nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
thumbnail species image
Bromelia antiacantha
Bromelia antiacantha Bertol.
 
thumbnail species image
Bromelia macedoi
Bromelia macedoi L.B.Sm.
 
thumbnail species image
Bromelia villosa
Bromelia villosa Mez
 
thumbnail species image
Bromus auleticus
Bromus auleticus Trin. ex Nees
 
thumbnail species image
Bromus catharticus
Bromus catharticus Vahl
 
thumbnail species image
Brosimum gaudichaudii
Brosimum gaudichaudii Trécul
Inharé
 
thumbnail species image
Butia capitata
Butia capitata (Mart.) Becc.
Coco-Cabeçudo
 
thumbnail species image
Butia catarinensis
Butia catarinensis Noblick & Lorenzi
 
thumbnail species image
Butia eriospatha
Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc.
Butiá-Da-Serra
 
thumbnail species image
Butia purpurascens
Butia purpurascens Glassman
Palmeira-Jataí
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Bromelia antiacantha Bromelia antiacantha Bertol.
Hábito terrestre, de 2m de altura, forma densos agrupamentos (reboleiras), apresentando características próprias de estrutura espacial (densidade, dispersão, distribuição) e de dinâmica populacional (Reitz, 1983; Santos, 2001; Filippon, 2009). Caule curtíssimo, grosso. Folha ereta, pouco recurva no ápice, densamente coberta de espinhos nas margens, sendo que os da base são voltados para baixo e os do meio da folha para o ápice são voltados para cima. A inflorescência emerge do ápice do caule densamente alvo lanuginosa, multifloral, composta por ramos com até sete florais composto-paniculada até o ápice (Reitz, 1983). Antes do aparecimento da inflorescência, o que antecede o período reprodutivo, a espécie apresenta no centro da roseta brácteas vermelhas. As flores originam centenas de bagas verdes quando imaturas e amarelas até laranjadas quando maduras (Reitz, 1983; Santos, 2001). Por seus frutos serem amarelos e comestíveis, a <em>Bromelia antiacantha</em> recebeu o nome popular de banana-do-mato (Reitz, 1983).
Para a maioria das bromeliáceas, incluindo a B. antiacantha, o final do ciclo reprodutivo representa o final aparente do seu ciclo de vida, podendo produzir sementes e indivíduos por via assexuada – brotações. A floração é anual, iniciando em dezembro e terminando entre o final de janeiro e início de fevereiro (Reitz, 1983). A frutificação inicia em torno de fevereiro até o mês de junho. Santos (2001) concluiu que o sistema reprodutivo de Bromelia antiacantha apresenta polinização cruzada, sendo também autocompatível e sendo ainda capaz de se reproduzir vegetativamente. Mostrando uma flexibilidade reprodutiva que é bem vantajosa para a espécie, pois permite que a espécie garanta seu estabelecimento e sobrevivência em ambientes sujeitos às alterações. Ainda segundo a mesma autora, as características morfológicas da B. antiancantha, como flores violetas-azuladas, com estruturas reprodutivas brancas, presença de brácteas vermelhas e antese diurna, somadas aos recursos florais disponibilizados (maior concentração de néctar ao amanhecer e ao entardecer), caracterizam-na como uma espécie alógama e ornitófila. Santos (2001), através de observações naturalísticas e estudos de biologia floral, concluiu que apesar de a B. antiacantha atrair vários visitantes florais, suas características florais confirmam que a espécie é ornitófila, mas sem especialização para um polinizador exclusivo; havendo comportamento diferenciado entre as espécies de beija-flor que visitam suas flores, indicando portanto a possibilidade de fluxo gênico amplo. E que o beija-flor Leucochloris albicollis provavelmente seja o polinizador principal. Em estudo desenvolvido por Santos et al. (2004) sobre germinação de sementes de B. antiacantha provenientes de dois locais da FLONA de Três Barras (Floresta Nacional de Três Barras, SC), os autores observaram que existem diferenças nas porcentagens de germinação de sementes em diferentes datas entre as matrizes, sendo estas diferenças mais pronunciadas após 21 dias do início do experimento. As curvas de regressão, apresentadas pelos autores, indicaram a existência de diferentes comportamentos, desde a germinação de 80% das sementes em 21 dias até 