nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Paspalum jesuiticum
Paspalum jesuiticum Parodi
 
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Anacardium humile
Anacardium humile A.St.-Hil.
Cajuzinho
 
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Paspalum dilatatum
Paspalum dilatatum Poir.
Capim Mimoso
 
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Anacardium nanum
Anacardium nanum A.St.-Hil.
Cajuzinho
 
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Anacardium occidentale
Anacardium occidentale L.
Caju-Anão
 
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Byrsonima verbascifolia
Byrsonima verbascifolia (L.) DC.
 
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Olyra taquara
Olyra taquara Swallen
 
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Paspalum pumilum
Paspalum pumilum Nees
Grama-Baixa
 
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Vanilla pompona
Vanilla pompona Schiede
 
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Eugenia klotzschiana
Eugenia klotzschiana O.Berg
Pera Do Cerrado
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Paspalum jesuiticum Paspalum jesuiticum Parodi
Planta perene rasteira, estolonífera, com inovações intravaginais que nascem de nós radicantes formando vegetação densa; colmos floríferos ascendentes, de 30-60cm de altura; 2 a 3 nós glabros; prefoliação convoluta. Bainhas foliares comprimidas, soltas, as inferiores pubescentes e as superiores quase glabras; lâminas foliares 8-30cm x 0,7-0,8cm, lineares, planas, glabras, tenras e suculentas; lígula membranosa, ocrácea 3-4mm de comprimento. Inflorescência com 7 a 15 ramos unilaterais espiciformes alternos, esverdeados de 3-6cm de comprimento; ráquis dos ramos parcialmente glabros, de 1,6 a 1,8mm de largura. Espiguetas de 2,8 x 1,5mm, ovado- lanceoladas, glabras; gluma inferior ausente; gluma superior e lema inferior estéril 3-nervadas, apenas mucronadas e de igual comprimento que o antécio frutífero; antécio estramíneo, rígido, elíptico, de 2,5mm de comprimento.
Pastagem densa, verdejante, produtiva e muito bem aceita pelos animais. Cultivada entre os pequenos produtores do Litoral Norte através de mudas e tem apresentado ótimos rendimentos (Barreto, 1974). Segundo Araújo (1971), esta espécie é digna de ser experimentada em grande escala e possivelmente será superior a muitas cultivadas. De acordo com informação de Brandenburg (dados não publicados) da Epagri de Lages, SC, a espécie apresentou uma produção de matéria seca (MS) de 858kg/ha, proteína de 6,9% e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 67,10%.
Boldrini, I.I. <em>Paspalum jesuiticum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 332-333.
Anacardium humile Anacardium humile A.St.-Hil. Cajuzinho
<em>Anacardium humile</em> é um subarbusto medindo 30 a 150cm de altura. Apresenta o tronco ereto com sistema radicular perene e muito profundo, medindo entre 15 e 18m (a anatomia comparativa da madeira demonstra que este sistema é um tronco subterrâneo e não uma raiz), apresentando rígidas ramificações ascendentes (Mitchell; Mori, 1987; López-Naranjo; Espinoza-de-Pernia, 1990). As folhas coriáceas medem 9-27,5 x 3,3-9,5cm, apresentam base geralmente atenuada e assimétrica, são glabras nas duas superfícies e geralmente apresentam pecíolos de até 15mm. Inflorescências pubescentes medem 9-27 x 6-24cm, com pedúnculo de 1-14cm e pedicelos de 2,0-4,2mm; flores bissexuadas. Apresenta 5-9 estames, sendo um ou raramente dois estames de maior comprimento (6-7,6mm) do que os demais (2 4,5mm), com antera normal. Hipocarpo piriforme medindo 1-3 x 1-2cm, pode ser vermelho ou amarelo e suculento quando maduro. Drupa sub-reniforme, medindo 1,3-2,3 x 1,0-1,7cm, pode ser verde, cinza ou marrom escuro, quando madura (Mitchell; Mori, 1987).
Os arbustos de A. humile (caju-do campo) florescem entre os meses de julho e setembro e são polinizados por abelhas e por borboletas; os frutos são consumidos por mamíferos (Mitchell; Mori, 1987; Mendonça et al., 1998; Santos, 2004). Apresenta acima de 80 flores por inflorescência e uma relação aproximada de 4:1 entre flores masculinas e hermafroditas (Ribeiro et al., 1986). Do ponto de vista ecológico, o A. humile está em vantagem competitiva em relação à maioria dos subarbustos, arbustos e árvores baixas dos cerrados do Brasil Central, particularmente, por apresentar raízes profundas (freatófitas) e por ser subterrânea a maior parte da biomassa caulinar. Por estas mesmas características, está entre as espécies melhor protegidas contra a seca e o fogo (López-Naranjo; Espinoza-de-Pernia, 1990). A espécie desenvolve-se formando espaços entre esta espécie e outras espécies que se desenvolvem ao seu redor; os extratos aquosos de caules e folhas desta espécie sugerem a presença de agentes alelopáticos (Periotto, 2003).
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 138-149.
Paspalum dilatatum Paspalum dilatatum Poir. Capim Mimoso
Planta perene, cespitosa, de rizomas curtos, de 0,2-1,0m, com colmos em geral geniculados na base conferindo uma forma prostrada à planta, até cespitosa ereta, dependendo do biótipo; nós glabros; prefoliação convoluta. Bainhas foliares glabras, eventualmente com tricomas na base, às vezes ciliadas nas margens; lâminas de 5-30cm x 0,5-10,0cm, linear-lanceoladas, glabras, esparsamente pilosas na base, parte dos bordos ondulados; lígula membranosa 3-5mm de comprimento. Panícula de ramos unilaterais espiciformes alternos; 3 a 6 ramos de 3 a 12cm de comprimento, geralmente pêndulos; tricomas longos no ponto de inserção com a ráquis. Espiguetas vilosas, unifloras, 4-seriadas, de 3,2-3,8mm x 2,0-2,5mm, estramíneas, ovais, acuminadas; gluma inferior ausente; gluma superior e lema inferior mais longos que o antécio superior, densamente pilosos sobre as nervuras; antécio inferior neutro, pálea ausente; antécio superior 2,2-2,8mm x 1,6-2,1mm, estramíneo, oval, glabro.
É uma das espécies mais importantes das pastagens naturais do sul do Brasil e países vizinhos; produz pastagem tenra muito procurada pelos animais. Segundo Scheffer-Basso et al. (2003), possui valor de proteína bruta (PB) de 12%, fibra detergente ácida (FDA) de 45,45% e nutrientes digestíveis totais (NDT) de 60,69%. Soares et al. (1978) analisaram proteína bruta de três ecotipos de P. dilatatum, chamados depressão central, antera amarela e torres, os quais apresentaram no estádio vegetativo valores acima de 14%. Propagação Sexual e apomixia (Casa et al., 2002; Hickenbick et al., 1992).
Boldrini, I.I. <em>Paspalum dilatatum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial:** plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 325-327.
Anacardium nanum Anacardium nanum A.St.-Hil. Cajuzinho
O <em>Anacardium nanum</em> é um subarbusto que pode medir entre 30 e 150cm de altura, com tronco subterrâneo de 35-65cm de diâmetro, com ramificações laterais mais frá- geis. Folhas frequentemente sésseis, 10,5-18,5 x 4-13cm, coriáceas, pubescentes a vilosas abaxialmente, glabras a puberosas adaxialmente, base geralmente auriculata e assimétrica. Inflorescências vilosas, geralmente congestionadas, de 12-30 x 7-22cm e pedúnculo com 0,5-4,0cm. Flores bissexuadas, corola cilíndrica, 3-4mm de diâmetro. Possui 6-8 estames, sendo um de maior tamanho (6-10mm) em relação aos demais (2-5mm); antera normal (Mitchell; Mori, 1987).
