nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Eugenia involucrata
Eugenia involucrata DC.
 
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Heteropterys tomentosa
Heteropterys tomentosa A.Juss.
 
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Euterpe edulis
Euterpe edulis Mart.
Juçara
 
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Plinia peruviana
Plinia peruviana (Poir.) Govaerts
 
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Tropaeolum pentaphyllum
Tropaeolum pentaphyllum Lam.
 
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Syagrus romanzoffiana
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Jeriva
 
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Gynerium sagittatum
Gynerium sagittatum (Aubl.) P.Beauv.
Canabrava
 
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Trichocline catharinensis
Trichocline catharinensis Cabrera
Cravo-Do-Campo
 
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Verbena rigida
Verbena rigida Spreng.
 
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Acrocomia hassleri
Acrocomia hassleri (Barb.Rodr.) W.J.Hahn
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Eugenia involucrata Eugenia involucrata DC.
Árvore mediana de 10 a 15 metros. Tronco retilíneo. Possui casca lisa, com deiscência em placas, variando de cor com a idade, passando do esverdeado até o castanho-acinzentado. A copa é longa, estreita e de ramificação ascendente, possui densa folhagem verde-escura-brilhante perenifólia ou semidecídua. As folhas são opostas, simples, membranáceas quando jovens e coriáceas quando adultas, variando de elíptico-oblongas a oblongo-lanceoladas. Pedúnculos unifloros, de 0,9-2,5cm de comprimento, delgados, sobre a base dos ramos novos; bractéolas grandes com cerca de 1cm de comprimento envolvendo o botão floral, ovadas, subcordadas, foliáceas. Frutos oblongos, lisos, coroado por sépalas foliáceas persistentes. Medem 2,5cm de comprimento e, na região de maior largura, atingem cerca de 2,0cm de diâmetro. Possuem, quando maduros, coloração negro-vinácea.
Segundo Raseira et al. (2004), a floração desta espécie, em Pelotas (RS), é mais rápida que a de outras mirtáceas frutíferas da região e, geralmente, começa na segunda semana de outubro e finaliza entre o final de outubro e início de novembro. Existem clones cultivados que apresentam ciclos de floração mais precoces e mais tardios, sendo que a maturação frutífera dos precoces ocorre no início de novembro e das cultivares tardias na segunda semana de dezembro, naquela região. Possui tempo médio entre o aparecimento do botão floral e a queda dos estiletes, em uma mesma planta, de 30 dias, e o tempo médio de desenvolvimento dos frutos, desde a antese até a maturação, é de 43 dias nas condições de Pelotas. Poucos são os estudos para as melhores condições de cultivo dessa fruteira. Apresenta potencial de cultivo em climas tropicais e subtropicais, sendo esta a melhor condição para a planta e sua produtividade. O solo adequado deve ser permeável, profundo, bem drenado, rico em matéria orgânica e com boa fertilidade. No entanto, esta espécie poderá se desenvolver e produzir frutos de boa qualidade em solos de média e baixa fertilidade (Raseira et al., 2004). A cerejeira-do-rio-grande possui um crescimento muito lento (Andersen & Andersen, 1989; Raseira et al., 2004) e começará a produzir a partir do quinto ano de vida. Como espaçamento adequado, é sugerido 4m x 4m até 5m x 5m (625 plantas/ha e 400 plantas/ha, respectivamente) (Manica, 2000). O plantio das mudas, em bloco ou torrão, deve ser feito no início do período de chuvas. A poda deverá ser realizada a fim de estimular a formação de uma copa aberta e arejada. Durante os primeiros anos de vida, recomenda-se 2 a 3 podas/ano para permitir o desenvolvimento de ramos bem espaçados, vigorosos e estimular a emissão de ramificações laterais. A colheita dos frutos deverá ser realizada fruto a fruto e de forma cuidadosa devido à grande fragilidade destes. A principal doença observada na cerejeira-do-rio-grande é a ferrugem causada por Puccinia sp., que se instala em folhas e frutos quando ainda imaturos, prejudicando drasticamente seu aspecto e diminuindo o valor para comercialização ou mesmo inviabilizando-a. Como pragas que atacam-na, são relatadas formigas-cortadeiras e mosca-das-frutas.
Lisbôa, G.N.; Kinupp, V.F.; Barros, I.B.I. <em>Eugenia involucrata</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 163-166.
Heteropterys tomentosa Heteropterys tomentosa A.Juss.