53 dias para alcançar esse mesmo potencial germinativo. As estimativas indicaram ainda que algumas matrizes apresentassem seu potencial germinativo reduzido, com valores inferiores a 80%, o que os autores associaram à viabilidade destas sementes. Os resultados obtidos indicaram uma tendência dos indivíduos mais jovens, destacando os brotos (ramets), de possuírem as maiores taxas de incremento tanto em comprimento quanto em número de folhas, sendo também, como consequência deste incremento, os indivíduos que recrutaram/trocaram de classe de tamanho mais rapidamente. O baixo número de plântulas observado e o fato dos indivíduos genets demorarem mais tempo para serem recrutados evidenciam que a população pode estar sendo mantida principalmente pela reprodução clonal. Baseando-se nestes dados, os autores sugerem que a B. antiacantha demonstra possuir uma estratégia adaptativa que possibilita a entrada contínua e gradual das plântulas, favorecendo o seu estabelecimento, com sucesso, em novos ambientes, além de continuar colonizando os ambientes em que já se encontra; permitindo à mesma a sobrevivência em ambientes periodicamente sujeitos a alterações, muitas vezes drásticas. Em amostra de dez indivíduos, Duarte et al. (2007) determinaram que, em média, uma planta reprodutiva de B. antiacantha possui: folha de 2,57m de comprimento, um broto e um cacho com 0,66m de altura, 2,5kg e 166,2 frutos. Filippon (2009) observou em estudo realizado na Floresta Nacional de Três Barras que o peso médio das infrutescências coletadas no local (N=39) foi de 3,6kg com variação de 0,9 a 6,3kg por infrutescência. Após a seleção dos frutos aproveitáveis, ou seja, sem injúrias, obteve-se média de 157 frutos por infrutescência (variação de 32 a 315 frutos/infrutescência). Foram observadas, ainda, perdas significativas de frutos nos cachos, principalmente de abril ao início de junho. Neste período, foi observada com bastante frequência a presença de insetos como formigas e pequenos besouros (ordem: Coleoptera, família: Curculionidae). Os frutos começaram a escurecer e a liberar uma substância gelatinosa, além disso, foram encontrados muitos frutos abertos e completamente despolpados (ocos). Foram também, ao final dos trabalhos em campo (julho-agosto/2008), observados frutos comidos e caídos próximos às plantas, provavelmente resultado da alimentação de roedores e graxains. Considerando a possibilidade de explorar 50% dos cachos e admitindo que a média do peso do cacho de frutos foi de 2,5kg, pode-se estimar uma produtividade, para o ano de 2001, de 146kg ha^^-1^^^^ ^^de frutos (Filippon, 2009); para 2002, de 152,5kg ha^^-1^^ (Duarte et al., 2007); para 2003 de 84kg ha^^-1^^; para 2005, de 146kg ha^^-1^^ e para 2008, foi estimada uma produtividade de 80kg ha^^-1^^ frutos de B. antiacantha (Filippon, 2009). Considerando-se a produção obtida por Duarte et al. (2007), o rendimento em xarope seria de 610 litros, tendo como base a receita fornecida por Pacheco et al.(s/d), onde 0,5kg de fruto rende dois litros de xarope. Ainda segundo o autor, o custo econômico dos ingredientes que compõe a receita do xarope está em torno de R$ 5,00 por litro, podendo ser vendido para o mercado a R$ 7,00 o litro, havendo assim, uma renda bruta potencial de R$ 4.270,00 por hectare/ano e uma renda líquida de R$ 1.220,00 por hectare/ano. Observando-se a produção e a possível renda obtida somente com os frutos da espécie, sem contar as demais possibilidades como fibra, palmito e cerca-viva, por exemplo, percebe-se que o manejo de B. antiacantha consiste em uma atividade economicamente interessante. Dentro desta perspectiva, a espécie se mostra com um bom potencial econômico como alternativa de renda para muitos pequenos agricultores, podendo ser estimulada sua utilização em programas de diversificação de renda ou de incremento de renda de comunidades rurais e semi-urbanas. Contudo, são ainda necessários estudos adicionais para avaliação do impacto da extração sobre a diversidade genética e regeneração natural da espécie, bem como sobre a disponibilidade deste recurso para a fauna, visando ao estabelecimento efetivo de estratégias sustentáveis de manejo.
Filippon, S.; Silva, C. V.; Duarte, A. S.; Biavatti, M. W.; Santos, D. S.; Reis, M. S. <em>Bromelia antiacantha</em>. In: Coradin, L.; Siminski, A. & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 568-577.
Bromelia macedoi Bromelia macedoi L.B.Sm.
<em>Bromelia macedoi<em> é uma planta terrestre que apresenta número médio de 24 folhas e altura média de 32cm, no estágio vegetativo. As folhas são rosuladas, linear-lanceoladas, verdes ou roxas, densamente espinhosas nas margens, com a parte adaxial branco escamosa. Inflorescência capitada, pequena, delicada, com poucas flores róseas. As flores se abrem em forma sequencial, garantindo o florescimento por dois meses (Smith; Downs, 1979). Na fase de crescimento, as folhas formam uma roseta circular e, por ocasião da floração, as folhas centrais e as brácteas escapais adquirem um colorido vermelho intenso, com a parte basal coberta com escamas de lanugens brancas; as folhas externas se tombam sobre o solo, deixando a inflorescência e as flores evidenciadas (Carneiro, 2002).
Em relação às demais espécies, B. macedoi e B. villosa apresentam frequência e densidade relativas consideradas baixas (3,37; 3,27 e 6,25; 1,47%, respectivamente), o que caracteriza espécies pouco abundantes, em populações com poucos indivíduos por unidade de área.
Carneiro, M.F; Pereira, E. E.; Sibov, S. T. <em>Bromelia macedoi</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 940-944.
Bromelia villosa Bromelia villosa Mez
<em>Bromelia villosa <em>é uma planta terrestre que, no período vegetativo, apresenta as folhas centrais fechadas, formando um copo, assemelhando-se a uma taça. Possuem, em média, 19 folhas de coloração verde, espinhos evidentes e espaçados na margem foliar. Lâmina foliar linear-lanceolada com as pontas enroladas. Na antese, as folhas centrais e as do escapo floral adquirem uma cor vermelho-brilhante e as folhas externas se tombam e secam rapidamente, deixando a inflorescência bem visível. Apresenta a inflorescência capitada coberta por densa e fibrosa lanugem em tom marrom-claro. As flores, de cor lilás-azuladas, se abrem de forma sequencial, o que garante a planta florida por até dois meses. Planta terrestre. Folhas rosuladas; lâminas linear-lanceoladas, verdes, margens espinescentes; base da lâmina vermelha na floração. Inflorescência vistosa, corimbosa, lanuginosa. Brácteas primárias semelhantes às folhas superiores, margens serradas, vermelhas. Flores pediceladas. Pétalas alvas ou purpúreas, excedendo as sépalas. Ovário cilíndrico, alargando-se na frutificação. Fruto baga, amarela (Smith; Downs, 1979).
Em relação às demais espécies, B. macedoi e B. villosa apresentam frequência e densidade relativas consideradas baixas (3,37; 3,27 e 6,25; 1,47%, respectivamente), o que caracteriza espécies pouco abundantes, em populações com poucos indivíduos por unidade de área.
Carneiro, M.F; Pereira, E. E.; Sibov, S. T. <em>Bromelia villosa</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 940-944.
Bromus auleticus Bromus auleticus Trin. ex Nees
Planta perene, cespitosa ereta, às vezes com rizomas ascendentes; inovações cobertas por abundantes fibras de bainhas velhas desfiadas; colmo cilíndrico, glabro ou com tricomas esparsos; nós pilosos. Bainhas foliares fechadas com tricomas de até 2mm densos ou esparsos; lígula membranosa, truncada, de 1,3-2,2mm de comprimento, com o ápice dentado, glabra ou com tricomas inseridos no dorso; lâminas lineares de 8-30cm x 0,2-0,5cm, sem aurículas. Panícula laxa; espiguetas de 20-26mm x 7mm, plurifloras; glumas glabras, agudas, com a nervura central proeminente; gluma inferior 3-5-nervada de 5-10mm x 0,8-2,5mm; gluma superior 3-5-nervada de 8-12mm x 2-3mm; lemas glabros, lisos ou com asperezas antrorsas, com dois dentes obtusos no ápice, entre os quais sai a arista; lema I de 8-13mm x 2-3,5,0mm, com arista de 3-6mm; páleas biquilhadas, lisas ou papilosas no dorso, cílios curtos sobre as quilhas. Anteras de 4-7mm. Cariopse linear, 10mm de comprimento, não aderida à pálea.
Forrageira de alta qualidade protéica e de produção média (Rosengurtt, 1979). Segundo Oliveira & Moraes (1998), com adubação nitrogenada, a produção da matéria seca anual variou de 4.058 a 4.819kg/ha, a proteína bruta (PB) de 18,07 a 19,62% e a digestibilidade in vitro da matéria orgânica, de 57,03 a 61,24%. Segundo os mesmos autores, é uma espécie com grande potencial, como forrageira perene de inverno, por sua distribuição uniforme de produção de forragem durante o período crítico do campo nativo e pela qualidade que apresenta. Segundo Olmos (1993), a PB, no inverno, varia de 13,8 a 21,2%. Em geral as sementes são de boa qualidade e a produção é de 1.000kg/ha, a percentagem de germinação é em torno de 80% e a persistência da espécie é de 5-6 anos. B. auleticus é resistente à seca e ao fogo, pelo fato de apresentar os meristemas abaixo da superfície do solo. Produz forragem de qualidade, antes e durante o inverno, que é o período crítico para a pecuária e tem demonstrado ser uma planta de fácil domesticação. Estudos de morfogênese constataram que o filocrono desta espécie é superior ao do azevém e festuca e a média é de 3,3 folhas vivas/afilho, valor este superior ao azevém perene e a festuca (Soares et al., 1998).
Boldrini, I.I. <em>Bromus auleticus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 307-308.
Bromus catharticus Bromus catharticus Vahl
Plantas cespitosas perenes, às vezes comportando-se como anuais, de 0,6-1,0m altura; prefoliação convoluta; colmos cilíndricos, glabros; nós glabros. Bainhas foliares fechadas, glabras ou pilosas; lâminas foliares 20-45cm x 0,5-0,9cm, escabras, raro com tricomas esparsos; lígula 2-4mm, sem aurículas. Inflorescência em panícula aberta, pendente ou firme, com 10–22cm de comprimento. Espiguetas muito comprimidas lateralmente, 3-8 floras; glumas e lemas agudos, quilhados, papiráceos, com os bordos membranoso-hialinos, dorso liso, papiloso ou com asperezas antrorsas; gluma inferior de 5,5-11,0mm x 1,5-3,0mm, 5-7 nervada; gluma superior de 8-13 x 2,5-4,0mm, 7-9 nervada; lema I de 10-17 x 2,5-5,0mm, plurinervado, mútico ou com arista de até 3-5mm; pálea biquilhada, com cílios sobre a parte superior das quilhas e com o dorso liso; pálea I de 3-9mm x 0,7-1,3mm. Anteras de 1,0-4,2mm de comprimento. Cariopse com 6-8mm de comprimento, geralmente aderida à pálea.
Considerada excelente forrageira, de produção média (Rosengurtt, 1979). Por suas características promissoras, foi iniciado trabalho de melhoramento com a espécie, pela FEPAGRO/RS, e abandonado, pois o técnico responsável saiu da Instituição. Experimentações com a espécie estão sendo conduzidas na Argentina e Chile.
Boldrini, I.I. <em>Bromus catharticus</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 309-310.
Brosimum gaudichaudii Brosimum gaudichaudii Trécul Inharé
<em>B. gaudichaudii</em> se refere inicialmente a um arbusto escandente. Contudo, à medida que cresce, atinge porte arbóreo, geralmente árvores baixas, com até 4 metros, porém encontra-se descrito na literatura, árvores de até 10 metros de altura (Correa, 1984; Palhares et al., 2007a). O desenvolvimento dessa planta é bastante peculiar. Após a germinação, ainda no primeiro ano de vida, desenvolve-se um espessamento hipocotiledonar, que dará origem a um xilopódio no indivíduo adulto (Palhares; Silveira, 2007). O xilopódio tem o formato de uma ‘coroa de raiz’ e emite um ou mais caules aéreos (troncos), inibindo assim, o tronco mais velho de produzir novos caules (Palhares et al., 2007b). O tronco, de casca cinza e delgada, é reto, dotado de copa ovalada e rala. As folhas são glabras na face superior e pubescentes na face inferior, alternas, simples, com ápice obtuso a acuminado e nervuras broquidódromas (‘lacinhos’ nas nervuras marginais). O tamanho foliar é muito variável; um mesmo indivíduo pode produzir folhas pequenas e folhas grandes (Cruz, 1964). As inflorescências são glomérulos axilares, bracteados, pedunculados, cada uma com 30 a 100 flores e que se desenvolvem ao longo dos ramos. A flor feminina ocupa posição central, as masculinas se dispõem ao redor (Romaniuc-Neto et al., 2014). Os frutos são agregados bacoides, comestíveis, com até 2cm em diâmetro, alaranjados quando maduros, globosos, de superfície verrucosa. Cada fruto contém uma semente elipsoide, achatada, de cor esbranquiçada ou marrom claro, testa fina e lisa (Sociedade Botânica do Brasil, 1992). As sementes com endocarpo apresentam em média, 16mm de comprimento, 13mm de largura, 43,4%, com peso médio de 1000 sementes de 1526g. A raiz é pivotante e cresce rapidamente.Aos oito meses após a germinação atinge 50cm de profundidade e, quando adulta, pode alcançar mais de 4 metros. Há poucas raízes laterais, cada qual apresentando crescimento horizontal de mais de 3 metros. Recobrindo a raiz principal e as secundárias há várias radicelas (Palhares et al., 2007a, b). A casca das raízes é espessa (podendo atingir até um centímetro), lactescente, apresenta cor alaranjada e marrom, com agradável odor aromático, mas que pode se tornar nauseante em caso de exposição prolongada (Toursarkissian, 1980).
