
Calliandra tweedii Benth.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Schizolobium parahyba Schizolobium parahyba (Vell.) Blake
Segundo Reitz et al. (1983), o guapuruvu é árvore decidual que alcança entre 20 e 30 metros de altura e até 80cm de diâmetro. O seu tronco é reto, alto e cilíndrico. A casca é quase lisa, com cicatrizes das folhas. As folhas são alternas, compostas bipinadas, com até 1m de comprimento. Os folíolos são opostos, elípticos, com estípulas que caem com o tempo e têm de 2 a 3cm de comprimento por 7 a 10mm de largura. As inflorescências são cachos terminais, com 20 a 30cm de comprimento. As flores são grandes, vistosas, com pedicelos de até 15mm. As pétalas são orbiculares, amarelas, pilosas, com longa unha. O fruto é do tipo legume, obovado, coriáceo, pardo-escuro, com 10 a 15cm de comprimento. A semente única elíptica, brilhante e muito dura, é protegida por endocarpo papiráceo.
Floresce a partir do final de agosto, geralmente em novembro e dezembro, com a árvore quase totalmente despida de folhagem, cobrindo-se com tonalidade suave de amarelo. Os frutos amadurecem de abril a outubro (Backes & Irgang, 2003). Segundo Backes & Irgang (2003) e Souza & Valio (2001), a obtenção de sementes é feita após a queda natural dos frutos. Faz-se necessária a escarificação da semente ferindo levemente a cutícula dura e pouco permeável ou usando-se uma lixa e rompendo o tegumento na parte posterior. Este tratamento, apesar de trabalhoso, é o que oferece maior índice de germinação e deve ser usado quando existe pequena disponibilidade de sementes. Outra opção é tratar as sementes com ácido sulfúrico concentrado durante uma hora ou ainda efetuar imersão das mesmas em água fervente, deixando-as na água durante 24 horas. A semeadura pode ser realizada em recipientes individuais após a escarificação. A germinação ocorre entre cinco e 35 dias. A repicagem deve ser efetuada quando as plântulas alcançarem 4 a 7cm de altura e o plantio definitivo deve ser feito a partir dos dois meses.
Borgo, M.; Petean, M. P.; Hoffmannn, P. M. <em>Schizolobium parahyba</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 516-518.
Vernonanthura discolor Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob.
Árvore perenifolia, 10 a 15m de altura, podendo chegar até 20 metros com diâmetro à altura do peito (DAP) de 50cm. O tronco é geralmente tortuoso, casca externa cinza-clara ou castanha, com leves fissuras longitudinais. A ramificação se apresenta dicotômica, irregular, com ramos tortos, formando copa alongada irregular com folhagem discolor. A casca interna é amarelada, com estrias que a oxidam toda, tornando-a escura, de onde vem o nome da árvore. As folhas são simples, alternas, espiraladas e pecioladas com 7-20cm de comprimento e 3-9cm de largura. As folhas são distintamente discolores (verde-escura em cima e alvo-tomentosas em baixo). A planta apresenta inflorescências em capítulos muito numerosos com 8-12 flores, dispostos em panículas terminais. As flores são hermafroditas com 2 a 3mm. Os frutos são aquênios veludosos, com superfície marrom, membranácea, e estriados longitudinalmente. A semente é ereta e apresenta o tegumento reduzido a uma fina película membranácea (Cabrera & Klein, 1980; Reitz et al. 1983; Carvalho, 2008).
O vassourão-preto é uma espécie heliófita e seletiva higrófita. Tolera baixas temperaturas, apresentando crescimento monopodial com boa derrama (Carvalho, 2008). O vassourão-preto floresce durante o inverno até a primavera, sendo o período predominante em setembro-outubro, frutificando em seguida (Cabrera & Klein, 1980; Reitz et al.,1983).
Siminski, A.; Fantini, A. C. <em>Vernonanthura discolor</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 523-526.
