nó brasileiro do GBIF SiBBr
Nome da lista
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial - Plantas para o Futuro - Região Norte, MMA 2022
Proprietário
sibbr.brasil@gmail.com
Tipo de lista
Lista de caracteres da espécie
Descrição
O livro, disponibilizado no formato de lista, apresenta mais de 150 espécies nativas da Região Norte com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas. Produzido pelo Ministério do Meio Ambiente o livro contou com a colaboração e o esforço de 147 renomados especialistas de universidades, instituições de pesquisa, empresas e ONGs do Brasil e do exterior. Por meio da disponibilização dessa obra no formato de lista, os usuários podem realizar filtros diversos, obter os registros das espécies disponíveis na plataforma, além de outras informações. Instituição publicadora: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Nome Completo do Responsável: Lidio Coradin, Julcéia Camillo e Ima Célia Guimarães Vieira. – Brasília, DF: MMA, 2022. Licença de uso: Licença de uso público com atribuição sem fins lucrativos (CC-BY-NC) Como citar: CORADIN, Lidio; CAMILLO, Julcéia; VIEIRA, Ima Célia Guimarães (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Norte. Brasília, DF: MMA, 2022. (Série Biodiversidade; 53). 1452p. Disponível em: . Acesso em: dia mês abreviado ano (sem virgula)
URL
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/manejo-euso-sustentavel/flora
Data de submissão
2022-08-30
Última atualização
2023-09-28
É privada
No
Incluído nas páginas de espécies
Yes
Autoritativo
No
Invasora
No
Ameaçado
No
Parte do serviço de dados confidenciais
No
Região
Região Norte
Link para Metadados
http://collectory:8080/collectory/public/show/drt1661896856710

159 Número de táxons

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Couepia bracteosa
Couepia bracteosa Benth.
Pajura
 
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Couma utilis
Couma utilis (Mart.) Müll.Arg.
Sorvarana
 
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Dioscorea chondrocarpa
Dioscorea chondrocarpa Griseb.
Cipó-Jacaré
 
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Dioscorea trifida
Dioscorea trifida L.f.
Cará-Roxo
 
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Endopleura uchi
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
Uxi
 
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Eugenia stipitata
Eugenia stipitata McVaugh
 
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Euterpe oleracea
Euterpe oleracea Mart.
Açai
 
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Euterpe precatoria
Euterpe precatoria Mart.
 
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Goeppertia allouia
Goeppertia allouia (Aubl.) Borchs. & S. Suárez
Ariá
 
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Herrania mariae
Herrania mariae (Mart.) Decne. ex Goudot
Cacau Jacaré
 
Ação Nome Fornecido Nome Científico (correspondente) Imagem Autor (correspondente) Nome Comum (correspondente) Familia Nome popular Grupo kingdom Descricão taxonômica Importância ecológica Distribuição Fonte das informações
Couepia bracteosa Benth. Couepia bracteosa Benth. Pajura
Chrysobalanaceae
Pajurá
Alimentícias
Plantae
Espécie de habito arbóreo, porte mediano quando cultivada, com altura média entre 10 a 20m e tronco de 50cm de diâmetro, casca delgada, áspera, copa densa e espalhada. Em alguns casos as árvores podem alcançar altura de até 25m (Cavalcante, 1996). Folhas alternadas, simples, pecíolo de 1,5cm de comprimento, de lâmina coriácea, ovado-eliptica a oblonga, margem inteira, ápice acuminado, base arredondada, truncada, obtusa ou subcordiforme, com cerca de 20cm de comprimento e 12cm de largura, pulverulenta, verde brilhante na face superior e cinza marrom na face inferior. Inflorescências em panículas terminais, racemiformes, e flores hermafroditas, pequenas, zigomorfas, branca, glabas com margens ciliadas. Fruto drupa globosa, com epicarpo pardo e áspero, mosqueado de numerosas pontuações brancacentas, mesocarpo (parte comestível) espesso, amarelo pardo, textura carnosa-granulosa, oleoginoso, doce, saboroso. Endocarpo delgado, lenhoso, frágil, contendo uma grande semente (Falcão et al., 1981; Cavalcante, 1996)
Planta secundaria da floresta Amazônica, com dispersão irregular, crescendo tanto no interior da floresta densa quanto em capoeiras, em terra firme (Lorenzi 1992). Normalmente o plantio é consorciado com diferentes espécies em pomares domésticos. Devido à copa ampla, o cultivo deve ser no espaçamento 6x6m. Floresce principalmente de outubro a março. Os frutos amadurecem de setembro a fevereiro. Contudo, em função das condições climáticas e manejo da cultura, há variações no período de floração e frutificação.
A espécie Couepia bracteosa é nativa no território brasileiro, mas não é endêmica do Brasil. De acordo com a Flora do Brasil (2018) a espécie tem distribuição geográfica restrita à Região Norte, com ocorrência confirmada nos estados do Amazonas, Amapá, Pará e Rondônia. Cavalcante (1996) relatou que a espécie é nativa da Bacia Amazônica com distribuição desde a parte Central até as Guianas. No Pará, ocorre até Santarém, próximo à região do Baixo Amazonas.
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-11
Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Couma utilis (Mart.) Müll.Arg. Sorvarana
Apocynaceae
Sorva
Alimentícias
Plantae
Árvore de dossel, medindo entre 4-20m de altura. Ritidoma espesso, levemente rugoso, com abundante látex branco, doce, potável. Folhas simples, disposição oposta-ternadas, lâmina oblongo-obovada, de base aguda e de ápice curtamente acuminado, cartáceas, com 5-10cm de comprimento e 2-4cm de largura. Inflorescência axilar, disposta nas extremidades dos ramos, corimbiforme, com flores hermafroditas, gamopétalas, de cor rosada. Frutos tipo baga, globosos, com pericarpo creme à marrom (Albuquerque, 1973; Falcão; Lleras, 1981; Lorenzi, 1998)
A sorva floresce principalmente no período chuvoso, apresentando geralmente duas safras por ano, uma no início das chuvas e outra no final das chuvas e início da estiagem. A máxima floração ocorre cerca de 15 dias após seu início, mas não há uma sincronia bem definida Capítulo 5 - Alimentícias 251 entre os indivíduos. O período de floração predomina nos meses de maio a junho na Amazônia Central (Lorenzi, 1998; Falcão et al., 2003). As flores abrem-se pela manhã e fecham-se ao anoitecer, permanecendo fechadas na maioria nos dias chuvosos e nublados. Uma vez fecundadas perdem as pétalas. A polinização é realizada principalmente por abelhas dos gêneros Eulaema, Epicharis, Tetrapedia e Xylocopa (Falcão; Lleras, 1981; Falcão et al., 2003). Os frutos amadurecem a partir de setembro (Lorenzi, 1998) e a duração média de frutificação é de 100 dias, porém, não existe uma sincronicidade bem definida (Falcão; Lleras, 1981). Estima-se uma produtividade de 40kg de frutos/árvore/safra ou 15t/ ha, considerando-se uma densidade de 400 plantas/ha. Árvores jovens são mais produtivas que árvores maduras (Falcão et al., 2003).
Couma utilis é uma espécie nativa do Brasil, mas não é endêmica no território brasileiro, sendo encontrada também na Guiana e Colômbia (Falcão; Lleras, 1981). Encontra-se uniformemente distribuída na parte central da Amazônia, ocorrendo nos Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima (Flora do Brasil, 2018). No Estado do Amazonas, ocorre nos arredores de Manaus e, principalmente, no alto rio Negro; Cucuí; rio Solimões; Coari; Borba, Estrada Humaitá-Labrea e nos rios Purus, Japurá e Iça. No Estado do Pará, ocorre na missão Cururu (Alto Tapajós) e, com mais frequência, nas cidades de Óbidos e Faro.
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-12
Dioscorea chondrocarpa Griseb. Dioscorea chondrocarpa Griseb. Cipó-Jacaré
Dioscoreaceae
Cará-de-espinho
Alimentícias
Plantae
Planta herbácea perene, trepadeira , que produz rizóforos . Segundo Appezzato-da-Gloria (2015), os rizóforos se diferenciam das demais estruturas subterrâneas por se originarem do espessamento do hipocótilo; por possuírem sistema bipolar de ramificação caulinar; todas as raízes formadas a partir do rizóforos ocorrem, preferencialmente, na região nodal. Os caules são finos, lisos e providos de acúleos. As folhas são simples, pecioladas, de lâmina cordada, cartácea, glabra e brilhante na face adaxial (Kinupp; Lorenzi, 2014). Possui inflorescências axilares, em espigas cilíndricas, com flores de cor creme-amarelada. As infrutescências têm formato de cápsulas elíptico-oblonga, ápice apiculado, base obtusa, pruinosa. Sementes com ala posterior oblonga (Kirizawa et al., 2016). Todavia, nos experimentos desenvolvidos pelo PES (Projetos Estruturas Subterrâneas), do IFAM-CMZL desde 2009, não foram observados frutos e sementes nas espécies do gênero Dioscorea estudadas (Kinupp; Lorenzi, 2014).
De acordo com Silva et al. (2013), o cará-de-espinho não se desenvol - ve quando cultivado em sistema de espaldeiramento a céu aberto . Embora sendo uma espécie he - liófila, observou-se que a parte subterrânea deve ficar em local protegido da incidência direta do sol.
Espécie nativa, não endêmica, apresentando, conforme, ampla distribuição geográfica no Brasil, com ocorrências confirmadas nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba e com possível ocorrência em Pernambuco e Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) eSul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Florado Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-13
Dioscorea trifida L.f. Dioscorea trifida L.f. Cará-Roxo
Dioscoreaceae
Cará
Alimentícias
Plantae
Planta trepadeira, de caule fino, que se enrola para a esquerda no sentido anti-horário, com duas ou mais alas membranosas, geralmente em maior número na parte inferior do caule. Possui folhas pecioladas, com pecíolos angulosos, de até 15cm de comprimento, alternas, às vezes opostas com três a cinco lobos, forma e tamanhos diversos, até 25cm de comprimento e igual largura, mais ou menos pilosas nas duas faces, lobos de forma acuminados ou oval-agudos . As plantas são unissexuais, com flores masculinas dispostas em racemos, formando uma inflorescência estaminada; as flores femininas formam inflorescências diferenciadas nos ramos, onde surgem dois cachos simples na mesma axila foliar, formando uma inflorescência de coloração esverdeada de 4 a 6mm de diâmetro. Os frutos são capsulares, com três lobos, cada um com duas sementes de, aproximadamente, 2,7cm de comprimento e 1,7cm de diâmetro, orbiculares (Castro, 2011).
: O preparo do solo para o plantio do cará-roxo envolve a limpeza da área por meio de roçagem e capinas. A correção do solo, quando necessária, é efetuada com a aplicação de calcário e adubo orgânico (esterco bovino curtido) ou mineral. Mercado et al. (2015) avaliaram, nas condições da Colômbia, o efeito da irrigação no desenvolvimento e produtividade de Dioscorea trifida e observaram que, no espaçamento de 1x1m, esta espécie apresentou rendimento médio de 30,6t/ha, com teor de amido de 21,3% (em base úmida) e a biomassa da parte aérea foi de 1,1kg/planta. A aplicação de irrigação resultou em aumento na produção de tubérculos de 78,9%
Trata-se de uma espécie nativa do Brasil, porém não endêmica. A espécie está mais amplamente distribuída nas regiões Norte e Centro-Oeste. Tem, portanto, ocorrência confirmada nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Amapá, Rondônia e, possivelmente, Roraima), Nordeste (Maranhão, Paraíba, Pernambuco), Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e Sudeste (Minas Gerais) . A espécie ocorre predominantemente nos domínios fitogeográficos da Amazônia e do Cerrado. Está distribuída basicamente em vegetação do tipo Cerrado (lato sensu) e Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-14
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Uxi
Humiriaceae
Uxi
Alimentícias
Plantae
Árvore com até 30m de altura e, nos indivíduos mais desenvolvidos, 1m de diâmetro na altura do peito (DAP). No entanto, com maior frequência apresenta altura entre 20 e 25m e diâmetro entre 45-60cm. Quando cultivado em áreas abertas, sem competição por luz, apresenta porte bem menor, raramente ultrapassando a 15m de altura (Cuatrecasas, 1961; Carvalho et al., 2007; Cavalcante, 2010; Shanley; Carvalho, 2011). O tronco é reto, cilíndrico, com casca espessa e lenho avermelhado. A copa é ampla, subglobosa e com envergadura que pode atingir até 20m. Os ramos são glabros, cilíndricos em sua maior extensão e bastante delgados em sua porção terminal, tornando-os pendentes. As folhas são simples, alternas, coriáceas, elíptico-oblongas, de coloração avermelhada quando imaturas e verde-escuro quando completamente maduras, com base cuneada, ápice acuminado e margens serrilhadas. A nervura central, assim como as nervuras secundárias e terciárias, é proeminente na face abaxial, as últimas com disposição reticulada. Na base do pecíolo encontra-se um pulvino intumescido, glabro e de cor verde. O pecíolo é plano, com comprimento médio de 1,1cm. A lâmina foliar apresenta comprimento médio de 27,4cm e largura de 6,8cm. As inflorescências são axilares, cimosas e organizadas em panículas com ramificações dicotômicas ou tricotômicas. As flores são hermafroditas, pequenas, levemente perfumadas e de coloração branco-esverdeada. Apresentam cinco sépalas e cinco pétalas, as primeiras de conformação suborbicular, concrescidas na base e com comprimento em torno 0,7mm. O número de sementes por caroço varia de zero a cinco, sendo mais freqüente caroços contendo uma ou duas. As sementes estão contidas em lóculos seminíferos simetricamente dispostos, cada um deles apresentando em sua porção distal, um pequeno opérculo por onde emerge a plântula (Cuatrecasas, 1961; Carvalho et al., 2007; Cavalcante, 2010). As sementes são pequenas e representam, aproximadamente, 2,6% do peso do caroço. Em média, apresentam peso de 0,77g, comprimento de 2,95cm, largura de 0,63cm e espessura de 0,44cm. São bitegumentadas (Barroso et al., 1999), com testa de coloração castanho-clara e tégmen quase transparente. Apresentam endosperma abundante, rico em óleo e cotilédones foliáceos. Quando mais de uma semente se desenvolve em um mesmo endocarpo, estas apresentam dimensões semelhantes, principalmente no que se refere ao comprimento (Cuatrecasas, 1961; Carvalho et al., 2007; Cavalcante, 2010).
Com relação à biologia floral, a antese das flores do uxizeiro se verifica nas primeiras horas da manhã. As flores exalam odor agradável, relativamente forte e são visitadas por abelhas dos gêneros Trigona e Apis e por uma espécie de vespa do gênero Polybia e um coleóptero da família Meloidae, dentre outros. No entanto, não estão devidamente caracterizados quais desses visitantes florais constituem-se nos polinizadores efetivos da flor do uxizeiro. Aparentemente não existe mecanismo genético que impeça a autofecundação. Esta hipótese é suportada pelo fato de observar-se uxizeiros produzindo grandes quantidades de frutos quando completamente isolados de outros indivíduos da mesma espécie (Carvalho et al., 2007). No entanto, a existência de pronunciadas variações existentes nas características das plantas e dos frutos de uma mesma população é indicativo de que o uxizeiro é espécie essencialmente alógama. Essa hipótese também é suportada pelo fato de quando propagado por sementes não se obtém frutos idênticos ao da planta matriz, no que se refere ao peso, comprimento, largura, rendimentos percentuais de casca, polpa e caroço, e nas características físico-químicas da porção comestível. Dentro do processo de sucessão ecológica, o uxizeiro está enquadrado no grupo de espécies tolerantes à sombra (Silva et al., 2001), ou seja, espécies cujas sementes independem de luz para germinarem e que sobrevivem e crescem em condição de sombra densa até atingirem o estádio adulto. Assim sendo, a regeneração em floresta primária se processa de forma eficiente (Shanley, 2000), não obstante o crescimento das plantas ser bem mais lento que quando estabelecidas em condições sujeitas a maior luminosidade.
O uxizeiro é nativo e endêmico da Amazônia brasileira, disperso pela Região Norte, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Tocantins (Flora do Brasil, 2018), porém, com maior freqüência e abundância no Pará e Amazonas (Carvalho et al, 2007). No Pará, que provavelmente se constitui como o centro de origem da espécie, encontram-se diversificadas populações naturais, cujos frutos apresentam diferenças pronunciadas no que concerne ao tamanho, peso, formato, rendimento e características químicas e físico-químicas da polpa. Ocorre, espontaneamente, em 13 das 22 microrregiões em que esse Estado está dividido, quais sejam: microrregiões Almeirim, Altamira, Arari, Belém, Bragantina, Cametá, Castanhal, Guamá, Itaituba, Oriximiná, Paragominas, Santarém e Tomé-Açu. Existem relatos de que a distribuição da espécie ultrapassa as fronteiras brasileiras, sendo encontrado também na Amazônia Venezuelana, principalmente na região limítrofe com o Estado do Amazonas (Cuatrecasas; Huber, 1999; Carvalho et al., 2007). Considerando-se os dez centros de diversidade genética propostos por Giacometti (1993) para as espécies frutíferas nativas do Brasil, o uxizeiro é originário do Centro 2, que corresponde a Costa Atlântica e Baixo Amazonas.
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-15
Eugenia stipitata McVaugh Eugenia stipitata McVaugh
Myrtaceae
Araçá-boi
Alimentícias
Plantae
Arvoreta a árvore de 1,5-18m. Caule com ritidoma aparentemente descamante; ramos jovens amarronzados, pubescentes; entrenós de 3,8-5,5cm de comprimento. Folha simples, inteira, oposta, elíptica, 6,5-18,8×2,5-10cm, cartácea, esparsamente pubescente a glabra na face adaxial, pubescente a esparsamente pubescente com base dos tricomas, de coloração mais escura na face abaxial; ápice caudado ou acuminado, apiculado; base obtusa, arredondada a subcordada; nervura central plana a levemente saliente na face adaxial, 6-12 pares de nervuras laterais, nervura marginal simples, 3-10mm da margem; pecíolo cilíndrico às vezes levemente canaliculado, 3-7mm de comprimento e 1-2,5mm de diâmetro; folhas novas avermelhadas. Inflorescência axilar com botão floral obovoide, 3-9mm de comprimento e 3-8mm de diâmetro; flor diperiantada, heteroclamídea, monóclina e polistêmone, pétalas 4, caducas, brancas, oblanceoladas a obovadas, ápice arredondado, 4-10mm de comprimento e 4mm de largura, esparsamente pubescentes externamente e seríceas internamente, glândulas salientes escuras, às vezes pouco visíveis devido ao indumento; estames 75–150. Fruto tipo baga, globoso , 2-12cm de comprimento e 1,5-15cm de diâmetro, peso 20-420g; epicarpo delgado (>1mm de espessura), velutino e verde-claro, tornando-se amarelado ou alaranjado quando maduro; mesocarpo espesso (1 a 4cm), suculento, amarelado, aromático e ácido. Sementes 3 a 22, monoembriônicas, exalbuminosas, reniformes ou oblongas, 0,3-2,5cm de comprimento, 0,3-1,5cm de largura e 0,1-4,3g de peso (McVaugh, 1958; Pinedo et al., 1981; Chávez; Clement, 1984; Falcão et al., 1988; Ferreira, 1992; Villachica et al., 1996; Anjos; Ferraz, 1999; Faria-Júnior, 2014).
A floração se inicia aos 24-36 meses de idade, ou seja, aos 12-24 meses do plantio no local definitivo (Calzada, 1985; Chávez, 1988). A diferenciação das gemas florais é provavelmente estimulada pelas chuvas, que ocorrem 1-2 meses antes que sejam visíveis os botões florais. Em Manaus (AM), o pico de floração ocorre no período chuvoso, entre novembro e junho (Falcão et al., 1988). Os botões florais são de rápido desenvolvimento. O período que vai desde o seu aparecimento até a antese das flores é de aproximadamente 15-20 dias (Falcão et al., 1988; Villachica et al., 1996). As flores abrem-se ao amanhecer, entre as 4:00 e 9:00 horas, sendo que apenas 25% das flores emitidas formam frutos. As flores fecundadas murcham e perdem as pétalas a partir do terceiro dia; as não fecundadas caem a partir do segundo dia. A taxa de autopolinização natural é de 2%, sendo considerada espécie alógama ou alógama facultativa. A polinização é feita por abelhas, como Apis mellifera, Eulaema bombiformis, E. mocsaru, Megalopta sp., Melipona lateralis e M. pseudocentris (Falcão et al.,1988; Giacometti; Lleras, 1992; Sousa et al., 1995). A frutificação ocorre praticamente durante o ano todo, com períodos de pico e de baixa produção, sendo maior na época chuvosa (Pinedo et al., 1981; Falcão et al., 1988). Em Manaus (AM), a colheita é realizada a cada três meses, com maior pico de produção entre os meses de novembro e junho (Chávez, 1988; Falcão et al., 1988
Ocorre naturalmente na Amazônia Ocidental, incluindo Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia (McVaugh, 1958). No Brasil ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia) e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2018).Espécie típica do bioma amazônico, ocorrendo nos tipos vegetacionais Floresta de Terra Firme, Floresta de Várzea (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-16
Euterpe oleracea Mart Euterpe oleracea Mart. Açai
Arecaceae
Açaí
Alimentícias
Plantae
E. oleracea tem predominância de caules cespitosos, com até 35 estipes de 3 a 20m de altura e diâmetro de 7 a 18cm, eretos ou inclinados, sendo raramente solitário, com palmito liso no topo; folhas com pinas pêndulas, de 2,0 a 1 Eng. Agrônoma e Florestal. Embrapa Amazônia Oriental 2 Eng. Química. Embrapa Amazônia Oriental 3 Eng. de Alimentos. Embrapa Amazônia Oriental 4 Eng. Agrônoma(o). Embrapa Amazônia Oriental 5 Bióloga. Universidade Federal de Lavras Plantas para o Futuro - Região Norte 304 4,5cm de largura; um cone de raízes avermelhadas na base do estipe, com pneumatóforos; frutos globosos ou depresso-globosos, de 0,5 a 2,8g e de 1 a 2cm de diâmetro, lisos, com epicarpo negro-purpúreo, negro ou verde quando maduro; sementes com endosperma ruminado, eixo embrionário diminuto e tecido de reserva formado por sílica e lipídios (Henderson; Galeano, 1996; Villachica et al., 1996; Lorenzi et al., 2004). Nas populações naturais há ecótipos que se diferenciam em vários aspectos morfológicos e na composição química dos frutos (Rogez, 2000).
Euterpe oleracea domina as florestas de várzeas no lado Oriental da Região Norte e tem caráter oligárquico, determinado pelo regime de inundações, pois dispõe de raízes que emergem do estipe acima da superfície do solo, presença de lenticelas e de aerênquimas nas raízes. Apresenta estratégias fisiológicas que permite manter as sementes viáveis e plântulas vivas, em condição de anorexia total, por períodos de até 20 dias para sementes e 16 dias para plântulas. Ocorre tanto em solos eutróficos quanto nos distróficos, sendo predominante em Gleissolos, os quais são ácidos, argilo-siltosos e com boa fertilidade natural, em decorrência da deposição de sedimentos trazidos pelas marés. Entretanto, vegeta bem em áreas de terra firme, especialmente em Latossolos amarelo, textura média a pesada, como também em igapós (Villachica et al., 1996). O pico de florescimento ocorre de janeiro a maio e o de frutificação de agosto a dezembro, mas pode variar com o local e o tipo de solo (Oliveira et al., 2002). Animais, especialmente pássaros, macacos, veados, antas, catitus, cutias, água e pessoas são seus dispersores. Em áreas de várzea a regeneração natural se dá por caroços, sendo que o número de sementes que germinam é menor que 50%. Na terra firme é cultivada por meio de mudas. Mas, independente do ambiente, a luz é um fator limitante para o bom desenvolvimento da planta (Cymerys; Shanley, 2005). A floração ocorre nos meses de fevereiro a março e de junho a julho, enquanto a frutificação nos meses de março a junho, em áreas inundadas, e de julho a outubro em terra firme (Rocha; Viana, 2004; Ferreira, 2005).
Espécies nativas e não endêmicas do Brasil. E. oleracea ocorre nas regiões Norte (Amapá, Pará e Tocantins), na porção Oriental, formando densas populações próximas aos rios que formam o Estuário Amazônico, e Nordeste (Maranhão)
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-17
Euterpe precatoria Mart. Euterpe precatoria Mart.
Arecaceae
Açaí-solteiro
Alimentícias
Plantae
E. precatoria é monocaule de 3 a 23m de altura e de 4 a 23cm de diâmetro, ou raramente cespitoso, palmito fino e liso no topo; tem um cone de raízes visíveis; folhas com pinas planas, de 1 a 3cm de largura, pêndulas ou horizontais; frutos globosos, de cor púrpura-negra quando maduros, com resíduo estigmático lateral; sementes com endosperma homogêneo (Lorenzi et al., 2004; Ferreira, 2005). A variedade precatoria é mais comum, possuindo caule solitário; folhas com pinas estreitas, eventualmente pêndulas, bainha verde ou verde com listas verticais amarelas; inflorescências grandes e com ráquilas mais grossas; frutos de 1 a 1,3cm de diâmetro. A variedade longevaginata possui caule acinzentado solitário ou cespitoso; folhas de pinas mais largas e menos pêndulas ou horizontalmente dispostas; inflorescências menores e com ráquilas mais finas; frutos de 0,9 a 1,0cm de diâmetro (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004)
Ocorre em todos os tipos climáticos (Afi , Ami e Awi ), em pluviosidade acima de 2.000mm, umidade relativa acima de 80% e temperatura média de 28ºC (Silva et al., 2005). Ocorrem em florestas maduras e em áreas abertas com abundância de sol para o desenvolvimento dos frutos, em solos de terra firme e em áreas inundadas e apresentam crescimento inicial lento. A estrutura populacional é do tipo J invertido. Nas várzeas e nos igapós possuem alta densidade, com mais de 50 plantas por hectare, com ocorrência heterogênea, onde seus frutos são importantes na dieta de vários animais (Rocha; Viana, 2004). Florescem e frutificam em diferentes épocas do ano. Na inflorescência existem milhares de flores sendo mais da metade masculina e que atraem inúmeros insetos, caso das abelhas, muitos dos quais necessários para a polinização dessas espécies, sendo ambas monoicas e alógamas (Oliveira et al., 2002). Apresentam alto potencial produtivo e características ecológicas para o manejo sustentável (Cymerys; Shanley, 2005; Ferreira, 2005).
E. precatoria está distribuída apenas na região Norte, ocupando, predominantemente, o lado Ocidental, nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Pará, com a variedade longevaginata estando restrita ao Acre, na Serra do Divisor, que faz fronteira com o Peru (Henderson; Galeano, 1996; Lorenzi et al., 2004; Flora do Brasil, 2018; Vianna, 2020).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-18
Goeppertia allouia (Aubl.) Borchs. & S. Suárez Goeppertia allouia (Aubl.) Borchs. & S. Suárez Ariá
Marantaceae
Ariá
Alimentícias
Plantae
Planta semi-perene, ereta, rizomatosa e cespitosa, alcançando até 1,5m de altura . O caule possui base envolvente, formando pseudocaules curtos. As folhas são largo-elípiticas, de textura cartácea, glabras, distintamente discolores e marcadas pelas nervuras paralelas, de 30-50cm de comprimento, com pecíolos longos e estriados e com pulvino amarelo. As inflorescências são densas, com brácteas verdes e ápices brancos; as flores são brancas, com um estaminódio e ovário trilocular. A floração é rara, ocorrendo em, aproximadamente, 1 a 2% das plantas e, consequentemente, quase não produz frutos e as sementes são inviáveis. As raízes são fibrosas e na ponta de algumas delas, pelo acúmulo de amido, inicia-se a formação das raízes tuberosas que, quando prontas, apresentam formato ovoide ou cilíndrico, medindo de 5 a 15cm de comprimento por 2 a 4cm de diâmetro (Bueno, 1997; Nunes-Filho, 2010; Devide, 2013; Kinupp; Lorenzi, 2014).
Bueno e Weigel (1981) relataram que o ariazeiro é adaptado à condição tropical (alta temperatura e alta umidade), solos com elevada quantidade de matéria orgânica, boa drenagem e disponibilidade de água. É influenciado, particularmente, pelo sombreamento, ou seja, em condição de menos luz observa-se maior altura de plantas, maior folhação e menor produção de raízes tuberosas. No ambiente natural a espécie é considerada semi-perene, porém, salienta-se que o ariazeiro pode ser cultivado também nas áreas de várzea, nesse caso, sendo cultivada como planta anual (Bueno, 1997).
A espécie é nativa, porém não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2018), ocorrendo também em Porto Rico, Antilhas, Guyanas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Brasil, além de introduzida na Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia e Filipinas (Noda et al., 1992). No Brasil a espécie ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso) (Flora do Brasil, 2018). Habita os domínios fitogeográficos da Amazônia e do Cerrado, nas formações florestais Área Antrópica, Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta de Terra Firme, Floresta Estacional Semidecidual, Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos (Flora doBrasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-19
Herrania mariae (Mart.) Decne. Ex Goudot Herrania mariae (Mart.) Decne. ex Goudot Cacau Jacaré
Malvaceae
Cacau-carambola
Alimentícias
Plantae
Planta de porte pequeno, perenifólia, com tronco ereto, fino, esguio, e quase sem ramificações, com 3 a 5m de altura. Folhas compostas digitadas, longo-pecioladas, com até 48cm de comprimento, com 6 a 9 folíolos (sendo 7 o mais comum), papiráceos, recoberto por pubescência estrelada esparsa na face inferior, de 30 a 45cm de comprimento. Inflorescências com formato de fascículos caulinares, formados na base do tronco, com média de 10 a 15 flores, de pétalas róseo-avermelhadas , muito vistosas e lígulas muito longas (7,5-10cm de comprimento), de coloração branco-creme. Os frutos têm formato elíptico-ovoides ou fusiformes, de casca amarelo-esverdeada, mesmo na maturação, de 8 a 10cm de comprimento, providos de 10 quinas longitudinais, coriáceas ). As sementes, em número aproximado de 40, são envo
A espécie é cultivada em pequenos quintais na Região Norte. Em outras regiões do Brasil é apenas, ocasionalmente, cultivada por colecionadores de frutas (Lorenzi et al., 2015). A espécie se adapta a diferentes tipos de solo, mas prefere aqueles de florestas tropicais e em elevações acima de 100m. Em alguns locais é possível observar o crescimento das plantas em áreas sujeitas a inundações por vários meses do ano (UTS, 2018).
:Herrania mariae é uma espécie nativa do Brasil, porém não endêmica, com ocorrência restrita ao Oeste da Região Norte, nos estados do Acre, Amazonas e Pará (Flora do Brasil, 2018; Colli-Silva; Fernandes-Júnior, 2020). A espécie habita o domínio fitogeográfico do Bioma Amazônia, nos tipos de vegetação Campo de Várzea e Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2018).
Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Norte Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimaráes Viera. Brasília: MMA, 2022. 1454 p ISBN 978-65-88265-16-20
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