É uma planta decídua e heliófita. Embora não seja dominante fitossociologicamente, é uma das poucas espécies que ocorrem em mais de 50% das áreas de cerrado senso estrito (Ratter et al., 1996). Em levantamentos fitossociológicos efetuados no Distrito Federal, foi observado que a densidade desta espécie variou de acordo com a fitofisionomia de ocorrência. Em Cerradão Distrófico, foram encontrados cerca de 9 indivíduos arbóreos/ha e em Cerrado, 10 indivíduos/ha, ou seja, se não é uma espécie dominante fitossociologicamente, é certamente uma espécie muito frequente (Faria, 2009). Indivíduos de porte arbóreo têm sido descritos principalmente em cerradão, formação vegetal mais madura e que sofre incêndios naturais com menos frequência que o cerrado senso estrito. Ou seja, em formações sujeitas a fogo recorrente, os indivíduos tendem a se apresentar como arbustos com muitos caules, enquanto indivíduos ocorrentes em regiões menos acometidas por fogo, lentamente se desenvolvem como árvores (Palhares et al., 2006). Quanto à fisiologia da germinação, observa-se que o eixo embrionário é curvo, a germinação é tipo hipógea e a plântula é do tipo cripto-hipógea-armazenador. A plúmula não é desenvolvida e o hipocótilo varia de coloração (verde, róseo, avermelhado e vermelho). O embrião é totalmente invaginado, com cotilédones desiguais, curto-peciolados. O embrião não é visível na lupa estereoscópica e se confunde com o endosperma. Porém após imersão em solução de tetrazólio, pode-se observar o eixo embrionário. A face abaxial dos dois cotilédones é convexa enquanto a face adaxial em um cotilédone é plano-convexa e no outro é plano-côncava. O eixo hipocótilo-radícula é curto e intumescido com alongamento insuficiente para elevar os cotilédones acima do nível do solo (Faria et al., 2009). A floração ocorre de modo mais marcante de junho a novembro, com pico entre agosto e setembro, embora no campo seja observado florescimento ao longo de todo o ano (Berg, 1972; Correa, 1984). Frutos maduros aparecem cerca de dois a quatro meses após a floração. De modo geral, os eventos fenológicos não apresentam sincronia entre os indivíduos. Há períodos mais marcantes nas populações, em particular a perda de folhas no pico da estação seca e o crescimento em altura mais rápido ao início das chuvas, porém, cada indivíduo segue um ritmo fenofásico diferente, e um mesmo indivíduo, pode se comportar de modo distinto entre um ano e outro (Faria, 2009). Até o momento, não foram encontrados trabalhos sobre o manejo comercial da espécie e o seu cultivo tem ocorrido apenas para viabilização de pesquisas. O extrativismo é predominantemente predatório, uma vez que as raízes constituem o produto-alvo. Trabalhos sobre custo, local de venda, coletores, consumidores, intermediários, beneficiamento, periodicidade da oferta, mercado e outros, não foram encontrados até o presente momento. Deduz-se que esta forma de exploração seja apenas informal. A grande variabilidade observada entre populações e indivíduos, dificulta inclusive a padronização da matéria-prima para indústria.
Silva, D. B.; Bucher, J. P.; Melo, D. M. P.; Agostini-Costa, T. S. <em>Brosimum gaudichaudii</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 707-716.
Butia capitata Butia capitata (Mart.) Becc. Coco-Cabeçudo
É uma palmeira de estipe simples, caule solitário ereto, comumente de 1 a 5 metros de altura, recoberto por resquícios de bainhas foliares. Possui folhas pinadas, pecíolo com margem denteada (Martins, 2012). A inflorescência é protegida por uma espata lenhosa, sendo esta formada por pedúnculo de 35-60cm de comprimento, um eixo central (raque) com 37-144cm de comprimento e ramificações laterais (ráquilas), nas quais estão inseridas flores unissexuais, pistiladas de coloração amarela-esbranquiçada, medindo aproximadamente 8mm de comprimento e 6mm de largura (Lorenzi et al., 2004; Martins et al., 2010). A abertura da espata realiza-se do meio para as extremidades através de uma fenda ventral mediana. Esta abertura expõe as flores estaminadas amarelas, dispostas espiraladamente em tríades e principalmente em díades e solitárias na porção distal da ráquila, com cerca de 7mm de comprimento e 6mm de largura. As flores masculinas apresentam seis estames, com anteras dorsifixas e deiscência rimosa, na região central da flor evidencia um gineceu atrofiado. As flores femininas são actinomorfas, dialissépalas e dialipétalas, com três sépalas e três pétalas cobrindo quase completamente o pistilo, ambas de cor amarelada no botão jovem e verde na flor em antese e ovário súpero. O fruto é caracterizado como oblongo, formados por epicarpo amarelado ou alaranjado, mesocarpo carnoso e fibroso e endocarpo duro e denso com três poros germinativos, semelhante à quantidade de sementes do fruto, que pode ser de uma a três (Henderson et al., 1995; Marcato; Pirani, 2006; Lorenzi et al., 2010).
