nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial - Plantas para o Futuro - Região Norte, MMA 2022
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
O livro, disponibilizado no formato de lista, apresenta mais de 150 espécies nativas da Região Norte com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas. Produzido pelo Ministério do Meio Ambiente o livro contou com a colaboração e o esforço de 147 renomados especialistas de universidades, instituições de pesquisa, empresas e ONGs do Brasil e do exterior. Por meio da disponibilização dessa obra no formato de lista, os usuários podem realizar filtros diversos, obter os registros das espécies disponíveis na plataforma, além de outras informações. Instituição publicadora: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Nome Completo do Responsável: Lidio Coradin, Julcéia Camillo e Ima Célia Guimarães Vieira. – Brasília, DF: MMA, 2022. Licença de uso: Licença de uso público com atribuição sem fins lucrativos (CC-BY-NC) Como citar: CORADIN, Lidio; CAMILLO, Julcéia; VIEIRA, Ima Célia Guimarães (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Norte. Brasília, DF: MMA, 2022. (Série Biodiversidade; 53). 1452p. Disponível em: . Acesso em: dia mês abreviado ano (sem virgula)
URL
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/manejo-euso-sustentavel/flora
Data de submissão
2022-08-30
Última atualização
2023-09-28
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Região Norte
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1661896856710

159 Número de táxons

133 Espécies Distintas

Refinar resultados

thumbnail species image
Oenocarpus minor
Oenocarpus minor Mart.
 
thumbnail species image
Euterpe oleracea
Euterpe oleracea Mart.
Açai
 
thumbnail species image
Dioscorea trifida
Dioscorea trifida L.f.
Cará-Roxo
 
thumbnail species image
Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
thumbnail species image
Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
thumbnail species image
Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
thumbnail species image
Dalbergia monetaria
Dalbergia monetaria L.f.
Verônica
 
thumbnail species image
Mauritia flexuosa
Mauritia flexuosa L.f.
Buriti
 
thumbnail species image
Heliconia acuminata
Heliconia acuminata L.C.Rich.
 
thumbnail species image
Bidens bipinnata
Bidens bipinnata L.
Picão
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Familia Nome popular Grupo kingdom Descricão taxonômica Importância ecológica Distribuição Fonte das informações
Oenocarpus minor Mart. Oenocarpus minor Mart.
Arecaceae
Bacabeira
Oleaginosas
Plantae
O. minor é uma palmeira de porte médio, apresentando caule geralmente cespitoso, com 4 a 7 estipes colunares por touceira (Figura 1E), estipe colunar de 3 a 16m de altura e de 5 a 8cm de diâmetro; folhas planas, graciosamente arqueadas, com 6 a 10 folhas por planta, distribuídas em espiral, possuindo 2 a 5m de comprimento, sendo menores que as das outras espécies, possuindo bainha parcialmente fechada, verde-marrom, com bainha, pecíolo e raque glabrescentes e revestidos por tormento ou escamas vermelho-amarronzados, tendo pinas inseridas em intervalos regulares ou raramente agrupadas de 2 a 3; inflorescências pequenas, possuindo de 30 a 70 ráquilas, revestidas por tormento granuloso marrom-avermelhado e contendo flores unissexuais de coloração bege clara; cacho de formato hiperiforme, semelhante a um rabo de cavalo, contendo 35 frutos por ráquila e 1078 frutos por cacho; frutos oblongos e bem menores do quê os das outras espécies (Balick,1986; Küchmeister et al., 1998; Lorenzi et al., 2004)
De um modo geral, as bacabeiras, em condições naturais, não formam populações densas, ocorrendo de forma esparsa ou formando pequenos grupos em mata de terra firme ou em capoeira, com as espécies monocaules sendo encontradas na densidade de 1 a 50 plantas adultas por hectare (Cymerys, 2005). As espécies cespitosas têm ocorrência diversificada. O. minor ocorre em terra firme, com aproximadamente 100 indivíduos por hectare
O. minor encontra-se distribuída no Pará, Amazonas e Rondônia
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-135
Euterpe oleracea Mart Euterpe oleracea Mart. Açai
Arecaceae
Açaizeiro
Ornamentais
Plantae
Palmeira cespitosa , com até 25 perfilhos, caule tipo estipe, com até 20m de altura e diâmetro de 8-18cm; capitel foliar no ápice das plantas com até 14 folhas. Folhas pinadas, 2,8m de comprimento, 40 a 80 pares de folíolos distribuídos de forma oposta ou sub-opostas. Folíolos pendentes, 20-50cm de comprimento por 2x3cm de largura, com nervura central, proeminente na face adaxial e mais dois conjuntos com duas ou três nervuras, proeminentes na face abaxial, que se encontram uniformemente distribuídos no plano divisório da nervura central (Henderson; Galeano, 1996). Inflorescências intrafoliares, em disposição quase horizontal; pedúnculo com 5-15cm de comprimento e diâmetro de 2,7-4,0cm, envolto por duas brácteas: uma espatela ligular e uma espata de formato navicular e de consistência cartáceo-coriácea. Após a abertura da espata, a espatela cai, concomitantemente, com esta ou um pouco antes, expondo a inflorescência propriamente dita, do tipo cacho, contendo número variável de ráquilas, com flores estaminadas e pistiladas inseridas em alvéolos. A disposição das flores é ordenada em tríades, de tal forma que cada flor feminina fica ladeada por duas flores masculinas, com exceção do terço terminal de cada ráquilas, que apresenta, na maioria dos casos, somente flores masculinas, proporcionando a presença de 80,5 % de flores masculinas e apenas 19,5% de flores femininas na inflorescência (Henderson; Galeano, 1996; Cavalcante, 2010). O fruto é uma drupa globosa e levemente depressa, apresentando resíduo do estigma lateralmente, com diâmetro variando entre 1-2cm e pesando, em média, 1,5g
O açaizeiro é planta típica de regiões de várzeas amazônicas, onde ocorrem oscilações diárias de marés, com a elevação do nível de água nestes solos, proporcionando, consequentemente, uma condição de anoxia do solo. Para sobreviver nestes locais o açaizeiro desenvolveu, ao longo do tempo, estruturas morfológicas e anatômicas, tais como: raízes que emergem do estipe acima da superfície do solo, presença de lenticelas (Anderson, 1986) e de aerênquimas nas raízes. Além disso, a espécie dispõe de estratégias fisiológicas que permitem manter as sementes viáveis e as plântulas vivas, mesmo em condição de anoxia total, por até 20 e 16 dias, respectivamente, de tal forma que, quando o suprimento de oxigênio se torna adequado, as sementes germinam e as plântulas retomam seu crescimento (Menezes- -Neto, 1994). Diante destas particularidades, observa-se a formação de uma floresta oligárquica, tendo como espécie dominante o açaizeiro (Prance, 1994), pois existe um reduzido número de espécies arbóreas que dispõem de mecanismos adaptativos para sobreviverem em solos com baixa tensão de oxigênio (Anderson, 1986). É uma espécie sazonal, que concentra a sua fase de floração no primeiro semestre do ano, devido à elevada pluviometria, chamado de inverno amazônico, com umidade relativa superior a 90%. Já a frutificação e a colheita dos frutos se concentram no segundo semestre, durante o verão amazônico, caracterizado por uma menor precipitação pluviométrica e temperaturas elevadas onde a média das temperaturas máximas pode chegar a 36oC e a umidade relativa mais baixa ficando em torno de 60%.
: Espécie nativa, mas não endêmica do Brasil, ocorrendo também na Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Panamá, Equador e Trinidad. No Brasil, de acordo com Mapa 1, ocorre nas regiões Norte (Amapá, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão) (Flora do Brasil, 2017; Vianna, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-147
Dioscorea trifida L.f. Dioscorea trifida L.f. Cará-Roxo
Dioscoreaceae
Cará
Alimentícias
Plantae
Planta trepadeira, de caule fino, que se enrola para a esquerda no sentido anti-horário, com duas ou mais alas membranosas, geralmente em maior número na parte inferior do caule. Possui folhas pecioladas, com pecíolos angulosos, de até 15cm de comprimento, alternas, às vezes opostas com três a cinco lobos, forma e tamanhos diversos, até 25cm de comprimento e igual largura, mais ou menos pilosas nas duas faces, lobos de forma acuminados ou oval-agudos . As plantas são unissexuais, com flores masculinas dispostas em racemos, formando uma inflorescência estaminada; as flores femininas formam inflorescências diferenciadas nos ramos, onde surgem dois cachos simples na mesma axila foliar, formando uma inflorescência de coloração esverdeada de 4 a 6mm de diâmetro. Os frutos são capsulares, com três lobos, cada um com duas sementes de, aproximadamente, 2,7cm de comprimento e 1,7cm de diâmetro, orbiculares (Castro, 2011).
: O preparo do solo para o plantio do cará-roxo envolve a limpeza da área por meio de roçagem e capinas. A correção do solo, quando necessária, é efetuada com a aplicação de calcário e adubo orgânico (esterco bovino curtido) ou mineral. Mercado et al. (2015) avaliaram, nas condições da Colômbia, o efeito da irrigação no desenvolvimento e produtividade de Dioscorea trifida e observaram que, no espaçamento de 1x1m, esta espécie apresentou rendimento médio de 30,6t/ha, com teor de amido de 21,3% (em base úmida) e a biomassa da parte aérea foi de 1,1kg/planta. A aplicação de irrigação resultou em aumento na produção de tubérculos de 78,9%
Trata-se de uma espécie nativa do Brasil, porém não endêmica. A espécie está mais amplamente distribuída nas regiões Norte e Centro-Oeste. Tem, portanto, ocorrência confirmada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Amapá, Rondônia e, possivelmente, Roraima), Nordeste (Maranhão, Paraíba, Pernambuco), Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e Sudeste (Minas Gerais) . A espécie ocorre predominantemente nos domínios fitogeográficos da Amazônia e do Cerrado. Está distribuída basicamente em vegetação do tipo Cerrado (lato sensu) e Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-14
Mauritia flexuosa L.f Mauritia flexuosa L.f. Buriti
Arecaceae
Buriti
Alimentícias
Plantae
É uma das maiores palmeiras que ocorrem na Amazonia (Cymerys et al., 2005). Apresenta estipe solitário, medindo entre 20 a 30m de altura e 30 a 50cm de diâmetro; inerme ou com poucos espinhos na face inferior das pinas. Folhas costopalmadas (arredondadas) com cerca de 3,5 metros de comprimento. Brácteas pedunculares numerosas, envolvendo todo o pedúnculo, de 8-12cm de comprimento. Inflorescência ramificada em primeira ordem (27-35 ramificações), 2,5-3,7 metros de comprimento. Ráquilas estaminadas e pistiladas 45-56, sustentando flores masculinas e femininas, respectivamente; flores masculinas e femininas amarelas a laranjadas, naviculares a fusiformes. Frutos marrom-avermelhados, oblongo-globosos, coberto com escamas sobrepostas, medindo entre 5x4cm até 10x6cm; mesocarpo (polpa) carnoso, alaranjado, oleaginoso e nutritivo; com uma semente (Cymerys et al., 2005; Martins, 2012). O comprimento de cacho pode variar de 1,58m a 2,25m; a massa do cacho de 18,5kg a 43,60kg e a massa dos frutos de 14,70kg a 35,17kg. O número de ráquilas por cacho varia de 25 a 34 e o número de frutos de 243 a 628. Ocorre geralmente uma semente por fruto, mais ou menos esféricas e cobertas com uma testa de cor marrom (Donadio et al., 2002; Araújo et al., 2004).
O buriti é uma planta de ambiente alagado, sendo dependente da presença de água tanto para o desenvolvimento vegetativo quanto para a reprodução e dispersão das sementes. A espécie é dióica, ou seja, depende da existência de plantas masculinas e femininas para produzir frutos, pois enquanto os machos produzem apenas cachos com flores masculinas, as fêmeas produzem cachos com flores femininas, que se tornarão frutos. A floração do macho e da fêmea ocorre ao mesmo tempo, a fim de facilitar a polinização cruzada. O vento não poliniza as flores do buriti, por isso, a produção dos frutos depende de insetos, a exemplo de abelhas nativas, pequenos besouros e moscas. Em geral, a produção de frutos em plantas de brejos mais conservados é maior, uma vez que alí existe maior quantidade de insetos polinizadores (Sampaio, 2011). O período desde o florescimento até a maturação dos frutos pode ser superior a um ano e a época de floração das plantas pode variar bastante de região para região. No Cerrado, a floração se inicia em fevereiro, com pico nos meses de março a maio. A frutificação mais intensa ocorre de dezembro a maio, com produção de frutos, em menor quantidade, também nos meses de junho a novembro (Coradin et al., 2016). produzem cachos com flores femininas, que se tornarão frutos. A floração do macho e da fêmea ocorre ao mesmo tempo, a fim de facilitar a polinização cruzada. O vento não poliniza as flores do buriti, por isso, a produção dos frutos depende de insetos, a exemplo de abelhas nativas, pequenos besouros e moscas. Em geral, a produção de frutos em plantas de brejos mais conservados é maior, uma vez que alí existe maior quantidade de insetos polinizadores (Sampaio, 2011). O período desde o florescimento até a maturação dos frutos pode ser superior a um ano e a época de floração das plantas pode variar bastante de região para região. No Cerrado, a floração se inicia em fevereiro, com pico nos meses de março a maio. A frutificação mais intensa ocorre de dezembro a maio, com produção de frutos, em menor quantidade, também nos meses de junho a novembro (Coradin et al., 2016)
Palmeira nativa, com distribuição na Colômbia, Venezuela, Guiana, Trinidad, Equador, Peru, Brasil e Bolívia (Henderson et al., 1995; Flora do Brasil, 2018). No Brasil, , ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (Flora do Brasil, 2018). O buriti habita os domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga e Cerrado (Flora do Brasil, 2018), em formações monoespecíficas que, na Amazônia são chamadas de buritizais ou miritizais
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-23
Mauritia flexuosa L.f. Mauritia flexuosa L.f. Buriti
Arecaceae
Buriti
Corantes
Plantae
Palmeira de tronco simples, considerada uma das maiores da região Amazônica, de tronco reto, cilíndrico de 30 a 60cm de diâmetro, e altura entre 20 a 25m, podendo chegar aos 35m ou, ocasionalmente, aos 50m com tronco aparentemente mais fino (Cavalcante, 2010). Espécie dioica (Cymerys et al., 2005). As palmeiras apresentam inflorescências interfoliares grandes, com 2 a 3m de comprimento, sendo as masculinas e as femininas com aparência semelhante. O fruto é uma drupa globosa ou oblongo-elipsoide de 5 a 7cm de comprimento e 4 a 5cm de diâmetro. O epicarpo constitui-se de escamas de cor vinho-avermelhada e lustrosa; o mesocarpo, apresenta uma massa amarelada ou alaranjada; o endocarpo é rígido (caroço); e a semente é muito rígida com endosperma homogêneo (Fernandes, 2001; Proença et al., 2006). Cavalcante (1991) relata um indivíduo cultivado no Horto Botânico do Museu Emilio Goeldi (Belém/PA) produzindo 8 cachos de uma só vez, um deles contendo 728 frutos, o que leva a uma estimativa de 5.700 frutos em um único exemplar
O buriti é uma espécie dioica, isto é, apresenta indivíduos masculinos e femininos, que florescem quase ao mesmo tempo, entretanto, as plantas masculinas não produzem frutos. O buritizeiro ocorre naturalmente, com maior frequência em áreas inundadas, sendo comum encontrar 60 a 70 buritizeiros femininos e 75 a 85 buritizeiros masculinos por hectare (Cymerys et al., 2005; Vieira et al., 2006). O buriti possui diversos mecanismos de dispersão, mas o principal ocorre por meio da água, resultando na formação de extensas populações desta espécie (Miranda; Rabelo,2008). O endocarpo do fruto (ou bucha) é formado por um tecido esponjoso, delgado, branco a amarelado, com alto teor de celulose, que possui baixa densidade, o que possibilita ao fruto boiar quando imerso em água (Silva; Tassara, 2005; Cavalcante, 2010; Sampaio; Carrazza, 2012). Este fruto apresenta uma importância ambiental, pois está presente nas veredas e matas de galeria, sendo indicadores ecológicos da presença de água na superfície, como também de solos mal drenados e encharcados (Vieira et al., 2006). Também é importante fonte de alimento e abrigo para a fauna silvestre
Planta nativa, não endêmica do Brasil, amplamente distribuída na América do Sul (inclusive nos Andes), especialmente na região amazônica da Colômbia, Venezuela, Guianas, Trinidad e Tobago, Equador, Peru e Bolívia (Lorenzi et al., 2004). No Brasil, , ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), Centro- -Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-74
Mauritia flexuosa L.f. Mauritia flexuosa L.f. Buriti
Arecaceae
Buriti
Fibrosas
Plantae
Palmeira com estipe solitário, cilíndrico, levemente anelado, inerme, robusto, atingindo entre 25 a 35m de altura e 30 a 60cm de diâmetro. Folhas em número de 20, em tufos no ápice do estipe, pinatífidas com cerca de 100 pinas, flabeliformes, nervuras com pequenos acúleos; pecíolo subcilíndrico, com até 4m de comprimento, canaliculado, alargando-se para a base. Inflorescência axilar, em espádice longo-pedunculada, com cerca de 2,5 a 3m de comprimento; espadicelas alternas, dísticas, racemosas, bracteadas. Flores masculinas com cálice turbinado, trilobado, lobos arredondados; corola unida na base, trilobada; estames 6, monadelfos na base e concrescidos com a corola; filetes curtos; anteras rimosas. Flores pistiladas em número reduzido em relação às estaminadas, cálice urceolado, trilobado; corola urceolada, tubulosa na base com 3 lobos deltóides; presença de estaminódio unidos em coroa hexalobada; anteras crasso-lineares, eretas; ovário súpero, elipsóide, breve estipitado. Fruto drupa, castanho-avermelhado, globoso-deprimido com 5 a 7cm de comprimento, revestido por estruturas em forma de escamas imbricadas, rombóides, brilhantes; mesocarpo amarelo-alaranjado; endocarpo esponjoso. Semente globosa (Henderson, 1995; Valente; Almeida, 2001; Lorenzi et al., 2010).
Mauritia flexuosa possui forma de vida arbórea. A dispersão das sementes é feita por animais frugívoros, como antas, veados, macacos e aves, considerados dispersores primários, além da dispersão pela água, desenvolvendo também interações com os principais polinizadores da espécie que são abelhas do gênero Trigona Jurine, 1807, coleópteros e dípteros, não havendo polinização pelo vento (Storti, 1993; Ponce et al., 1999; Fernandes, 2002; Ponce- -Calderón, 2002). A espécie é dioica ou polígamo-dioica, xenogâmica e não apomítica. A floração é sincrônica entre indivíduos pistilados e estaminados. O período de maturação dos frutos é longo e dura mais de um ano deste o desenvolvimento das inflorescências até seu completo amadurecimento e dispersão dos frutos. Tanto a floração como a frutificação variam de região para região. No estado do Acre, por exemplo, floresce entre os meses de abril a outubro, com a maturação dos frutos entre março e outubro. Nas proximidades de Belém, floresce de setembro a dezembro com frutificação de janeiro a dezembro. A atividade reprodutiva é plurianual. Calcula-se que cada inflorescência produza entre 479 a 1.889 frutos e cada infrutescência entre 19,4 a 36kg de frutos. Possui baixo sucesso reprodutivo (9,5-14% das flores produzem frutos) devido, principalmente, à ausência de polinizadores (Storti, 1993; Fernandes, 2002; Barbosa et al., 2010).
A espécie está distribuída na América do Sul, ocorrendo na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Trindade e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil (Henderson et al., 1995). No Brasil é encontrada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (Flora do Brasil, 2018)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-87
Dalbergia monetaria L.f. Dalbergia monetaria L.f. Verônica
Fabaceae
Verônica
Medicinais
Plantae
Dalbergia monetaria é uma liana, que forma touceiras de até 30m de extensão. Caule lenhoso, com raízes grampiformes; casca avermelhada, com ritidoma acinzentado. Folhas compostas imparipinadas; folíolos alternos de forma ovada, bordo inteiro, ápice cuspidado e base arredondada. Inflorescência com flores muito pequenas, em panículas axilares. Fruto vagem circular, achatada , de superfície glabra marrom quando maduro.
Schwartz (2007) avaliou a distribuição de plantas de D. monetaria em áreas alteradas no nordeste do Pará e observou baixa frequência e densidade desta liana nos inventários, embora fosse esperado abundância de plantas por ser uma espécie comum em áreas alteradas. A baixa densidade observada seja possivelmente, devido à existência de estratégias de crescimento, que exigem florestas com estrutura mais complexa, o que nem sempre é possível em capoeiras.
Dalbergia monetaria ocorre no Brasil, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Guiana Francesa, Guadalupe, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Martinica, México, Panamá, Peru, Porto Rico, São Vicente, Suriname e Venezuela (Tropicos, 2016). No Brasil, tem ocorrência confirmada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2017)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-109
Mauritia flexuosa L.f. Mauritia flexuosa L.f. Buriti
Arecaceae
Buriti
Oleaginosas
Plantae
Palmeira com caule solitário, medindo até 60cm de diâmetro e 20-25m de altura. Folhas costopalmadas, 3,5m de comprimento, 8-20 contemporâneas; pecíolo medindo 1,6-4m de comprimento; raque recurvada, de 0,3-1m de comprimento; lâmina foliar dividida até quase a base em 45-236 segmentos. Brácteas pedunculares numerosas, envolvendo todo pedúnculo, de 8-12cm comprimento. Inflorescência ramificada em primeira ordem (27-35 ramificações), 2,5-3,7 metros de comprimento. Ráquilas estaminadas e pistiladas 45-56, sustentando flores masculinas (amarelas) e femininas (alaranjadas). Frutos marrom-avermelhados, oblongo-globosos, coberto com escamas sobrepostas medindo cerca de 5x4cm; mesocarpo (polpa) carnoso, alaranjado e oleaginoso; cada fruto contém uma semente de formato ovoide, 2,4cm de comprimento e peso médio de 4,86g. Em alguns casos é possível observar frutos com mais de uma semente (dispérmicos) ou sem sementes (partenocárpicos). O embrião apresenta, em média, 6mm de comprimento, sendo totalmente envolvido pelo endosperma (Ponce-Calderón, 2002; Lorenzi et al., 2010; Martins, 2012).
O Buriti é uma espécie dioica, com flores estaminadas e pistiladas em indivíduos diferentes, não havendo diferenças vegetativas evidentes entre plantas masculinas (“machos”) e femininas (“fêmeas”). A inexistência de caracteres vegetativos distintivos entre machos e fêmeas e o longo tempo para a primeira floração dificulta sua exploração em plantio racional. Entretanto, Henderson (1995) levanta a possibilidade desta espécie ser partenocárpica, uma vez que há observações de plantas fêmeas isoladas produzindo sementes viáveis. Ocasionalmente, inflorescências estaminadas podem conter flores pistiladas e, possivelmente, os estaminódios das inflorescências pistiladas podem produzir pólen viável. Assim sendo, a espécie não seria estritamente dioica. A floração é anual e se inicia aos 8 anos de idade; existindo relatos de início de floração entre 5 e 11 anos de idade, produzindo de 3-8 inflorescências interfoliares por ano. As flores produzem pólen, mas não néctar; a palmeira tem uma inflorescência bem notável e de forte fragrância, tendo os insetos, especialmente coleópteros, como principais polinizadores (Storti, 1993; Fernandes, 2002; Revilla, 2002; Manzi; Coomes, 2002; Pinheiro, 2011). Além disso, os buritizais desempenham papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas locais, contribuindo para a manutenção da umidade do solo e dos corpos hídricos, principalmente nas épocas secas, além de auxiliarem na contenção da erosão dos solos hidromórficos, evitando o assoreamento de rios, e atuarem como fonte de alimento e local de abrigo e reprodução para a fauna (Rigueira et al., 2002; Comapa, 2005).
Mauritia flexuosa distribui-se por toda a região norte da América do Sul, principalmente na região amazônica da Colômbia, Venezuela, Guianas, Trinidad, Equador, Peru, Brasil e Bolívia (Henderson et al., 1995). No Brasil, ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), Nordeste (Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão) e Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) . É considerada a palmeira de maior distribuição geográfica no Brasil (Lorenzi et al., 2010; Leitman et al., 2013; Flora do Brasil, 2017).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-129
Heliconia acuminata L.C.Rich. Heliconia acuminata L.C.Rich.
Heliconiaceae
Helicônia
Ornamentais
Plantae
Heliconia acuminata é planta perene, de até 1,8m de altura, hábito musoide. Folhas com pecíolo de 21-43cm de comprimento; lâmina com 42-65cm de comprimento e 9-18cm de largura, estreito-oblonga, base atenuada a obliqua, ápice agudo a acuminado. Inflorescência ereta, pedúnculo muito longo; brácteas vermelhas, amarelas, alaranjadas ou verdes com terço inferior amarelado ou amarelo-esverdeadas, dísticas, conduplicadas, sem apêndice foliar. Flores pediceladas, ressupinadas, perianto com 3-4,5cm de comprimento, amarelo, alaranjado ou vermelho-amarelado. Frutos azuis quando maduros.
A maioria das espécies de helicônias possui floração durante grande parte do ano, com picos no período de janeiro a julho, a exemplo da H. acuminata. Por serem tipicamente tropicais, as helicônias são adequadas para o cultivo a pleno sol ou ate meia sombra e não toleram bem o frio (Castro, 1995; Lorenzi; Souza, 2008). Enquanto que H. acuminata é naturalmente encontrada em grandes populações em áreas da Amazônia, sendo também bastante cultivada nas cidades.
Heliconia acuminata ocorre na Guiana francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil. No Brasil, ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Mato Grosso)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-150
Bidens bipinnata L. Bidens bipinnata L. Picão
Asteraceae
Carrapicho-agulha
Alimentícias
Plantae
Bidens bipinnata diz respeito a uma espécie anual, ereta e muito ramificada. É aromática, de hastes anguladas, com altura que pode atingir de 60 a 200cm (até 300cm). Possui folhas compostas imparipinadas, com 3 a 7 folíolos membranáceos e distintamente discolores, com 4 a 9cm de comprimento. As flores são pequenas e amarelas arranjadas em capítulos solitários, oblongos, longipedunculados, terminais e axilares. Os frutos são secos, do tipo aquênio (cipselas), com ganchos aderentes em uma das extremidades, o que facilita a sua dispersão por meio dos animais (Kinupp; Lorenzi, 2014).
Bidens bipinnata apresenta rápida regeneração, podendo colonizar grandes áreas. Duarte et al. (2018) relatam que, nas condições amazônicas, a espécie é encontrada com mais facilidade em áreas de floresta primária degradada. É uma das PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) espontâneas selecionadas e poupadas no manejo agroecológico do Sítio PANC desde 2014. Atualmente vem sendo manejada com colheitas semanais de folhas, destinadas à restaurantes, com destaque para o Restaurante Caxiri que incorporou a espécie em diversos pratos, especialmente na forma de pesto. É uma das hortaliças PANC com maior demanda e aceitação pelos consumidores deste inovador restaurante de Manaus. A poda das folhas prolonga o ciclo vegetativo da planta retardando o florescimento e permitindo a colheita sucessiva de ramos e folhas jovens no ponto ideal para consumo como verdura. Algumas matrizes são deixadas sem poda para a produção de frutos, que ocorrem em abundância. Estas plantas em condição de cultivo podem atingir até mais de 3m de altura e ampla copa, sendo muito recomendáveis também para proteção do solo como cobertura viva e, após completar o ciclo e/ou após roçagem, como fitomassa para cobertura morta. As plantas adultas já em senescência com frutos maduros são cortadas e os ramos são batidos em áreas capinadas e/ou roçadas do Sítio PANC como estratégia rápida e eficiente de semeadura para cobertura de solo. Os resultados foram surpreendentes e a safra de 2019 será recorde com plantas viçosas e com distribuição adensada. Salienta-se que as plântulas podem ser colhidas para consumo como brotinhos (tenros e altamente aromáticos)
Bidens bipinnata é nativa, mas não endêmica do Brasil. Apresenta ampla distribuição geográfica no norte da América do Sul. Ocorre também nos países da América Central, México e Estados Unidos da América, além das ilhas caribenhas (GBIF, 2018). No Brasil tem ocorrência confirmada nas regiões Norte (Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Tocantins); Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte); Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso); Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Flora do Brasil, 2018; Bringel Jr.; Reis-Silva, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-7
Itens por página: