nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Pterodon emarginatus
Pterodon emarginatus Vogel
 
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Raddiella malmeana
Raddiella malmeana (Ekman) Swallen
 
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Rhynchospora globosa
Rhynchospora globosa (Kunth) Roem. & Schult.
 
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Schoenoplectus californicus
Schoenoplectus californicus (C.A.Mey.) Soják
 
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Stylosanthes guianensis
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.
 
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Setaria parviflora
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen
Capím-Rabo-De-Gato
 
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Sicana odorifera
Sicana odorifera (Vell.) Naudin
Croá
 
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Sinningia leucotricha
Sinningia leucotricha (Hoehne) H.E.Moore
 
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Smilax campestris
Smilax campestris Griseb.
Legação
 
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Solanum mauritianum
Solanum mauritianum Scop.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Pterodon emarginatus Pterodon emarginatus Vogel
<em>P. emarginatus</em> tem porte arbóreo, com altura entre 5 e 10 metros, troncos com diâmetros de até 70cm; ritidoma de cor acinzentada ou amarelada, ásperos com depressões e deiscência de placas irregulares; casca descamante em árvores velhas, podendo apresentar rachaduras ou fissuras. Copa com ramos e gemas terminais glabros. Folhas compostas; paripinadas; alternadas, espiraladas; com 14 a 20 folíolos; alternos ou opostos; oblongos ou ovados; de 2 a 6cm de comprimento e 1 a 4cm de largura; ápices emarginados e bases obtusas ou cordadas; margens inteiras; nervação broquidódroma, nervuras salientes na face inferior; pecíolos de até 3cm de comprimento, com pulvinos, peciólulos de até 0,3cm de comprimento; estipulas caducas; folíolos coriáceos, concolores glabros. Flores de até 1cm de diâmetro; com cinco pétalas de cor violácea a azul, sendo duas pétalas fundidas no vexilo ou estandarte, que tem mancha de cor creme; por vezes apresentam-se róseo-arroxeadas, agrupadas e dispostas em cachos no ápice dos ramos. Fruto criptossâmara de até 5cm de comprimento, achatado, elíptico, secos, de cor bege a marrom e rodeados por uma ala membranácea, com uma asa que facilita a dispersão pelo vento. Sementes de até 0,8cm de comprimento; uma por fruto (Felfili et al., 2002; Silva-Junior, 2005).
As plantas de Pterodon são heliófilas, seletivas xerófitas, características de terrenos secos e arenosos do cerrado e da sua transição para a floresta semidecídua. Sua dispersão é irregular e descontínua, ocorrendo em agrupamentos densos (Lorenzi, 1992). Em P. emarginatus, a floração ocorre nos meses de julho a outubro. Apresenta frutificação entre os meses de junho a setembro (Felfili et al., 2002), com frutos na copa até a floração seguinte. A maturação dos frutos ocorre com a planta quase totalmente despida de folhagem, permanecendo, entretanto, na árvore por mais algum tempo. Sua dispersão é feita pelo vento (Lorenzi, 1992). A rebrota coincide com a floração anual. A polinização é feita por abelhas. A produção média de sementes por planta, varia de 10 a 30%, podendo chegar a 50% em alguns casos, ou seja, de cada 100 frutos colhidos, entre 10 a 50 frutos possuem semente (Felfili et al., 2002). A qualidade fisiológica das sementes também pode ser aferida por meio de teste de tetrazólio, na concentração de 0,075% e a 30ºC (Ferreira et al., 2001).
Camillo, J; Bara, M. T. F.; Oliveira, P. C.; Paula, J. R.; Vieira, R. F. <em>Pterodon emarginatus</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 861-874.
Raddiella malmeana Raddiella malmeana (Ekman) Swallen
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966).O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997). As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999). O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966).A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae.In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Rhynchospora globosa Rhynchospora globosa (Kunth) Roem. & Schult.
Erva perene, rizomatosa, ereta, 25-90cm altura; colmo triangular, não sulcado; bainhas foliares glabras, lígula ausente; lâminas planas ou conduplicadas, alternas trísticas, concentradas na base da planta. Inflorescência simples, não capitada, com invólucro não folhoso. Espiguetas bissexuadas, flores aclamídeas, sésseis, 15-30(50) por capítulo, palhetes a castanho-alaranjadas (Araujo et al., 2008; Araújo, 2009). A floração ocorre de outubro a julho (Munhoz et al., 2011). A planta apresenta capítulo globoso com invólucro de brácteas rígidas, arredondadas, paleáceas que, mesmo depois de secas, mantém esta coloração (Giulietti et al., 1996). O fruto é do tipo aquênio, obovoide, biconvexo, diminutamente papiloso, base do estilete cônica, 5 cerdas hipóginas, plumosas com a porção apical escabra (Vitta; Prata, 2009).
Existem poucos estudos sobre o cultivo desta espécie. No entanto, podem ser utilizadas informações de cultivo existentes para outras espécies do gênero Cyperus, que são cultivadas ou manejadas para a extração de óleos essenciais. Cyperus articulatus L. (priprioca), por exemplo, possui várias pesquisas à cerca de seu cultivo pelas comunidades rurais no Pará em sistema de consórcio com outras culturas (Castellani et al., 2011), tanto para uso industrial quanto no comércio local (Zoghbi et al., 2006) e cujas recomendações poderiam ser utilizadas para R. globosa. A dispersão das sementes ocorre através do vento (anemocoria) ou de forma passiva, pela própria planta (autocoria), com base na morfologia dos frutos (Gottsberger; Gottsberger, 2006).
Reis, P. A; Kuhlmann, M.; Gomes-Bezerra, K. M. <em>Rhynchospora globosa</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 1055-1058.
Schoenoplectus californicus Schoenoplectus californicus (C.A.Mey.) Soják
Caule é simples e ereto, de 60-200cm de altura, trígono com ângulos obtusos com cerca de um centímetro de diâmetro na parte basal; dimórfico, superfície lisa, glabra, de coloração verde-escura. Internamente os caules são preenchidos por tecido de aspecto esponjoso, apresentando bainhas foliares (Davidse et al., 1994; Cordazzo & Seeliger, 1995; Kissmann, 1997). Espécie dotada de um grosso rizoma horizontal com raízes fibrosas. As folhas reduzidas a bainhas, de coloração castanha, recobrem uma porção de 20-30cm de altura do caule. Apresenta inflorescências do tipo umbelas compostas, pendentes, as maiores com cerca de 10cm de comprimento e em geral ramificadas. Segundo Kissmann (1997), em uma planta bem desenvolvida podem ocorrer até 150 espiguetas. A espigueta é ovalada ou oblonga, com 5-18mm de comprimento, multiflora.
É uma espécie de hábito pioneiro e é altamente produtiva. Ela se expande com direção centrífuga a partir do centro, para áreas com coluna d’água de até 4m de altura. Este processo favorece a colmatação, deposição de matéria orgânica e minerais formando um substrato lodoso dos corpos d’água lênticos, sendo este um dos fatores determinantes na sucessão de comunidades aquáticas por terrestres (Rossi & Tur, 1976), sendo bastante tolerante à amplitude do nível da água. Em função de suas características ecológicas, o junco influencia os processos ecossistêmicos como contenção de margens, produção de biomassa, regulação do regime hídrico e abrigo para a fauna (Cabrera, 1968), além de suas sementes servirem de alimento para a avifauna (Irgang & Gastal, 1996; Kissmann, 1997). Sua presença tem grande influência nas áreas de ocorrência, as bordas de corpos d’água lênticos. Estas áreas são caracterizadas como ambientes de terras úmidas, também consideradas zonas de transição (ecótono) entre ambientes aquáticos e terrestres. Por sua grande importância na delimitação entre diferentes ecossistemas, as margens dos corpos d’água são consideradas áreas de preservação permanente, segundo a Resolução Conama n. 303 (Brasil, 2002). No que tange à sustentabilidade do uso do junco, alguns aspectos devem ser considerados. Em relação à importância dos juncais nos ecossistemas, estes se constituem em áreas chave para o desenvolvimento de espécies da fauna aquática. Segundo Silveira (2007), o corte em pequena escala (1m²) não afeta drasticamente a fauna de macroinvertebrados bentônicos no local avaliado, sugerindo o uso sustentável. No entanto, processos ecológicos importantes podem ser comprometidos, como o ciclo reprodutivo de peixes. Outro fator a ser considerado consiste na função do junco na estabilidade das margens, que na sua ausência pode influenciar a qualidade da água e acarretar em distúrbio nas margens devido ao impacto pela ondulação das águas. Além disso, é necessário saber qual a real quantidade necessária deste recurso para suprir o mercado. Por outro lado, a coleta tradicional caracteriza-se por: a) retiradas que permitem a manutenção do potencial de crescimento vegetativo da espécie; b) ser realizada em áreas restritas a beiras de lagoas, que, por serem continuamente manejadas, podem acrescentar heterogeneidade aos juncais, segundo a teoria do distúrbio intermediário (Connell, 1978); e c) diminuir a velocidade do processo de colmatação dos corpos lacustres, determinando a manutenção da biodiversidade de ambientes aquáticos.
Silveira, T.C.L.; Bassi, J.B.; Ramos, C.; Terme, C.M.; Fuhr, G.; Kubo, R.R.; Rodrigues, G.G.; Mello, R.S., Souza, G.C., Irgang, B.E. <em>Schoenoplectus californicus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 282-290.
Stylosanthes guianensis Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.
Planta perene, considerando a espécie no sentido amplo, podendo-se afirmar que o hábito é muito variável, já que no nível das variedades, nota-se diferenças significativas, haja vista que o hábito varia de arbustivo a herbáceo e de ereto a prostrado, alcançando até 2 metros de altura em <em>S. guianensis </em>var. <em>guianensis</em>, e entre 20 a 50cm de altura na var. <em>microcephala</em>. A variedade <em>S. guianensis</em> var. <em>pauciflora</em> apresenta, na Serra do Cipó – MG, ecotipos de caules eretos, lenhosos, com haste única e outros de hábito prostrado, que é o mais comum. A pilosidade varia consideravelmente, sendo piloso-setoso-viscosa nas variedades. <em>guianensis<em> e <em>pauciflora<em> e glabra ou pubescente nas variedades <em>microcephala</em> e <em>canescens</em>. As folhas são trifolioladas. As estípulas apresentam bainha amplexicaule. Os folíolos são de elípticos a oblongos, agudos na base, agudos ou obtusos na extremidade e acuminados no ápice. As inflorescências são terminais ou axilares, de 8-30 flores, simples, formadas por uma só espiga, por vezes duas, em forma de taça na var. <em>microcephala</em>, ou múltiplas de duas ou mais no restante das variedades. As flores são amarelas; cálice com tubo filiforme longo, de 4-8mm de comprimento, campanuliforme, de glabro a pubescente. Lomento uniarticulado, subelipsoide, retículo pouco evidente, escuro, tegumento com uma textura suave e fina, única no gênero, Semente de coloração variando entre amarelo a marron ou a preta, elipsoide (Ferreira; Costa, 1979; Sousa- -Costa, 2006).
Costa, N.M.S.; Coradin, L. <em>Stylosanthes guianensis</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 561-571.
Setaria parviflora Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen Capím-Rabo-De-Gato
Plantas perenes, ocorrendo de forma esparsa ou formando touceiras densas. Colmo ereto, 0,2-1,2(-1,5) metros de comprimento. Lâminas lineares a estreito-lanceoladas, planas, glabras, usualmente mais concentradas na porção basal dos colmos. Sinflorescência composta por uma panícula espiciforme com 2-10cm de comprimento. Espiguetas solitárias com dois antécios, inseridas em pedicelos curtíssimos, nos quais há um conjunto de 8-10 cerdas involucrais escabras, que correspondem aos ramos estéreis da panícula; gluma inferior menor que a gluma superior; gluma superior pouco menor que a espigueta; antécio basal neutro, com pálea; antécio superior bissexuado, coriáceo, esverdeado, lema e pálea rugosos (Boldrini, 2001).
A espécie floresce praticamente o ano todo, porém as maiores taxas de florescimento são observadas entre novembro e maio (Boldrini, 2001). Observa-se grande variabilidade morfológica entre as populações que crescem em diferentes tipos de ambientes. Estas variações podem ser observadas no tamanho das plantas, comprimento das lâminas, tamanho e colocação das sinflorescências e espiguetas e também no número e comprimento das cerdas involucrais. Certas populações desta espécie comportam-se como ruderais e invasoras de campos de cultivo (Pensiero, 1999), algumas se apresentam como pioneiras em ambientes perturbados. Estas características sugerem que a espécie provavelmente sofreu algum processo de domesticação que foi interrompido. De fato, algumas plantas dessa espécie apresentam espiguetas maiores e grãos mais pesados que suas contrapartes que crescem em ambientes não perturbados.
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Setaria parviflora</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 684-686.
Sicana odorifera Sicana odorifera (Vell.) Naudin Croá
Herbácea, perene, trepadeira, ramificada, com hastes anguladas ou estriadas. Folhas simples, lobadas, ásperas e pubescentes, com pecíolos alongados, com até 18cm de comprimento. Flores solitárias, axilares, pedunculadas, andróginas e amarelas. Frutos cilíndricos, de casca lisa, coloração de vinho a roxo escuro (quase preto, a exemplo da berinjela), com até 35cm de comprimento e cerca de 15cm de diâmetro, polpa suculenta com coloração de creme a amarela, sementes pardas e castanhas (Kinupp; Lorenzi, 2014).
Madeira, N.R. <em>Sicana odorifera</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 315-318.
Sinningia leucotricha Sinningia leucotricha (Hoehne) H.E.Moore
É uma planta herbácea com folhagem e aspecto geral que a destaca entre as espécies do gênero. Iuchi (1994) fez a descrição morfológica da espécie. As folhas são simples e completas, com pecíolo curto, peninérvea, de limbo ovado, dentado, com ápice mucronado e base obtusa. Possui pelos brancos que cobrem as folhas, são finos em folhas jovens, mas como o número é fixo, com o crescimento e expansão das folhas, tornam-se mais esparsos. O caule é cilíndrico e pode ser constituído de uma ou mais hastes, sendo que o máximo encontrado foi 12 em planta adulta. É herbáceo, mas ao longo dos anos forma uma estrutura semilenhosa em forma de coroa. Ao final do ciclo é formada uma camada de abscisão na base da haste, sobre a coroa, perdendo-se a parte aérea. A inflorescência é terminal, com três a cinco flores de pedúnculos breves e inclinados. As flores são pentâmeras, com sépalas triangular-sagitadas, a corola é caduca, tubulosa, purpúrea, coral ou rósea, com manchas avermelhadas na face superior. O fruto é capsular e quando maduro é seco e deiscente através de suas válvulas no sentido longitudinal na união dos carpelos e com grande número de sementes. O sistema radicular consiste de uma parte tuberosa e das raízes propriamente ditas. A raiz tuberosa tem maior volume e formato arredondado no início do crescimento, e vai aumentando e tornando-se irregular, de onde saem as raízes propriamente ditas e uma parte achatada na porção superior de onde saem as gemas.
Todas as espécies do gênero Sinningia desenvolvem tubérculos, que são órgãos de armazenamento que permitem a planta sobreviver em períodos de seca, calor ou outra condição inóspita para o crescimento. Sob condições normais, crescem e florescem, seguido por um gradual declínio culminando na completa dormência. Após este período sem crescimento, o tubérculo apresenta novo desenvolvimento e o ciclo se repete. Grande parte das cultivares pode ser induzida a permanecer em crescimento, sem o período de dormência. Outras podem nunca quebrar a dormência ou novamente crescer. Mas a maioria das plantas produz novo e melhor crescimento após esse período de “inatividade”. Em geral, desenvolvem-se bem em meios que retém umidade, mas com boa drenagem. Solos permanentemente úmidos resultam em apodrecimento do tubérculo, enquanto condições de seca induzem a dormência prematura. Normalmente, condições de umidade são desejáveis para a maioria das espécies e híbridos.
Ciotta, M.N. <em>Sinningia leucotricha</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 808-811.
Smilax campestris Smilax campestris Griseb. Legação
É uma liana com sistema subterrâneo cilíndrico, apresentando rizoma concrescido com as raízes, com radicelas numerosas. Os ramos aéreos brotam a partir da gema apical do rizoma, de maneira simpodial (Alonso, 1998). Apresenta acúleos e folhas grandes, alternas e coriáceas, de formato elíptico ou obovado. As flores são pequenas, de coloração branco-amarelada ou esverdeada. Os frutos são bagas de cor vermelho-escura, de aproximadamente 5mm de diâmetro, contendo uma ou duas sementes; quando os frutos amadurecem, tornam-se de coloração negra (Alonso, 1998).
Steenbock, W. <em>Smilax campestris</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 687-691.
Solanum mauritianum Solanum mauritianum Scop.
<em>Solanum mauritianum</em> Scop. (1788) é um arbusto ou arvoreta que comumente atinge dois a quatro metros de altura (Smith & Downs, 1966), podendo alcançar altura superior a dez metros e diâmetro acima de 20cm (Haley, 2006). Possui folhas simples, alternadas e fortemente bicolores. As inflorescências são terminais, corimbosas e muito ramosas; a cor das flores pode ser azul, roxa ou brancas. Cada inflorescência pode conter de 20 a 80 frutos globosos suculentos de até 1,5cm de diâmetro, tornando-se amarelos quando maduros. Cada fruto contém aproximadamente 150 minúsculas sementes de 1,0 a 1,5mm de comprimento (Olckers, 2006).
Solanum mauritianum representa uma espécie chave, muito importante, pois prevalece na colonização florestal e produz abundante recurso forrageiro para pássaros, insetos e grande quantidade de matéria morta (serrapilheira), o que proporciona condição edáfica à colonização das espécies mais exigentes em fertilidade, umidade do solo e sombreamento. A espécie apresenta autofertilização (Wagner et al., 1999). Com disponibilidade de frutos praticamente durante todo ano, a espécie representa um valioso recurso alimentar principalmente para pássaros (Wildy, 2006), de modo que os frutos são facilmente dispersos a longas distâncias. A espécie apresenta banco de sementes e a germinação é estimulada pelo fogo, predominantemente no verão (Olckers, 2006). As plantas apresentam rápido crescimento, tornando-se adultas em dois a três anos e, geralmente, entram em senescência após 15 anos de idade (Haley, 2006). Estudo sobre a diversidade genética realizada em quatro populações naturais localizadas nos municípios de Alto Uruguai, Ponte Serrada, Campos Novos e Florianópolis, todas no Estado de Santa Catarina, demonstrou a existência da alta diversidade dentro das populações e pouca divergência entre as populações (Ruschel et al., 2008). As maiores divergências (de aproximadamente 8%) foram entre a população de Florianópolis, quando comparada com as demais. Embora sendo autocompatível, não foi observada depressão endogâmica e todos os locos analisados apresentaram-se praticamente em equilíbrio de Hardy-Weinberg.
Ruschel, A.R.; Nodari, R.O. <em>Solanum mauritianum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 692-696.
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