nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial - Plantas para o Futuro - Região Norte, MMA 2022
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
O livro, disponibilizado no formato de lista, apresenta mais de 150 espécies nativas da Região Norte com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas. Produzido pelo Ministério do Meio Ambiente o livro contou com a colaboração e o esforço de 147 renomados especialistas de universidades, instituições de pesquisa, empresas e ONGs do Brasil e do exterior. Por meio da disponibilização dessa obra no formato de lista, os usuários podem realizar filtros diversos, obter os registros das espécies disponíveis na plataforma, além de outras informações. Instituição publicadora: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Nome Completo do Responsável: Lidio Coradin, Julcéia Camillo e Ima Célia Guimarães Vieira. – Brasília, DF: MMA, 2022. Licença de uso: Licença de uso público com atribuição sem fins lucrativos (CC-BY-NC) Como citar: CORADIN, Lidio; CAMILLO, Julcéia; VIEIRA, Ima Célia Guimarães (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Norte. Brasília, DF: MMA, 2022. (Série Biodiversidade; 53). 1452p. Disponível em: . Acesso em: dia mês abreviado ano (sem virgula)
URL
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/manejo-euso-sustentavel/flora
Data de submissão
2022-08-30
Última atualização
2023-09-28
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Região Norte
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1661896856710
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Astrocaryum vulgare
Astrocaryum vulgare Mart.
 
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Euterpe precatoria
Euterpe precatoria Mart.
 
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Astrocaryum aculeatum
Astrocaryum aculeatum G.Mey.
 
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Euterpe precatoria
Euterpe precatoria Mart.
 
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Oenocarpus minor
Oenocarpus minor Mart.
 
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Oenocarpus minor
Oenocarpus minor Mart.
 
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Astrocaryum vulgare
Astrocaryum vulgare Mart.
 
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Astrocaryum aculeatum
Astrocaryum aculeatum G.Mey.
 
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Oenocarpus bacaba
Oenocarpus bacaba Mart.
 
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Leopoldinia piassaba
Leopoldinia piassaba Wallace
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Familia Nome popular Grupo kingdom Descricão taxonômica Importância ecológica Distribuição Fonte das informações
Astrocaryum vulgare Mart. Astrocaryum vulgare Mart.
Arecaceae
Tucumã
Fibrosas
Plantae
Palmeira multicaule, com até 20m de altura, estipe com cerca de 15cm de diâmetro e com espinhos nos entrenós. Folhas pinadas, medindo 5m de comprimento, agrupadas e dispostas em diferentes planos, com coloração branca na face abaxial (inferior); bainha aberta e pecíolo com coloração verde claro. Inflorescência monoica interfoliar ereta. Fruto 4,4x3,0cm, ovoide a obovoide, epicarpo liso, mesocarpo carnoso, oleoso e fibroso, endocarpo rígido lenhoso com coloração alaranjada quando maduro. Semente com endosperma homogêneo (Lorenzi et al., 2010).
Em áreas antropizadas, a planta dispersa-se espontaneamente em capoeiras, savanas, pastagens abandonadas, sítios, quintais residenciais e margens de estradas, crescendo em solos pobres, degradados, porém bem drenados, formando densas touceiras. Nessas áreas o maior disseminador de sementes é o homem, já nas áreas de floresta são animais roedores, a exemplo das cutias, pacas e macacos. Inicia a frutificação aos 8 anos de idade e sempre no período de verão amazônico. Cada quilograma de frutos pode conter, em média, 120 sementes (Miranda et al., 2001; Miranda; Rabelo, 2008). Devido à distribuição da espécie nas áreas de ocorrência, existe uma dificuldade para determinar com precisão a densidade populacional do tucumanzeiro. A espécie ocorre em forma de “manchas” (várias plantas juntas), sendo possível a inexistência da espécie por vários hectares ou a ocorrência de altas concentrações de plantas em um determinado local, com mais de 50 palmeiras em um único hectare. Cada palmeira produz de 2 a 3 cachos anualmente, ou até mais de 5, com peso médio de 10 a 30kg cada, com produção de 200 a 400 frutos, mas pode superar 50kg de frutos/ano mesmo em solos pobres (Cymerys, 2005). Lima et al. (1986) avaliaram as potencialidades agroindustriais do tucumã-do-pará e encontraram indivíduos com até 13 cachos por estipe, 2m de comprimento e até 568 frutos por cacho.
A. vulgare tem ocorrência típica na Amazônia Oriental, prolongando-se até as savanas das Guianas (Kahn, 1997). No Brasil ocorre nas regiões Norte (Amapá, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Goiás) (Flora do Brasil, 2018)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-78
Euterpe precatoria Mart. Euterpe precatoria Mart.
Arecaceae
Açaizeiro
Oleaginosas
Plantae
Euterpe precatoria, ao contrário da espécie anterior, possui caule solitário ou raramente cespitoso, de 3-23m de altura e de 4-23cm de diâmetro; tem um cone de raízes visíveis e palmito fino ou liso no topo; folhas com pinas planas na parte mediana de 1-3cm de largura; divergentes e pêndulas ou horizontais; frutos menores com 0,9-1,3cm de diâmetro, de cor púrpura-negra quando maduros, com sementes apresentando endosperma homogêneo (Lorenzi et al., 2004; Ferreira, 2005). A variedade mais comum dessa espécie, E. precatoria var. precatoria, tem caule solitário, com folhas de pinas estreitas e, eventualmente, pêndulas, bainha de cor verde ou verde com listras verticais amarelas, inflorescências maiores e ráquilas mais grossas; frutos globosos e com 1-1,3cm de diâmetro. Enquanto E. precatoria var. longevaginata apresenta caule acinzentado solitário ou cespitoso, folhas apresentando pinas mais largas e menos pêndulas ou horizontalmente dispostas; inflorescências menores e com ráquilas mais finas; frutos globosos, de 0,9-1,0cm de diâmetro e resíduo estigmático lateral (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004).
E.oleracea e E. precatoria são plantas típicas de clima tropical chuvoso, amplamente adaptadas à região Norte, em locais com pluviosidade acima de 2.000mm, umidade relativa mínima de 80% e temperatura média de 28ºC (Silva et al., 2005). Crescem em florestas e em áreas abertas, com abundância de sol para o desenvolvimento dos frutos, em solos de terra firme e em áreas inundadas, sendo que o crescimento inicial é lento. Em áreas de várzea e igapó essas espécies ocorrem em densidades altas e heterogêneas, com mais de 50 plantas por hectare, sendo seus frutos importantes na dieta de vários animais (Rocha; Viana, 2004). Nas condições da região Norte essas espécies florecem e frutificam em diferentes épocas, ao longo do ano (Cymerys; Shanley, 2005; Ferreira, 2005). Expressam alto potencial produtivo e possuem características ecológicas favoráveis ao manejo sustentável
E. precatoria se apresenta distribuída apenas na região Norte , ocupando, predominantemente, o lado Ocidental, nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Pará, com a variedade longevaginata estando restrita ao Acre, na Serra do Divisor, que faz fronteira com o Peru (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004; Flora do Brasil, 2017; Vianna, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-128
Astrocaryum aculeatum G. Mey Astrocaryum aculeatum G.Mey.
Arecaceae
Tucumã
Oleaginosas
Plantae
A. aculeatum possui estipe solitário (monocaule) , ereto, de 8-30m de altura e de 12-40cm de diâmetro, apresentando anéis (ou entrenós) com presença ou ausência de espinhos, de tamanhos e formas variáveis, mas em plantas adultas os anéis são encontrados da parte mediana até a superior. O capitel de folhas é formado por 8-24 folhas pinadas, reduplicadas e ascendentes, medindo de 4-5m de comprimento e com espinhos em toda a extensão, preferencialmente na bainha; pecíolo e raque longa, contendo bainha e pecíolo de 1,8-3,7m e raque de 1,4-6,4m de comprimentos e de 73-130 pares pinas lineares, irregularmente arranjadas em agrupamentos dispostos em diferentes planos; as pinas da porção mediana apresentam de 1,0-1,4m de comprimento e de 4-6 cm de largura; com espinhos achatados, de tamanhos variáveis e de cor negra, na bainha, pecíolo e raque foliar, além das margens e nervuras das pinas, de coloração verde intensa, tendo na parte abaxial coloração esbranquiçada.
A. aculeatum pode ocorrer em ecossistemas de floresta de terra firme e frequentemente em ambientes alterados e de vegetação secundária (capoeira), savanas, pastagens e roçados, sendo tolerante ao fogo, solos pobres e degradados, onde pode atingir densidades de 10-100 indivíduos adultos por hectare (Costa et al., 2005; Leitão, 2008).São espécies pioneiras, que se estabelecem em áreas desmatadas, sendo indicadas na recuperação de solos degradados e com potencial para integrarem sistemas agroflorestais. Seus frutos são importantes na alimentação e manutenção de animais silvestres, a exemplo de arara, papagaio, tucano, macaco, mutum, anta, veado, caititu, queixada, quatipuru, cutia, paca e de tatu (Costa et al., 2005; Cymerys, 2005). O padrão de dispersão primário dessas espécies consiste em uma chuva de sementes, concentrada no raio de projeção da copa, enquanto a secundária é realizada por roedores. A.aculeatum a cutia é a principal responsável enterrando as sementes próximo às plantas, em distâncias inferiores a 15m e a profundidades de 3-5cm, sendo importante para o recrutamento de novos indivíduos (Barcelar-Lima; Pessoni, 2000; Cymerys, 2005).
A. aculeatum está presente em grandes concentrações no estado do Amazonas, seu provável centro de origem e diversidade (Kahn, 2008; Macêdo et al., 2015; Flora do Brasil, 2017)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-121
Euterpe precatoria Mart. Euterpe precatoria Mart.
Arecaceae
Açaí-solteiro
Alimentícias
Plantae
E. precatoria é monocaule de 3 a 23m de altura e de 4 a 23cm de diâmetro, ou raramente cespitoso, palmito fino e liso no topo; tem um cone de raízes visíveis; folhas com pinas planas, de 1 a 3cm de largura, pêndulas ou horizontais; frutos globosos, de cor púrpura-negra quando maduros, com resíduo estigmático lateral; sementes com endosperma homogêneo (Lorenzi et al., 2004; Ferreira, 2005). A variedade precatoria é mais comum, possuindo caule solitário; folhas com pinas estreitas, eventualmente pêndulas, bainha verde ou verde com listas verticais amarelas; inflorescências grandes e com ráquilas mais grossas; frutos de 1 a 1,3cm de diâmetro. A variedade longevaginata possui caule acinzentado solitário ou cespitoso; folhas de pinas mais largas e menos pêndulas ou horizontalmente dispostas; inflorescências menores e com ráquilas mais finas; frutos de 0,9 a 1,0cm de diâmetro (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004)
Ocorre em todos os tipos climáticos (Afi , Ami e Awi ), em pluviosidade acima de 2.000mm, umidade relativa acima de 80% e temperatura média de 28ºC (Silva et al., 2005). Ocorrem em florestas maduras e em áreas abertas com abundância de sol para o desenvolvimento dos frutos, em solos de terra firme e em áreas inundadas e apresentam crescimento inicial lento. A estrutura populacional é do tipo J invertido. Nas várzeas e nos igapós possuem alta densidade, com mais de 50 plantas por hectare, com ocorrência heterogênea, onde seus frutos são importantes na dieta de vários animais (Rocha; Viana, 2004). Florescem e frutificam em diferentes épocas do ano. Na inflorescência existem milhares de flores sendo mais da metade masculina e que atraem inúmeros insetos, caso das abelhas, muitos dos quais necessários para a polinização dessas espécies, sendo ambas monoicas e alógamas (Oliveira et al., 2002). Apresentam alto potencial produtivo e características ecológicas para o manejo sustentável (Cymerys; Shanley, 2005; Ferreira, 2005).
E. precatoria está distribuída apenas na região Norte, ocupando, predominantemente, o lado Ocidental, nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Pará, com a variedade longevaginata estando restrita ao Acre, na Serra do Divisor, que faz fronteira com o Peru (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004; Flora do Brasil, 2018; Vianna, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-18
Oenocarpus minor Mart. Oenocarpus minor Mart.
Arecaceae
Bacabeira
Oleaginosas
Plantae
O. minor é uma palmeira de porte médio, apresentando caule geralmente cespitoso, com 4 a 7 estipes colunares por touceira (Figura 1E), estipe colunar de 3 a 16m de altura e de 5 a 8cm de diâmetro; folhas planas, graciosamente arqueadas, com 6 a 10 folhas por planta, distribuídas em espiral, possuindo 2 a 5m de comprimento, sendo menores que as das outras espécies, possuindo bainha parcialmente fechada, verde-marrom, com bainha, pecíolo e raque glabrescentes e revestidos por tormento ou escamas vermelho-amarronzados, tendo pinas inseridas em intervalos regulares ou raramente agrupadas de 2 a 3; inflorescências pequenas, possuindo de 30 a 70 ráquilas, revestidas por tormento granuloso marrom-avermelhado e contendo flores unissexuais de coloração bege clara; cacho de formato hiperiforme, semelhante a um rabo de cavalo, contendo 35 frutos por ráquila e 1078 frutos por cacho; frutos oblongos e bem menores do quê os das outras espécies (Balick,1986; Küchmeister et al., 1998; Lorenzi et al., 2004)
De um modo geral, as bacabeiras, em condições naturais, não formam populações densas, ocorrendo de forma esparsa ou formando pequenos grupos em mata de terra firme ou em capoeira, com as espécies monocaules sendo encontradas na densidade de 1 a 50 plantas adultas por hectare (Cymerys, 2005). As espécies cespitosas têm ocorrência diversificada. O. minor ocorre em terra firme, com aproximadamente 100 indivíduos por hectare
O. minor encontra-se distribuída no Pará, Amazonas e Rondônia
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-135
Oenocarpus minor Mart. Oenocarpus minor Mart.
Arecaceae
Bacabinha
Alimentícias
Plantae
Oenocarpus minor é caracterizada por ter porte médio, com caule geralmente cespitoso, com 4 a 7 estipes por planta; estipe colunar de 3 a 16m de altura e de 5 a 8cm de diâmetro; folhas planas, arqueadas, com 6 a 10 folhas por planta, distribuídas em espiral, sendo menor que as das outras espécies, com pinas inseridas em intervalos regulares ou raramente agrupadasde 2 a 3; ramo florífero constituído por duas brácteas pequenas e por inflorescência pequena do tipo cacho formato hiperiforme, com cerca de 160 flores estaminadas e 70 pistiladas por ráquila; flores unissexuais de coloração bege clara, com as estaminadas possuindo ocasionalmente pistilódio bífido ou trífido; O cacho assemelha-se a um rabo de cavalo e contém, em média, 1078 frutos, tipo drupas, sésseis, com perianto persistente e estigma residual na região apical, monospérmico e deiscente, de coloraçãoviolácea ou verde quando maduros; são os menores frutos dentre as espécies de bacabeiras (Balick, 1986; Küchmeister et al., 1998; Lorenzi et al., 2004).
Oenocarpus minor não forma populações densas, sendo mais comum de forma esparsa ou em pequenos grupos em mata de terra firme, de até 100 indivíduos por hectare; desenvolve-se bem a pleno sol e na sombra, porém na condição sombreada emite poucos perfilhos (Cymerys, 2005).
Oenocarpus minor encontra-se distribuída no Pará, Amazonas e Rondônia. (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-30
Astrocaryum vulgare Mart. Astrocaryum vulgare Mart.
Arecaceae
Tucumã
Oleaginosas
Plantae
A. vulgare apresenta caule cespitoso (multicaule), mas pode ser encontrada com estipe solitário, de porte médio, de 4-15m de altura e de 15-20cm de diâmetro , com capacidade de emitir de 0-18 perfilhos, sendo levemente recurvados. Apresenta espinhos pretos e flexíveis em quase todas as partes, de tamanhos variáveis, predominantemente no estipe, onde formam anéis, desde a sua base até o capitel de folhas, porém podem ocorrer plantas inermes. Folhas pinadas, de 8-16 por planta, com inserção quase ereta, alcançando até 5-7m de comprimento, contendo espinhos de tamanhos variáveis na raque, bainha foliar e bordos e nervura principal das pinas; bainha e pecíolo de 1-2m de comprimento e pinas lineares com 73-120 pares, irregularmente distribuídas .O fruto é uma drupa, globosa a elíptica, de 3,1-5,4cm de comprimento e de 2,5-4,8cm de diâmetro; o epicarpo é liso, de coloração variável, entre amarelo e vermelho; o mesocarpo é carnoso, fibroso a pouco fibroso, adocicado ou não, de cor amarela, podendo variar do amarelo-claro ao alaranjado, de consistência mucilaginosa ou pastosa e odor peculiar com 0,2-1,0cm de espessura; endocarpo duro e lignificado com 1,5-10mm de espessura. A semente é única, arredondada, com 6-23mm de diâmetro, sendo possível encontrar frutos sem semente ou até duas sementes por fruto (Cavalcante, 1991; Henderson et al., 1995; Villachica et al., 1996; Oliveira et at., 2003; Lorenzi et al., 2004; Kahn, 2008).
A. vulgare também tem maior ocorrência em solos bem drenados, mas pode ocorrer em solos hidromórficos, de baixa fertilidade e em ambientes xerofíticos, nessas últimas condições emite poucos perfilhos (Villachica et al., 1996). Em populações naturais e espontâneas ocorrem em manchas, sendo difícil precisar a densidade de plantas por hectare, possivelmente de 20-100 plantas/ha. Na região Norte, floresce entre os meses de maio a julho e frutifica de novembro a abril, mas pode frutificar o anointeiro, se for bem manejada (Cymerys, 2005). São espécies pioneiras, que se estabelecem em áreas desmatadas, sendo indicadas na recuperação de solos degradados e com potencial para integrarem sistemas agroflorestais. Seus frutos são importantes na alimentação e manutenção de animais silvestres, a exemplo de arara, papagaio, tucano, macaco, mutum, anta, veado, caititu, queixada, quatipuru, cutia, paca e de tatu (Costa et al., 2005; Cymerys, 2005). Em A. vulgare os dispersores são, quase sempre, porcos do mato, caititu e cutias
A. vulgare não é endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Norte (Amapá, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Goiás) (Flora do Brasil, 2017) é predominante o lado Oriental, ocorrendo de forma ampla no Pará, onde se encontram seus centros de origem e diversidade genética (Cavalcante, 1991; Villachica et al., 1996; Flora do Brasil, 2017).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-122
Astrocaryum aculeatum G.Mey Astrocaryum aculeatum G.Mey.
Arecaceae
Tucumã-açu
Corantes
Plantae
Astrocaryum aculeatum apresenta crescimento monopodial e é monoica. Tronco ereto, com até 25m de altura e 30cm de diâmetro, espinhos dispostos em forma de anéis sob toda a sua extensão, que se adensam na parte superior. Folhas ascendentes e pinadas, atingindo de 4 a 5m de comprimento, contendo também espinhos na região basal. Inflorescências medindo entre 1-1,5m, sendo que as flores femininas ficam localizadas na parte basal dos ramos da espádice, e as flores masculinas, em maior quantidade, ocupam o restante de cada ramo. Os frutos são drupas subglobosas a elipsoides possuem: epicarpo liso, firme e de coloração verde-amarelada; mesocarpo firme, fibroso, oleaginoso e de coloração amarelo-alaranjado; e um endocarpo consistente, escuro e lenhoso, que contém, em seu interior, uma amêndoa (endosperma). As sementes são globulares, oblongas e raramente elipsoides, medem cerca de 4cm de diâmetro e pesam de 22 a 53g; o tegumento fino possui coloração pardo-castanha; o endosperma apresenta-se na forma sólida (parte externa, homogênea, consistente e branca) e líquida (parte interna e incolor) (Cavalcante, 1991; Lorenzi et al., 2004; Costa et al., 2005; Barcelar-Lima et al., 2006).
Por se tratar de espécies de ocorrência espontânea em áreas de regeneração natural, a exploração do tucumã é basicamente extrativista. As sementes de tucumã apresentam um período relativamente grande de dormência, o que pode ocorrer em função da resistência do endocarpo que as envolve, que dificulta o contato com a água, restringe a difusão de oxigênio e/ou impõem resistência mecânica ao crescimento do embrião e à subsequente emergência da plântula (Lorenzi et al., 2004; Cymerys, 2005; Gentil; Ferreira, 2005). O conjunto de características florais, aliado à abundância de pólen e ao forte odor de várias partes da inflorescência, atrai os visitantes florais, indicando que o tucumã tem como principal estratégia de polinização a cantarofilia, sendo Terires minusculus e Mystrops spp seus polinizadores efetivos (Oliveira et al., 2003). De uma maneira geral, os tucumãs são considerados palmeiras pioneiras e, em alguns casos, até invasoras de pastagens, sendo encontradas em capoeiras e florestas, se desenvolvendo bem em solos pobres de terra firme, savana, pastagens e roçado. Frequentemente, estão associadas a áreas degradadas e de vegetação secundária, por apresentar uma boa resistência ao fogo, o que ocorre em função da capacidade de rebrotar após as queimadas e regenera-se facilmente por perfilhar (Gentil; Ferreira, 2005; Cymerys, 2005; Yuyama et al., 2008). Raramente são encontrados plantios comerciais (Revilla, 2001), a ocorrência em fazendas, sítios e quintais está geralmente associada à dispersão natural e à dispersão involuntária feita pelo homem ou, ainda, à manutenção de plantas jovens e adultas, mesmo em áreas destinadas a pastagens (Gentil; Ferreira, 2005)
O tucumã-do-Amazonas (A. aculeatum) pode ser encontrado no Brasil, Venezuela, Bolívia, Guiana, Peru e Colômbia (Cavalcante, 1991; Costa et al., 2005; Barcelar-Lima et al., 2006). No Brasil ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2017)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-69
Oenocarpus bacaba Mart. Oenocarpus bacaba Mart.
Arecaceae
Bacaba
Alimentícias
Plantae
As espécies de bacaba têm porte arbóreo, estipes retos ou alongados, com folhas compostas distribuídas paralelamente na parte superior do estipe. São plantas monoicas, com inflorescência interfoliar protegida por duas brácteas decíduas de tamanho e formato distintos. As flores unissexuais encontram-se dispostas em tríades ao longo das ráquilas, mas no ápice, geralmente há apenas flores masculinas (Balick, 1986; Henderson, 1995; Mendonça et al., 2008). Em O. minor, O. mapora e O. distichus as flores masculinas possuem seis estames, porém em O. bacaba variam de cinco a dez (Küchmeister et al., 1998). Os frutos possuem tamanho, peso e cor variáveis. Em frutos maduros o epicarpo (casca) pode ser violáceo ou verde, com predominância do violáceo; o mesocarpo (polpa) é branco-amarelado; a amêndoa apresenta-se envolvida por um endocarpo delgado, fibroso e pouco resistente, com endosperma homogêneo (Balick, 1986; Mendonça et al., 2008; Pesce,2009)
Oenocarpus bacaba e O. distichus vegetam na sombra ou em áreas mais abertas, de até 1000m de altitude; apresentam resistência ao fogo, uma vez que ocorrem em florestas perturbadas e recém queimadas, em capoeiras e em pastos; suportam de dois a quatro meses de estiagem, apesar de não tolerarem longo tempo com excesso de chuva; vivem em locais com baixa insolação, contudo crescem melhor em locais com alta exposição à luz. Em floresta primária a abundância dessas espécies é composta por um pequeno número de plantas adultas (1 a 50) e centenas de plântulas por hectare (Andrade, 2001).
As espécies de bacaba encontram-se amplamente distribuídas no Brasil e em vários países das Américas do Sul e Central (Balick, 1986; Cavalcante, 1991; Henderson, 1995; Lorenzi et al., 2004; Montufar; Pintaud, 2006)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-25
Leopoldinia piassaba Wallace Leopoldinia piassaba Wallace
Arecaceae
Piaçaba
Fibrosas
Plantae
Palmeira com estipe solitário, 5-6m de altura quando adulta, até 30m (piaçabeiras gigantes). Folhas pinadas, bainhas com muitas fibras soltas, alongadas e pendulas de coloração amarronzada, quando novas são claras e flexíveis, e quando velhas são acinzentadas e quebradiças. As fibras podem atingir mais de 1m de comprimento, revestindo densamente a parte superior do estipe até o meio ou, às vezes, até à base, causando uma aparência curiosa e única, semelhante a uma “barba”. Inflorescência interfoliar, unissexual. Inflorescência estaminada geralmente mais longa que a pistilada, mas a maior diferença está na ramificação. As estaminadas possuem ráquilas até a quarta ordem, são curtas, finas e numerosas. As ráquilas pistiladas ramificam-se até a terceira ordem, são mais longas e espessas. Ocasionalmente ocorrem tríades, com uma flor pistilada no centro e dois botões estaminais laterais, mas antes da antese as flores estaminadas abortam. Os frutos são drupáceos, ovalados ou elipsoides de cor castanho-alaranjada ou marrom-avermelhada quando maduros, rico em ácidos graxos, tocoferóis e esteroides; o epicarpo é verde quando imaturo e marrom-vermelho quando maduro, com textura enruga da; o mesocarpo é fibroso de cor branca com gosto e cheiro adocicados e fortes; o endocarpo é fibroso, formando camadas resistentes que envolvem a semente, a qual é branca, lisa e dura (Guánchez; Romero, 1995).
A bacia do Rio Negro é a única área da Amazônia onde ocorre os piaçabais nativos, com as maiores concentrações ao longo da vegetação de campinarana ou caatinga do rio Negro, onde formam as “reboladas” ou “ilhas” (Meira, 1993). A deficiente drenagem do solo, alto nível freático, pela presença de horizonte pedogênico (no interflúvio mal drenado) ou a proximidade ao igarapé, parecem ser as principais variáveis ambientais na distribuição da espécie, que dificilmente cresce em áreas de inundação constante (Oliete, 2008). A espécie floresce uma vez por ano (outubro-novembro). Durante o período anual de floração, cada planta geralmente tem apenas um tipo de inflorescência que pode ser diferente de ano para ano(Guánchez; Romero, 1995). A frutificação ocorre nos meses de maio a junho, de forma moderada e com elevada variabilidade interanual. Os frutos da piaçaba têm sabor suave e aroma adocicado e atraem inúmeros mamíferos (antas, pacas, porcos do mato, cutia e macaco),que contribuem para sua dispersão e favorecem o crescimento das plantas mesmo em áreas atípicas (Oliete, 2008). As piaçabeiras apresentam importante função ecológica no ecossistema onde ocorrem, servindo de abrigo para animais de várias espécies, principalmente insetos, artrópodes e répteis. Por outro lado, isso interfere no processo de coleta da fibra, eventualmente, causando acidentes graves aos coletores que são picados por esses animais (Mascarenhas, 1987). Segundo Duncan et al. (2015) a doença de Chagas está claramente associada ao extrativismo da piaçaba (L.piassaba) na Amazônia.
Leopoldinia piassava é uma palmeira nativa, não endêmica do Brasil (Leitman, 2018). No Brasil, , está restrita à Região Norte (Amazonas), entre o médio e alto rio Negro, nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do rio Negro, São Gabriel da Cachoeira e Japurá Barcelos, que formam o principal e maior polo produtor de fibras desta espécie no País (Meira, 1993; Oliete, 2008; Henderson, 2011).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-85
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