Planta com crescimento arbustivo, sub-escandente, altura entre 0,2 a 2m. Ramos novos ferrugíneos-avermelhados; internós entre 0,5-17cm de comprimento. Folhas opostas cruzadas, elípticas ou ovadas, 3-13cm de largura e 4,5-23cm de comprimento, pecíolo curto (0,5cm), pubérulo, canaliculado, ápice agudo, base arredondada, ocasionalmente pouco atenuada, sub-rígidas, inteiras, indumento malpighiáceo ferrugíneo em ambas as faces nas folhas novas e na face dorsal, nas maduras, com duas a três glândulas na base da face dorsal. Nas folhas jovens essas glândulas exibem coloração verde, passando à negra nas maduras. Nos ramos as folhas centrais são mais desenvolvidas, enquanto que as da base e as do ápice são menores. Inflorescência racemosa, com flores axilares e terminais, reúne entre cinco e 230 flores perfeitas, amarelas com cerca de 15mm de diâmetro de corola. Possuem um par de brácteas na base das ramificações (Barroso et al., 1999). Flores longo pediceladas (0,5-1cm); cálice com sépalas verdes, oblongas, eretas, corola com 2cm de diâmetro, cinco pétalas amarelas alternadas com as sépalas, livres e unguiculadas. A pétala mais interna exibe unha espessada e rígida. Androceu com 10 estames, anteras amarelas e introrsas. Gineceu tricarpelar, com três estiletes livres entre si; estigmas captados, com papilas na parte interna, revestido por uma cutícula. Os frutos são do tipo esquizocarpo ou sâmara: simples, seco, indeiscente, pluricarpelar; cada carpelo, na maturação, separa-se dos demais formando um fruto parcial, provido de uma ou mais alas, com uma única semente posicionada na porção distal. As sementes são pequenas, em média de 9,36mm de comprimento e 5,53mm de largura (Figliolia; Pinã-Rodrigues, 1995).
Durante o período chuvoso, entre dezembro e abril, os indivíduos apresentam brotamento e expansão de folhas jovens. Durante o período mais seco, de maio a agosto, ocorre perda das folhas, sendo considerada uma espécie de comportamento perenifólio. A floração e frutificação iniciam-se no mês de abril, com pico máximo em agosto. A antese é diurna e a vida útil das flores é de, aproximadamente, seis horas (Nogueira-Borges, 2000). As características fenológicas de H. tomentosa mostraram-se sincrônicas, ocorrendo ao mesmo tempo ou em curto período de tempo e sazonais, evidenciadas durante a estação chuvosa e a estação seca (Spiler, 2005). A floração parece estar associada a disponibilidade de água e ao fator temperatura (Aoki; Santos, 1980; Piña-Rodrigues; Piratelli, 1993). As flores apresentam autopolinização. No entanto, para a flor ser fecundada é necessário que a cutícula que reveste o estigma seja rompida, o que implica na dependência das plantas de H. tomentosa por abelhas polinizadoras para a produção de sementes, garantindo assim o seu sucesso reprodutivo (Barroso et al., 1999; Nogueira-Borges, 2000). Para as condições do estado de Mato Grosso, o amadurecimento dos frutos e a dispersão das sementes de H. tomentosa ocorrem entre os meses de julho a outubro. A dispersão é anemocórica e para recuperar as sementes desenvolveu-se a técnica do filó, que consiste em envolver com filó e amarrar com barbante a infrutescência com os frutos ainda em processo de maturação. Isto é feito em cada planta durante todo o período reprodutivo, e depois as sementes maduras são retiradas do filó. Aos dois anos as plantas já apresentam uma boa produção de sementes, sendo possível recuperar até 150 sementes por planta. A espécie é mantida pela produção de sementes com origem sexuada. A dispersão dos frutos e das sementes ocorre simultaneamente, sendo o vento o principal agente dispersor (Machado, 1949). As plantas apresentam mecanismo de autocompatibilidade. Entretanto, não existe diferença significativa na produção de frutos por autofecundação ou fecundação cruzada, sendo esta condição própria de espécies com alogamia facultativa (Nogueira-Borges, 2000). A fecundidade está correlacionada com a altura das plantas. A probabilidade de reprodução para cada estádio etário aumenta com a altura dos indivíduos. Sendo assim, os indivíduos mais altos apresentam maiores chances de deixar descendentes na população. Contudo, vale observar, que as classes dos adultos de porte menor, tendem a apresentar elevada produção de sementes devido a densidade, apesar de menor fecundidade (Barroso et al., 1999). Em uma população natural de H. tomentosa, as sementes representam a fase juvenil dos indivíduos, que é curta, pois não exibem dormência. No campo é possível diferenciar plântulas com menos de um ano e plântulas mais velhas, mantidas nessa condição por rebrotamento. O primeiro grupo apresenta sistema subterrâneo pouco espessado (diâmetro = 3,7±1,5mm), superfície amarelada e constituição suculenta enquanto que no segundo verifica-se maior espessamento (diâmetro = 12,2±4mm), a superfície é escura e a constituição é lenhosa. Os adultos representam a fase de atividade reprodutiva da espécie, que pode ser observada em plantas a partir de 20cm de altura. Entre os adultos estão incluídos os chamados “adultos imaturos”, um grupo em que parte dos indivíduos pode produzir flores e frutos. No estádio de vida indicado como “indivíduo dormente”, a espécie apresenta sistema subterrâneo, com potencial para a produção de novos ramos aéreos, mas que permanece em repouso, em princípio, por tempo indeterminado. No entanto, estimativas indicam que a proporção de indivíduos dormentes (ou potenciais) é menor que a de indivíduos fanerófitos (ativos). A estrutura da população de H. tomentosa, com base na altura dos indivíduos, é definida principalmente por estádios intermediários (>20≤50cm), número oscilante de plântulas entre estações do ano e poucos indivíduos mais desenvolvidos (>50≤200cm). O crescimento vegetativo dos indivíduos é verificado basicamente na estação seca. As plântulas com mais de um ano e os adultos mais desenvolvidos são os que apresentam maior incremento em altura. A cada semestre, portanto, aumenta o número de plantas potencialmente reprodutivas na população. A presença dessas plântulas e o rebrotamento das mais jovens contrariam a tendência de declínio ou interrupção da atividade vegetativa na estação seca observada para algumas espécies lenhosas do Cerrado (Oliveira; Silva, 1993; Hoffmann, 1999). De acordo com Nogueira-Borges (2002) H. tomentosa exibe capacidade de regeneração, que é evidenciada em indivíduos com ou sem perda dos ramos aéreos (caule) por morte natural, destruição por fogo ou pisoteio de animais. O brotamento de novos ramos é verificado a partir de estrutura subterrânea tuberosa, que também emite raízes espessadas e longas (até 180cm), com pontos de constrição em intervalos regulares. Como consequência, populações naturais da espécie são compostas por indivíduos com um ramo aéreo e indivíduos multicaulinares (2 a 13 ramos). A espécie é tolerante a queimadas e apresenta aumento no número de indivíduos após desmatamento (Pott; Pott, 1994).
Coelho, M. F. B.; Jorge, S. A. A.; Borges, H. B. N.; Spiller, C.; Macedo, M. <em>Heteropterys tomentosa</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 813-824.
Euterpe edulis Euterpe edulis Mart. Juçara
<em>Euterpe edulis<em> é uma palmeira não estolonífera, ou seja, apresenta estipe único. O tronco atinge em média 15m de altura e 15cm de diâmetro à altura do peito. Suas folhas são pinadas com cerca de 2,0 a 2,5m de comprimento e destacam-se com facilidade da planta. Inflorescências com ráquis cerca de 70cm de comprimento, com muitas ráquilas contendo flores em tríade (uma flor feminina e duas masculinas). As flores masculinas amadurecem antes das femininas (protrandria), um mecanismo que promove a fecundação cruzada entre indivíduos. A polinização é feita principalmente por insetos (entomófila), e a dispersão dos frutos por animais (zoocoria) (Reis, 1995). Os frutos são drupáceos, esféricos, de cor quase preta ou negro-vinosa quando maduros, com mesocarpo carnoso muito fino, unisseminado, com embrião lateral e albume abundante e homogêneo (Reitz, 1974). O fruto do palmiteiro pesa em média 1g e as infrutescências podem atingir 5kg, sendo a média de 3kg (Reis, 1995).
As possibilidades de exploração do açaí não estão restritas aos ecossistemas naturais de ocorrência da espécie. De fato, o maior potencial para extração de frutos da palmeira juçara está concentrado nos quintais rurais, com produção de grandes cachos de frutos e facilidades de colheita. Enquanto uma palmeira juçara (palmiteiro) na floresta produz em média dois cachos (Reis, 1995), as plantas a céu aberto cultivadas em fundo de quintal, jardins e bordas de mata podem produzir até seis cachos. Resultados da exploração dos frutos em quintais agroflorestais e em bananais apresentados por Mac Fadden (2005), sugerem que o cultivo da palmeira juçara em consórcio com a bananeira ou mesmo em quintais agroflorestais é uma prática viável que apresenta bons rendimentos para produção de frutos (1ha – 400 palmeiras – 4.000kg frutos/safra). Nesses sistemas, a palmeira atinge o dossel e recebe uma grande intensidade de luz solar, o que favorece a produção e maturação dos frutos. A palmeira juçara representa um elemento a mais no monocultivo de banana, aumentando a diversificação da produção local. O valor comercial dos frutos da palmeira juçara está em torno de 0,70 a 1,00 real por quilo (depende da qualidade do fruto) quando destinada à industrialização, apresentando alta agregação de valor após o processamento, sendo o açaí comercializado entre R$ 5,00/kg a R$ 10,00/kg (depende do grau de diluição). Uma vantagem significativa da produção de açaí é que ela não implica na morte da planta, como acontece no caso da extração do palmito. Por isso mesmo, também ao contrário da produção do palmito, que ocorre uma única vez para cada palmeira, a produção de frutos e de açaí pode ocorrer todos os anos, durante um longo período. Assim, a produção de açaí representa uma fonte de renda anual para os produtores, indiscutivelmente uma característica altamente desejável em um produto florestal. Além disso, a extração do açaí, a partir dos frutos da palmeira juçara, não destrói o poder germinativo das sementes, pelo contrário, acelera a sua germinação, pois os frutos utilizados neste processamento são frutos maduros. Assim, grandes volumes de sementes produzidas em quintais e em sistemas agroflorestais se tornam disponíveis para projetos de recomposição das populações da espécie nas florestas remanescentes, o que representa outra fonte potencial de renda para os agricultores. Porém, já se faz necessário um apoio por parte das empresas de extensão rural, de agências ambientais e ONGs para distribuição destas sementes resultantes do processamento com a finalidade de restauração/enriquecimento ambiental.
Bourscheid, K.; Siminski, A.; Fantini, A.C.; Fadden, J.M. <em>Euterpe edulis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 178-183.
Plinia peruviana Plinia peruviana (Poir.) Govaerts
Árvores de até 15m de altura. Plantas glabras. Córtex liso, exfoliado, amarelo-amarronzado, com notável nodosidade do tronco, ramificação ascendente, formando copa arredondada. Folhas opostas, lanceoladas ou ovado-lanceoladas; folhagem densa e perene; ápice longo-acuminado; base obtusa ou cordada; nervura central sulcada na face superior e saliente na inferior (abaxial); duas nervuras marginais. Inflorescências em racemos caulinares, botões florais globosos e flores brancas. Frutos globosos com até 20mm de diâmetro com coloração “negra” (atropurpúrea) e brilhante quando maduros (Marchiori & Sobral, 1997; Sobral, 2003). Cabe destacar que quando ficam muito aglomerados, adensados, tornam-se afilados e angulosos em direção a base. A polpa é branca nos frutos maduros frescos, com um sabor inigualável.
Fenologia - Frutos de outubro a dezembro (clímax) no sul e sudeste, mas, sob cultivo e manejos especiais de adubação, irrigação e podas, a fenologia reprodutiva varia grandemente e pode ocorrer mais de uma frutificação anual.
Kinupp, V.F.; Lisbôa, G.N.; Barros, I.G.I. <em>Plinia peruviana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 198-204.
Tropaeolum pentaphyllum Tropaeolum pentaphyllum Lam.
Trepadeira herbácea fixando-se ao suporte pela torção dos pecíolos; parte aérea anual, mas tubérculos subterrâneos e brotando (perenes) na estação seguinte; apresenta ramos finos e frágeis, arrebentando-se facilmente, com coloração verde-arroxeada quando jovens, sendo os brotos jovens recém-emergidos do solo totalmente roxos; tubérculos com até 1,6kg aproximadamente, em pés muito velhos, mas geralmente são menores. Planta produz diversos tubérculos separados por segmentos intersticiais; planta sem estípulas com folhas divididas em cinco folíolos, o que justifica o epíteto específico; flores zigomórficas solitárias sem brácteas com pedúnculos de 6 a 10cm de comprimento; lobos (5) do cálice triangulares, agudos, verdes com máculas avermelhadas ou amarronzadas. <em>Tropaeolum pentaphyllum</em> Lam. subsp. <em>pentaphyllum</em>, única subespécie encontrada em cultivo nos produtores tradicionais visitados (SC e RS) e cultivada no experimento de doutorado de V. F. Kinupp, em Porto Alegre, RS (Kinupp, 2007). Possui corola vermelho-alaranjada com formato obovado a espatulado menor do que o cálice; o número de pétalas varia de duas a cinco, segundo alguns autores, mas em geral possui apenas as duas pétalas na flor aberta (Fabbri & Valla, 1998; Kinupp, 2007); esporão ou cálcar com 20 a 25mm de comprimento, avermelhado, cônico, região terminal curvada com seu ápice avermelhado até enegrecido; ovário súpero, tricarpelar, trilocular e triovulado, frutos sésseis esquizocarpos compostos por 1 a 3 mericarpos monospermos (Fabbri & Valla, 1998), verdes quando imaturos e roxo-azulados quando maduros, com pericarpo macio; após a fecundação com o início da formação dos frutos até abscisão dos mesmos, as sépalas e o esporão tornam-se roxos; geralmente formam-se três frutos por flor, às vezes, um menor e/ou chocho. Os frutos maduros caem rapidamente da planta-mãe dificultando a colheita para propagação. Sendo assim, a colheita deve ser feita com frutos bem desenvolvidos, mas ainda verde e com o pericarpo duro. Eles devem se armazenados à sombra para completar a maturação.
Kinupp, V.F.; Lisbôa, G.N.; Barros, I.G.I. <em>Tropaeolum pentaphyllum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 243-250.
Syagrus romanzoffiana Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jeriva
Palmeira de estipe isolado, cilíndrico, com espessura quase uniforme e aspecto liso, podendo atingir entre 10 e 20 metros de altura e 30 a 40cm de diâmetro (Reitz, 1974; Galetti et al., 1992). Apresenta folhas alternas, pinadas, curvas, medindo até cinco metros de comprimento (Carvalho, 2006). A inflorescência é interfoliar, ramificada, na cor creme-amarelado (Sodré, 2005), com numerosas flores (Carvalho, 2006). A infrutescência mede entre 80 e 120cm de comprimento (Lorenzi, 2002), a qual apresenta 800 frutos, em média (Galetti et al., 1992).O fruto é uma drupa globosa a elipsoide e quando maduro apresenta coloração amarela-alaranjada. É carnoso e liso, com epicarpo fino e mesocarpo fibroso, mucilaginoso, suculento e comestível. Mede de 3 a 5cm de comprimento e 2 a 3cm de diâmetro e apresenta apenas uma semente (Carvalho, 2006). A semente tem entre 1 a 3cm de comprimento, apresenta três orifícios micropilares e é protegida por um duro endocarpo (Reitz, 1974). Devido às sementes apresentarem um tamanho grande, os seus principais dispersores são mamíferos e aves frugívoras de médio e grande porte (Guix & Ruiz, 2000; Galetti et al., 2001; Alves-Costa, 2004).
É uma espécie perene, heliófita, seletiva higrófita (Reitz, 1974; Lorenzi, 2004), que tolera baixas temperaturas (Carvalho, 2006). Floresce quase o ano todo, porém, com maior intensidade na primavera e no verão. A maturação dos frutos ocorre no outono, inverno e primavera (Begnini, 2008; Silva, 2008). Contudo, variações na intensidade de frutificação em S. romanzoffiana foram registradas durante o monitoramento de três ciclos reprodutivos na Floresta Ombrófila Densa, com anos de intensa e outros de baixa produção de frutos e sementes, o que caracteriza uma produção variável entre ciclos reprodutivos da espécie (Begnini, 2008; Silva, 2008). Um quilolograma de sementes pode variar de 140 (Lorenzi, 2002) a 220 unidades (Carvalho, 2006). Em estudo sobre a estrutura populacional de S. romanzoffiana, Bernacci et al. (2008) reconheceram seis estádios ontogenéticos sucessivos, distinguíveis no campo: plântula (folha inteira estreita), juvenil fase 1 (folha inteira, largura ≥ 2 cm), juvenil fase 2 (folha segmentada), imaturo (folha segmentada e estipe aéreo), virgem (estipe aéreo e raízes caulígenas) e reprodutor (raízes caulígenas e presença periódica de estruturas reprodutivas). O desenvolvimento das palmeiras é lento desde a fase inicial (Lorenzi, 2004). Em S. romanzoffiana, a passagem do estádio de plântula para o juvenil pode demorar a ocorrer, chegando a durar mais de 400 dias, assim, a plântula é capaz de sobreviver às condições de baixa luminosidade do sub-bosque (Bernacci et al., 2008). Se muito sombreado durante a fase juvenil (fase 1 ou 2), pode sofrer uma regressão, voltando a produzir folhas inteiras. O estádio virgem caracteriza-se pelas raízes caulígenas, embora ambientes com umidade relativa do ar baixa podem impedir o desenvolvimento destas. No período reprodutivo, estão presentes periodicamente as estruturas reprodutivas, que culminam com a produção dos frutos e sementes (Bernacci et al., 2008).
Zimmermann, T.G.; Begnini, R.M.; Da Silva, F.R. <em>Syagrus romanzoffiana</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 812-819.
Gynerium sagittatum Gynerium sagittatum (Aubl.) P.Beauv. Canabrava
A cana-brava é uma planta cespitosa, formando densas touceiras, que podem chegar até dez metros de altura. Os colmos geralmente chegam a 5-6m de altura e 2-3cm de diâmetro. Na Bacia Oeste Amazônica, Kalliola et al. (1992) encontraram plantas de cinco a quatorze metros de altura. Os colmos surgem de rizomas subterrâneos que também produzem raízes laterais fracas e flexíveis, com aproximadamente 1mm ou menos de diâmetro. Os colmos são cobertos pelas bainhas imbricadas e persistentes; estes não são ramificados exceto no ápice (topo), onde surgem folhas em leque. As folhas velhas caem e ficam próximas da planta, e um novo grupo de folhas em forma de leque se forma no ápice. A lâmina das folhas tem de um a dois metros de comprimento e possui as margens serrilhadas. A cana-brava é uma planta dioica com panículas terminais plumosas, de cor branco-acinzentada e são grandes com até 2m de comprimento. As inflorescências masculinas e femininas têm aparência similar, porém as plantas pistiladas são ligeiramente emplumadas, isso porque as lemas são felpudas. As glumas masculinas são lanceoladas, agudas, com 3 a 4mm de comprimento e as glumas femininas são compridas e atenuadas, com 8 a 9mm de comprimento. Os frutos são marrons com mais ou menos 1mm de comprimento (Croat, 1978).
O crescimento da cana-brava é rápido. Mudas em viveiro alcançam 20, 30 e 50cm após um, dois e quatro meses, respectivamente (Kalliola et al., 1992). Colmos de plantas da Bacia Amazônica produzem cerca de 200 folhas durante o seu período de vida, possuindo de 19 a 28 folhas por vez. O “tipo grande” que se encontra no oeste da Região Amazônica varia em densidade de 0,6 a 2,6 perfilhos colmos/m^^2^^. Colmos não ramificados morrem após o florescimento. Se não controlada, a cana-brava invade lentamente terras planas de pastagem e elimina as plantas forrageiras. Roçadas periódicas são recomendadas para controlar o avanço das touceiras. A cana-brava resiste aos danos causados pela inundação e consegue brotar após ter sido coberta por sedimentos (Kalliola et al., 1992). Em alguns ambientes o florescimento ocorre durante o ano todo (Croat, 1978), em outros ambientes o florescimento ocorre próximo ao fim do período de seca (Kalliola, et al., 1992). As espécies são aparentemente polinizadas pelo vento (Pohl, 1983). Encontra-se cerca de 1,67 milhões de sementes/kg e estas germinam de 3 a 7 dias quando semeadas em temperaturas de 20 a 30ºC (Association of Official Seed Analysis, 2002). Quase todas as sementes do tipo “pequeno” da Bacia Amazônica germinam em três semanas, já as do tipo “grande” apresentam de 0 a 2% de germinação (Kalliola et al., 1992).
Ferreira, D.K.; Ruschel, A.R.; Moraes, L.K.A. <em>Gynerium sagittatum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp.266-269.
Trichocline catharinensis Trichocline catharinensis Cabrera Cravo-Do-Campo
Erva rasteira com rizoma lenhoso e grosso, do qual surgem rosetas de folhas e os talos de flores. Folhas inteiras com 6-16cm de comprimento por 1,0 a 2,5cm de largura, verdes, às vezes sinuado-lobatas, oblanceoladas ou espatuladas, obtusas ou agudas no ápice e longamente atenuadas na parte inferior, não possuindo pecíolo. Estas, quando novas possuem um tomento leve em ambas as faces e que permanece apenas na face inferior. As flores estão reunidas num capítulo solitário, sobre um escapo robusto de 5 a 17cm de altura, as exteriores com lígulas amarelas de 1,5cm de comprimento, e as interiores bem numerosas e bilabiadas. Abaixo deste capítulo encontramos brácteas envolventes dispostas em três ou quatro séries, formando uma estrutura firme e destacada. Os frutos são aquênios com estruturas aladas esbranquiçadas para dispersão (Cabrera & Klein, 1973). A espécie possui outra variedade, <em>Trichocline catharinensis</em> var. <em>discolor</em>, que possui a face inferior coberta com um tomento mais pronunciado e cuja distribuição geográfica é restrita a pequenas áreas do norte do planalto catarinense (Cabrera & Klein, 1973).
O cravo-comum é resistente ao pisoteio do gado e à competição com as espécies herbáceas nativas presentes nas áreas de campo aberto, ocorrendo preferencialmente no topo de colinas onde os solos são bem drenados (Boldrini et al., 2000). Suas folhas se enrolam e secam após uma longa estiagem, mas a planta rebrota facilmente, o mesmo ocorrendo após uma queimada (Heringer & Jaques, 2002). O tempo médio entre o semeio e a emergência das plântulas é de 45 dias, com média de 60% de plântulas viáveis. Seu crescimento posterior é lento, com emissão de folhas cada vez maiores até formar a primeira roseta. O tempo até a primeira florada gira em torno de 12 meses. Plantas adultas cultivadas em campo aberto fornecem boas matrizes para a produção de mudas por divisão de touceiras. Para tal, procede-se à retirada do exemplar do matrizeiro ou a campo, efetuando-se a limpeza em água corrente e posterior divisão com uma tesoura de poda e com a eliminação das folhas. Na sequência, o plantio nos potes definitivos, já que a planta rebrota florescendo em 40 a 50 dias. Seu pleno enraizamento dependerá da frequência de regas, devendo-se utilizar substratos leves e de boa drenagem como aqueles obtidos com a mistura de solo peneirado e materiais orgânico turfosos, pois qualquer encharcamento pode levar a perda da muda em formação. A floração predominante começa no final de novembro, estendendo-se até março ou abril. Resultados de cultivo indicam que sua floração é contínua também nos meses subsequentes do inverno e início da primavera, desde que as plantas estejam em cultivo homogêneo sobre solos bem drenados e regados espaçadamente. Alguns dos problemas fitossanitários observados dizem respeito ao surgimento de manchas necróticas nas folhas, que evoluem para a perda total de área foliar, quando as plantas estão em cultivo abrigado ou dentro da casa de vegetação. Além disso, o ataque de cochonilhas associadas às formigas lava-pés é muito frequente. A produção de sementes viáveis por capítulo é baixa, mas com elevado vigor de germinação e estabelecimento de plântulas. Já a reprodução por separação de touceiras se mostrou eficiente, com rápida recuperação dos exemplares e reinício da floração.
Livramento, G. <em>Trichocline catharinensis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 824-828.
Verbena rigida Verbena rigida Spreng.
Erva perene, rasteira, rizomatosa e estolonífera. Caules eretos ou decumbentes, hirsutos, com até 1,5m de comprimento. Folhas de cor verde, opostas, rígidas, oblongo até oblongo lanceoladas, de 7,5 a 10cm de comprimento e 1,0 a 2,5cm de largura, com margens grosseiramente serrilhadas cujo ápice é agudo e a base subcordada envolve o caule. Inflorescência indefinida tipo espiga, multiflora, terminal e axilar, em racimos cilíndricos. Flores vistosas de cor púrpura, com cerca de 9 a 12mm de comprimento, com ráquis coberta de pelos glandulares, brácteas lanceoladas e o cálice cilíndrico, verde ou vermelho com 4 a 6mm de comprimento (Troncoso, 1979).
A erva-arame é tolerante à temperatura de até -9°C (Gilman, 1999), resistindo às geadas de inverno, permanecendo dormente sob as pastagens ou mesmo vegetando, momento no qual suas folhas adquirem um aspecto ressequido e manchado, quebradiças ao toque. Pouco tolerante ao sombreamento, por isso seus caules crescem buscando a luminosidade, mas convive bem com espécies de gramíneas rasteiras, sobrepujando-as. Em condições naturais, reaparece na paisagem no final do inverno, brotando vigorosamente a partir de rizomas e estolões, formando tufos vistosos que se destacam na paisagem no início do verão. A utilização desta espécie parece particularmente indicada para ambientes estressantes às plantas ornamentais como aqueles encontrados em vasos suspensos de praças, floreiras expostas ao sol direto e jardins rupestres. Entre suas vantagens estão a alta capacidade de rebrote, reprodução fácil e a atratividade de suas flores para insetos como as borboletas, um componente a mais na idealização dos jardins residenciais. As sementes são muito pequenas e difíceis de serem separadas dos restos florais, com uma média de 1674 sementes por grama. A semeadura em caixas plásticas preenchidas com substrato comercial mostrou-se eficiente na emergência de plântulas. A germinação das sementes atinge até 80% de sucesso, numa temperatura entre 20 a 30°C, emergindo as plântulas depois de 25 a 30 dias (Wildseed Farms, 2006). Estas têm um crescimento rápido, formando desde cedo um sistema de raízes vigoroso, estando prontas para o plantio aos 30 dias. Para a comercialização das mudas com finalidade de uso paisagístico, recomenda-se o transplante para saquinhos plásticos próprios para flores. Estas mudas estarão prontas para a venda ao consumidor após 25 a 35 dias, quando as primeiras flores surgem. Plantas adultas cultivadas em vasos ou em canteiros originam estolões, que também são ideais para reprodução. Para tanto, devem-se escolher aqueles mais grossos, remover todo o solo aderido às raízes mais finas utilizando-se água corrente e, com uma tesoura de poda, limpar e separar os estolões da planta matriz. Os estolões podem ser plantados diretamente no local definitivo, que previamente deve ter sido preparado com o afofamento do solo. A divisão de touceiras a partir de plantas a campo é outra forma de produção de mudas e pode ser efetuada somente após a primeira florada, quando as matrizes já estão desenvolvidas suficientemente. O principal cuidado é retirar a parte aérea da planta e não remover o solo aderido às raízes e estolões. O primeiro florescimento normalmente é rápido, pois a brotação inicial é vigorosa e a planta logo se alastra, formando nova touceira. Em todos esses procedimentos, o principal é manter os estolões úmidos, pois eles são sensíveis ao dessecamento, ocorrendo elevada mortalidade. A Verbena rigida se mostrou altamente resistente durante os cultivos realizados na Estação Experimental de Campos Novos. As principais doenças e pragas que afetam este gênero são: o míldio das folhas (Erysiphe cichoracearum), o mofo cinzento (Botrytis cinerea), a podridão de raízes (Phythium spp.), ataque de larvas minadoras de folha, mosca branca e cochonilhas da família Pseudococcideae (Moorman, 2006).
Livramento, G.; Zoldan, S.R. <em>Verbena rigida</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 829-833.
Acrocomia hassleri Acrocomia hassleri (Barb.Rodr.) W.J.Hahn
A palmeira macaúba possui tronco ereto do tipo “estipe”, geralmente cilíndrico, com diâmetro variando de acordo com a espécie e posição no estipe, podendo atingir até 20 metros em altura. Possui cicatrizes foliares anuais, distanciadas entre si em quase toda a extensão do tronco; o ápice é coroado por folhas alongadas, crespas e simuladas, com 2 a 5 metros de comprimento. As inflorescências, de coloração amarelada, são agrupadas em cachos pendentes com comprimentos variáveis, do tipo espádice. As flores são unissexuais e o conjunto é envolvido por uma grande bráctea denominada espata, cujo comprimento varia entre as espécies. Dentro da mesma espécie, o tamanho da espata e da inflorescência é influenciado por variações genéticas e ecofisiológicas por força das condições edafoclimáticas. Em uma mesma inflorescência são encontradas tanto flores femininas quanto masculinas. As femininas estão posicionadas na base das espiquetas e as masculinas na parte superior. Os frutos são esféricos ou ligeiramente achatados, em forma de drupa globosa. Quando maduro, a casca ou epicarpo do fruto é dura e quebradiça, com coloração variando com a espécie; a polpa ou mesocarpo é fibrosa e mucilaginosa, de sabor adocicado, comestível, rica em glicerídeos, de coloração amarela, esbranquiçada, ou laranja; o endocarpo é fortemente aderido à polpa fibrosa, com uma parede óssea enegrecida; a amêndoa ou caroço é oleaginosa, comestível, revestida de uma fina camada de tegumento; o sistema radicular é profundo e bastante desenvolvido.
O gado atua como o principal dispersor e contribui fortemente para manter a taxa recrutamento elevada, ao se alimentar da polpa dos frutos e regurgitando ou expelindo junto com as fezes os endocarpos contendo as amêndoas, ao mesmo tempo que contribuem com a semeadura enterrando os endocarpos pelo pisoteio. A polinização da espécie é realizada por besouros, sendo o vento um fator secundário de polinização. Os principais polinizadores são Andranthobius sp. (Curculionidae), Mystrops sp. (Nitidulidae) e Cyclocephala forsteri(Scarabaeidae). Segundo Scariot et al. (1991), o fato da macaúba ser propagada por insetos e pelo vento, aliado a um sistema reprodutivo flexível, uma vez que pode haver fecundação cruzada e autopolinização, sugere que a espécie pode ter sucesso na colonização de novas áreas. A quantidade de flores femininas em relação às masculinas e o tamanho das inflorescências é influenciada pelas condições edafoclimáticas durante o período da ontogênese e da diferenciação floral. Deficiências hídricas e nutricionais durante a fase fenológica, podem reduzir o tamanho da inflorescência e aumentar o número de flores masculinas. De acordo com Nucci (2007), a macaúba tem um sistema de reprodução misto e destaca que nos locais onde são encontrados os indivíduos de macaúba existem bancos de sementes importantes para o fluxo gênico temporal. A autora constatou que em locais onde as populações estão muito fragmentadas e isoladas, ocorre maior taxa de endogamia confirmando que a planta é monoica e autocompatível, realizando autofecundação e/ou cruzamentos entre indivíduos aparentados. Já em locais onde as populações estão menos isoladas, ocorre endogamia, mas prevalece a fecundação cruzada entre indivíduos diferentes, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a variabilidade da população.
Junqueira, N.T.V.; Favaro, S.P.; Braga, M.F.; Conceição, L.D.H.C.S.; Antoniassi, R.; Ciconini, G.; da Silva, D.B. <em>Acrocomia spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 119-137.
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