nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
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Panicum prionitis
Panicum prionitis Nees
 
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Schinus terebinthifolius
Schinus terebinthifolius Raddi
 
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Cochlospermum regium
Cochlospermum regium (Mart. ex Schrank) Pilg.
Algodão-Bravo
 
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Bothriochloa laguroides
Bothriochloa laguroides (DC.) Herter
 
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Paspalum notatum
Paspalum notatum Flüggé
Grama Forquilha
 
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Echinochloa polystachya
Echinochloa polystachya (Kunth) Hitchc.
 
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Paspalum regnellii
Paspalum regnellii Mez
Capim-Guaçu
 
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Paspalum rhodopedum
Paspalum rhodopedum L.B.Sm. & Wassh.
Capim Veludo
 
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Olyra latifolia
Olyra latifolia L.
Taquara
 
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Paspalum glaucescens
Paspalum glaucescens Hack.
Capim Do Campo
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Panicum prionitis Panicum prionitis Nees
O capim-santa-fé é uma gramínea cespitosa perene de um a dois metros ou mais de altura. Seus colmos são duros e espessos, comprimidos, formando uma quilha marcada na nervura central e dando uma secção elíptica aos mesmos, os quais, nas demais espécies do gênero <em>Panicum</em>, apresentam secção circular (Wanderley et al. 2001). Lâmina foliar de um a um metro e meio de comprimento, com margens muito cortantes, formando densas e vigorosas touceiras. Devido a esta característica, recebeu o nome “prionitis”, do grego prionotos, que significa “semelhante a uma serra” É bastante semelhante à <em>Cortaderia selloana </em>(Schult.) Asch. (capim-paina), da qual se diferencia principalmente por apresentar inflorescências mais laxas (menos densa), com 40-70cm de comprimento e muito ramificadas (Lyman et al., 1974). A floração e a produção de frutos ocorrem na primavera e verão, entre os meses de outubro a janeiro (Lyman et al., 1974; Godinho et al., 2005).
As funções ecológicas desta planta abrangem desde a produção de biomassa, fundamental para o aporte de matéria orgânica no ecossistema, até o abrigo da fauna, pois invertebrados de diferentes classes podem ser encontrados junto às touceiras, possibilitando a manutenção de uma cadeia alimentar característica dos ambientes alagados. Adicionalmente, nota-se que alguns animais (répteis e aves) se valem da densa disposição das folhas de P. prionitis como abrigo e para a nidificação. Quanto ao seu papel na manutenção do ambiente físico, a biomassa subterrânea de touceiras localizadas próximas a rios e canais atua como um importante fixador de sedimento nas margens destes cursos d’água. Assim, ao capim-santa-fé são evidenciadas propriedades que previnem o assoreamento. Além das características acima citadas, populações de capim-santa-fé parecem ser importantes elementos auxiliares, junto a outras espécies de macrófitas aquáticas, na prevenção de alagamentos, aumentando o “efeito esponja” em ecossistemas alagáveis, como banhados, atuar na retenção parcial de elevadas quantidades de água, as quais são gradativamente liberadas para ambientes adjacentes, topograficamente menos elevados. Godinho (2005) pesquisou alguns aspectos ecológicos de P. prionitis, incluindo biometria, número de folhas vivas, biomassa aérea e subterrânea, produtividade primária e correlação da biomassa com alguns dados climatológicos. O perímetro dos agrupamentos de touceiras na população de estudo variou de 0,4m² a 7,8m², o que confirma a alta densidade das touceiras formadas por plantas desta espécie plenamente estabelecidas. O valor de produção primária líquida foi de 3,76kg de peso seco/ m^^2^^ /ano, representando uma produtividade relativamente elevada. Segundo os autores, a renovação de biomassa aérea viva é contínua, fato que indica a viabilidade do manejo desta espécie. Segundo o conhecimento empírico, quanto mais o capim-santa-fé é cortado, mais “perfilha” e maior fica a touceira. Segundo alguns extratores, uma touceira pode ser cortada a cada seis meses, aproximadamente. Entretanto, outros informantes sustentam que não existe época ideal para a coleta e que o tempo necessário para a regeneração total das plantas seria superior a um ano.
Wiesbauer, M.B.; Godinho, P.S. <em>Panicum prionitis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 270-275.
Schinus terebinthifolius Schinus terebinthifolius Raddi
Arbusto ou arvoreta de até 15m de altura. Os ramos são eretos ou apoiantes, flexíveis quando novos, pubescentes a vilosos ou glabros; folhas compostas imparipinadas, glabras, pubescentes ou vilosas; folíolos elípticos ou oblongos, quase oblanceolados, ápice agudo, acuminado; panículas compostas, densas ou glabras; drupa levemente achatada na parte distal, epicarpo vermelho-vivo a purpúreo ou rosa-forte (Fleig & Klein, 1989). As flores são pentâmeras, actinomorfas, pequenas, dialissépalas e dialipétalas, dispostas em inflorescências compostas do tipo panícula racemosa. Apresentam cinco sépalas pequenas e verdes, de formato triangular, e cinco pétalas pequenas, brancas e ovais e disco nectarífico de cor amarelo-ouro. Possuem dez estames heterodínamos, dispostos em duas fileiras concêntricas. As anteras são basifixas e apresentam deiscência longitudinal. O tecido que forma a teca é branco e o pólen é amarelo (Lenzi & Orth, 2004b; Cesário & Gaglianone, 2008). Estudos sobre a morfologia e biologia floral demonstraram a existência de um padrão diferenciado das flores, em função da redução ou aborto do gineceu e do androceu (Oliveira & Grota, 1965; Fleig, 1987; Fleig & Klein, 1989; Lenzi & Orth, 2004b). As flores masculinas possuem estames com anteras dorsifixas de cor amarela e gineceu rudimentar, sem óvulo funcional no interior do ovário enquanto as flores femininas apresentam gineceu com estigma trilobado e quase séssil, ovário súpero, unilocular, com um único óvulo, androceu não funcional apresentando estames reduzidos com suas anteras indeiscentes, esbranquiçadas e sem produção de pólen. As inflorescências masculinas são de tamanho maior, mas em número são semelhantes para ambos os sexos. O número médio de flores por inflorescência é maior para as plantas masculinas, apresentando uma proporção de flores femininas:masculinas de 1:4 (Lenzi & Orth, 2004b).
Avaliando populações de Schinus terebinthifolius Raddi em áreas de influência marinha, no litoral de Santa Catarina, Lenzi e Orth (2004b) verificaram que a espécie ocorria de modo agregado, com plantas distantes entre si, em torno de 2 a 10 metros, apresentando uma proporção aproximada entre plantas femininas e masculinas de 1:1. A floração ocorreu em dois períodos: de outubro a novembro, com cerca de 20% dos indivíduos avaliados em florescimento, e entre fevereiro a abril, com florescimento de todos os indivíduos de ambos os sexos. O período de floração do segundo ciclo durou em torno de 45 dias, com várias flores abertas ao longo de todo o período. Os autores constataram que existe uma ordem na abertura das flores nas inflorescências, sempre iniciando das flores terminais para as flores da base da panícula. Sendo a aroeira espécie dioica e suas flores diclinas, sua estratégia de polinização é a cruzada (xenogamia/alogamia) e desta forma necessita de agentes bióticos para o transporte dos seus grãos de pólen. Lenzi e Orth (2004a, b) constataram que a transferência de pólen é mediada exclusivamente por insetos polinizadores, observando um grande e diversificado número de visitantes florais nas flores da aroeira-pimenteira, durante todo o período de floração. Estes insetos constituíram-se, na sua maioria, de abelhas (Apidae, Halictidae, Colletidae e Megachilidae), de moscas (Syrphidae, Calliphoridae, Muscidae, entre outras) e de vespas (Vespidae, Pompilidae e Sphecidae), que visitaram as flores de ambos os sexos ao longo de todo o dia. Esses insetos apresentaram padrão de forrageio e de comportamento semelhantes, em busca de pólen e néctar nas flores masculinas e de néctar nas flores femininas. Desta forma, segundo os autores, a aroeira-pimenteira pode ser classificada como uma espécie possuidora da síndrome de entomofilia e ser generalista quanto à diversidade desta entomofauna visitante floral. Uma vez fertilizada a flor, é possível visualizar o ovário em desenvolvimento a partir do segundo ou terceiro dia. A média de flores femininas, verificada em uma inflorescência, foi de 346,25 ± 53,91 (N= 8), e a média de frutos em um cacho foi de 120,18 ± 26, 89 (N= 32). Portanto, a taxa de frutificação efetiva natural determinada para a aroeira-pimenteira, no estudo de Lenzi e Orth (2004a), foi da ordem de 34,7%, sendo esta muito próxima da taxa média de frutificação obtida nos tratamentos de polinização livre na área natural (34%). A flor masculina possui, em média, 99.267 grãos de pólen, e a feminina é uniovulada. Os autores determinaram que S. terebinthifolius é uma espécie com uma razão pólen/óvulo alta, considerada, portanto, uma espécie xenogâmica, ou seja, dependente da polinização cruzada para obter seu sucesso reprodutivo. O amadurecimento e consequente dispersão dos frutos iniciam após 30 dias do início da floração, perdurando até os meses de janeiro, no primeiro ciclo, e junho, no segundo ciclo (Lenzi & Orth, 2004b). Schinus terebinthifolius apresenta rápido crescimento, sendo bastante tolerante a solos pobres, ventos fortes e alta luminosidade. Pode ser facilmente cultivada e é atraente para fauna nativa. De grande plasticidade ambiental, suporta condições de inundação e solos encharcados, sendo capaz de se estabelecer em habitats muito adversos. Apresenta alta capacidade de ocupação em áreas degradadas, além de ser uma das espécies mais procuradas pela avifauna (Santochene, 1989). Entretanto, a sua alta capacidade reprodutiva torna-a agressiva na invasão de áreas onde sua presença não é desejável (Baggio, 1988), sendo recomendada cautela no planejamento e manejo dos seus plantios, principalmente fora da sua região de origem. Carvalho (2003) considera a aroeira-pimenteira uma espécie de crescimento moderado, na qual a maior produção volumétrica obtida em plantios foi 12m^^3^^.ha^^-1^^.ano^^-1^^, aos 10 anos de idade. Todavia, o autor ressalta as altas taxas de sobrevivência obtidas nos plantios, variando de 67% a 100%, com uma estimativa de rotação de 10 a 20 anos para mourões (Baggio, 1988). A aroeira-pimenteira apresenta resposta positiva à adubação com NPK, mostrando incrementos de 125% e 126% para altura, 325% e 260% para diâmetro da copa e 160% e 222% para diâmetro da base, aos oito e 16 meses após o plantio, respectivamente, em comparação com a testemunha (sem adubação), de acordo com os estudos de Lima (1995). A omissão de nitrogênio mostrou-se muito limitante ao crescimento inicial, tanto aos oito como aos 16 meses, com reduções no crescimento variando entre 36,5% e 65%. A omissão de fósforo foi similarmente limitante ao crescimento inicial da aroeira-pimenteira, com reduções no crescimento variando entre 32,6% e 60%. A omissão do potássio foi menos limitante ao crescimento inicial, com reduções variando entre 5% e 35%, para as características avaliadas. A pesquisa de Lima (1995) mostrou, também, que a aroeira-pimenteira responde positivamente às doses crescentes de superfosfato simples, apresentando uma resposta quadrática, tanto aos oito como aos dezesseis meses após o plantio: houve um incremento até a dose de 200g de superfosfato simples por cova e efeito depressivo quando se utilizou a dose de 400g/cova. O comportamento observado para esta espécie mostra variações daqueles apresentados por outras espécies do mesmo grupo ecológico avaliadas no mesmo estudo, possuindo a aroeira-pimenteira um maior requerimento externo de fósforo ou, por outro lado, apresentando uma menor eficiência de uso deste nutriente, necessitando por isto de maiores doses de superfosfato simples para atingir o patamar de crescimento máximo, que segundo o autor pode ser devido ao sistema radicular pouco desenvolvido.
Mazza, M.C.M.; Mazza, C.A.S.; Nadolny, G.A.; Carvalho, P.E.R. <em>Schinus terebinthifolius</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 226-242.
Cochlospermum regium Cochlospermum regium (Mart. ex Schrank) Pilg. Algodão-Bravo
Subarbusto com até 2m de altura, com ramos que variam de 0,8 a 1,8m de comprimento, sistema subterrâneo robusto e lenhoso; caule ferrugíneo e nodoso; ramos castanho-avermelhados e acinzentados; folhas alternadas, simples, longo-pecioladas, palmatificadas, subdigitadas, base obtusa a cordada, 3-5 lobos oval-elipticos, com ápice agudo a curtamente acuminado, agudos, crenados ou serrados, 5-7 nervados, coriáceos, pubescentes, medindo cerca de 6cm de comprimento e 3cm de largura, sendo os dois inferiores menores que os demais (Mendonça et al., 1998; Durigan et al., 2004). Flores em forma de concha, medindo de 6 a 8cm de diâmetro, dispostas em panículas terminais, contendo de 5 a 10 flores, localizadas na extremidade de brotos grossos e totalmente despidos de folhas; as sépalas são verde/vermelho-vináceo e as pétalas de coloração amarelo intenso com mácula vermelho-vináceo na base dos estames polistêmones, heterodínamos, dialistêmone; as anteras são basifixas e poricidas (poros apicais); o ovário súpero, verde e o estigma capitado, posicionado acima dos estames. As pétalas são em número de cinco, livres. Os estames são numerosos e se curvam em direção ao centro da flor. O estilete também é curvo e está dirigido para baixo, entre os estames. O fruto é uma cápsula deiscente ovóide ou elipsóide, medindo cerca de 6cm de comprimento, tendo as sementes envoltas em filamentos compridos e lanosos. A coloração das sementes varia de marrom-claro a preto, com o avanço da maturação (Noronha; Gottsberger, 1980; Kirizawa, 1981; Mendonça et al., 1998).
No Cerrado a espécie ocorre em reboleira, com número reduzido de indivíduos. Molinari et al. (1996) descreveram a ocorrência da planta na baixada cuiabana e na Chapada dos Guimarães, em grupos de três a cinco indivíduos, bem distanciados um do outro, não sendo encontrado em populações densas. O C. regium forma um xilopódio (órgão subterrâneo de reserva) durante o primeiro ano de crescimento, pois enquanto as estruturas jovens acima do solo podem ser dizimadas pela seca ou fogo, os órgãos geminíferos, contendo o alimento armazenado, podem rapidamente recolonizar uma região. Em plântulas de C. regium com 30 dias de idade já é bem visível a dilatação da extremidade distal da raiz principal, com estrutura secundária totalmente diferenciada (Metivier, 1979; Kirizawa, 1981). Estudos realizados por Ferri (1971) no cerrado das Emas (SP) demonstraram a influência da poda sobre o comportamento vegetativo de C. regium. As plantas que foram podadas no mês de junho, época de florescimento da espécie, apresentaram uma rebrota rápida, desenvolvendo grande número de ramos curtos, com cerca de 15cm. Ou seja, enquanto a maioria das plantas, ao serem podadas, geralmente apresenta superbrotação de ramos vegetativos, em C. regium, o corte da planta determina superbrotação de ramos vegetativos ou florais, de acordo com a época do corte. Quanto à fenologia e reprodução, observa-se que no cerrado a espécie apresenta alternância entre o período vegetativo e o reprodutivo. Na época das chuvas cobre-se de folhas e no período das secas floresce, estando a planta totalmente despida de folhas (Ferri, 1971). De acordo com Pott e Pott (1994), a floração de C. regium na região do pantanal ocorre nos meses de maio a setembro. Na região do Distrito Federal é possível observar plantas floridas a partir do final do mês de maio e, nestas plantas, a coleta de sementes pode iniciar na segunda quinzena de agosto, com algumas variações, dependendo das condições do ambiente onde está localizada a população. Noronha e Gosttsberger (1980) estudaram a polinização de C. regium e Aspilia floribunda e constataram que as duas espécies coexistem e apesar de pertencerem a famílias botânicas distintas, apresentam característica em comum: mesma altura, flores amareladas perfumadas, antese diurna, indivíduos próximos ou em populações mistas. Os insetos polinizadores são comuns a ambas espécies, o que diferencia uma da outra é apenas o tipo de alimento que é fornecido aos polinizadores, já que Aspilia fornece apenas néctar e Cochlospermum fornece pólen. No período de 2009 a 2011 foi realizado um monitoramento dos eventos florais de plantas de algodão-do-campo cultivadas em área experimental da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília – DF. Observou-se que a antese das flores é diurna, com abertura das flores entre 8h e 10:30h da manhã, apresentando odor muito suave e agradável; a flor manteve a sua coloração inalterada, viabilidade dos grãos de pólen e receptiva aos visitantes florais por até 48 horas; o início do processo de senescência floral foi caracterizado pelo murchamento, não ocorrendo alteração na coloração das pétalas. As flores receberam visitas intensas desde sua abertura até o final do dia. Durante o estudo Apis mellifera mostrou aproximação direta na flor. Sua abordagem foi agressiva, passeando rapidamente pela flor, para coletar os grãos de pólen, voando sempre em linha reta na direção de outra flor. Bombus sp. conhecida como mamangava, polinizadora de várias espécies que apresentam mecanismo de polinização por vibração, mostrou o seu pico de visitação entre 9:00 e 9:30 horas. Sua abordagem consistiu de paradas em frente às flores com vibrações intensas e pouso rápido. Em seguida, voava em busca de nova flor efetuando vôos em zig-zag. Auglochlora sp., Centris sp., Examalopsis sp., mostraram abordagem florais semelhantes, também sobrevoando em zig-zag, executando repetidos e leves toques na flor, fazendo o “buzz-pollination”. Neste movimento de vibração o inseto faz vôo rápido em circulo na frente da flor, pousa, abraça de um a dois estames, morde na base dos estames segurando-os com o seu aparelho bucal, vibrando para coletar os grãos de pólen. Com os dois pés dianteiros deposita o pólen no abdômen, repetindo este ritual por toda flor. Em seguida, pousa de lado alguns segundos e transfere os grãos de pólen do abdômen para as escopas dos pés traseiros. Neste processo de abraçar as anteras em pequenos feixes o inseto junta também o estigma e passa o corpo sobre o ápice deste, deixando ali alguns grãos de pólen. Auglochlora é uma abelha de pequeno porte e polinizadora de flores pequenas, porém agem como pilhadoras ou polinizadoras ocasionalmente, em flores maiores, como foi observada nas flores de C. regium. Trigona sp. (Irapuá) e Paratrigona lineata, têm o comportamento parecido e ambas atuam como predador, realizando pequenos furos nas anteras. Examalopsis sp. e P. lineata realizaram visitas diárias desde o início até o final do período de florescimento, enquanto os demais visitantes foram ocasionais. Os coleópteros observados, Diabrotica speciosa Gemar (brasileirinho) e Cerotoma sp., passeiam sobre as anteras e estigma, alimentando-se de parte das pétalas da flor. Espécies da família Formicidae visitam constantemente os racemos desde a formação do botão floral até a senescência completa da flor. Pelas análises realizadas, a espécie apresenta algumas características de melitofilia. Cabe ressaltar, que devido ao curto período de duração da flor, C. regium atrai uma gama diferenciada de insetos, disponibilizando recursos florais a estes visitantes, os quais mostram diferentes interações ecológicas. Após o processo de polinização, ocorre a formação das sementes. Estas apresentam tegumento duro e impermeável à água, constituídas pela testa, tecido de revestimento com aspecto esponjoso e opaco, tégmen tecido interno liso, brilhante e resistente e da camada paliçádica resistente que ocupa a posição mais externa do tégmen, revestida por cutícula delgada que pode ser removida quando submetida à escarificação. Após essa remoção, a embebição se processa rapidamente, apresentando alto percentual de germinação (Kirizawa, 1981). Estudos demonstram a necessidade de tratamentos pré-germinativos para superar a dormência, devido à impermeabilidade do tegumento a água. Já Sales et al. (2002), demonstram que o uso de escarificação química em ácido sulfúrico por 150 minutos é muito eficiente, proporcionando índice de germinação superior a 80%. Camillo et al. (2009), estudaram a germinação in vitro de sementes de C. regiume observaram que sementes escarificadas por 40 minutos em ácido sulfúrico (H2SO4) apresentaram percentual de germinação de 93,3% aos 30 dias após a inoculação, contrastando com apenas 13,3% de germinação no lote não escarificado. O uso da escarificação química resultou em maior número de plântulas normais e desenvolvimento mais uniforme destas. Sales (2001) testou os melhores tipos de substratos para a germinação e emergência das sementes de C. regium em condições de laboratório e viveiro. Em laboratório não houve diferença significativa no percentual total de germinação nos substratos, porém, nas condições de viveiro o melhor substrato foi o tipo vermiculita, seguido por terra de cerrado e areia. Em outro experimento foram testadas as melhores condições de luminosidade e constatou-se que os melhores resultados foram obtidos em escuro, vermelho e vermelho-extremo com 81,2; 90,7 e 74,7% de germinação, respectivamente. Sob temperatura de 25°C as sementes apresentam maior porcentagem de germinação (90%), porém os melhores índices de velocidade de germinação foram verificados nas temperaturas de 15 e 25°C (2,6 e 2,7 Respectivamente). Com relação ao plantio e condução das mudas em campo, não existem informações disponíveis na literatura. No entanto, em 2008 o pesquisador Dijalma Barbosa da Silva (comunicação pessoal) iniciou um experimento onde foram plantadas 32 mudas de algodão-do-campo na área experimental da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em solo tipo Latossolo Vermelho-escuro, textura argilosa, sem aplicação de adubos e irrigação. A área encontrava-se em repouso por 10 anos e as mudas apresentavam em média 12cm de altura aos 10 meses de idade. Observou-se que para plantas com estas características, o vingamento das mudas após transplantio no campo foi de 100%; as plantas atingiram altura média de 41cm no primeiro ano de vida e 115cm aos 3 anos de idade; o florescimento (plantas com 1 ano de idade) iniciou-se em 15 de julho prolongando-se até 1 setembro; no primeiro ano todas as plantas floresceram, mas, apenas três produziram frutos (1, 3 e 3 frutos por planta, respectivamente) com 3,4cm de comprimento por 2cm de diâmetro; no ano seguinte todas as plantas floresceram novamente e 10 plantas produziram frutos (em média 5), que apresentaram em média 12 sementes; o peso médio de 100 sementes foi de 4,0g. Aos três anos de idade, todas as plantas floresceram, sendo que uma delas produziu 9 cachos totalizando 435 botões florais, mas destes apenas 54 geraram frutos. As plantas apresentaram folhas de coloração verde durante a fase vegetativa e arroxeadas durante o período de florescimento, quando entram em processo de senescência. Considerando a exuberância do florescimento e o baixo vingamento floral, pode-se inferir que a espécie apresenta problemas de fertilização. Ao longo deste estudo tem-se observado, a cada ano, um aumento no número de polinizadores e, consequentemente, um incremento no número de frutos. Apesar do pouco tempo de avaliação, estes dados evidenciam a grande adaptabilidade desta espécie ao cultivo.
Camillo, J.; Martins, R. C.; Neto, G. G.; Gulias, A. P. S. M.; Filqueiras, A. D.; Costa, L. C.; Silva, D. B. <em>Cochlospermum regium</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 717-730.
Bothriochloa laguroides Bothriochloa laguroides (DC.) Herter
Plantas eretas ou semi-decumbentes, com rizomas curtos, 40-100cm de altura; colmos e nós glabros; prefoliação convoluta. Bainhas foliares glabras, geralmente menores que os colmos; lâminas foliares lineares, 5-18cm x 0,5-8,0cm, glabras, ápice agudo; lígula membranosa, 1,5-3,0mm. Inflorescência paniculada, 5-12cm x 2,5-6,0cm, com ramos laterais desarticuláveis dispostos sobre o eixo principal alongado e tenaz; entrenós da ráquis pilosos e sulcados, pedicelos pilosos, tricomas alvos, sedosos, de comprimento subigual ao da espigueta séssil. Espiguetas sésseis monoclinas, 4,0-5mm, arista 10mm; gluma inferior sem cavidade no dorso; espiguetas pediceladas neutras, 4,0-4,5mm, múticas; gluma inferior de ápice bífido.
De acordo com Rosengurtt (1979), é considerada de produtividade e qualidade média. Na região da Campanha, onde é comum, é encontrada sempre consumida e é destacada por Araújo (1971) como sendo um pasto tenro de boa palatabilidade e resistente à seca, com rendimento até a entrada do inverno.
Boldrini, I.I. <em>Bothriochloa laguroides</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 305-306.
Paspalum notatum Paspalum notatum Flüggé Grama Forquilha
Planta perene, com rizomas horizontais, supraterrâneos, cobertos pelas bainhas das folhas e muito arraigados ao solo; prefoliação convoluta; colmos floríferos de 2-4 nós, de 20-50cm de altura. Bainhas foliares glabras ou com alguns tricomas brancos, próximo à lígula; lâminas foliares linear-lanceoladas, agudas no ápice, glabras, eventualmente com tricomas esparsos, de 10-20cm x 0,5-1,0cm; lígula membranosa, 0,5-1,3mm. Inflorescência formada por dois ramos conjugados, esverdeados, 4-12cm de comprimento. Espiguetas 2-seriadas, glabras, ovadas ou obovadas, de 2,5-4,0mm x 2,0-3,5mm; gluma inferior ausente, gluma superior e lema inferior estéril, iguais em textura, 5-nervados, cobrindo o antécio fértil; antécio superior fértil, estramíneo, de 2,5-3,5 x 1,8-2,5mm, com convexidade pouco pronunciada.
Boa forrageira, apetecida, abundante e resistente ao pisoteio (Burkart, 1969). Costa et al. (1998a) observaram que a espécie apresenta alto potencial forrageiro quando em ausência de limitações severas, obtendo uma produção de matéria seca verde (MSV) total de 10,2t/ha. Comparando pensacola, espécie cultivada, com biótipos de P. notatum, Oliveira & Moraes (1998) verificaram que dois biótipos foram superiores à pensacola, quanto à produção de matéria seca. Efeitos da fertilização no aumento da densidade de afilhos e na morfologia da espécie foram trabalhados por Boggiano et al. (1999; 2001). A proteína bruta (PB) das lâminas foliares foi de 13,4% na primavera, 10,9% no verão e 9,1% no outono. O valor de carboidratos ácidos digeríveis da matéria seca dos rizomas foi de 49,9%, justificando a alta persistência da espécie, quando submetida à pastejo (Eggers et al., 1998). Segundo Scheffer-Basso et al. (2003), a PB de P. notatum é de 14,7%, a fibra detergente ácida (FDA), de 35,98% e nutrientes digestíveis totais (NDT), de 62,65%. Estudos desenvolvidos por Eggers et al. (2004) salientaram um filocrono, para a espécie, de 156ºC. Está em andamento projeto para lançamento de sementes, pela Faculdade de Agronomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dos biótipos conhecidos popularmente como andré da rocha e bagual, os quais são mais produtivos que a pensacola (P. notatum var. Saurae).
Boldrini, I.I. <em>Paspalum notatum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 338-341.Filgueiras, T.S.; Rodrigues, R.S. <em>Paspalum notatum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 669-673.
Echinochloa polystachya Echinochloa polystachya (Kunth) Hitchc.
Plantas perenes, colmo ereto ou decumbente, 0,5- 1,7 metros de comprimento. Lâminas linear-lanceoladas, planas, glabras, menos frequentemente híspidas. Sinflorescência composta por numerosos ramos unilaterais alternos com 2-11cm de comprimento; ráquis ciliada nas margens. Espiguetas solitárias, binadas ou em tríades, com dois antécios, escabras ou híspidas; gluma inferior aguda a acuminada, gluma superior e lema do antécio basal caudados a caudado-aristados; antécio basal estaminado, com pálea; antécio superior bissexuado, coriáceo, estramíneo a castanho na maturidade, lema e pálea lisos. Cariopse 2,7-3 × 1,8mm (Pott; Pott, 2000; Boldrini, 2001). Esta espécie é facilmente distinta da maioria das espécies do gênero pelas folhas com lígula conspícua.
Segundo Barreto & Kappel (1967) e Cobellas & González (1973) e Tenório (1970) apud Pfitscher & Barreto (1976), E. polystachia é considerada de bom valor forrageiro. Canoniero, R. C. apud Pfitscher & Barreto (1976) destaca que é a espécie forrageira que mais se destaca nos solos pantanosos da Nicarágua, sendo mais resistente ao pisoteio que Brachiaria mutica. É importante para locais baixos e úmidos. Floresce e frutifica de dezembro a agosto (Pott; Pott, 2000; Boldrini, 2001).
Boldrini, I.I. <em>Echinochloa polystachya</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 313-314.Filgueiras, T.S.; Rodrigues, R.S. <em>Echinochloa polystachya</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 617-619.
Paspalum regnellii Paspalum regnellii Mez Capim-Guaçu
Planta perene, cespitosa, sem rizomas, de 0,5-1,7m; nós glabros a pubescentes; prefoliação convoluta. Bainhas foliares glabras a tuberculado-pilosas, sem cílios marginais; lâminas 21-43cm x 1,5-2,0cm, lanceoladas, não estreitadas para a base, planas agudas, pubescentes na face adaxial; lígula 0,7-1,5mm de comprimento. Panícula de ramos unilaterais espiciformes alternos, com 4-19 ramos de 2,5-17,0cm de comprimento, os basais de comprimento semelhante aos apicais, dando à inflorescência aspecto quadrangular; ráquis 1,0-1,2mm de largura, não alada, esverdeada ou castanha, glabra, pedicelo glabro. Espiguetas binadas, de 2,1-2,8mm x 1,3-1,9mm, verdes arroxeadas a ferrugíneas, elíptico-obovais, ápice arredondado; gluma inferior ausente; gluma superior mais curta que o antécio superior, 3-nervada, pubescente a densamente pubescente, membranosa, não alada; lema inferior do comprimento do antécio superior, 3-nervado, subglabro ou levemente pubescente nas margens, membranoso, não plicado; antécio inferior neutro, pálea ausente; antécio superior 2,1-2,8mm x 1,3-1,9mm castanho claro ou escuro, geralmente com margens amareladas, elíptico, papiloso, lema sem nervuras aparentes, glabro ou com tricomas esparsos nas margens.
Desenvolve grande quantidade de sementes e muita massa verde. De acordo com informação de Brandenburg (dados não publicados) da Epagri de Lages, SC, a espécie apresentou uma produção de matéria seca de 1533kg/ ha, proteína de 10,4% e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 71,2%.
Boldrini, I.I. <em>Paspalum regnellii</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 344-345.
Paspalum rhodopedum Paspalum rhodopedum L.B.Sm. & Wassh. Capim Veludo
Planta perene, cespitosa, de mais de 1m de altura; rizomas curtos, espessos; colmos robustos; prefoliação convoluta. Bainhas foliares mais longas que os entrenós, densamente adpressas-pilosas; lâminas foliares densamente pilosas, acuminadas, longo-atenuadas na base, 20-40cm x 7-10cm. Panícula de ramos unilaterais espiciformes alternos, com 2-6 ramos; espiguetas plano-convexas, obovadas, adpresso-pilosas, 3,5-4,0mm x 2,0-2,3mm; gluma inferior ausente; gluma superior e lema inferior estéril, plicado, membranáceos, densamente adpresso-pilosos, cobrindo totalmente o antécio fértil; pálea inferior ausente; antécio superior fértil, rígido, castanho-escuro, liso.
Alta produção de massa verde.
Boldrini, I.I. <em>Paspalum rhodopedum</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 346-347.
Olyra latifolia Olyra latifolia L. Taquara
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação.As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966). O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997). As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999).O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966). A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Paspalum glaucescens Paspalum glaucescens Hack. Capim Do Campo
Planta perene, cespitosa, cerca de 1m de altura; nós glabros; prefoliação convoluta. Bainhas foliares inferiores com poucos tricomas tuberculados e as superiores, glabras a subglabras; lâminas 20-40cm x 0,5-1,0cm, lanceoladas, estreitadas para a base, planas, agudas, densamente pilosas em ambas faces; lígula membranosa, 1,5-2,0mm de comprimento. Inflorescência com 8-16 ramos de 6-9cm, os inferiores mais longos que os apicais; ráquis 1,0-1,2mm de largura, não alada, esverdeada, glabra. Espiguetas binadas, de 2,5-2,8mm x 1,5mm, castanhas na porção central e esverdeadas nas margens, oval-elípticas, levemente truncadas; gluma inferior ausente; gluma superior e lema inferior mais longos que o antécio superior, 5-nervados, nervuras salientes, glabros, membranosos, lema plicado transversalmente; antécio inferior neutro, pálea ausente; antécio superior 2,2-2,8mm x 1,4mm, castanho-escuro, elíptico-oval, liso, glabro.
Gramínea robusta de banhados, com colmos e folhas de bom rendimento. É forrageira dura, grosseira, geralmente aceita pelos animais apenas na rebrotação (Barreto, 1974). Barreto & Kapell (1967) classificaram-na como de bom valor forrageiro.
Boldrini, I.I. <em>Paspalum glaucescens</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 328-329.
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