Philodendron bipinnatifidum Philodendron bipinnatifidum Schott Imbê de Comer
Apresenta caule com 5-13cm de diâmetro, catafilo decíduo; esquâmulas intravaginais geralmente presentes. Folha pinatífida a bipinatifída, pecíolo com 61,5-82 × 1,1-2cm, verde sem máculas, não geniculado apicalmente, lâmina foliar com dimensões de 75-97,5 × 60-75cm, levemente discolor, verde pouco mais nítido na face adaxial, ápice acuminado, margem inteira às vezes mais clara que a lâmina, cartácea, nervura central proeminente em ambas as faces; divisão anterior 45-83 × 25-80cm, nervuras laterais primárias 9 à 11 pares, proeminente em ambas as faces; divisão posterior 27-50 × 30-58cm, nervuras acroscópicas 2-6 e nervuras basioscópicas 1-2 por lado. Inflorescência, uma por axila foliar; pedúnculo com 32 × 2cm, verde; espata com 23-29cm de comprimento, persistente, não constricta; espádice curto estipitado com 20,5-22,5cm de comprimento; zona estaminada 6-11,5 × 1,5-2cm, rosada; zona estaminada estéril 5,5-10 × 1,7–3cm, creme a rosa escuro; zona pistilada 7-9 × 2-3cm, creme, não adnata à espata; estípite 0,2-0,7 cm de comprimento. Flores masculinas com 4 estames; flores femininas com ovário 6-15-locular, óvulos 6 por lóculo, placentação axial-basal, região estilar da mesma largura do ovário, estigma globoso. Infrutescência imatura com 2 cm de largura, cor creme; pedúnculo com 32 × 2cm. Fruto imaturo, amarelo, prismático; numerosas sementes por baga (Temponi et al., 2013).
As raízes são adventícias com uma clara distinção entre as raízes aéreas escoras, pelas quais as plantas se apóiam no suporte e as raízes subterrâneas de absorção, as quais crescem sob o solo e obtêm os nutrientes (Vianna et al., 2001). São classificadas como erva, terrestre epilítica ou epifítica. Adaptam-se melhor em condições de meia-sombra ou em pleno sol. Recomenda-se para o cultivo, a utilização de substrato composto por uma mistura de adubo e areia. Seu cultivo pode ser efetuado de forma isolada ou agrupada.
Coelho, M. A. N. <em>Philodendron bipinnatifidum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1045-1049.
Cecropia glaziovii Cecropia glaziovii Snethl. Embaúba Vermelha
A embaúba <em>Cecropia glaziovii</em> pertence a um gênero de árvores com características muito peculiares. A arquitetura de embaúba é conspícua, sendo facilmente reconhecida dentre outras árvores. Seu tronco e ramos são cilíndricos e as grandes folhas se concentram nas partes terminais de ramos e tronco. A embaúba é uma planta arbórea, geralmente com altura entre 10 a 15 metros; dioica, ou seja, existe a planta macho e a planta fêmea; as folhas simples, grandes, lobadas e peltadas; as flores são nuas (sem pétalas) e estão reunidas em inflorescências do tipo amentilho. A infrutescência é carnosa, comestível e muito doce quando madura. O fruto individual é do tipo aquênio. A fase reprodutiva da embaúba inicia-se após a ramificação do tronco. O tronco da embaúba é oco e nele vivem formigas do gênero <em>Azteca</em>. A interação <em>Cecropia-Azteca</em> para alguns autores é considerada mutualística, onde as formigas se beneficiam com abrigo e alimento (corpúsculos-de-Müller - produzidos na base do pecíolo), e as embaúbas contra herbivoria e plantas trepadeiras (Janzen, 1969; Vasconcelos & Casimiro, 1997).
Embaúba é uma espécie pioneira, com rápido crescimento em condições de luminosidade nas florestas, como as clareiras naturais e antrópicas. Produz grande quantidade de sementes e frutos anualmente. Seus frutos são muito apreciados pela fauna silvestre. Aves, tais como tucano, gralha-azul, aracuã, tié, e mamíferos (gambá, cuíca, morcego, macaco, graxaim, quati) são grandes consumidores dos frutos da embaúba e contribuem para espalhar suas sementes por toda floresta onde vivem, de tal forma que a cada nova clareira ou situação de borda, embaúba é uma das espécies a se estabelecerem.
Mendonça, E. N. <em>Cecropia glaziovii</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 582-585.
Jodina rhombifolia Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek
<em>Jodina rhombifolia</em> é uma espécie nativa do sul do Brasil e representa o único registro do gênero. A espécie é caracteristicamente um arbusto de dois a cinco metros de altura, 10cm de diâmetro (Fernández Casas & Susanna, 1987). Planta perenifólia, possui folhas coriáceas glabras, verde escuras brilhantes, alternas, rômbicas, com um espinho em cada vértice livre. Flores pentâmeras, verde amareladas, axilares dispostas em aglomerados praticamente sésseis. Frutifica na primavera e o fruto é uma cápsula drupácea de cinco lóbulos de cor roxa.
As tradicionais espinheiras-santas (Maytenus spp., Zollernia ilicifolia e Jodina rhombifolia) apresentam baixa densidade em sistemas florestais, especialmente J. rhombifolia que sempre está associada em agrupamentos com outras espécies. Desta forma, popularmente é reconhecido que a espécie não sobrevive de forma solitária. O contrário acontece com S. bonplandii, que apresenta alta densidade nas tipologias florestais onde ocorre. São desconhecidos estudos para o cultivo comercial dessas espécies.
Ruschel, A.R.; Nodari, R.O. <em>Sorocea bonplandii, Zollernia ilicifolia, Jodina rhombifolia</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 701-708.
Sorocea bonplandii Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. Soroco
É uma pequena árvore perenifolia e lactescente, nativa da Mata Atlântica, especialmente abundante no subosque florestal da Floresta Estacional Decidual (Rambo, 1956; Klein, 1972; Dislich et al., 2001; Ruschel et al., 2006). Árvore de pequeno porte, atinge altura total em geral de 6 a 12 metros e diâmetro de 15 a 25cm (Klein, 1972; Lorenzi, 1998; Carvalho et al., 2000).As folhas são alternas, tipicamente serrilhadas terminadas com espinhos. Os frutos são de forma oval e quando maduros apresentam coloração vinho-roxo intensivo, contendo uma única semente.
Floresce de junho a dezembro e os frutos maduros que aparecem de outubro a dezembro (Lorenzi, 1998; Araujo, 2002; NYBG, 2006) são avidamente consumidos pela fauna (Nascimento et al., 2000). As tradicionais espinheiras-santas (Maytenus spp., Zollernia ilicifolia e Jodina rhombifolia) apresentam baixa densidade em sistemas florestais, especialmente J. rhombifolia que sempre está associada em agrupamentos com outras espécies. Desta forma, popularmente é reconhecido que a espécie não sobrevive de forma solitária.
Ruschel, A.R.; Nodari, R.O. <em>Sorocea bonplandii, Zollernia ilicifolia, Jodina rhombifolia</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 701-708.
Trichilia catigua Trichilia catigua A.Juss. Catigua
Arvoretas a árvores de até 10 metros de altura e 50cm de diâmetro, frequentemente apenas metade ou ainda menos. Ramos jovens curtamente pubescente até densamente seríceos, tricomas adpressos ou eretos, cedo tornando-se glabros, cinzento-brancos até marrons, lenticelados (Klein, 1984). Folhas compostas imparipinadas ou pinadas com um dos folíolos simulando posição terminal, até 18cm, pecíolo e raque semicilíndricos, pubescentes a glabrescentes, tricomas adpressos ou suberetos. Folíolos 7-13, alternos até opostos, cartáceos, 3,0-10,0cm x 1,5-4,0cm, oblanceoloados, oblongos, elípticos ou raro lanceolados, face adaxial (superior) glabra, raro pubérula ao longo da nervura central, abaxial (ventral) vilosa, densamente pubescente ou glabra, peciolulados, peciólulos 1,5-3,0mm; ápice agudo a acuminado, muita vezes com a ponta um pouco emarginada ou cuspidada, base oblíqua, raro cuneada, quase sempre assimétrica; nervura central quase sempre saliente, raramente plana; nervuras secundárias (11-) 12 16 (-18) em cada lado da nervura central (Klein, 1984; Pastore, 2003).Inflorescência axilar ou diversas reunidas em tirsos (cachos) piramidais axilares, fasciculado, pubescente ou pubérulo, 1,5-8,0cm, pedicelo 0,5-1,0mm. Flores unissexuadas, plantas dioicas, 5-meras, cálice geralmente pateliforme, raro rotado ou ciatiforme, (0,25-) 0,5-1mm de comprimento, 4-5 lobos agudos, triangulares, ovados ou obtusos (Klein, 1984). Pétalas unidas de ½ a ¾ do seu comprimento, 2,5-3,5mm, valvares, externamente pubérulas, internamente glabras. Tubo estaminal urceolado a curtamente cilíndrico, externamente glabro ou com raros tricomos esparsos, internamente denso a esparso tomentoso, filetes totalmente unidos; anteras glabras, anteródios delgados, indeiscentes, sem pólen; ovário ovoide, 3-locular, dois óvulos por lóculo, colaterais; estilete glabro, pistilódio cônico, óvulos não funcionais (Klein, 1984; Pastore, 2003). Frutos do tipo cápsula 3-valvar, até 1,5cm, estreitamente ovoidea ou oblonga (geralmente alargada na metade superior, lisa, adpresso-pubescente a densamente serícea, 1,3-1,5cm de comprimento por 0,5-0,7cm de largura. Uma a duas sementes colaterais em cada fruto, cerca de 0,8mm de comprimento por 0,4mm de largura, obovoideas, completamente circundadas por um arilo fino, carnoso. Embrião com cotilédones colaterais plano-convexos; radícula apical inclusa, endosperma ausente (Klein, 1984).
Trichilia catigua caracteriza-se como uma espécie esciófita e seletiva higrófita, relativamente frequente (Klein 1984). Trata-se de uma planta de crescimento lento e sua regeneração na floresta é esporádica, sendo que poucos indivíduos jovens nas proximidades ou mesmo distante das plantas-mãe podem ser encontrados (Valmorbida, 2007). É uma espécie que apresenta padrão de floração anual, com disponibilidade regular de flores durante um período de aproximadamente 30 a 45 dias, predominantemente entres os meses de janeiro e maio (Valmorbida, 2007). Os botões florais permanecem na planta durante cinco a seis meses antes das primeiras anteses, uma segunda floração, porém menos intensa, pode ocorrer em alguns indivíduos (Moscheta, 1995). Existem registros de coletas no Estado de São Paulo com flores de junho a dezembro (Pastore, 2003). A maturação dos frutos leva de quatro a cinco meses e a deiscência ocorre principalmente nos meses de outubro e novembro (Pastore, 2003). O arilo das sementes contém carotenoides que conferem uma cor vermelha, atrativo importante para aves e roedores que atuam na dispersão da espécie (Valmorbida, 2007). Atualmente a espécie não é cultivada em grande escala em nenhuma parte do país, portanto a obtenção da casca para uso tanto popular quanto comercial é puramente extrativista. Esse tipo de exploração, aliado ao fato de a planta apresentar crescimento lento, pode ameaçar a ocorrência e a regeneração natural da espécie.
Neto, C.D.; Reis, A. <em>Trichilia catigua</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 709-714.
Varronia curassavica Varronia curassavica Jacq.
Subarbustos a arbustos de 0,5 a 4,0 metros, eretos, com ramos dispostos helicoidalmente. Folhas com limbo 3,2-12,0 cm x 0,9-5,4 cm, cartáceo ou coriáceo, de lanceolado a ovado ou elíptico, ápice e base agudos; margem serrada nos dois terços superiores, face superior áspera (escabroso-verrucosa) com nervuras impressas e face inferior diversamente pubescente com nervuras proeminentes. Inflorescências terminais em espiga, às vezes agrupadas em panículas; cálice gamossépalo, campanulado, verde, cerca da metade do comprimento das pétalas, lobos triangulares; corola gamopétala, infundibuliforme, branca, 4-7 mm de comprimento, lobos arredondados. Fruto drupáceo vermelho, subgloboso, 3-5 mm x 2-4 mm, rodeado parcial ou totalmente pelo cálice (Smith, 1970; Sánchez, 1995). Trata-se de um táxon muito variável quanto ao tamanho das folhas e inflorescências; todos os morfótipos têm em comum a corola pentalobulada com limbo patente ou revoluto (Sánchez, 1995).
Estudos de cultivo desta espécie foram desenvolvidos no CPQBA/Unicamp (Figueira et al., 2001; Magalhães et al., 2004; Montanari & Magalhães, 2004). A influência da luz no crescimento e na produção de metabólitos foi investigada por Lapa (2006). Os besouros responsáveis pela broca da laranjeira são fortemente atraídos por esta espécie, que é utilizada como planta armadilha para esta praga (Nascimento et al., 1986). Varronia curassavica foi introduzida na Malásia, onde chegou a tornar-se um problema ambiental, mas foi controlada por métodos biológicos (Simmonds, 1980).
Falkenberg, M.B. <em>Varronia curassavica</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 715-719.
Aspilia montevidensis Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze Mal-Me-Quer
Planta herbácea, coberta de pelos ásperos, perene, formando touceiras baixas, com ramos prostrados, desde a base, de até cerca de 15-30cm de altura, com porção terminal do caule levemente inclinado e escapo semi-ereto. Ramos finos de cor verde vináceos. As folhas são opostas, lanceoladas, pilosas, com cerca de 1,0-1,5cm de largura e 3,5-5,0cm de comprimento, com ápice agudo e margem serrada. As inflorescências (capítulos), com cerca de 4,0-5,0cm de diâmetro, ocorrem isoladamente, após um escapo floral de 5-10cm de comprimento e cerca de 0,3cm de largura. As flores periféricas (do raio) apresentam cor amarela e possuem pétalas liguladas (em forma de língua) de 2,5-3,0cm de comprimento e cerca de 1,0cm de largura. As flores centrais (do disco) são tubulosas, apresentando coloração amarela ou levemente alaranjada, e formam uma circunferência de 1,5-2,0cm de largura. Os frutos são muito pequenos (cerca de 3-4mm de comprimento por 1,0mm de largura) e dispostos no capítulo, possuindo uma saia de plumas brancas (papus) que os dispersa pelo vento. Floresce na primavera e no final do verão, frutificando no outono.
É planta muito comum, que forma touceiras mais ou menos densas e achatadas, com ramos prostrados e capítulos grandes, de cor amarela, que se abrem, geralmente, em grande quantidade (Brack et al., 2000). Quando da época de floração, que se estende desde a primavera até o início do outono, é uma das plantas mais vistosas dos Campos Sulinos. Suas flores amarelas atraem insetos, tais como borboletas e outros lepidópteros que devem atuar em sua polinização.
Brack, P. <em>Aspilia montevidensis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 737-739.
Calliandra tweedii Calliandra tweedii Benth.
Subarbustos ou arbustos terrícolas, às vezes rupícolas ou aquáticos, prostrados ou eretos, bastante ramificados, ou até arvoretas, (0,1)1-7m de altura, até 15 20cm de diâmetro à altura do peito (DAP), perenifólios, madeira muito dura. Folhas alternas, bicompostas, bipinadas, 3-6(-10) pares de folíolos opostos; folíolo 3-9 x 0,8-2,0cm, subdividido em 20-40(-70) pares de folíolos; folíolos 5 9 x 1-2mm, assimétricos, pouco pubescentes (às vezes só com as margens ciliadas), discolores, verde-escuros e lustrosos no epifilo, subcoriáceos; pecíolo, raque, peciólulo e ráquila pilosos; estípulas caducas, oval-lanceoladas, 10-12 x 1,5-3,0mm, glabras ou pilosas. Densas inflorescências axilares com quinze a 25 flores aglomeradas, pseudo-espigas capituliformes (“capítulos pedunculados” ou “umbélulas” senso Burkart, 1952:110), vistosas devido aos estames vermelhos, melitofílicas ou ornitofílicas; pedúnculos isolados, pubescentes, 4-7cm de comprimento. Flores com pequeno pedicelo (1,5-3,0mm de comprimento), pentâmeras, monóclinas (hermafroditas), diclamídeas, perianto em geral piloso externamente (hipofilo), gamossépalas e gamopétalas, polistêmones, hipóginas. Cálice esverdeado, 2-5mm de comprimento, metade basal unida e metade apical livre, nervuras bem salientes. Corola creme-esverdeada, campanulada, 6 8(10)mm de comprimento, metade basal unida e metade apical livre, pilosidade densa e concentrada nos lobos com pelos longos, e bem mais curtos e esparsos no tubo da corola. Estames numerosos, em forma de pluma, vermelhos, 3,5 4,0(6,0) cm de comprimento; filetes ornamentais, unidos na base (que fica inclusa dentro do perianto), bem mais longos que a corola; anteras pequenas. Ovário súpero, unicarpelar, unilocular, quatro a oito óvulos, placentação parietal; estilete filiforme, confundível com os filetes; estigma pequeno. Legume ereto, quase linear, reto, lenhoso, densamente piloso (ao contrário do descrito por Groth & Andrade, 2002), estreitado na base, comprimido, com deiscência elástica e explosiva, valvas curvando-se desde o ápice até a base, 4,0-1,0 x 0,5-1,4 centímetros. Sementes poucas (em geral 2-6), sem endosperma, ovais, 7-9 x 3 4mm, duras, em posição oblíqua, com funículo curto e castanho, linha fissural em forma de ampla ferradura, hilo apical na extremidade da ponta radicular. Descrição adaptada de Burkart (1952:109-11, 1979:100-2).O gênero engloba 160 (Burkart, 1979) a 200 espécies, concentradas nos trópicos americanos, na Índia e em Madagascar. Várias são cultivadas como ornamentais e outras usadas como lenha ou como restauradoras da fertilidade do solo (Mabberley, 1993). O nome do gênero (“estames bonitos”) consagra a beleza dos estames. Duas outras espécies são nativas do sul do Brasil: <em>C. selloi</em> e <em>C. foliolosa </em>(Rambo, 1966; Burkart, 1979), ambas também com uso atual ou potencial ornamental. Burkart (1979) reconhece <em>C. tweediei</em> var. <em>sancti-pauli</em> (Hasskarl) Bentham, que se distribui de São Paulo a Santa Catarina (ele não a cita para o Rio Grande do Sul, mas é difícil que ela não ocorra lá) e é exclusiva da bacia dos rios Paraná e Uruguai, tendo folhas maiores que as da variedade típica, sendo esta bem mais comum. A família possui mais de 230 espécies nativas no Rio Grande do Sul, das quais quase um terço (69) pertence à subfamília Mimosoideae (Rambo, 1966); Burkart (1979) descreve 100 espécies desta subfamília para Santa Catarina, das quais 75 são nativas. Nas últimas décadas, estes números foram ampliados, em virtude da descrição de várias espécies novas de <em>Mimosa </em>(gênero que abrange mais da metade das espécies dessa subfamília), inclusive algumas endêmicas da região.
Falkenberg, D.B. <em>Calliandra tweedii</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 740-743.
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