O gênero Butia é monoico, isto é, as flores femininas e masculinas ocorrem na mesma planta (Dransfield et al., 2008). Trata-se de uma planta cujas sementes demoram longo tempo para germinar; o crescimento das plantas é lento, levando entre oito e dez anos para atingir a maturidade sexual e reprodutiva. A floração ocorre no período de primavera e verão, com pico em novembro e dezembro; os frutos estão maduros de novembro a maio, com pico em fevereiro, com produção de uma a seis infrutescências por planta; a oferta de frutos ocorre por sete meses (Rosa et al., 1998).
Martins, R.C.; Agostini-Costa, T.S.; , P.; Filgueiras, T.S. <em>Butia capitata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 162-171.Nogueira, G.F.; Luis, Z.G.; Silva, R.C.. <em>Butia capitata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 945-951.
Butia catarinensis Butia catarinensis Noblick & Lorenzi
É uma palmeira de 3 a 5m de altura, com folhas de 1 a 2m ou mais, ascendentes e em cima arqueadas, levemente azuladas ou glaucas ao menos na face inferior; pecíolo robusto com base até 8cm ou mais de largura e guarnecido com muitos dentes fortes ou espinhos aduncos até 4cm de comprimento, pinas firmes, na maioria iguais e singelamente espaçadas na ráquis, que é arredondada por baixo e largamente sulcada por cima; os folíolos principais até 20mm ou mais de largura e 70cm ou mais de comprimento, com ápice bilobado. Espádices acima do pedúnculo, este com 75cm ou mais de comprimento, glabro, com muitos ramos densamente floridos, ocroleucos ou esverdeados; brácteas protegendo as flores masculinas não conspicuamente divaricado- pontuadas, botões estaminados no período da antese, na maioria largos (cerca de 4 a 6mm de altura), angulados mas não contortos ou curvos, algo triangulares, proeminentemente multinervados; flores femininas com 7 a 10mm de comprimento. Fruto largamente cônico a depresso-globoso, não excedendo muito 20mm de comprimento axial e, muitas vezes, 3 a 5mm mais largo do que isso; caroço quase globular, cerca de 13mm de altura, poros proeminentes, com 1-3 compartimentos. Os frutos são perfumados e comestíveis, de agradável sabor, exceto os ácidos (Reitz, 1974).
As sementes apresentam melhor taxa de germinação se semeadas logo após a coleta e posterior despolpamento. Podem ser plantadas em substrato bastante arenoso colocado em sacos plásticos pretos ou potes, levando de 3 a 6 meses para germinar, dependendo muito da temperatura sob a qual as sementes estão submetidas, sendo que temperaturas em torno de 50°C reduzem o tempo de germinação. Segundo Garcia (1997), deve ser plantada a pleno sol, com espaçamento de 4m x 4m, em solos férteis, úmidos, porém bem drenados. Embora prefira solos arenosos, tolera qualquer tipo de solo, inclusive alcalinos e argilosos, onde também apresenta bom crescimento. É planta bastante rústica, resistindo bem aos ventos fortes, às estiagens e mesmo à salinidade. Pode viver de 180 a 240 anos. Mesmo nos butiazais naturais, onde os butiazeiros se encontram em altas densidades, não há registros de ataques de pragas.
Bourscheid, K. <em>Butia catarinensis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 151-155. Wiesbauer, M.B.; Krob, A. <em>Butia catarinensis</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 256-261.
Butia eriospatha Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. Butiá-Da-Serra
Segundo a descrição de Reitz (1974), o butiá-da-serra é uma palmeira com estipe de 3-6m que, com a idade, fica nu, permanecendo os pecíolos velhos formando um cabeço abaixo da coroa; folhas ascendentes, depois fortemente incurvo-descendentes no terço superior em forma de anzol, glaucas ou azul-esverdeadas, folhas principais com 1m de comprimento ou mais; pinas: 50 ou mais pares, regular e singelamente dispostas sobre a ráquis, as medianas de 16mm de largura no centro, terminando em ponta fendida em dois lobos filamentosos com corte de 3cm ou mais de profundidade; ráquis arredondada por baixo e estreitamente quilhada por cima; pecíolos até 75cm de comprimento, geralmente muito cerdosos na base, munidos de dentes ou espinhos (15 a 21mm de comprimento) relativamente fracos e estreitos. Espádice com cerca de 1m de comprimento ou menos, densamente ramificado, glabro ou raramente com um dos eixos portando tomento castanho; espata de valva maior de 75 a 135cm de comprimento e acima de 16cm de largura, bem abruptamente estreitada em ponta obtusa, conspícua, mas variadamente castanho-aveludada, a lanugem às vezes persistindo até o apodrecimento pelo fim do primeiro ano, mas, mesmo quando a espata se torna praticamente nua, apresenta uma superfície áspera e fendida, bem diferente das espécies de espata lisa. Flores masculinas com botões florais na maturidade estreitos e irregulares, cerca de 5mm de comprimento quando secos; comumente muito levemente nervados, havendo variação nesse particular; flores femininas na antese, de 7 a 9mm de comprimento e muito largas, flores e ráquis algumas vezes cor-de-rosa, mas geralmente acroleucas. Fruto geralmente amarelo, deprimido, de 16 a 20mm de altura até a ponta curta ou elevação (umbo) e 1 ou 2mm mais largo, mas, algumas vezes, passam a formar frutos de 26mm de largura; a cúpula muito pequena e geralmente escondida debaixo da drupa com as partes mais largas somente curtamente agudas; caroço mono ou bisseminado, curto a oblongo ou subcônico, às vezes oblongo, terminando algo estreitamente, cerca de 15mm de comprimento e 10mm de largura, poros em geral obscuros.
A propagação da espécie se dá exclusivamente por sementes. Além disso, é bastante rústica, tolerando com facilidade o transplante.
Bourscheid, K. <em>Butia eriospatha</em>. In: Coradin, L., Siminski, A., & Reis, A. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2011, cap. 5, pp. 156-158.
Butia purpurascens Butia purpurascens Glassman Palmeira-Jataí
Estipe solitário, colunar, medindo entre 1 a 4 metros de altura com diâmetro de 15-18cm, apresenta folhas contemporâneas de coloração verde-clara, com número de 10-26 de forma arqueada, com folhas remanescentes cobrindo parte do estipe. O pseudopecíolo com margens fibrosas, variando de 60-75 cm de comprimento e pecíolo liso de 23-40cm; raque medindo de 114 a 145cm. Seus folíolos coriáceos em número de 38 a 58 de cada lado, são regularmente arranjados ao longo da raque num mesmo plano, porém com os dois lados divergindo e formando um “V”. Inflorescência com pedúnculo de 32-75cm, bráctea peduncular lenhosa, lisa a estriada, frequentemente arroxeada, de 70-105cm de comprimento. Flor de coloração amarela a púrpura. Frutos ovoides, de coloração variando entre arroxeados a verde-amarelos, com 2,5 a 3cm de comprimento, com mesocarpo carnoso doce-acidulado, contendo em seu endocarpo 1-2 sementes (Glassman, 1979; Lorenzi et al.,, 2010).
A espécie ocorre de forma mais agregada e com maior número de indivíduos, em locais de baixa densidade do componente arbóreo e maior incidência de luz solar. Estes locais, em geral, são característicos de áreas de cerrado ralo, onde a espécie tende a ocorrer com maior frequência. Quanto ao sistema reprodutivo, é monoica com inflorescências contendo flores masculinas e femininas (Guilherme; Oliveira, 2011). As sementes são dispersas por autocoria e muito apreciadas por animais. A espécie produz frutos durante o ano todo, com maior concentração durante a primavera e são necessários em torno de 175 frutos para obter-se 1 kg de sementes (Bozza, 2009; Lorenzi et al., 2010).
Pimenta, S. P.; Uzzo, R. P.; Carvalho, A. P. <em>Butia purpurascens</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 952-955.
Itens por página: