nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Paspalum erianthum
Paspalum erianthum Nees ex Trin.
 
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Paspalum plicatulum
Paspalum plicatulum Michx.
 
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Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
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Passiflora setacea
Passiflora setacea DC.
Sururuca
 
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Steinchisma laxum
Steinchisma laxum (Sw.) Zuloaga
 
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Pereskia aculeata
Pereskia aculeata Mill.
Cipó-Santo
 
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Erythrina speciosa
Erythrina speciosa Andrews
Mulungu-Do-Litoral
 
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Aulonemia xerophylla
Aulonemia xerophylla P.L. Viana & Filg.
 
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Passiflora serratodigitata
Passiflora serratodigitata L.
Maracujá-De-Cinco-Pernas
 
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Dimorphandra mollis
Dimorphandra mollis Benth.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Paspalum erianthum Paspalum erianthum Nees ex Trin.
Plantas perenes, cespitosas. Colmo ereto, 0,4-1,5 metros de comprimento Folhas com bainhas pilosas, lâminas lineares a linear-lanceoladas. Sinflorescência composta por 3-11 ramos unilaterais alternos com 1,5-8cm de comprimento; ráquis glabra, não alada, margens inconspicuamente escabras. Espiguetas binadas com dois antécios, pilosas; gluma inferior ausente; gluma superior membranácea; antécio basal neutro, sem pálea; antécio superior bissexuado, coriáceo. Floresce e frutifica de setembro a janeiro (Oliveira; Valls, 2001).
Almeida (1995) classificou a espécie no grupo fenológico das espécies precoces, com florescimento regular logo após o início do período chuvoso. Além disso, apresenta bons índices de florescimento após períodos de incêndios, o que resulta na produção de sementes e facilita a permanência e colonização de outras áreas (Martins et al., 2011).
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Paspalum erianthum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 659-661.
Paspalum plicatulum Paspalum plicatulum Michx.
Plantas perenes. Colmo ereto, 0,39-1,2 metros de comprimento. Lâminas lineares a linear-lanceoladas, planas ou conduplicadas, pilosas a glabrescentes ou glabras em ambas as faces. Sinflorescência composta por (1-)3-7 ramos unilaterais alternos, 3-12,5cm de comprimento; ráquis não alada, glabra ou escabra. Espiguetas binadas, com dois antécios; gluma inferior ausente; gluma superior subigual ao antécio superior; antécio basal neutro, sem pálea, lema plicado; antécio superior bissexuado; lema e pálea enrijecidos, castanho-escuros, lisos, brilhantes, lema conspicuamente giboso no centro. Cariopse 1,8-2 × 1,2-1,5mm (Oliveira, 2004; Rodrigues, 2013).
Espécie resistente à seca e ao pisoteio, tolerando temperaturas relativamente baixas. As geadas queimam suas folhas, mas a planta rebrota facilmente, logo após as primeiras chuvas. Adapta-se a vários tipos de solos (arenosos e argilosos) e não é exigente em fertilidade, apesar de produzir bem mais, quando adubado. Tolera razoavelmente o excesso de umidade no solo (Pupo, 1979). Segundo Santos et al. (2003), o grau de pastejo nos estágios vegetativo (crescimento) e reprodutivo é considerado desejável, enquanto nos estágios de pós queima e pós herbivoria é preferido. A acessibilidade é alta em todos os estágios. Trata-se de uma espécie com grande amplitude morfológica e ampla distribuição geográfica. Provavelmente a diversidade morfológica da espécie seja um reflexo da sua adaptação às distintas condições ecológicas ao longo de sua área de ocorrência. A forma mais frequente desta espécie no Pantanal, apresenta grande rusticidade e apetecibilidade pelos animais, produzindo boa quantidade de massa. Frequentemente forma extensas colônias monoespecíficas que domina totalmente na vegetação (Allem; Valls, 1987). Embora ocorra em áreas com precipitação pluviométrica acima de 3500mm/ano, é principalmente encontrada em regiões com precipitação entre 1200 e 1500mm (Tropical Forages, 2014). A temperatura mínima para seu crescimento situa-se entre 6 a 14ºC e a ótima de 18,9 a 23,3ºC (Skermann; Riveros, 1992). Uma característica frequente em plantas de P. plicatulum do Pantanal, é a produção abundante de afilhos em entrenós bastante afastados do solo, caráter evidentemente condicionado pela variação do nível da água durante as enchentes e que, talvez, tenha grande importância na sobrevivência das plantas logo após longos períodos de submersão (Allem; Valls, 1987). O número de afilhos por planta pode chegar a 105 (Scheffer-Basso; Gallo, 2008). Nas condições da região Norte do Rio Grande do Sul, o P. plicatulum apresentou entre 11 a 22% de proteína bruta, boa tolerância a seca estival e produção de matéria seca verde durante a primavera-verão-outono. A produção de forragem foi interrompida quando as temperaturas ficaram abaixo de 15ºC (Scheffer-Basso; Gallo, 2008). Quanto ao sistema reprodutivo, o pasto-negro é classificado como tetraploide apomítico, sendo relatado também a ocorrência de acessos diploides sexuais (Pozzobon et al., 2000). A descoberta de plantas diploides sexuais em populações naturais de P. plicatulum possibilitou a obtenção de novos genótipos a partir de cruzamentos com espécies compatíveis. A hibridação artificial entre um genótipo de P. plicatulum, denominado “4c-4x” (genitor feminino), com a cultivar apomítica conhecida como Rojas (P. guenoarum, genitor masculino), e obtiveram 23 híbridos interespecíficos viáveis (Pereira et al., 2012). Plantas de P. plicatulum foram introduzidas na Austrália e na África, dando origem a cultivares comerciais, tais como Bryan (CPI 21378), Hartley (CPI 11826, PI 299067, PI 292191, PI 339896) e Rodd’s Bay (PI339897), todas lançadas na Austrália (Tropical Forages, 2014).
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Paspalum plicatulum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 677-680.
Mauritia flexuosa Mauritia flexuosa L.f. Buriti
<em>Mauritia </em>é um gênero que pertence à família Arecaceae (Palmae). O gênero está representado por plantas dióicas, isto é, com flores femininas e masculinas em plantas separadas (Dransfield et al., 2008). <em>Mauritia flexuosa </em> é uma palmeira <em>caulescente (estipe), solitária, medindo cerca de 25 metros de altura e diâmetro de 30-60cm de comprimento. Folhas costapalmadas em número de 8-20 contemporâneas com até 3,5m de comprimento. Bainha aberta, de 1-2,1m de comprimento; pecíolo de 1,6-4m de comprimento; raque recurvada, de 0,3-1m de comprimento; lâmina foliar dividida até quase a base em 45-236 segmentos. Inflorescência interfoliar, ramificada em primeira ordem (20-48 ramificações), 2,5-3,7m de comprimento (Galeano; Bernal, 2010; Lorenzi et al., 2010; Martins, 2012). Frutos marrom-avermelhados, oblongo-globosos, coberto com escamas triangulares e sobrepostas medindo cerca de 5x4cm; o mesocarpo (polpa) é carnoso, alaranjado, oleaginoso e nutritivo, tendo em média 11,4g de massa. O endocarpo é formado por um tecido esponjoso, delgado e branco, que possui baixa densidade, e possibilita ao fruto boiar quando submerso em água. Apresenta uma semente muito dura, ovoide, com 2,4cm de comprimento, ocupando a maior parte do volume do fruto, com 4,86g de massa e 57% de umidade. O embrião é pequeno, em média 0,6mm de comprimento, possui disposição lateral-basal, sendo totalmente envolvido pelo endosperma. Geralmente há uma semente por fruto, mas podem ser encontrados em baixa frequência frutos dispérmicos ou partenocárpicos (Ponce et al., 1999; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002).
Presentes nas veredas e matas de galeria, os buritis são indicadores ecológicos da presença de água na superfície, como também de solos mal drenados e encharcados. São frequentemente associados a nascentes e poços d´água. O buriti é uma espécie dioica, ou seja, com flores femininas e masculinas em plantas separadas (Dransfield et al., 2008), sendo comum encontrar 60 a 70 buritizeiros femininos e 75 a 85 buritizeiros masculinos por hectare (Cymerys et al., 2005). As plântulas são de crescimento lento e os indivíduos levam muitos anos para atingir a maturidade sexual, reprodutiva. Na região do Cerrado, o buriti floresce nos meses de março a maio, mas apresenta frutos durante quase todo ano. Os frutos representam um importante fornecedor de alimento para a fauna, principalmente pela grande oferta de frutos durante quase todo ano (Prada, 1994). Uma palmeira de buriti produz de 40 a 360 quilos de fruto. Em um hectare manejado podem ser produzidas de 2,5 a 23 toneladas de fruto por ano. Com base em levantamentos realizados no estado do Acre, estima-se que uma palmeira de buriti produza de 1 a 9 cachos e, cada cacho, contenha entre 600 a 1200 frutos. Considerando-se uma média de 64 palmeiras femininas por hectare e uma produção média de 200 quilos de frutos, é possível obter 384 litros de óleo da polpa por hectare. A produção das palmeiras declina somente após 40 a 60 anos (Cymerys et al., 2005). A floração do buriti é sincrônica entre indivíduos pistilados e estaminados e a espécie é xenogâmica, não ocorrendo apomixia. Abelhas do gênero Trigona, coleópteros e dípteros são os principais polinizadores e não ocorre anemofilia. O período de desenvolvimento dos frutos é longo, com duração de mais de um ano, desde a emissão da inflorescência, até o completo amadurecimento e dispersão dos frutos (Storti, 1993; Abreu, 2001). A frutificação ocorre durante a primavera e são necessários em torno de 175 frutos para obter-se 1 quilo de sementes (Lorenzi et al., 2010). Cada indivíduo produz em torno de 130 quilos de frutos. No entanto, existem variações regionais na época de floração e frutificação e também nos polinizadores do buriti (Storti, 1993; Peres, 1994; Abreu, 2001; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002; Cabrera; Wallace, 2007; Silva, 2009). No Brasil Central, a floração se estende de novembro a abril. Abelhas do gênero Trigona são as principais visitantes das flores pistiladas e estaminadas. Os primeiros frutos começam a se desenvolver em fevereiro e permanecem em crescimento por, pelo menos, oito meses. Em outubro começa a dispersão dos frutos, que só termina em julho do ano seguinte (Abreu, 2001). A produção de frutos é plurianual (Abreu, 2001; Fernandes, 2002). A predação do pólen por microlepidópteros em anos de menor precipitação pode contribuir para a diferença de produtividade de frutos entre anos (Abreu, 2001). O sucesso reprodutivo é naturalmente baixo, pois apenas 9,5% a 14% das flores produzem frutos, principalmente devido à ausência de polinizadores (Storti, 1993; Abreu, 2001). Em áreas perturbadas, o sucesso reprodutivo é menor e a frequência de sementes partenocárpicas é maior do que em áreas conservadas, onde os polinizadores são mais abundantes (Abreu, 2001). Os frutos são recursos importantes para várias espécies de animais. Entre as aves: Ara manilata (ararinha); Ara ararauna (arara-canindé); Anodorhynchus hyacinthinus (arara-azul); Amazona aestiva (papagaio); Thraupis palmarum (sanhaço-do-coqueiro); Schistochlamys melanopis (sanhaço-de-coleira); Cyanocorax cristatellus (gralha-do-campo); Gnorimopsar chopi (graúna); Orthopsittaca manilata (maracanã-do-buriti); Caracara plancus (carcará) e Porzana albicollis (sanã-carijó). Várias espécies de pequenos roedores (Nectomys squamipes; Oxymycterus roberti; Oligoryzomys spp.; Sigmodon alstoni; Heteromys anomalus) e outros mamíferos de maior porte, a exemplo do Didelphis marsupialis (gambá), Sciurus granatensisi (esquilo) e Dasyprocta leporina (cutia), também utilizam os frutos do buriti como alimento. Entre os grandes mamíferos destacam-se: Mazama americana (veado); Pecari tajacu (cateto); Tayassu pecari (queixada); Tapirus terrestris (anta); Chrysocyon brachyurus (lobo-guará); Cuniculus paca (paca); Bos taurus (gado); Sus scrofa (porcos domésticos) e macacos (Bodmer, 1991; Fernandes, 2002; Ponce-Calderón, 2002). As aves e macacos são considerados dispersores primários, pois se alimentam dos frutos no cacho e derrubam as sementes (Fernandes, 2002). Indivíduos de Sigmodon alstoni, Heteromys anomalus e Sciurus granatensis removem a polpa do fruto, carregam as sementes para longe da planta mãe e as enterram, atuando como dispersores. Didelphis marsupialis consome a polpa no mesmo local onde encontrou o fruto, sem carregar ou enterrar as sementes e, portanto, não é considerado um dispersor. Porcos e catetos podem quebrar as sementes com os dentes e são considerados predadores (Ponce-Calderón, 2002). Algumas aves predam, no cacho, frutos em início de desenvolvimento. Veados e antas são dispersores, pois as sementes são muito duras para serem predadas por esses animais (Bodmer, 1991; Gragson, 1995). Além dos animais, a água é dispersora das sementes. O endocarpo muitas vezes se mantém intacto após a retirada do mesocarpo pelos animais, possibilitando a dispersão hidrocórica das sementes após a dispersão primária ou secundária por animais (Fernandes, 2002). O buriti é considerado uma espécie chave para nidificação de psitacídeos. No sudeste do Peru, pelo menos sete espécies fazem ninhos nos troncos de buritis adultos mortos (Brightsmith, 2005). Além disso, Orthopsittaca manilata é uma ave especialista em frutos maduros de buriti. Como os frutos são disponíveis em épocas distintas em diferentes regiões, a ave desloca-se a grandes distâncias para garantir a sua alimentação durante o ano inteiro (Silva, 2009). O buriti também é importante para a manutenção da diversidade de artrópodes (Gurgel-Gonçalves et al., 2006).
Martins, R.C.; Agostini-Costa, T.S.; , P.; Filgueiras, T.S. <em>Mauritia flexuosa.</em>. In:: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 257-267.Pimenta, R. S.; Uzzo, R. P.; Carvalho, A. C.; Martins, R. C. <em>Mauritia flexuosa.</em>. In:: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1020-1029.257
Passiflora setacea Passiflora setacea DC. Sururuca
<em>Passiflora setacea</em> é espécie de habito trepador, vigorosa e resistente à seca. Produz flores de coloração branca com até 8cm em diâmetro. Os frutos são ovalados ou oblongos, com até 7cm de comprimento por 4cm em diâmetro. Pesam de 30 a 50 gramas. Possuem casca verde escuro com listras verde claro em sentido longitudinal. Quando maduros, os frutos exibem aroma intenso e agradável e suas cascas continuam rígidas e adquirem coloração verde-amarelada. A polpa torna-se suculenta e adquire coloração amarelo-claro ou creme.
A P. setacea é uma espécie muito resistente à seca, mas não resiste a queimadas. As flores abrem por volta das 19:00 horas e permanecem abertas até, aproximadamente, as 8:00 horas. Durante a noite as flores são visitadas por morcegos e mariposas que, provavelmente, atuam como principais agentes polinizadores. Seus frutos são muito apreciados por morcegos e primatas, que são os principais agentes dispersores da espécie. É uma espécie rústica, bastante resistente a doenças causadas por patógenos do solo, bem como a algumas doenças da parte aérea da planta, caso da antracnose, verrugose e septoriose, além de apresentar tolerância à virose do endurecimento do fruto. No Distrito Federal a colheita de frutos dessa espécie ocorre de setembro a outubro, ou seja, durante o período de entressafra do maracujá-azedo comercial, fato que a torna importante para os programas de melhoramento. Em seu habitat natural, suas folhas são muito apreciadas por bovinos pelo fato de conterem mais de 23% de proteína e boa digestibilidade (Dr. Francisco Bastos - Embrapa Cerrados, Comunicação Pessoal). Nas condições do Distrito Federal, a P. setacea se comporta como uma planta de dias curtos, ou seja, floresce intensamente no período de junho a agosto, época em que o comprimento do dia é inferior a 11 horas. Os frutos podem ser colhidos de setembro a outubro. Nesse período o maracujazeiro-comercial (P. edulis f. Flavicarpa) interrompe a fase de florescimento por exigir mais de 11 horas de luz. O período da antese até a colheita está em torno de 55 a 60 dias.
Braga, M.F.; Junqueira, N.T.V.; Faleiro, F.G.; Bernacci, L.C. <em>Passiflora spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 272-279.
Steinchisma laxum Steinchisma laxum (Sw.) Zuloaga
Plantas perenes. Colmo decumbente ou ereto, radicante nos nós inferiores, 0,13-1 metro de comprimento. Lâminas lineares a lanceoladas, planas, glabras a glabrescentes. Sinflorescência em panícula típica laxa a subcontraída, com ramos secundários frequentemente contraídos, conferindo à sinflorescência um aspecto de ramo unilateral; ráquis angular, glabra ou com tricomas esparsos. Espiguetas solitárias com dois antécios; gluma inferior menor que a gluma superior, ambas glabras; antécio basal neutro, lema membranáceo, pálea hialina, inconspicuamente expandida na maturidade; antécio superior bissexuado, subcartilaginoso, esverdeado, lema e pálea papilosos. Cariopse 0,7 × 0,4mm.
Segundo Santos et al. (2003), S. laxum é uma espécie altamente acessível, preferida nos estágios vegetativo e na fase de rebrota. Sua ocorrência aumenta quando há certa perturbação no solo, crescendo mais sob carga animal que em pastagens transformadas em capinzal alto. Em períodos chuvosos cresce também em terrenos não inundáveis. É sensível ao fogo, porém capaz de colonizar áreas de solo descoberto em decorrência de queima (Pott; Pott, 2000). Couto et al. (1999), em estudos realizados na Ilha de Marajó, PA, obtiveram um aumento da produção de matéria seca de S. laxum após a aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio. Entretanto, esta espécie parece não apresentar respostas significativas à aplicação de cálcio, magnésio, micronutrientes (B, Cu, Zn) e calcário dolomítico.
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Steinchisma laxum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 687-689.
Pereskia aculeata Pereskia aculeata Mill. Cipó-Santo
É uma planta perene, normalmente conduzida como trepadeira, com espinhos ao longo dos ramos (Merce et al., 2001). Pode atingir até 10 metros de altura e apresenta caules finos, com ramos longos sublenhosos ou lenhosos, com a presença de acúleos que, nos ramos mais velhos, crescem aglomerados; as folhas são lisas, largas, suculentas, cor verde-escuro, com a forma variando entre elíptica e simétrica, com erca de 7cm de comprimento e 3cm de largura; o pecíolo é curto, agrupando-se de duas a seis folhas em ramos laterais (Duarte; Hayashi, 2005; Conceição, 2013; Madeira et al., 2013). As flores são pequenas e de coloração branca, com a parte central alaranjada (Brasil, 2010; Madeira et al., 2013), os frutos são pequenas bagas espinhosas amarelas, esféricos, de coloração amarela quando maduros (Brasil, 2010; Marsaro-Júnior et al., 2011; Madeira et. al, 2013); com presença de mucilagem na planta (Albuquerque et al., 1991; Tofanelli; Resende, 2011).
A floração ocorre nos meses de janeiro a abril (Farago et al., 2004) e atraem muitos visitantes florais nativos e exóticos. É uma planta rústica, resistente à seca, própria de clima tropical e subtropical (Barbosa, 2012). Segundo Tofanelli e Resende (2011), esta planta possui características agronômicas favoráveis ao seu cultivo, especialmente pelo fato de ser uma planta rústica, vigorosa e de fácil propagação.
Telle, C.C.; Matos, J.M.M.; Madeira, N.R.; Mendonça, J.L.; Botrel, N.; Junqueira, A.M.R.; Silva, D.B. <em>Pereskia aculeata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 280-289.
Erythrina speciosa Erythrina speciosa Andrews Mulungu-Do-Litoral
<em>Erythrina speciosa </em>é uma árvore pequena, muito ramificada, caducifólia durante o florescimento, os ramos quando jovens são revestidos de tomento ferrugíneo. Folhas trifolioladas e estipuladas; pecíolos roliços, glabros, raque e folíolos aculeados. Folíolos rombóides, glabros na face superior e pubescentes na inferior. Inflorescência terminal, tipo cacho; flores vermelhas com até 5cm de comprimento, alongadas, estreitas, de pedicelos curtos; cálice chanfrado, piloso; corola de vexilo ereto, estreito, dobrado no sentido de seu comprimento, escondendo as demais peças florais; ala com cerca de 10mm de comprimento, não regular de cor rosada; carena de pétalas livres, lineares alongadas, unha presente e pequena aurícula lateral. Androceu de estames diadelfos concrescidos até a mesma altura, de dois tamanhos, alternos. Gineceu de ovário alongado, estreito, piloso, de estigma puntiforme (Brandão, 1993). Fruto legume estipitado, glabro, com 24-32mm de comprimento, não articulado, internamente não septado. Semente com 10 a 15mm de comprimento alongada com ápice e base arredondado-truncado; na porção mediana o hilo oblongo, levemente afundado, sulco hilar castanho avermelhado circunda o hilo; micrópila punctiforme, mais clara do que a área micropilar; tegumento cartáceo-coriáceo, com superfície mosqueada de preto (quando imatura) a castanho avermelhado (quando madura), glabra, levemente brilhante e lisa; embrião axial curvado; cotilédones ocupam todo o comprimento da semente; endosperma ausente (Groth; Andrade, 2002).
As espécies do gênero Erythrina possuem flores de coloração alaranjada a vermelha com produção de néctar. E. speciosa, floresce entre julho e setembro, com poucas flores abertas simultaneamente e a antese se inicia com as flores basais, seguida pelas medianas e posteriormente as apicais (Palermo; Agostini, 2010); a frutificação ocorre de outubro a novembro (Groth; Andrade, 2002). A polinização é efetuada, principalmente, por aves nectarívoras (Cotton, 2001). Assim, as florações de diferentes espécies deste gênero tornam-se relevantes na alimentação de pássaros. As flores constituem importante fonte alimentar para as aves, principalmente no inverno em áreas urbanas. Existem dois padrões básicos de arquitetura floral no gênero Erythrina adaptados a dois grupos diferentes de aves: o primeiro com estrutura ou formato tubular e o segundo não tubular. Espécies de Erythrina com estruturas florais tubulares, como a E. speciosa, são polinizadas principalmente por beija-flores (Trochilidae). Quanto às características germinativas, dentro do gênero Erythrina é reconhecida grande variação estrutural nas plântulas, algumas espécies são epígeas enquanto outras são hipógeas (Flores; Rivera, 1984). Oliveira (2001) verificou 100% de germinação do tipo epígea para E. speciosa, em laboratório, e 97% em telado de sombrite. Nesta espécie a germinação se inicia aos dois dias após a semeadura, podendo-se observar aos cinco dias, várias raízes laterais. Aos 10 dias, já está delineado o primeiro par de eofilos, unifoliolado, de limbo cordiforme, distinguindo-se o pulvínulo na base foliolar, bem como um par de pequenos nectários globosos; a folha é peciolada e, em sua base, distingue-se um par de estípulas foliáceas caducas. O primeiro metafilo verifica-se, em torno de 30 dias, sendo este trifoliolado, com dois nectários globosos na base do pulvínulo de cada folíolo; é peciolado, havendo duas estípulas foliáceas caducas em sua base. As sementes do gênero Erythrina apresentam dormência tegumentar. Carvalho et al. (1980) observaram a necessidade de escarificação, realizada na extremidade próxima do eixo embrionário, para sementes de E. speciosa. Após escarificação, os autores observaram maior velocidade na germinação, bem como a regeneração de plântulas com maior altura e peso.
Alves, R. B. N.; Camillo, J. <em>Erythrina speciosa</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 789-800.
Aulonemia xerophylla Aulonemia xerophylla P.L. Viana & Filg.
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999).Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966).O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth </em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997).As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999).O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966). A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Passiflora serratodigitata Passiflora serratodigitata L. Maracujá-De-Cinco-Pernas
<em>Passiflora serratodigitata</em> é espécie trepadeira, com frutos muito parecidos com <em>P. cincinnata</em>. São bastante uniformes quanto ao formato e tamanho e pesam em torno de 80 gramas e medem de 4 a 6cm em diâmetro. Geralmente são arredondados ou ligeiramente ovalados. Possuem polpa de coloração creme-amarelada quando maduros. Suas flores são esverdeadas por fora, sépalas e pétalas arroxeadas, corona com cílios longos de cor violeta-escuro e abrem pela manhã.
A espécie P. serratodigitata floresce de janeiro a maio e os frutos podem ser colhidos de maio a agosto. Suas flores abrem-se pela manhã e os principais polinizadores são as mamangavas do gênero Xyllocopa. Em condições de cultivo no Distrito Federal, esta espécie pode produzir até 24 kg de frutos por planta/ano. Os frutos permanecem com a casca verde quando maduros e possuem a polpa de cor creme amarelada. A planta é muito vigorosa e apresenta boa resistência a doenças da parte aérea, caso da bacteriose, antracnose, verrugose e septoriose, mas são susceptíveis à virose do endurecimento de fruto e perdem as folhas durante períodos frios prolongados. Os frutos quando caem da planta são predados por roedores, mas não atraem pássaros e outros animais enquanto permanece na planta. Em seu habitat natural, as plantas dessa espécie ocorrem em baixa densidade, com menos de duas plantas/ha e não toleram queimadas. Por ser mais rústica e mais produtiva que a P. cincinnata, a P. serratodigitata é preferida para cultivos em quintais nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Bahia, mas seus frutos são comercializados e utilizados da mesma forma que os da P. cincinnata. Em muitos casos, os frutos de ambas as espécies são misturados durante a comercialização.
Braga, M.F.; Junqueira, N.T.V.; Faleiro, F.G.; Bernacci, L.C. <em>Passiflora spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 272-279.
Dimorphandra mollis Dimorphandra mollis Benth.
Árvore de porte médio, chegando até 15 metros de altura. O caule é em geral cilíndrico, delgado e tortuoso. A casca do fuste é grossa, escamosa e decorticante. As folhas são alternas, bipinadas, 6 a 12 jugas, pecioladas, sem estípulas, com as margens revolutas; folíolos alternos, opostos, elípticos, base e ápice obtusos, com pilosidade em ambas as faces (Silva, 1986). As inflorescências são conspícuas e terminais, com flores hermafroditas pequenas (com 4mm de comprimento), cor amarelo-clara, odoríferas e dispostas em densas espigas reunidas em panículas corimbosas. O fruto é um legume indeiscente, com 15cm de comprimento e 4cm de largura, achatado, com coloração variando de verde (imaturo), marrom-escuro a quase negro, opaco, de superfície irregular, rugoso, com ápice e base arredondados, bordo irregular, lenhosos (seco); pedúnculo persistente de consistência lenhosa. Apresenta epicarpo fino e mesocarpo de consistência farinácea, macia, marrom-escuro; endocarpo esbranquiçado amarelado, com odor adocicado. As sementes são eurispérmicas sendo a maioria oblonga ou reniforme, algumas largo-elípticas; com coloração variando de marrom-claro a vermelho-telha, com testa lisa, polida, dura. Tégmen membranáceo, amarelado, semitransparente, aderido ao endosperma (Ferreira et al., 2001). <em>D. mollis</em> apresenta similaridade com <em>D. gardneriana</em>, distinguindo-se dessa última pela presença de folíolos maiores e menos pilosos, com as margens menos revolutas, na maioria das vezes plana e menor número de pinas nas folhas (Silva, 1986). A morfologia de sementes e plântulas de<em> D. mollis</em> e <em>D. wilsonii</em> tem sido apontada como uma característica importante para a identificação das espécies do gênero (Ferreira et al., 2001).
A floração de D. mollis é massiva, durando cerca de três meses, no início das chuvas, de setembro a dezembro. A maturação dos frutos ocorre durante a estação seca (maio a agosto). O padrão de desenvolvimento da inflorescência é acrópeto, com a antese ocorrendo por volta das 15 horas e liberação de pólen três horas após o início da abertura floral. A síndrome de melitofilia apresenta características inseto-generalistas, na qual o pólen é o único recurso ofertado para o forrageamento dos visitantes florais. Os tubos polínicos atingem a região ovariana cerca de 24 horas após a polinização por abelhas Trigona spinipes (Apidae), Apis mellifera (Apidae) e a vespa Epiponia tatua (Vespidae). A espécie é preferencialmente xenógama facultativa, apresentando um sistema de auto-incompatibilidade de ação tardia do tipo pós-zigótica (Abreu, 2000). As sementes de D. mollis são dispersadas no final da estação seca e início da estação chuvosa (setembro/outubro); quando os frutos amadurecem, secam, adquirem uma coloração marrom e caem embaixo da planta mãe. Pode haver dispersão zoocórica secundária (Approbato; Godoy, 2006), onde pequenos roedores parecem ser os agentes dispersores. A anta (Tapirus terrestris) é considerada um importante consumidor natural de seus frutos e um dispersor potencial das sementes (Bizerril et al., 2005). A presença de sementes de Dimorphandra em fezes de bovinos sugere que estes animais possam atuar como dispersores (Santos et al., 1975). As sementes são freqüentemente predadas por insetos, igualmente, as vagens em fase de maturação. O estabelecimento das plântulas na estação chuvosa, característica comum nas espécies do Cerrado (Oliveira, 1999), está associada à necessidade de absorção de água pelas plantas recém-germinadas (Labouriau et al., 1964; Rizzini, 1965a). A germinação no final da seca/início da chuva favorece o crescimento da planta até que se torne capaz de absorver água das camadas mais profundas. Por possuir sementes ortodoxas ou tolerantes à dessecação (Chaves; Usberti, 2003), a espécie pode sobreviver durante o período desfavorável para o seu crescimento. No entanto, o estabelecimento depende de que a semente encontre as condições favoráveis à germinação e ao estabelecimento da plântula. Nesse sentido, a presença de rutina em faveira pode proteger os tecidos contra danos oxidativos causados durante períodos de seca em seu ambiente natural (Lucci; Mazzafera, 2009), pois em geral, o estresse causa aumento de rutina e quercetina em folhas de plântulas de faveira, observando algumas variações dependendo da idade das folhas. O número médio de sementes por fruto de faveira é de 14,4 (variando de 2 a 22). A germinação de D. mollis tem início sete dias após a semeadura, quando a raiz primária rompe os tegumentos na base da semente (Ferreira et al., 2001) e apresenta germinação do tipo epígea fanerocotiledonar (Ducke; Polhill, 1981; Oliveira, 1999; Abreu, 2000; Ferreira et al., 2001). Estudos de germinação mostram que as sementes podem germinar em condições diversificadas de regimes de temperatura (Ferreira et al., 2001; Salomão, 2002; Pacheco et al., 2010), indicando a capacidade destas de se estabelecerem em ambientes naturais, inclusive naqueles com diversas condições de luz. Em geral, a escarificação manual do ápice da semente com lixa ou uso de ácido sulfúrico aumenta a capacidade germinativa. O tipo de solo do Cerrado também influencia a capacidade de germinação de sementes e o desenvolvimento de plântulas de D. mollis. De acordo com Fagundes et al. (2011), as sementes de D. mollis apresentaram maior germinabilidade em solo de cerrado arenoso, seguido por solo de cerrado argiloso e solo de mata seca. As plantas jovens de D. mollis atingem altura média de 21cm e 4,2mm de diâmetro do colo, aos sete meses de idade. A raiz primária é tuberosa (Ferreira et al., 2001), assim como algumas raízes secundárias, o que pode contribuir para o seu estabelecimento e sobrevivência em condições naturais (Rizzini, 1965b). Essas raízes funcionam como órgãos de reserva e constituem uma estratégia adaptativa eficiente, permitindo às plântulas resistirem às diversas condições edafoclimáticas (Rizzini; Heringer, 1962; Labouriau et al., 1964). Em estudos desenvolvidos em casa de vegetação com D. mollis, a espécie apresenta um rápido alongamento das raízes em relação à parte aérea. Após 45 dias, as raízes apresentaram, em média, um comprimento superior a 30cm, enquanto o caule permaneceu reduzido com 5 a 7cm (Poggiani, 1974). Sementes de D. mollis são portadoras de microrganismos que podem interferir na germinação e causar a morte das mesmas. Observa-se uma taxa elevada de sementes contaminadas que morrem logo após a germinação (Hermansen et al., 2000). Sementes de D. mollis apresentam uma diversidade de espécies de fungos, sendo encontradas 12 espécies pertencentes a 11 gêneros (Giuliano et al., 2005). Observou-se maior ocorrência de Fusarium sp. e Cladosporium sp., sendo mais freqüentes em sementes provenientes de frutos caídos no solo quando comparada com aquelas coletadas de frutos presos ainda na planta. A taxa de germinação é maior em sementes provenientes de frutos coletados na planta, assim como o vigor e sanidade. O uso da solução captan + mancozeb, é promissor no tratamento das sementes, reduzindo em 142 vezes o percentual de contaminação e morte após a germinação (Giuliano et al., 2005).
Silva, S. R. <em>Dimorphandra mollis</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 761-769.
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