O A. nanum floresce entre os meses de maio a agosto e é polinizado por abelhas e borboletas (Mitchell; Mori, 1987).
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 138-149.
Anacardium occidentale Anacardium occidentale L. Caju-Anão
<em>Anacardium occidentale</em> L. (=<em>A. othonianum rizzini </em>) apresenta porte arbóreo, com altura entre 3 e 6 metros (Rizzini, 1969). No cerrado goiano, foi observada a presença de plantas adultas com altura variando entre 0,9 m e 7,6m, com média de 2,7m (Naves, 1999). A espécie apresenta tronco com 1-2m de altura e 20 40cm de diâmetro. As folhas coriáceas medem 12 17cm x 8-11cm, apresentam base subcordata, são glabras e apresentam pecíolos com 4-8mm. Panículas amplas medem 15-25cm x 15- 20cm, pedicelos 2 3mm. Frutos 15-20 x 12-15mm (Rizzini, 1969). As flores dos cajueiros são hermafroditas e unissexuais, sendo que as masculinas aparecem no início da floração, e as hermafroditas no fim. O fruto é um aquênio, cujo pedúnculo se desenvolve em pseudofruto, que tem forma variada e cor indo de amarela a vermelha (Paula; Heringer, 1978). A combinação do fruto (castanha) e do pseudofruto constitui o “duplo fruto” característico do gênero.
Agostini-Costa, T.S.; Faria, J.P; Naves, R.V; Vieira, R.F. <em>Anacardium spp</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 138-149.
Byrsonima verbascifolia Byrsonima verbascifolia (L.) DC.
Árvore ou arbusto hermafrodita, medindo de 4 a 6m, tronco frequentemente tortuoso com diâmetro de 15-25cm (Araújo, 2009), ritidoma de cor cinza-claro, com fissuras descontínuas e sinuosas que formam placas irregulares (Silva-Júnior, 2005). Copa com ramos terminais de crescimento nodular. Folhas de 14-20cm de comprimento por 6-12cm de largura, coriáceas, pilosas em ambas as faces, simples, opostas, obovatas a suborbiculares. Estípulas intrapeciolares ou axilares. Inflorescência tipo racemo terminal. Flores com cerca de 1,5cm de diâmetro, dispostas em espigas alongadas, zigomorfas, pediceladas; 5 sépalas com 4 pares de glândulas na base; corola amarela ou alaranjada após polinização; 5 pétalas, livres, unguiculadas; 10 estames, desiguais, filetes unidos na base; anteras rimosas, amarela. Fruto de até 2cm de diâmetro, drupa globosa, glabra, mesocarpo carnoso; de polpa suculenta e adocicada, nuculânio 1 a 3 lóculos com cerca de 6mm de diâmetro; amarelo na maturação. Sementes 1 a 3, adnatas ao endocarpo (Almeida et al., 1998).
Árvore “sempre verde” de densidade variável, dependendo da fitofisionomia e da região. Fielder et al. (2004), em estudo sobre os efeitos de incêndios florestais na estrutura e composição florística de uma área de cerrado stricto senso, constataram que B. Verbascifolia apresentou maior resistência à ocorrência frequente do fogo sendo uma das primeiras espécies a florir após a queimada, o que ocorre em razão da presença de folhas densamente pilosas agrupadas no ápice dos ramos, que protegem as gemas apicais. A floração ocorre entre agosto e dezembro em áreas de cerrado (Silva- Júnior, 2005) e entre agosto e novembro na região Centro-Sul (Lorenzi, 2002). Contudo, Araújo (2009), em trabalho realizado na zona de Tabuleiros Costeiros do nordeste brasileiro sobre a fenologia do muricizeiro (B. verbascifolia), observou plantas florescendo durante quase todo o ano, com frequência de 90% em outubro e, principalmente, novembro - estação de seca da região. O autor conclui que a estratégia de floração característica de B. verbascifolia é a emissão contínua das inflorescências e que o comportamento da floração é caracterizado pela sincronia dos indivíduos na estação da seca, sendo o clima um dos principais fatores reguladores da fenofase. A frutificação ocorre entre outubro e fevereiro em áreas de cerrado (Almeida et al., 1998; Silva-Junior, 2005) e a partir de dezembro observa-se a maturação dos frutos na região Centro-Sul (Lorenzi, 2002). A produção de frutos é alta e irregular e a dispersão das sementes é feita por aves e por outros animais (Silva-Júnior, 2005). O muricizeiro não tem grandes problemas no que se refere a doenças, mas é atacado por algumas pragas, tais como o serra-pau (Oncideres dejeani) (ITTO/Projeto – Banco de Dados) e ácaros fitófagos do gênero Brevipalpus (Família Tenuipalpidae) (Azevedo et al., 2012).
Garritano, G.; Jorge, C.L.; Gulias, A.P.S.M. <em>Byrsonima verbascifolia</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 172-177.
Olyra taquara Olyra taquara Swallen
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966).O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997). As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999). O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966). A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Paspalum pumilum Paspalum pumilum Nees Grama-Baixa
Planta perene, com rizomas curtos e oblíquos, formando touceiras achatadas e circulares, 15-40cm; colmos floríferos com três nós, glabros, erguidos ou geniculados na base de 10-40cm de altura; bainhas foliares de coloração violácea, pubescente ou glabra; lígula membranosa de 0,5mm, com cílios no dorso; lâminas planas, com três nervuras bem marcadas, ápice obtuso, de 4-15cm x 0,4-0,8cm. Inflorescência com dois ramos conjugados, de 4-7cm de comprimento, frequentemente com 3-6 ramos, então sub-verticilados; espiguetas 2-seriadas, elípticas ou obovadas, glabras, de 1,8-2,0mm x 1,2-1,5mm; gluma inferior ausente, eventualmente presente, rudimentar, triangular; gluma superior e lema inferior estéril de comprimento igual ao antécio fértil; antécio superior fértil, rígido, estramíneo.
Forma touceiras abertas no centro, contendo boa percentagem de folhas, bastante tenras e de boa palatabilidade. É uma das melhores gramíneas de várzeas, resistindo ao pisoteio, tanto assim que se adaptou ao gramado nos campos úmidos (Barreto, 1974). As folhas de P. pumilum analisadas apresentaram valores altos, tanto de proteína bruta quanto digestibilidade in vitro da matéria orgânica, 11% e 75,4%, respectivamente, segundo dados de Garcia (2005).
Boldrini, I.I. <em>Paspalum pumilum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 342-343.
Vanilla pompona Vanilla pompona Schiede
As orquídeas são plantas perenes ou anuais e podem ser terrícolas, epífitas, rupícolas, trepadeiras, micoheterotróficas, as vezes subterrâneas. Suas folhas são alternas, raramente opostas ou verticiladas. Normalmente na base apresentam bainhas com veias paralelas. Frequentemente apresentam estruturas de reservas nutritivas, sejam raízes espessadas ou tuberoides, ou na forma de caule modificado em pseudobulbos. As flores são zigomórficas e bissexuadas, raramente unissexuadas. O perianto apresenta seis tépalas em dois verticilos: a externa é formada por três sépalas, que, algumas vezes, apresentam-se concrescidas; a camada interna é composta por três partes, duas delas semelhantes às sépalas, denominada simplesmente pétalas, e a outra constituindo uma pétala modificada em uma forma denominada labelo. <em>Vanilla pompona</em> é erva hemiepífita, muitas vezes com mais de 30m de comprimento. Raízes subterrâneas, 5-8mm de diâmetro, vilosas. Raízes aéreas curtas, 2-4mm de diâmetro. Caule robusto, com até 2cm de diâmetro, glaucos a verde-amarelados. Folhas 5-20x3- 8cm, oblongas, assimétricas, pseudopecioladas, carnosas, verde-amareladas, brilhantes, disticamente dispostas ao longo do caule, ápice agudo. Inflorescências laterais, carnosas, axilares, com até 10 flores abrindo em sucessão. Pedúnculo com 4-5cm de comprimento, glauco. Flores ressupinadas, amarelas, com zona de abscisão entre perianto e ovário. Ovário e pedicelo com 5,5-7cm de comprimento, cilíndricos, verdes. Sépalas 8,5-9x1,4-1,6cm, elípticas a oblanceoladas. Pétalas 8-8,5x1-1,2cm, elípticas a lanceoladas. Labelo 9-10cm de comprimento, parcialmente aderido à coluna formando um tubo (Figura 2B). Coluna recurvada, branca com antera na porção apical. Antera branca, versátil. Pólen livre amarelo. Frutos 10-25cm de comprimento, amarelos quando maduros, recurvados, muito aromáticos, nigrescentes após o processo de cura.
Quanto à reprodução, a espécie descrita é considerada autógama, porém com diferentes níveis de polinização cruzada. A espécie apresenta deficiência na polinização natural, razão pela qual se recomenda a adoção da polinização assistida como prática rotineira para viabilizar a produção comercial de frutos, da mesma forma como já ocorre com a produção comercial de V. planifolia. A técnica, apesar de trabalhosa em função do número de flores a serem polinizadas, é relativamente simples de ser executada e resulta em aumentos expressivos de produtividade na cultura. Do ponto de vista comercial V. pompona se destaca das outras três espécies aqui relacionadas pela sua maior utilização, especialmente em países da América Central. Esta espécie produz frutos grandes e com aroma pronunciado, sendo considerada a espécie que mais se aproxima, em qualidade, das cultivares comerciais de V. planifolia. Apresenta ainda caraterística xerofítica (cresce em ambientes mais secos), mantém grande quantidade de frutos até a colheita, além de ser polinizada naturalmente com maior frequência, fatores que a diferenciam de outras espécies por resultarem em maior produtividade (Menchaca et al., 2011). V. pompona floresce entre outubro e dezembro. Seus frutos estão maduros entre junho e agosto. Foram observados machos de abelhas Eulaema spp. coletando fragrâncias em suas flores. É provável que Eulaema spp. sejam os polinizadores, uma vez que espécies desse grupo são observadas como polinizadores de outras espécies de Vanilla no Brasil (Pansarin; Pansarin, 2014; Pansarin, 2016; Anjos et al., 2016).
Camillo, J.; Coradin, L.; Camargo, L.E.; Pansarin, E.R.; Barros, F. <em>Vanilla spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 351-364.
Eugenia klotzschiana Eugenia klotzschiana O.Berg Pera Do Cerrado
Em seu ambiente natural, a planta tem porte arbustivo de até um metro de altura. Sob condições de cultivo, as plantas com 12 anos de idade podem atingir até três metros de altura. Suas flores são brancas e aromáticas. Os frutos maduros apresentam entre 6 e 10cm de comprimento por 4 a 7cm de diâmetro, pesam entre 60 e 90g, possuem casca amarela, polpa branca, mole, aromática e ácida, com 2 a 4 sementes (Silva et al., 2001). Cada planta produz de 6 a 18 frutos em ambiente natural. Almeida et al. (1998) relatam que em pequena escala houve produção de 7 a 10 frutos por planta.
As partes aéreas de pera-do-cerrado parecem, à primeira vista, plantas independentes. No entanto, segundo Oliveira et al. (1999), trata-se de clones, estando as plantas interligadas subterraneamente, caracterizando, portanto, a formação de touceiras. O sistema subterrâneo é mais ou menos paralelo à superfície, sendo formado por numerosas e robustas partes, apresentando semelhanças com sistemas subterrâneos difusos de outras plantas do cerrado.
Faria, J.P.; Agostini-Costa, T.S.; Junqueira, N.T.V. <em>Eugenia klotzschiana</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 224-227.
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