nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Descrição taxonômica e importância ecológica
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
Informações sobre descrição taxonômica e importância ecológica de 337 espécies de flora brasileira da região sul e da região centro - oeste obtidas dos livros "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul" e "Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste" publicados em 2011 e 2016 respectivamente. Esses livros são uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em parceria com universidades e centros de pesquisa. A Iniciativa Plantas para o futuro visa fundamentalmente a identificação de espécies nativas da flora brasileira que possam ser utilizadas como novas opções para a agricultura familiar na diversificação dos seus cultivos, ampliação das oportunidades de investimento pelo setor empresarial no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria e redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro. Disponíveis no link: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1426:espécies-nativas-da-flora-brasileira-de-valor-econômico-atual-ou-potencial-–-plantas-para-o-futuro-–-região-centro-oeste https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_ebooks/regiao_sul/Regiao_Sul.pdf
Data de submissão
2019-11-14
Última atualização
2020-01-21
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Not provided
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1573761007410
thumbnail species image
Dipteryx alata
Dipteryx alata Vogel
 
thumbnail species image
Eugenia dysenterica
Eugenia dysenterica (Mart.) DC.
 
thumbnail species image
Mesosetum chaseae
Mesosetum chaseae Luces
 
thumbnail species image
Filgueirasia cannavieira
Filgueirasia cannavieira (Silveira) Guala
 
thumbnail species image
Passiflora cincinnata
Passiflora cincinnata Mast.
Maracujá-Mi
 
thumbnail species image
Axonopus purpusii
Axonopus purpusii (Mez) Chase
 
thumbnail species image
Panicum dichotomiflorum
Panicum dichotomiflorum Michx.
Capim-Miriam
 
thumbnail species image
Olyra caudata
Olyra caudata Trin.
Taquara
 
thumbnail species image
Leersia hexandra
Leersia hexandra Sw.
 
thumbnail species image
Oryza latifolia
Oryza latifolia Desv.
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Descricão taxonômica Importância ecológica Fonte das informações
Dipteryx alata Dipteryx alata Vogel
Árvore com altura média de 15m, podendo alcançar mais de 25m. O aspecto geral do tronco é de cor cinza clara ou creme, pode ser liso ou apresentar placas de formato irregular, descamantes, deixando reentrâncias de cor creme. As folhas são alternas, exceto as folhas primordiais, compostas pinadas, pecioladas, sem estípulas e raque alada, que originou o nome da espécie. O número de folíolos varia de 7 a 12, alternos ou subopostos, subsésseis ou com pecíolo de até 2 mm de comprimento. O limbo é oblongo ou raramente suborbicular, com 4 a 13cm de comprimento e 2 a 6,5cm de largura, cartáceo, com diminutas pontuações translúcidas; ápice obtuso a abrupto-acuminado; base desigual arredondada, truncada ou subcordada; nervura mediana plana na face ventral; nervuras secundárias numerosas, ascendentes, igualmente salientes nas duas faces. A inflorescência, do tipo panícula, é formada na parte terminal dos ramos e nas axilas das folhas superiores, com cerca de 200 a 1000 flores; brácteas valvares com pontuações translúcidas, caducas antes de antese. As flores são hermafroditas, com aproximadamente 0,8cm de comprimento, curto-pediceladas; cálice petaloide, alvo, com três dentes diminutos e dois maiores, oblongos, ciliados, simulando um vexilo, com mancha carmim; corola papilionácea, alva; vexilo suborbicular, emarginado; alas e carenas livres, longo unguiculadas, elípticas; com 10 estames subiguais, monadelfos; anteras rimosas, ovais. O ovário é súpero, unilocular, breve estipitado, linear, com um só óvulo parietal inserido próximo ao ápice (Almeida et al., 1998). O fruto é do tipo drupa, ovoide, levemente achatado, de cor marrom, sem alteração de cor quando maduro, cálice persistente marrom-claro. Possui cerca de 3 a 6cm de comprimento e de 1,5 a 4,5cm de largura e massa de 14 a 43g. O endocarpo é lenhoso e duro, de cor mais escura que o mesocarpo fibroso. Apresenta uma única semente por fruto, eventualmente mais de um embrião (Melhem, 1974). A semente elipsoide apresenta características variáveis entre árvores, mas uniforme por árvore. A massa de sementes alcança 0,9 a 1,6g, o comprimento de 1 a 2,6cm e a largura de 0,9 a 1,3cm. A cor do tegumento varia de marrom amarelada ou avermelhada a quase preto, eventualmente com manchas mais escuras ou fendas transversais ressaltados por cotilédones mais claros.
O baruzeiro apresenta frutos maduros durante a estação seca, sendo uma espécie importante para a alimentação de aves, quirópteros, primatas e roedores. A dispersão dos frutos é barocórica (por gravidade) e também zoocórica. Os agentes dispersores são os morcegos, que retiram os frutos das árvores e levam para pouso de alimentação deixando cair no caminho ou no local de pouso (Macedo et al., 2000). Além dos bovinos, que ingerem o fruto e eliminam o caroço sob árvores, pastos ou nas áreas onde permanecem para ruminar (malhador ou maromba). Além desses, cupins, formigas e pequenos besouros retiram a polpa deixando os caroços, que germinam melhor do que os frutos inteiros favorecendo o estabelecimento das plântulas. Já os primatas, incluindo os humanos, se alimentam tanto da polpa como de semente, sendo mais predadores que dispersores. A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) (Pinho, 1998) e roedores, a exemplo da cotia (Dasyprocta variga), consomem a semente e também enterram o fruto em pontos estratégicos (Macedo et al., 2000). Os frutos amadurecem quando a árvore está praticamente sem folhas, no período de julho a outubro, variando com ano e local. A maturação fisiológica da semente ocorre com o início da queda dos frutos e das folhas (Nogueira; David, 1993). A maioria das árvores de maior produtividade está nas pastagens (Brito, 2004), deixados para alimentação do gado ou por ser uma árvore de difícil corte devido a sua madeira dura, sendo importante também como fornecedora de sombra e reciclagem de nutrientes. Nesse sentido, observou-se que o teor de nutrientes foliares da braquiária sob baruzeiro foi mais alto do que naquelas sem cobertura arbórea (Oliveira, 1999). As plantas apresentam longo período de floração, que ocorre de novembro a fevereiro, durante o período das chuvas, excepcionalmente em outras épocas. A florada longa é causada, pela baixa taxa (10%) de abertura diária dos botões por panícula. As flores se abrem antes das seis horas da manhã e duram cerca de 10 horas, são visitadas por muitas abelhas de cinco famílias, 32 gêneros e 34 espécies (Damasceno, 1998) sendo as mais representativas Apidae (70%) e Andrenidae (12%). O principal polinizador efetivo é a abelha Xilocopa suspecta, que promoveu fluxo polínico entre plantas, diferente de Apis mellifera e Pseudaugochlora graminea, que apesar da alta taxa de visitação, permanecem na mesma copa (Oliveira; Sigrist, 2008). A maioria das visitas matutinas observadas por esses autores foi de abelhas (97,3%), sendo constatada presença de vespas, moscas, borboletas e beija-flor (Hylocharis chrysura). A ausência de formação de frutos em flores autopolinizadas, presença de película estigmática que barra autopolinização natural e a constatação de autoincompatibilidade tardia, confirma Dipteryx alata como planta alógama (Oliveira; Sigrist, 2008), mas Tarazi et al. (2010) verificou através de análise molecular (SSR), que o sistema reprodutivo é misto. O cruzamento entre parentes e autofecundação foi alto, além de muito baixo número de doadores de pólen em sementes obtidas de 25 árvores isoladas em pastagem, mas houve evidência de dispersão a longa distância do pólen (Tarazi et al., 2010). Esta situação indica que a biologia, ecologia ou manutenção do habitat de agentes polinizadores Xilocopa suspecta e Augochloropsis aff. cupreola pode ser fundamental para sustentabilidade da população de baru. A produção de frutos por planta pode chegar a 5000 unidades, mas nem todas as árvores frutificam anualmente. Os poucos dados existentes sobre a periodicidade da oferta de frutos do baru têm mostrado que a produção é irregular (Sano; Vivaldi, 1996; Brito, 2004). A formação de um pomar para a multiplicação de sementes e seleção de características desejadas, necessita ter como base agrupamento de indivíduos de diferentes locais para assegurar a longevidade da espécie. Para plantio com fins florestais, Aguiar et al. (1992) sugeriram espaçamento de 3 x 1,5m com a realização do desbaste aos dez anos. Foram utilizados também espaçamentos de 2 x 2m (Toledo-Filho; Parente, 1982) e 3 x 3m (Siqueira et al., 1993), enquanto plantios de 5 x 5m foram realizados para fins de produção de frutos (Sano et al., 1994) e recuperação de área degradada (Parron et al., 2000). Informações sobre produção de frutos para esses plantios não estão disponíveis. Há pouca informação sobre adubação para formação de mudas, plantio e manutenção. O plantio de mudas de baru no campo tem sido bem sucedido, com altas taxas de sobrevivência (96%) em plantio a pleno sol (Sano; Fonseca, 2003), mas há relatos de menor taxa (55%) como em sub-bosque (Venturoli et al., 2011).
Sano, S.M.; Brito, M.A.; Ribeiro, J.F. <em>Dipteryx alata</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 203-215.
Eugenia dysenterica Eugenia dysenterica (Mart.) DC.
A cagaiteira é uma árvore de altura mediana, variando entre 4 a 11 metros. Tronco e ramos tortuosos, com casca suberosa e fendida, bem característica. Apresenta folhas novas membranáceas e folhas adultas coriáceas, glabras ou quase glabras nas duas faces, opostas cruzadas, de formato ovalado a elíptico, decíduas durante o florescimento. Suas flores vistosas formam panículas fasciculadas e são brancas, delicadas com quatro pétalas, com cálice de quatro lacínios ovados e ciliados. Seus estames são muito exertos e claros. Seus frutos são bagas globosas, suculentas, de cor amarela clara e de sabor agradável a levemente ácido, com peso médio de 12,7g, mas podendo variar entre 2,9 a 41,9g. Suas sementes são elipsoides e achatadas, de 1 a 6 por fruto, com peso médio de 1,3 g, podendo chegar até a 3,58g. (Rizzini, 1971; Silva et al., 2001; Silva-Junior, 2012).
A maior frequência da floração da cagaiteira ocorre no mês de agosto (Heringer; Ferreira, 1974). A floração é rápida e as folhas novas avermelhadas começam a brotar, mudando a coloração geral da planta à distância (Souza et al., 2008). Os frutos crescem rapidamente em atmosfera ainda seca e caem maduros no fim de setembro e início de outubro. A frutificação é abundante e os frutos são consumidos por vários animais silvestres e domésticos. O morcego é um importante dispersor de sementes, uma vez que carrega o fruto para se alimentar em pontos diferentes da planta mãe. A planta possui grande resistência ao fogo, provavelmente, porque na época de incidência de queimadas, ela já perdeu toda a sua folhagem, além de apresentar casca espessa e suberosa. Eugenia dysentericaapresenta polinização por abelhas (incluindo Bombus spp.), com as flores se abrindo pela manhã e se mantendo abertas por um dia, seguindo um padrão de floração denominado “big bang”, ou seja, ocorre uma floração muito intensa das plantas por um período relativamente curto de tempo (Proença; Gibbs, 1994; Gressler et al., 2006). Estimativas de taxa aparente de fecundação cruzada, com uso de marcadores genéticos isoenzimáticos e moleculares, confirmam a predominância de alogamia na espécie (Telles et al., 2003; Zucchi et al., 2003).
Chaves, L.J.; TelleS, M.P.C. <em>Eugenia dysenterica</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 216-223.
Mesosetum chaseae Mesosetum chaseae Luces
Plantas perenes. Colmo estolonífero, 0,65-1 metro de comprimento. Lâminas lanceoladas, subinvolutas, pilosas a glabras. Sinflorescência com 1 ramo terminal, 3-9cm de comprimento; ráquis sinuosa, brevemente alada. Espiguetas imbricadas; glumas subiguais, glabras a ciliadas nas margens, a inferior mucronada ou aristulada (arístula até 2mm de comprimento), a superior mucronada, sublobada a dentada; antécio superior cartáceo a submembranáceo (Filgueiras, 1989).
Diversos autores relatam a importância e o potencial desta espécie para a composição de pastagens nativas no Brasil Central, principalmente na região do Pantanal, como alternativa para a recuperação e preservação de áreas de campos menos produtivos e pastagens degradadas. Trata-se de uma espécie-chave para a garantia de produtividade durante os períodos de seca extrema neste ambiente (Santos et al., 2002; 2004; 2007; Pinheiro et al., 2005; Silva, 2008). Experimentos conduzidos por Silva (2008) demonstraram que houve maior produção de perfilhos reprodutivos em áreas com precipitação média de 300mm mensais. Nesta condição, as sementes apresentaram maiores taxas de germinação, embora este índice de precipitação tenha afetado a viabilidade das sementes.
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Mesosetum chaseae</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 641-644.
Filgueirasia cannavieira Filgueirasia cannavieira (Silveira) Guala
Bambu perene, formando touceiras vigorosas e populações frequentemente densas. Rizomas do tipo paquimorfo (simpodial). Colmos eretos, 2-4m x 0,5-1,5cm, fistuloso; complemento de ramo com 1-3 ramos primários vegetativos ou 1-8 reprodutivos. Folhas do colmo persistentes; lâminas 5-11 mm de largura (Guala, 2003).
O Pesquisador Tarciso de Souza Filgueiras, transplantou (por volta de 1993) mudas provenientes do Distrito Federal e do município de Niquelândia - GO, para a área da Reserva Ecológica do IBGE, DF, onde, até o ano de 2016, prosseguiam em estádio vegetativo. Estas são as únicas plantas da espécie conhecidas sob cultivo. A espécie apresenta boa resistência às queimadas frequentes, sendo que o fogo, pode ser uma das prováveis causas da antecipação da floração na espécie (Silva-Filho, 2006).
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Filgueirasia cannavieira</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 626-628.
Passiflora cincinnata Passiflora cincinnata Mast. Maracujá-Mi
<em>Passiflora cincinnata</em> é uma espécie trepadeira. Apresenta grande variabilidade quanto ao tamanho e formato do fruto. Seus frutos pesam de 30 a 250 gramas e permanecem com a casca verde ou ligeiramente amarelada, quando maduros. Os frutos possuem polpa bastante ácida e com coloração variando de amarelo-claro a creme, quando maduros. As flores são ornamentais, geralmente roxa-escuras, mas pode haver variedades com flores rosa, lilás e branca.
A P. cincinnata ocorre em baixa densidade nos tipos fisionômicos compostos por vegetação primária. No entanto, após desmatamentos ou queimadas, essa espécie pode surgir em densidades de até 60 plantas/ha. Isso ocorre pelo fato da espécie propagar-se por brotos emitidos a partir de raízes ou caules subterrâneos, o que a torna tolerante às queimadas e à seca. Por outro lado, não suporta inundações por mais de 60 dias e, nestas condições, se torna altamente susceptível ao fungo Fusarium solani. Em seu ambiente natural, as plantas sobrevivem por muito tempo, apesar de suas folhas serem apreciadas por bovinos. No Distrito Federal, algumas populações descobertas em 1990, sobrevivem até hoje, principalmente a partir de brotações de raízes/caules subterrâneos. Seus frutos quando maduros são ácidos e permanecem com a casca verde ou verde amarelada, e não são atacados pela mosca-das-frutas e outras pragas. Quando caem, os frutos são devorados por roedores que fazem a dispersão da espécie. As plantas florescem de janeiro a abril e os frutos amadurecem de setembro a outubro. A produção por planta é muito variável, dependendo da procedência do acesso. Há acessos muito produtivos e de frutos grandes, cujas plantas, com dois anos de idade, já podem produzir até 15kg de frutos/planta/ano em condições de cultivo. As flores são decorativas, abrem-se pela manhã e são polinizadas por insetos, principalmente, por espécies de mamangava (Xylocopa spp.). É uma espécie resistente à antracnose, tolera bem a seca e fogo e seus frutos tem boa conservação após a colheita. Sua safra coincide com o período de entressafra do maracujá amarelo comercial, fato que pode torná-lo muito interessante para programas de melhoramento do maracujá-azedo comercial visando à obtenção de frutos em períodos de entressafra, bem como a eliminação do problema da sazonalidade na indústria e no mercado. Geralmente é comercializado em feiras livres de algumas cidades do interior da Bahia e Goiás.
Braga, M.F.; Junqueira, N.T.V.; Faleiro, F.G.; Bernacci, L.C. <em>Passiflora spp.</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 272-279.
Axonopus purpusii Axonopus purpusii (Mez) Chase
Plantas perenes, formando pastagens naturais expressivas. Colmo ereto, raramente emitindo pequenos estolões, 0,15-0,80 metros de comprimento, nós glabros a pubescentes. Lâminas lineares, planas a conduplicadas, glabras. Sinflorescência composta por 2-4 (-6) ramos unilaterais digitados a subdigitados com 4-8 (-11) cm de comprimento; ráquis glabra, margens escabras. Espiguetas solitárias com dois antécios, dispostas em pedicelos curtos; gluma inferior ausente; gluma superior subigual à espigueta, glabra a curtamente pilosa sobre as nervuras laterais; antécio basal neutro, lema glabro a curtamente piloso sobre as nervuras laterais, sem pálea; antécio superior bissexuado, coriáceo, estramíneo, lema e pálea papilosos (Valls et al., 2001).
Apresenta grande e rápida produção de sementes de pronta germinação em solos descobertos e úmidos, o que garante uma boa produção de biomassa e assegura a regeneração da cobertura vegetal após o abaixamento das águas. Indivíduos tendem a apresentar distribuição mais isolada em ambientes de solo argiloso. Em ambientes de solo arenoso apresentam distribuição mais agregada, quase monoespecífica, recobrindo todo o terreno ou associada a elementos lenhosos esparsos (Allem; Valls, 1987). A espécie floresce e frutifica de março a abril (Valls et al., 2001). Assemelha-se morfologicamente a Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm., sendo distinta principalmente pelo hábito cespitoso com folhas concentradas na porção basal. A reprodução sexuada é muito eficiente (Allem; Valls, 1987), entretanto, a produção eventual de estolões ou o transplante de mudas representam um eficiente meio de propagação vegetativa.
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Axonopus purpusii</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 615-616.
Panicum dichotomiflorum Panicum dichotomiflorum Michx. Capim-Miriam
Plantas anuais. Colmo ereto, às vezes geniculado na base ou decumbente, 1-2 metros de comprimento. Lâminas lineares, glabras a pubescentes. Sinflorescência em panícula típica, aberta a laxa, às vezes envolvida na base por uma folha; ráquis angular, inconspicuamente escabra. Espiguetas solitárias com dois antécios; gluma inferior com metade do comprimento da espigueta, ápice obtuso a subagudo; gluma superior subigual à espigueta, ápice agudo; antécio basal neutro ou estaminado, lema membranáceo, com ou sem pálea; antécio superior bissexuado, estramíneo, lema e pálea coriáceos, lisos. Cariopse medindo 1,3-1,6 × 0,8-1mm (Zuloaga, 1994; Pott; Pott 2000).
Apresenta crescimento rápido, típico de espécie pioneira, garantindo pronto estabelecimento em locais abertos, desde que exista umidade suficiente. Floresce e frutifica praticamente o ano todo (Zuloaga, 1994; Pott; Pott 2000).
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Panicum dichotomiflorum</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 650-652.
Olyra caudata Olyra caudata Trin. Taquara
A subfamília Bambusoideae é caracterizada por plantas perenes, raro anuais, hábito rizomatoso com ramificação simples ou complexa, folhas pseudopecioladas, mesofilo com células invaginantes fortemente assimétricas associadas a células buliformes, fusóides, tricomas bicelulares alongados, folhas embrionárias com margens sobrepostas e plântulas sem a primeira folha (Judziewicz et al., 1999). Apresentam rizomas, ou seja, caules subterrâneos cuja função é armazenar reservas e auxiliar na reprodução vegetativa. São especialmente desenvolvidos nos bambus lenhosos, mas nos herbáceos exibem tipicamente alguma gradação de desenvolvimento. Geralmente existem dois padrões de ramificação: simpodial e monopodial. Na ramificação simpodial, várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo e na monopodial o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida. Nos bambus, o padrão de ramificação dos rizomas é conhecido como paquimorfo (simpodial) e leptomorfo (monopodial, sem perfilhamento) apresentando um subgrupo denominado anfimorfo (metamorfo), ou seja, um complexo sistema com padrão misto de ramificação. As espécies com rizoma leptomorfo estão geralmente distribuídas em regiões temperadas e são conhecidos como bambus alastrantes. Já as espécies com rizoma paquimorfo são típicas de regiões tropicais, também conhecidos como bambus entouceirantes (Hidalgo-Lópes 2003). Os anfimorfos estão distribuídos tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, produzem rizomas com ramificação leptomorfo e paquimorfo na mesma planta e são conhecidos como semi-entouceirantes (McClure, 1966). O eixo vegetativo aéreo das gramíneas, incluindo os bambus é conhecido como colmo. São segmentados constituídos de nós e entrenós. Cada colmo surge diretamente do ápice do rizoma na presença de uma gema. O nó é o local em que a folha é produzida e a gema está associada ao nó presente na axila de suas folhas. O entrenó geralmente é fistuloso na maioria dos grupos, mas podem ser sólidos especialmente no gênero <em>Chusquea Kunth</em>e certas espécies como: <em>Guadua amplexifolia</em> J.Presl, <em>Guadua glomerata</em> Munro e <em>Merostachys ternata</em> Nees (Clark, 1997). As folhas do colmo são homólogas as folhas dos ramos, porém modificadas, cuja função principal é a proteção do colmo jovem. O desenvolvimento das gemas nos bambus lenhosos forma, geralmente, um complexo sistema de ramificação vegetativo, sendo um importante caráter taxonômico. Essa complexa ramificação presume uma adaptação pela competição por luminosidade, das quais, a rápida expansão da superfície fotossintética e posição ideal das folhas são fatores importantes (Judziewicz et al., 1999). O rizoma, colmo e ramos formam um sistema interconectado de eixos vegetativos segmentados (McClure, 1966). A inflorescência dos bambus é composta por um agregado de espiguetas bracteadas denominada de sinflorescência, conotando a sua natureza composta (Judziewicz et al., 1999). Os bambus lenhosos (Bambuseae) apresentam sinflorescência bissexual e florescimento monocárpico, enquanto que os bambus herbáceos (Olyreae) apresentam sinflorescência unissexual e florescimento sazonal (Filgueiras; Santos-Gonçalves, 2004).
Os bambus, em geral, são plantas extremamente rústicas que se adaptam bem em solos pobres com poucos nutrientes, sendo também recomendados para plantio em voçorocas para o controle de erosões profundas. As espécies de pequeno porte, porém, como crescem geralmente em ambiente de mata, preferem solos mais ricos em matéria orgânica e com umidade constante. Não existe relato de pragas limitantes ao cultivo dos bambus no Brasil, sendo a única exceção o Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), já detectado no país em 1977 por Lin et al. (1977), porém não existe informação sobre os danos causados.
Shirasuna, R. T.; Tombolato, A. F. C.; Pinto, M. M. Bambusoideae. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 925-939.
Leersia hexandra Leersia hexandra Sw.
Plantas perenes, estoloníferas ou decumbentes. Colmos delgados, 0,5-1(-1,2) metros de comprimento, nós inflados, pilosos. Folhas com bainhas e lâminas escabras, lâminas lineares. Sinflorescência em panícula (usualmente com aspecto de panícula de ramos unilaterais), ramos usualmente ascendentes ou abertos, 4-12cm de comprimento, ramos secundários curtos. Espiguetas solitárias, lateralmente comprimidas, quilhadas; glumas rudimentares; um antécio fértil, composto por um par de lemas cartáceos e escabros, com tricomas rígidos sobre as quilhas, sem pálea. Seis estames. Cariopse oblonga a ovoide, lateralmente comprimida. Floresce e frutifica de novembro a abril (Longhi-Wagner; Lerina, 2001).
Apesar de ser uma espécie tipicamente hidrófila, suporta longos períodos de baixa umidade (Allem; Valls, 1987), ou por vezes pode crescer completamente submersa (Pott; Pott, 2000), preferencialmente, em locais úmidos ou inundáveis, sujeitos a regimes de chuvas entre 750-5.000mm (FAO, 2015). O volume de massa diminui com o pastejo e sombreamento excessivos, não possuindo tolerância o fogo. Possui boa capacidade de rebrota e enraizamento, disseminando-se frequentemente por via vegetativa. Pode ser utilizada como abrigo ou sítio de procriação por pequenos animais como peixes, insetos, nematoides ou prover alimento para aves, além de outros animais, que podem estar associados à redução da produtividade de culturas de arroz (Pott; Pott, 2000; PLANTWISE, 2015). Não foram localizadas informações sobre respostas ao uso de aditivos químicos ou adubação aplicados à L. hexandra, todavia, por ser frequentemente referida como agressiva invasora de culturas, presume-se que resultados promissores possam ser obtidos com o emprego de tais técnicas e recursos.
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Leersia hexandra</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 637-640.
Oryza latifolia Oryza latifolia Desv.
Plantas perenes. Colmo ereto, 1-3 metros de comprimento. Lâminas lanceoladas, frequentemente glabras. Sinflorescência em panícula típica, aberta, subverticilada nos ramos inferiores; ráquis angular. Espiguetas solitárias com três antécios; glumas ausentes a rudimentares; antécios basais 2, estéreis, lemas cartáceos, sem pálea; antécio superior 1, fértil, coriáceo, lema e pálea do antécio fértil aristados. Cariopse 6-6,5mm de comprimento (Pott; Pott, 2000).
Espécie higrófila, tolerante à inundação. Frutifica de fevereiro a agosto. O desenvolvimento de plântulas ocorre no período da seca (Pott; Pott, 2000). As sementes são bastante tolerantes à umidade, permanecendo viáveis por até cinco meses. A dispersão primária ocorre por barocoria e a secundária por hidrocoria, ocorrendo também, por vezes, a zoocoria (Bertazzoni; Damasceno-Júnior, 2011).
Filgueiras, T. S.; Rodrigues, R. S. <em>Oryza latifolia</em>. In: Vieira, R. F.; Camillo, J.; Coradin, L. (Eds.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2016, cap. 5, pp. 647-649.
Itens por página: