nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial - Plantas para o Futuro - Região Norte, MMA 2022
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
O livro, disponibilizado no formato de lista, apresenta mais de 150 espécies nativas da Região Norte com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas. Produzido pelo Ministério do Meio Ambiente o livro contou com a colaboração e o esforço de 147 renomados especialistas de universidades, instituições de pesquisa, empresas e ONGs do Brasil e do exterior. Por meio da disponibilização dessa obra no formato de lista, os usuários podem realizar filtros diversos, obter os registros das espécies disponíveis na plataforma, além de outras informações. Instituição publicadora: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Nome Completo do Responsável: Lidio Coradin, Julcéia Camillo e Ima Célia Guimarães Vieira. – Brasília, DF: MMA, 2022. Licença de uso: Licença de uso público com atribuição sem fins lucrativos (CC-BY-NC) Como citar: CORADIN, Lidio; CAMILLO, Julcéia; VIEIRA, Ima Célia Guimarães (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Norte. Brasília, DF: MMA, 2022. (Série Biodiversidade; 53). 1452p. Disponível em: . Acesso em: dia mês abreviado ano (sem virgula)
URL
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/manejo-euso-sustentavel/flora
Data de submissão
2022-08-30
Última atualização
2023-09-28
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Região Norte
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1661896856710

159 Número de táxons

133 Espécies Distintas

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Acioa longipendula
Acioa longipendula (Pilg.) Sothers & Prance
Castanha de Galinha
 
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Victoria amazonica
Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby
 
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Victoria amazonica
Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby
 
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Miconia ciliata
Miconia ciliata (Rich.) DC.
 
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Virola surinamensis
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb.
Mucuíra
 
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Virola surinamensis
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb.
Mucuíra
 
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Ischnosiphon gracilis
Ischnosiphon gracilis (Rudge) Körn.
Arumã
 
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Ischnosiphon obliquus
Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn.
 
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Anthurium gracile
Anthurium gracile (Rudge) Lindl.
 
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Hymenachne amplexicaulis
Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Familia Nome popular Grupo kingdom Descricão taxonômica Importância ecológica Distribuição Fonte das informações
Acioa longipendula Pilg Acioa longipendula (Pilg.) Sothers & Prance Castanha de Galinha
Chrysobalanaceae
Castanha-de-galinha
Alimentícias
Plantae
Acioa longipendula apresenta hábito arbóreo, porte mediano a alto, porém em função das condições edafoclimáticas e da vegetação do local onde se encontra, apresenta altura de 4 a 30m e tronco de 10 a 40cm de diâmetro. A copa é densa, com ramos relativamente pêndulos. As folhas são simples, com 9,5 a 16cm de comprimento, pecíolo 5,0-5,9mm, alterna- -dísticas, elípticas ou ovais, cartáceas, base arredondada, ápice acuminado, margem inteira e revoluta, lâmina glabra, discolor, face adaxial verde-escura e face abaxial verde-clara. Inflorescência em panículas, em pedúnculo longo, filiforme e pendente, com até 1m de comprimento. Flores vistosas devido aos numerosos estames róseo-púrpuros. O fruto é uma drupa, oval ou elipsoide, base e ápice arredondado, de cor verde, passando paraverde-rosado, posteriormente,marrom com a maturação. O peso é variado, podendo-se encontrar frutoscom valores médios de 28 a 48gou, até mesmo acima de 50g. O diâmetro longitudinal médio é de 7 a 10 cm e diâmetro transversalde 5-6cm, de forma semelhante ao ovo de galinha, de onde procede o nome vulgar. Epicarpo delgado, 0,2cm, pubescente, cor esverdeada, se solta naturalmente. Mesocarpo 0,5-0,7cm de espessura, seco, fibroso, com fibras marrom-esbranquiçadas. Cálice permanente. Possui uma semente com cerca de 3x2cm de tamanho, peso entre 4-7g, rica em óleo e muito apreciada como parte comestível do fruto (Cavalcante, 1996; Souza et al., 1996; Isacksson, 2018).
Rodrigues (1976) relatou que a amêndoa desengordurada de Acioa longipendula tem coloração clara, de ótimo sabor, com elevado teor de proteínas (32,5%), fibra bruta (10,6%) e cinza (8,3%), sendo recomendada para uso na alimentação humana e animal. O autor relatou ainda a importância do óleo produzido na amêndoa, 75% a 80%, de coloração amarelo-esverdeada e indicado para uso alimentício. Acioa longipendula, devido ao seuporte e à bela floração rósea, tem potencial de uso também no paisagismo.Loureiro et al. (1979),
endêmica no Brasil, apresenta ocorrência na Região Norte, no estado do Amazonas, frequente na região de Manaus, com registro no Médio Rio Negro, e Purus; e no Pará até a boca do Rio Trombetas, em Oriximiná
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-2
Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby
Nymphaeaceae
Vitória-régia
Alimentícias
Plantae
Planta herbácea aquática, fixa, com folhas grandes, flutuantes e orbiculares, com bordos levantados em ângulo reto; as folhas desta espécie são as maiores entre as plantas aquáticas, podendo alcançar 2,5m de diâmetro e suportar até 40Kg. As flores são solitárias e axilares, com pedúnculo longo, podendo medir 3-8m de comprimento; a flor é hemicíclica, monoclina, diclamídea, heteroclamídea, com corola dialipétala; cálice dialissépalo, com quatro sépalas coriáceas, marrom-escuras com bordas róseo-esverdeadas, sendo três delas sépalas petaloides nas bordas e coriáceas no centro; as sépalas têm nervação paralela e são recobertas externamente por espinhos. O fruto se desenvolve no interior da água, emergindo quando maduro, é carnoso, indeiscente, globoso, verde, multicarpelar, com muitas sementes ligadas pelo funículo à parede do fruto e revestido abundantemente por espinhos; ápice com depressão de contorno oval, que acumula restos de perianto apodrecido que exala odor fétido. As sementes são globosas, ariladas, com tegumento rígido de coloração castanha. O arilo, que envolve quase toda a semente, tem consistência mucilaginosa e acumula ar; apresenta embrião reduzido e abundante reserva farinácea (Rosa-Osman et al., 2011; Lopes et al., 2015).
A flor de V. amazonica abre-se ao anoitecer por duas noites consecutivas. Na primeira noite tem cor branca e odor pronunciado, a fim de atrair seu maior polinizador, o besouro Cyclocefalo casteneaea, que chega cheio de pólen, polinizando a flor. O besouro permanece preso na flor até a noite seguinte, quando, ao anoitecer a flor se abre novamente, agora rosada, liberando grande quantidade de pólen que cai sobre o besouro, que leva o pólen à outra flor, onde o ciclo se repete. Suas folhas têm o formato de coração quando jovens e circular quando adultas, são flutuantes e apresentam canais de escoamento que encaminham a água das chuvas para fora da folha. Embora suas folhas sejam flutuantes, suas raízes a fixam no substrato. A espécie tem grande importância ecológica, uma vez que seus frutos e sementes servem de alimento para a fauna silvestre; a superfície das folhas serve de local para a nidificação das aves; e o emaranhado de raízes forma um berçário para diversas espécies aquáticas (Lopes et al., 2015). Tozin et al. (2016) descreveu a biometria do fruto e da semente e avaliou as condições de germinação da espécie em diferentes condições abióticas. Os frutos de vitória-régia medem, em média, 67,5x119,7mm e contém entre 100 a 700 sementes. A maior porcentagem de germinação ocorreu em temperatura de 25˚C, independente da condição de luz. As sementes são consideradas fotoblásticas neutras e as plântulas possuem heterofilia, com degeneração da raiz principal e formação de raízes adventícias. Observou-se também diferenças morfológicas nas plântulas desenvolvidas na presença e na ausência de luz.
Victoria amazonica é uma espécie nativa, mas não endêmica do Brasil. Tem ocorrência registrada em áreas amazônicas das Guianas e também na Bolívia (Clifford, 2017). No Brasil ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2018)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-47
Victoria amazonica (Poepp.) J. E. Sowerby Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby
Nymphaeaceae
Vitória-régia
Ornamentais
Plantae
Erva aquática, com folhas grandes sobre a superfície da água, que apresentam adaptações ao meio aquático, com presença de espinhos, tricomas e nervuras na face inferior, impedindo o contato direto do limbo com a água (Rosa-Osman, 2005). Na estrutura interna da folha, estão presentes lacunas de aerênquima e células esclerenquimáticas no mesofilo, proporcionando, flutuação e sustentação da folha, respectivamente. As flores são solitárias (Figura 2A) e axilares, além de apresentarem um pedúnculo muito longo que oscila de acordo com a profundidade e o ciclo hidrológico, podendo medir de 3 a 8m de comprimento (Rosa-Osman et al., 2011), grande e perfumada, mantém-se por, apenas, 24 horas. No primeiro dia a coloração é branca com as pétalas fechadas sobre o estigma, passando a rosa-escuro no segundo dia (Souza; Mazzini, 2004). O fruto desenvolve-se dentro d’água e emerge quando maduro, carnoso, indeiscente, globoso, verde, multicarpelar e revestido por espinhos. As sementes são globosas, com tegumento rígido e coloração castanha (Figura 2B), além de apresentarem arilo, que envolve quase toda a semente, tem consistência mucilaginosa e acumula ar, facilitando a flutuação da semente.
Victoria amazonica é polinizada por besouros. Os estames atuam como um mecanismo para capturar e manter os besouros dentro das flores por cerca de 24 horas. Em seu habitat natural, no primeiro dia as flores abrem entre 17:30 horas e 18:30 horas. A abertura das flores está diretamente relacionada à intensidade da luz (Gessner, 1962), consequentemente, todos os botões que estão prontos, abrirão quase ao mesmo tempo (Prance; Arias, 1975). Quando as flores abrem pela primeira vez, as pétalas são brancas e, ao mesmo tempo, exalam um forte odor de abacaxi, provavelmente um atrativo para os besouros; no segundo dia a flor permanece fechada e com os besouros em seu interior, envoltos por um tecido rico em amido, que lhes fornece alimento. Também durante o segundo dia, aproximadamente dezesseis a dezoito horas após a abertura inicial das flores, as pétalas gradualmente mudam de cor para um vermelho purpura, em função das antocianinas. No segundo dia, no início da noite, sépalas e pétalas abrem-se e os besouros são liberados, as anteras desapareceram com a efetivação da polinização. Pott et al. (2011) relatam que Victoria amazonica, embora se destaque na paisagem inundada do Pantanal, não é muito frequente, sendo observada com mais facilidade durante o período de inundação. A planta é bastante competitiva e tende a dominar outras plantas, expandindo suas folhas de 1-2m de diâmetro e muito resistentes, tomando a superfície da água. Um único indivíduo pode cobrir até 20 m2.
Victoria amazonica é nativa, mas não endêmica do Brasil. Tem ocorrência confirmada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2017) . É originária da região equatorial da Bacia do Rio Amazonas (Prance, 1974) e pode, também, ocorrer no rio Paraguai e no Pantanal (Pott; Pott, 2000).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-158
Miconia ciliata (Rich.) DC. Miconia ciliata (Rich.) DC.
Melastomataceae
Açairana
Corantes
Plantae
Planta arbustiva, medindo cerca de 2 a 2,5m de altura. Folhas simples, opostas, curvinérveas, cartáceas, concolores, de formato elípticas a estreito-ovaladas, base aguda, ápice acuminado e margens serreadas e ciliadas, face adaxial glabra e a abaxial glabrescente com indumento estrigoso; tri-nervadas, acródromas basais (Peçanha-Junior, 2005; Brito-Ramos et al., 2010). As minas estão distribuídas pela lâmina foliar, podendo ser sinuosas, transpondo a nervura principal e secundária, ou retilínea, paralelas à nervura. As inflorescências são axilares, tirsóides, com cimas duplas de três a cinco flores, hermafroditas, pentâmeras com antese diurna (Melo; Machado, 1998). Os frutos são do tipo baga, globosos, medindo 4-6x4,5-6mm, de coloração verde quando jovens passando para vinácea conforme avança a maturação (Araújo; Lima, 2013); possuem tamanho variável, pericarpo delgado, com pouca ou nenhuma polpa sucosa envolvendo as poucas ou numerosas sementes (Renner, 1993). As sementes são diminutas, com 1-2mm de comprimento, obtriangulares, lisas ou adornadas e ocupam, praticamente, todo o espaço locular (Chagas, 2012).
A espécie apresenta floração continua durante 11 meses do ano, com pico no mês de maio e com sobreposição entre os períodos de floração e frutificação (Melo; Machado, 1998). Miconia ciliata é uma espécie autoincompatível, que apresenta estratégias para garantir o sucesso reprodutivo, como elevada razão P/O (razão pólen/óvulo), pequeno número de flores abertas por indivíduo diariamente e frequentes visitas dos polinizadores efetivos, que garantem a produção de frutos (Melo; Machado, 1998). Apresenta uma ampla variedade nos arranjos da inflorescência. Estudos evidenciaram uma sincronia entre a floração e a frutificação, o que demonstra curto intervalo entre a formação das flores e a formação dos frutos. Possivelmente, a oferta de recursos florais seja o principal fator de atração para vários visitantes florais que contribuem para a polinização. A frequência constante de abelhas pode ser um indicativo de que estas atuam como polinizadoras. Observação em campo evidenciaram que a floração e a frutificação são mais acentuadas nos meses de maior pluviosidade na Região Norte, sugerindo uma relação entre as fenofases e a presença de água. A espécie não tolera longos períodos de seca (Peçanha-Junior, 2005). A dispersão das sementes de M. ciliata apresenta características que permitem classificá-la como ornitocórica, tais como: frutos expostos, frutificação longa, abundante e mudança de coloração quando os frutos estão maduros, o que lhes conferem alto poder de dispersão por aves. A espécie possui interação com, pelo menos, 16 espécies de aves potenciais dispersoras, que engolem os propágulos inteiros, possibilitando assim, que as sementes sejam dispersas por regurgitação e/ou defecação em locais afastados das plantas parentais (Gomes et al., 2008).
Miconia ciliata ocorre do México até a Bolívia (Goldenberg; Caddah, 2013). No Brasil, ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso) e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais) (Flora do Brasil, 2018)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-75
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Mucuíra
Myristicaceae
Ucuúba
Medicinais
Plantae
Árvore de grande porte , podendo atingir altura de 40m e diâmetro de 100cm (Galuppo; Carvalho, 2001), regularmente ramificada em verticilo (Balbach, 198-) com sapopemas basais (Galuppo; Carvalho, 2001). Apresenta ritidoma marrom-acinzentado, com lenticelas marrons, circulares a puntiformes, abundantes, salientes, distribuídas homogeneamente, quando jovem se desprende em placas lenhosas na base e, à medida que envelhece, todo o ritidoma se desprende em placas grandes e retangulares; alburno marrom-avermelhado, cerne amarelo-claro a esbranquiçado, após o corte ocorre a oxidação, base com sapopemas pequenas. Os ramos são horizontais e verticilados; ritidoma estriado, marrom, fissurado verticalmente e com lenticelas pequenas e escassas; alburno bege-marrom-claro a avermelhado e cerne branco-amarelado; exsudação aquosa, translúcida a amarelo-citrino, rápida e abundante; base do tronco com pequenas sapopemas, podendo ocorrer raízes escoras ou adventícias (Ribeiro, 2014). As folhas são estreitas (Balbach, 198-), alternas, dísticas, curto-pecioladas e simples ; a lâmina possui formato oblongo, oblongo-lanceolado ou lanceolado, consistência coriácea, 10 a 25cm de comprimento e 2 a 5cm de largura; a base é arredondada, cordada ou truncada; o ápice é cuspidado, acuminado ou agudo; as margens são inteiras e revolutas; as nervuras são planas ou levemente imersas na lâmina superior e salientes na inferior; a lâmina inferior é pálido-puberulenta (tricomas séssil-estrelados); os pecíolos são fortemente canaliculados, tomentosos ou glabros.
É considerada uma espécie tolerante à sombra (Neves et al., 2002). Ocorre, preferencialmente, em locais pantanosos e férteis, ilhas baixas e florestas periodicamente alagadas, que acompanham os cursos de rios de água rica em sedimentos (Rodrigues, 1972). Por produzir frutos importantes para a fauna, a espécie não deve faltar em programas de recuperação de áreas degradadas e no enriquecimento de áreas de preservação permanente (Lorenzi, 1992; Saraiva, 2012). Na Amazônia a floração ocorre com mais frequência entre abril e novembro e a frutificação entre setembro e maio (Rodrigues, 1980). As flores são visitadas por insetos das ordens Díptera, Coleóptera, Hymenóptera e Homóptera, sendo que os dípteros, dos gêneros Copestylum sp. e Erystalys sp., são os principais polinizadores (Jardim; Mota, 2007). A dispersão das sementes é realizada por aves como juruva-ruiva (Baryphthengus martii), Pteroglossus torquatus, tucano-do-peito-amarelo (Ramphostos sulfuratus), tucano-da-mandíbula-castanha (R. swainsonii) e surucuá-de-cauda-escura (Trogon massena), que ingerem a sementes, retém o arilo e regurgitam sementes viáveis. O jacu (Penelope purpuracens), os macacos da espécie Cebus capuchinus e o mamífero jupará (Potos flavus) também são dispersores, pois ingerem os frutos e defecam as sementes (Howe et al., 1985).
É encontrada no Brasil, nas ilhas de Guadalupe, Granada, Trinidad e Tobago (Rodrigues, 1972), Colômbia (Rodrigues, 1980), Peru (Martínez, 1997), Bolívia (Killeen et al., 1993), Panamá (Correa et al., 2004), Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela (Funk et al., 2007). No Brasil ocorre naturalmente nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Ceará, Maranhão, Piauí) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2018)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-119
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Mucuíra
Myristicaceae
Ucuúba
Oleaginosas
Plantae
Árvore com 25 e 40 metros de altura e diâmetro do tronco variando de 60 a 100cm . O tronco é monopodial, com casca na cor castanho-amarelada, com partes acinzentadas e esbranquiçadas, lisa, levemente enrugada e estriada no sentido vertical. As folhas são simples, alternas, coriáceas e com formato oblongo. As árvores são dioicas, com inflorescências em panículas axilares, sendo as masculinas com maior número de flores por fascículo (5 a 20 flores) em relação às femininas (3 a 10 flores). Os frutos são coriáceos, de forma elíptica ou globosa (Figura 2B), medindo 21mm de comprimento por 18mm de diâmetro, deiscentes. As sementes são vistosas, com arilo de coloração vermelha, carnosa e fimbriada (Rodrigues, 1972; 1980; Lorenzi, 2002).
A V. surinamensis é considerada espécie perenifólia e heliófita. Estudos desenvolvidos na Estação Experimental de Curuá-Una, Santarém-PA, evidenciaram florescimento de fevereiro a abril, frutificação de junho a agosto e desfolha parcial de março a abril (SUDAM, 1979). Segundo Galuppo e Carvalho (2001), essa espécie apresenta comportamento sincrônico em sua fenologia reprodutiva, considerada uma vantagem adaptativa para a espécie. A produção de sementes é anual e apresenta dois tipos de dispersão: o primeiro tipo é zoocórica (aves e macacos), e, o segundo tipo é hidrocórica, sendo as sementes dispersas pelas águas dos rios, propiciando a regeneração natural da espécie nas margens dos cursos hídricos (Piña- Rodrigues, 1999; Lorenzi, 2002; Cesarino, 2006).
Espécie nativa mas não endêmica do Brasil, ocorrendo também na Costa Rica, Panamá, Antilhas Menores, Trinidad e Tobago, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. No Brasil, de acordo com Mapa 1, ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Ceará, Maranhão, Piauí) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Lobão et al., 2013; Flora do Brasil, 2017).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-138
Ischnosiphon gracilis (Rudge) Körn. Ischnosiphon gracilis (Rudge) Körn. Arumã
Marantaceae
Arumã
Fibrosas
Plantae
Os arumãs são ervas pequenas e rosuladas ou grandes, com até 10m de altura, de caule aéreo e com aparência de arbustos ou cipós. A inflorescência pode ser simples ou composta; cada florescência é cilíndrica e alongada, com as brácteas fortemente imbricadas e enroladas sobre a raque. As flores são pareadas, com tubo da corola longo (10 a 30 vezes mais longo que largo) e estaminódio externo solitário bastante chamativo. Ischnosiphon gracilis é lianescente, atingindo entre 5 a 7m de comprimento, e paludosa . O caule é segmentado em entrenós ramificados. As folhas são simples, assimétricas, alternas e oblongas, com ápice obliquamente acuminado e base ovado-arredondada. As flores são amarelas, com manchas azuladas e tépalas brancas e dispõem-se em panículas terminais (Vinha et al., 1983; Oliveira et al., 1991; Costa et al., 2008).
Ischnosiphon gracilis é alógama e floresce entre novembro e abril. É polinizada por abelhas, como Euglossa sp., E. bombiformis e Eulaema cingulata. As flores hermafroditas apresentam longevidade de 24 horas, com antese iniciada pela manhã. A dispersão das sementes é realizada por formigas.
I. gracilis ocorre no Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima), Nordeste (Alagoas, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Sergipe),
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-83
Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn.
Marantaceae
Arumã
Fibrosas
Plantae
Ischnosiphon obliquus possui de 3 a 6m de altura. O caule é ereto, não ramificado, liso e sem pelos. As folhas são assimétricas, ovaladas e com ápice assimétrico e arranjam-se em forma de guarda-chuva no ápice caulinar. A inflorescência apresenta de 2 a 3 nós, cada um com até 8 florescências. As flores possuem as partes internas amarelas e apenas as pontas das pétalas roxas (Costa et al., 2008).
Os arumãs apresentam forma de vida herbácea e desenvolvem-se bem em áreas alagadas. Ischnosiphon arouma e I. obliquus são espécies pioneiras e adaptadas a perturbações ambientais, tanto naturais, a exemplo de clareiras e beira de igarapés, quanto antropogênicas, como roças e capoeiras (Shepard et al., 2004; Costa et al., 2008). Ischnosiphon obliquus floresce entre novembro e março (Anderson, 1977; Costa et al.,2008).
I. obliquus está presente no Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Mapa 3). A Amazônia ocidental pode ser considerada o principal centro de diversificação dessas espécies (Costa et al., 2008; Flora do Brasil, 2018; André, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-84
Anthurium gracile (Rudge) Lindl. Anthurium gracile (Rudge) Lindl.
Araceae
Antúrio
Ornamentais
Plantae
Epífita , com entrenós entre 0,4-3,5cm de comprimento; catafilos na cor marrom, persistentes e decompostos em fibras com, aproximadamente, 1,2-5,8cm de comprimento. Folha com pecíolo medindo 0,7-7,8cm de comprimento; geniculo com 0,15-0,6cm de comprimento; lâmina foliar levemente cartácea com 2,6-18,2 x 1,1-8,9cm; elíptica; ápice e base agudos com presença de glândulas nas faces abaxial e adaxial; nervuras secundárias de 8-12 pares; nervura coletora 0,15-1,2cm afastada da margem; inflorescência com pedúnculo medindo 1,4-5,8cm de comprimento; espata esverdeada com 0,6-2 x 0,1-0,4cm; margens formando um ângulo agudo na junção com o pedúnculo; espádice creme, amarelado a esverdeado com 0,7-3,3cm; séssil a estipitado; estipe quando presente medindo 0,2cm de comprimento. Infrutescência até 4,8cm de comprimento; fruto alvo, branco-esverdeado, rosado, branco-arroxeado e violáceo (Flora do Brasil, 2017).
Adaptada a temperaturas entre 20 a 28ºC. Não suporta temperaturas muito superiores. A experiência dos colecionadores desta espécie aponta que condições de temperaturas amenas, associadas à pouca incidência de luz (40 a 50%) e alta umidade, formam as condições ideais para o cultivo desta espécie. Também é recomendado o uso de esfagno na base da planta, para manter a umidade.
Espécie nativa, porém não endêmica do Brasil, com ocorrência desde a Guatemala, Costa Rica, Panamá, Guianas, estendendo-se até o Peru (Silva, 2007). No Brasil ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará e Roraima), Nordeste (Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2017)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-141
Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees
Poaceae
Capim-rabo-de-rato
Forrageiras
Plantae
Planta aquática ou subaquática, com colmos medindo cerca de 1 metro de altura ou mais; lâminas de 20-35cm de comprimento, 2-3cm de largura cordado-amplexas, panículas com cerca 8mm de espessura e 20-50cm de comprimento; espículas acuminadas, com 3-4mm de comprimento (Black, 1950). Sinflorescência em panícula compacta, contraída; ráquis angular, inconspicuamente escabra. Espiguetas solitárias com dois antécios; glumas desiguais, a inferior menor; antécio basal neutro, lema membranáceo, sem pálea; antécio superior bissexuado, lema e pálea fracamente enrijecidos, inconspicuamente escabros. Cariopse elipsoide-ovoide, 1,3x0,8mm (Filgueiras; Rodrigues, 2016)
É uma espécie aquática, com fase terrestre (Junk; Piedade, 1993), sendo um dos primeiros capins que surgem, após o período de cheia dos rios amazônicos, amarelecendo e secando rapidamente, após o recuo das águas (Camarão et al., 2006). De acordo com Kibbler e Bahnisch (1999), o mecanismo de adaptação de H. amplexicaulis à inundação está baseado na sua capacidade de rapidamente alongar os colmos, formar raízes adventícias, além de possuir aerênquimas nos tecidos dos colmos, folhas e raízes. A espécie se aproveita do fluxo da água como meio de dispersão de sementes ou fragmentos vegetativos. Apresenta crescimento muito agressivo e boa adaptação ao alagamento do solo, o que favorece a colonização de novas áreas e, em alguns casos, pode ser considerada invasora de margens de rios e locais encharcados, tornando-se a espécie dominante nesses locais. Em decorrência dessas características, pode, portanto, ser um problema potencial para o fluxo de água em canais de irrigação ou de drenagem. Entretanto, estas mesmas características podem ser consideradas positivas na formação de pastagem.
Espécie nativa não endêmica do Brasil, com ocorrência confirmada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Flora do Brasil, 2018
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-95
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